
Michelle Tsufa é uma referência no meio corporativo, especialista comercial e em trade marketing, sempre esteve à frente de grandes marcas nacionais. Michelle é uma referência por conta da sua atuação inovadora, tornando-a um dos principais nomes no mundo dos negócios atual. Com um vasto conhecimento em desenvolvimento de estratégias, gerenciamento de equipe, liderança e inovação, Michelle Tsufa, tem ajudado diversas empresas a expandir seus negócios e produtos, consolidando cada vez mais marcas e seu nome no mercado de varejo e corporativo. Tendo a liderança como seu ponto forte, está à frente do seu tempo e coloca a mão na massa. Outra característica marcante é manter um lado humano, priorizando o bem-estar de sua equipe sempre que necessário. A exigência que tem de si mesma se reflete em sua liderança e sucesso. Focando em resultados, Michelle sempre procurou entregar o seu melhor tentando equilibrar o lado corporativo do pessoal onde procura estar presente com a família, os amigos, e cada vez mais no seu lado mãe.
Aos 19 anos você abriu sua primeira empresa. De qual ramo? Como surgiu essa vontade em você? E como foi esse início? Michelle Tsufa: Sim, iniciei minha carreira profissional aos 19 anos, dei meu primeiro passo no mundo dos negócios ao abrir uma corretora de seguros. Nasci em São Paulo, mas me mudei para Goiânia aos 16 anos, em função de uma movimentação profissional da minha mãe, que teve uma carreira sólida no setor bancário. E foi lá, enquanto cursava administração de empresas, que comecei a unir minha vivência prática com os valores que sempre absorvi em casa, sabe? Minha mãe sempre dizia que o seguro era um produto de futuro — proteção de patrimônio, segurança para bens, uma escolha de quem pensa adiante. O universo financeiro sempre esteve presente no meu dia a dia, e essa base me inspirou a empreender de forma muito técnica. Diferente da maioria dos jovens empreendedores, que começam pelo lado comercial, meu início foi técnico e fundamentado.
Na época, era exigida uma certificação técnica específica para atuar como corretora de seguros, abrangendo todos os ramos: ramos elementares, vida, previdência e saúde. Fiz o curso completo, me preparei para a prova e, por ainda não ter 21 anos — idade mínima exigida —, minha mãe precisou me emancipar para que eu pudesse conquistar a certificação com apenas 18 anos. Fui aprovada e, com isso, me tornei a corretora de seguros mais jovem do Brasil naquele período. Esse foi o marco inicial da minha trajetória — construída com disciplina, profundo conhecimento técnico e uma visão clara de futuro.

Quando percebeu que você tinha essa veia empreendedora e que tinha vocação para liderar? Acredito que a liderança é uma característica nata, e no meu caso, ela foi percebida desde muito cedo. Me lembro de ter por volta de seis ou sete anos quando já ouvia da minha família que eu tinha uma presença forte, naturalmente voltada à liderança. Isso se manifestava na escola, nos grupos de estudo e, principalmente, no esporte — que sempre fez parte da minha vida. Fui atleta de handebol dos nove aos dezessete anos, participando de campeonatos nacionais e até de jogos internacionais, como na Itália. Sempre atuei em esportes coletivos, onde o trabalho em equipe é essencial. Minha forma de liderar, mesmo na juventude, sempre foi muito horizontal e colaborativa: quando está tudo certo, a gente comemora junto; quando dá errado, a responsabilidade é coletiva. Isso se tornou quase um mantra pra mim — vitórias e aprendizados precisam ser vividos em grupo. E foi aos 19 anos, quando abri minha corretora de seguros, comecei a liderar equipes de verdade. Minha primeira contratação foi uma gerente com décadas de experiência em instituições financeiras. Era curioso — ela tinha praticamente a minha idade em tempo de carreira — e mesmo assim, confiou em mim. Foi ali que eu entendi que liderar não é apenas delegar. Liderar é inspirar, dar o exemplo, colocar a mão na massa, ensinar, vibrar junto e também reconhecer quando é preciso pedir ajuda ou construir em conjunto. Como empreendedora, o que sempre me moveu foi o desafio. Empreender no Brasil — e no mundo — é uma jornada intensa, que exige constante reinvenção. Não existe zona de conforto. É preciso aprender todos os dias, testar, ajustar e seguir em frente com resiliência. A constância no aprendizado é, pra mim, um dos pilares da liderança moderna.
Mais do que nunca vemos grandes executivas à frente de grandes corporações e com poder de liderança. De fato o mercado corporativo mudou e não existe mais diferença entre homens e mulheres? Ainda existe algum preconceito? Acredito que o preconceito, infelizmente, ainda existe. Vivemos em uma sociedade historicamente machista, algo que faz parte da nossa formação cultural — não necessariamente por intenção, mas por construção. No entanto, posso afirmar que, pessoalmente, fui respeitada nas minhas experiências profissionais, tanto pelos meus líderes quanto pelo liderados. E quem não respeitou não teve meu silêncio. Nos últimos seis anos fui liderada por duas grandes executivas: Andréa Freire Martins (Stanley) e Heloísa Glad (Reckitt Benckiser). Ambas foram referências para mim — como profissionais, como seres humanos e como líderes e protagonistas de suas histórias, verdadeiramente inspiradoras. Antes disso, minhas lideranças eram predominantemente masculinas, e tenho muito carinho e respeito por todos os gestores diretos com quem trabalhei. Sempre tive espaço para propor, atuar com liberdade e contribuir com entregas de alto impacto. Para cada ciclo, o mais importante é ter o profissional certo, com as competências adequadas, independentemente de gênero. E o que eu sempre prezo — e mantenho nas minhas equipes — é o respeito pela construção. Entre homens e mulheres, mulheres e mulheres, homens e homens: o respeito com o trabalho, com a vida, com a história do outro precisa existir.
Essa é a base de qualquer ambiente produtivo e inovador. Na minha última experiência, em uma multinacional, todas as minhas lideradas diretas eram mulheres, gigantes executivas e maiores ainda como pessoas. Isso aconteceu de forma natural, porque eram as melhores pessoas, com a maior competência para estar nas posições. Não foi uma escolha baseada em gênero, nem por protecionismo ou intenção direcionada. Foi por mérito. E isso, para mim, é o que deve guiar qualquer processo de liderança: reconhecer a competência acima de qualquer outro critério. O que percebo também é que, com o passar do tempo, as mulheres estão avançando de forma consistente. Estão estudando mais, se preparando, ocupando espaços — mesmo considerando as particularidades dos seus ciclos, como o momento de ser mãe, que é diferente da vivência masculina. Ainda assim, vêm andando ombro a ombro com os homens no ambiente corporativo. Hoje, o nível de informação, dedicação e entrega está muito pareado. E é natural que, com esse cenário, as mulheres também comecem a se destacar cada vez mais em posições de liderança.

Diria que a diferença entre uma mulher e um homem na liderança é que a mulher tende a ser mais emocional em suas atitudes? Ou isso independe de gênero? Percebe alguma diferença real? Acredito que a mulher, por natureza, tende a ter mais emoção, mais sensibilidade e até mais intenção nas suas decisões. Já o homem, por outro lado, tem um lado racional e prático que eu admiro muito — essa capacidade de separar assuntos, colocar cada coisa em sua “caixinha”. Vejo isso como algo extremamente complementar. Na formação de times, o equilíbrio entre razão e emoção é essencial. Ter diferentes visões, formas de pensar e agir enriquece a tomada de decisão. Homens e mulheres têm ciclos de vida diferentes, e é justamente isso que traz beleza a essa mistura. O homem traz pragmatismo e objetividade, enquanto a mulher traz um olhar mais atento, multifuncional, de construção, de relação e de profundidade — o que é extremamente valioso. Não existe uma fórmula ideal entre lideranças femininas e masculinas. O que realmente importa são pessoas certas, no momento certo, com intenções coerentes com o propósito. E vale dizer: já conheci muitos homens com tanta emoção e empatia quanto mulheres. Isso envolve aspectos culturais, familiares e o ambiente em que cada um está inserido. No fim das contas, mais do que gênero, liderança é sobre consciência, equilíbrio e propósito.
Muitas mulheres têm deixado de lado a vida pessoal, ter uma relação amorosa, até casa e ter filhos para focar apenas no trabalho. E muitas terminam passando o timming de ter essas outras realizações. Como foi para você equilibrar tudo isso? Sou uma pessoa extremamente intensa e vivo tudo o que me proponho com entrega total. Casei aos 37 anos, sim, e isso aconteceu muito em função das escolhas que fiz ao longo da minha carreira. Entre os 29 e os 37, morei em oito estados diferentes, mergulhei em culturas diversas, fiz amigos, estudei, trabalhei e me desenvolvi profissionalmente em várias frentes do mercado de bens de consumo. Foram anos de crescimento, mas também de constantes mudanças. Quando retornei a São Paulo para assumir uma gerência nacional na Coca-Cola FEMSA, tive clareza de que, naquele momento, eu finalmente poderia dar o próximo passo na minha vida pessoal. Voltar para minha cidade, para minha casa, me deu a perspectiva de construir uma base mais sólida, com tempo e estrutura para pensar em família e em um futuro de longo prazo. Três meses após o meu casamento, engravidei. Ser mãe foi, sem dúvida, o maior ato de fé, coragem e amor da minha vida. Voltei ao trabalho com o meu filho com três meses e meio, suportada sempre por minha família. Todos os dias, até hoje, buscamos a adaptação e adequação para o melhor viver do nosso filho. Tenho um mantra que levo para a vida: preciso ser uma referência — de propósito, de responsabilidade e de valores — para o meu filho. Cada decisão profissional, especialmente as que me afastam fisicamente da minha família, precisa ter um propósito claro e valer muito a pena (minimamente valer a distância entre 2 continentes entre nossos corações). Porque não existe construção profissional que não envolva, profundamente, a pessoa que sou.

Ao longo da sua trajetória até aqui, grandes empresas e marcas consolidadas como Souza Cruz, Coca-Cola e Stanley. Que momentos foram mais marcantes e fizeram a diferença na profissional que você é hoje? A Souza Cruz foi minha grande escola do básico bem feito, consistência e trabalho em equipe. Liderar um time experiente com apenas 28 anos de idade me ensinou que resultado se constrói com respeito, escuta e entrega coletiva. Na Coca-Cola FEMSA, vivi o Brasil em sua diversidade. Atuei em todos os canais de vendas, liderei diferentes times e aprendi a liderar sendo eu mesma, com autenticidade, firmeza e engajamento. Foi onde me consolidei como líder. Já na Stanley, abracei o desafio de empreender dentro de uma estrutura menor. Reconstruí times, ajudei a formar uma nova categoria no país e desenvolvi um olhar muito mais amplo — de marketing a digital, de vendas a parcerias. Lá, a palavra-chave foi negociação: com o time, o mercado, os líderes e comigo mesma. E agora tenho mais um grande desafio de carreira e vida que é estar à frente de mais duas grandes marcas Sanavita e Farmax.
Essas experiências te deixaram calejada para algumas certas situações? Se sim, quais por exemplo? Com certeza. Cada empresa tem um perfil e uma doutrina, né? E terminamos crescendo com cada uma delas sem sombra de dúvida, cada uma representa um momento da minha carreira e vida como falei anteriormente, aprendi a agir com precisão em um mercado rápido e altamente regulado — sem espaço para ensaio, e foi nesse período da minha carreira que desenvolvi disciplina e foco em execução consistente. Na outra aprendi a importância de me adaptar e viver diferentes culturas. Não dá para tomar decisões relevantes sem ter vivido o ponto de vista do outro, sabe? E essa vivência foi essencial. E teve empresas que assumi que precisei sair literalmente da minha zona de conforto o que me fez evoluir mais uma vez como profissional e também como pessoa e esses são o que levo de cada empresa que passei.
Sempre que você compartilha sua expertise e experiências através de suas palestras é um sucesso. A que se deve isso? Acredito que o sucesso vem da entrega verdadeira. Compartilho o que vivi, o que aprendi com esforço, suor e intenção. Minha trajetória foi construída com escolhas conscientes, protagonismo e muitos desafios. Falo com verdade, intensidade e propósito. Levo comigo um ponto principal: meu legado só acontece se eu enxergar uma entrega real. E, acima de tudo, é essencial mostrar que sou um ser humano — com paixão, emoção, mas que também tem dores! Um ser humano normal, mas com uma intenção, energia e propósito muito fortes (isso é muito importante, bato sempre nessa tecla). Mais do que isso, trago as verdades. Não falo apenas de momentos bonitos e inspiradores — compartilho os erros, os fracassos, os caminhos que não deram certo. E principalmente, falo sobre como corrigi. Porque o mais importante não é não errar, mas sim a forma como você se (re)posiciona, aprende e evolui. Todos os dias eu acordo com a intenção de mudar a minha história.

Quais seus desejos e ambições hoje em dia? O que ainda falta? O que ainda me falta é conquistar um melhor equilíbrio entre o tempo pessoal e o profissional. Essa é uma responsabilidade minha — não se trata de cobrança externa, mas de reconhecer que o dia tem 24 horas e não 48, como muitas vezes insisto em viver. É um ponto de atenção que sigo trabalhando com consciência. Minha ambição hoje está totalmente ligada à nova posição que assumi: fazer com que a empresa seja referência em sua categoria, reconhecida e admirada pelo consumidor. Quero construir, mais uma vez, um time dos sonhos — um Dream Team — como tive a oportunidade de formar em outras fases da minha carreira. E, mais do que isso, desejo que as pessoas que estejam comigo se reconheçam no propósito, compartilhem do mesmo sonho ou me permitam fazer parte do sonho delas. Assumir uma posição de liderança máxima em uma indústria representa para mim a chance de deixar um legado real — de negócios e de vidas impactadas.
Como lida com a vaidade, como mulher e executiva? Acredito que todos têm algum grau de vaidade — em intensidades diferentes. No meu caso, ela se manifesta de forma muito clara: quando vejo meu time superando desafios, quando assumo grandes responsabilidades com coragem e consigo entregar além do esperado. Essa é, sem dúvida, a minha maior vaidade. O que me realiza é ser desafiada, liderar com presença, consistência e verdade. E, acima de tudo, me tornar referência para as pessoas que caminham comigo — dentro e fora da empresa. Sejam lideranças, liderados ou parceiros, meu compromisso é sempre inspirar pelo exemplo.
Hora de relaxar, o que curte para recarregar suas baterias? Viajar é, sem dúvida, o que mais me recarrega. Viver novas experiências, descobrir culturas, sabores, paisagens e pessoas diferentes me inspira profundamente. E, como passo muito tempo longe da minha família, estar com eles nesses momentos torna tudo ainda mais especial. E ver meu filho seguindo o mesmo caminho cheio de sede pelo novo, me alimenta a alma. E sempre que possível, junto os amigos com os outros amigos e logo, coloco a aleatoriedade em grupo. Tudo isso me reconecta com a minha essência: uma pessoa intensa, apaixonada, movida por energia, troca e presença.

Quem é a Michelle Tsufa hoje em dia? Michelle Tsufa, antes de qualquer título, é a mãe do Dandan. Uma mulher grata a Deus por tudo o que viveu — nos momentos fáceis e, principalmente, nos difíceis, porque todos eles têm um propósito. Levo a vida com a intenção de ser feliz, proteger e cuidar das pessoas que amo, e viver com verdade. Sou movida por energia, intensidade e vontade de fazer diferente — e ser diferente. Carrego força, alegria, coragem e também humanidade. Tenho orgulho de ser transparente, mesmo quando isso exige firmeza ou posicionamento. Não sei ocupar um espaço que não me representa. Meu valor está em ser quem sou — com minhas verdades, minhas entregas, minhas imperfeições. Tenho memória forte, inclusive para aquilo que me feriu — mas acima de tudo, cultivo gratidão por cada experiência, cada porta aberta, cada aprendizado. Sou alguém que chegou para construir com propósito. Para mover montanhas sem precisar ser o que não é. Acredito profundamente que o verdadeiro espaço se conquista com coerência, consistência e coração. E é isso que me guia: a intenção de deixar um rastro de transformação real, sendo sempre eu mesma.
Fotos: Thalles Garbin