CULTURA: O Festival de Circo do Brasil chega em sua 10ª edição e é um dos principais eventos dedicados ao circo da América Latina

Do palhaço ao equilibrista, do mágico ao globo da morte, da pipoca ao algodão doce, quem nunca viveu a experiência do circo, seja das simples tendas aos grandiosos espetáculos não sabe o que é viver uma magia a olhos nus. Quem teve a ideia de unir gente com habilidades diferentes e incríveis debaixo de uma lona colorida ninguém sabe, mas que há muito tempo em vários pontos diferentes do globo já se tem notícia de algo próximo ao circo que conhecemos hoje, há tem.

Há mais de 4 mil anos, civilizações antigas como gregos, egípcios, chineses e indianos já praticavam atividades circenses variadas, a razão desse conhecimento são pinturas de quase 5 mil anos na China onde aparecem acrobatas, contorcionistas e equilibristas e no Egito, nas pirâmides, pinturas de malabaristas e paradistas. Essas pinturas e também hábitos como usar a acrobacia para treinamento militar e desfile para os faraós onde se exibiam animais ferozes sendo domados já mostram algumas práticas que hoje fazem parte de um espetáculo circense.

Segundo dados históricos o circo mais próximo aos moldes atuais surgiu no Império Romano e o mais famosos deles foi o Circus Maximus provavelmente pertencente ao século VI a.C. com capacidade para nada menos que 150 mil pessoas com atrações como corrida de carruagens, lutas de gladiadores, apresentações de animais selvagens e as habilidades incomuns como engolidores de fogo, igualzinho como temos hoje.

A queda do Império Romano trouxe outra situação com ligações circenses atuais: os saltimbancos. Com a ideia média os artistas populares passaram a fazer suas apresentações em ruas e praças e a partir daí viajar de cidade em cidade apresentando números cômicos, dança e outras habilidades. E se no circo o palhaço é o grande rei, vale saber que foi na terra da rainha no século XVIII que surgiu o circo com picadeiro circular e as várias atrações que existem até hoje.

Curiosidades das artes circenses

HOMEM ELÁSTICO
O contorcionismo já era uma modalidade olímpica na Grécia Antiga há mais de 2 500 anos. Há registros mais antigos, porém, de cerca de 5 500 anos, indicando que, talvez, a prática já fosse usada na China para o treinamento de guerreiros.

MÁGICAS
O malabarismo, segundo os historiadores, teria sido praticado inicialmente em rituais religiosos da antiguidade. Os chineses equilibravam pratos girando-os, enquanto gregos e egípcios utilizavam bolas, depois substituídas por tochas acesas.

LEÕES DOMADOS
Os primeiros domadores foram guerreiros egípcios, que capturavam animais selvagens nas terras conquistadas, aprendiam a lidar com eles e os traziam à terra natal para apresentá-los em desfiles.

POR UM FIO
O primeiro relato de equilibrismo na corda bamba data de 108 a.C., na China, quando uma grande festa palaciana, em homenagem a visitantes estrangeiros, apresentou vários números de acrobacia. O impacto foi tamanho que o imperador decidiu realizar espetáculos do gênero todo ano.

BOCA QUENTE
Os engolidores de fogo apareceram pela primeira vez no Império Romano, nos espetáculos do Circus Maximus, há mais de 2 000 anos. Esses pirófagos costumavam ser nórdicos louros e altos, o que acentuava o exotismo.

PALHAÇO A CAVALO
Na origem do circo moderno, na Inglaterra do século XVIII, o palhaço e o equilibrismo com piruetas sobre um cavalo eram um só número. O sucesso foi tão grande que os clowns ganharam cada vez mais espaço no picadeiro

O PALHAÇO CAREQUINHA
Para uma geração de adultos de hoje ele foi um dos mais queridos palhaços de todos os tempos: Carequinha. Filho de trapezista nasceu dentro do circo e aos 5 anos já era um palhacinho atuante e assim se manteve tendo passado por vários circos nacionais e o internacional Sarrazani. Carequinha foi o primeiro artista circense a trabalhar na TV sendo o pioneiro dos programas de auditório.

 

Foi o dia do nascimento do palhaço Abelardo Pinto, o Piolim, a data escolhida para ser celebrado o Dia do Circo – 27 de março. Filho de dono de circo logo cedo se engajou na arte de fazer rir. Dedicado a cultura e a arte sempre participou de movimentos culturais e tinha como grande sonho montar uma escola de circo, mas morreu antes de realizá-lo em 1973. Seu amor e dedicação a arte circense justificam a homenagem, não é verdade?

E melhor que ler sobre o circo é vivê-lo! E para quem está em Recife a pedida é o Festival de Circo do Brasil que está na sua 10ª edição e é um dos principais eventos dedicados ao circo da América Latina.

Uma das características do Festival de Circo do Brasil é a diversificação da programação, não apenas com grandes atrações nacionais e internacionais, mas também promovendo a interação entre o circo e outras formas de expressão artística. O grande homenageado da décima edição do Festival de Circo do Brasil é Antonio Nóbrega – daí a escolha do mote “somos todos brincantes”. A palavra “brincante” remete à cultura brasileira, à luta pela manutenção do espaço do Instituto Brincante (e consequentemente à dificuldade de ocupação dos espaços pelo circo) e é, principalmente, uma homenagem à obra e à história do artista.

Além das atrações em diversos pontos da cidade o festival apresenta a Mostra Antonio Nóbrega, uma série de atividades dedicadas ao trabalho do pernambucano. No dia 1º de novembro, será aberta a exposição Brincante, na galeria Janete Costa, com a seleção da série, O tempo narrativo do gesto, que conta com fotografias e curadoria de Walter Carvalho. A montagem da exposição ficou a cargo de Antonio Guido. Nóbrega presenteia o público do Festival com o espetáculo Tonheta e Companhia, encarnando seu clássico personagem, um legítimo palhaço brasileiro, que traz na essência o espírito do circo, reunindo música, teatro e dança, e inspirou toda uma geração de artistas.

A abertura do Festival será no Teatro de Santa Isabel, no dia 31 de outubro, com a companhia francesa Les Rois Vagabonds. Em “Concerto para dois clowns”, um casal de palhaços, vestidos como rei e rainha, alia a execução de peças de música clássica com humor. Um espetáculo para toda a família, poético e divertido, que será apresentado também nos dias 1 e 2 de novembro. Uma loninha de circo será montada na esplanada do Parque Dona Lindu, que recebe, no primeiro final de semana (dias 1 e 2 de novembro), vivências circenses e diversos espetáculos como Circo Vox (SP), Psirc (Espanha), Circo Teatro Artetude (DF), Caravana Tapioca (PE), a performance Futebol Voador (SP), entre outros. Na tarde do domingo, dia 2, o Recife Antigo recebe, na Av. Rio Branco, as atrações Futebol Voador e Circo Teatro Artetude.

Para mais informações e programação completa no site oficial
Informações: (81) 3441-1241