ENTREVISTA: ANDRÉ BANKOFF – Encontra o tom certo para sua carreira e encara novos desafios

Com 30 anos recém completados, o ator André Bankoff tem muitas histórias pra contar. Quem assiste aos trabalhos de André na TV não imagina que o ator um dia tentou a carreira de jogador de futebol, tendo jogado inclusive na Itália, pelo Associazione Sportiva Roma, e no Ponte Preta. Isso deu a ele o olhar mais técnico ao futebol, uma de suas paixões. Depois enveredou pelo mudo da moda trabalhando como modelo até parar na Amazônia, ao ser convidado para seu primeiro trabalho na Globo, na minissérie Mad Maria. Da Amazônia, André foi parar no Pantanal onde protagonizou na Record em “Bicho do Mato”. Trabalho esse que o projetou ainda mais e consolidou de vez sua carreira cênica. Hoje, André, de volta à Globo, acabou recentemente sua participação na novela “Morde & Assopra” e já se prepara para o novo desafio ao ter sido escalado pelo autor Agnaldo Silva para “Fina Estampa”. André não pensou duas vezes, convite feito, convite aceito.

O começo de tudo foi pelo futebol ou pelas passarelas? Foi simultâneo, e foi bom por que eram dois tipos específicos de uso expressivo do corpo.

Quando assiste a jogos, você é um torcedor comum, ou tem um olhar mais técnico pelo tempo em que jogou? Sou fascinado por técnica, seja em que campo profissional for. Não consigo mais e nem quero ter esse tipo de olhar ”comum”.

O modelo “doa” o corpo em função de fazer a roupa se destacar. E o ator “doa” o corpo para o personagem ser um sucesso? Quanto de realização vem atrelado à cada doação dessa? Na minha pratica profissional não faço esse tipo de diferença. O figurino para o ator, a roupa, é extremamente pensado, por tanto, a roupa doa tanto para o meu corpo, como eu para ela. Somos complementares, e nos dois casos, como ator ou modelo, o objetivo é sempre o sucesso.

O Juba de “Bicho do Mato”, na Record, foi seu melhor papel mais denso até hoje? Digamos que foi o que mais me desafiou. Aquele tipo de pureza se não for transmitida com verdade, cai facilmente num clichê. Eu tinha que passar para o povo brasileiro, que aquele modo de ser existe de verdade. Aliás, foi o personagem que mais me ensinou sobre a felicidade.

Que satisfação traz ser o vilão, o mocinho ou o galã? São satisfações diferentes. As figuras do mocinho e do galã se misturam muito na TV, embora, eu particularmente não de muita atenção a idéia de ser galã. Fazer vilão é sempre uma responsabilidade muito grande, por que um trabalho sem um vilão convincente nunca acontece. Tenho muita vontade de fazer um psicopata na TV, é um enorme desafio não conhecer o sentimento da compaixão, de certa forma seria o oposto do Juba feito em Bicho do Mato.

O seu personagem em “Morde & Assopra” chegou a trair a amiga Júlia, personagem de Adriana Esteves, por ambição. Qual o limite da ambição? O da decência! Ambição e ética são opostos. Não existem pessoas sem ambições, existem pessoas que no exercício da busca de suas ambições passam por cima de outros. Minha ambição, por exemplo, é ter o reconhecimento pelo povo brasileiro da minha qualidade como ator. Como via de acesso para que essa ambição legítima seja atingida, eu uso um instrumento simples e ético: Estudo!

 

Por que você considera a Natação uma terapia? Que bem este esporte te proporciona? A natação é um esporte que mexe com toda musculatura do corpo, é um dos esportes mais completos que existe. Além disso, é praticado, no meu caso, em água levemente aquecida o que remete a qualquer pessoa as sensações de aconchego do útero materno.

O que fazer para o sucesso não “subir à cabeça?” Conhecer bem as suas contradições. Estamos no século XXI, muito já foi pensado sobre esse tema, o diferencial é ter a coragem primeiro de entender que ele é ambíguo. E em segundo, suportar bem as frustrações que ele inevitavelmente traz. Não sou aquele tipo de pessoa que só enxerga o lado bom da coisa.

O que te conquistou em Caroline Bittencourt? Foi muito bonito para eu fazer um encontro com uma mulher que já tinha passado pela experiência da maternidade, a beleza de ser mãe é uma coisa que fascina nas mulheres. Não é uma regra, mas a maternidade, de um jeito ou de outro, amadurece. Carol é uma das melhores mães que já conheci. Esse foi o diferencial dela pra mim.

O casamento é uma instituição falida? Eu sou um artista, minha função é colocar questões, e não ditar verdades. Mas para não parecer que estou fugindo do assunto, posso dizer que a palavra ”casamento” faz menção a muitas coisas diferentes no século 21. Cada caso é um caso, há pessoas que moram juntas e se apresentam como namorados. Eu não acredito que as relações afetivas duradouras e com o pacto da fidelidade estejam falidas.

Está preparado para o próximo desafio com sua participação em “Fina Estampa”? Como será seu papel? Aguinaldo Silva divulgou publicamente que eu tenho um personagem em sua trama, por enquanto é o que eu sei. E vamos combinar que ator precisaria de mais informações para estar imensamente feliz? Só os tolos!

Você é vaidoso? Como lida com a vaidade? Eu tenho estudado um pouco de psicologia, por que sem dúvida é uma grande fonte de informação para o ator. O Ator é o profissional da emoção. Graças a ela (psicologia) eu descobri que dentro da palavra vaidade, existem coisas boas e ruins. Simplificando, haveria uma vaidade positiva e outra negativa, e eu aproveito de forma prazerosa toda parte boa.

Quais seus cuidados pessoais? Vai além de barba, cabelo e bigode?Muito mais! Acho que o homem moderno precisa estar todo cuidado, o que não implica necessariamente cometer exageros. É uma questão de educação e respeito com as mulheres.

Você acha que o homem hoje em dia perdeu um pouco de espaço na sociedade diante de mulheres mais ativas e decididas? Algo neste quesito te incomoda? Eu torço muito pelas mulheres, houve uma grande abertura realmente, mas não acho que seja ainda o necessário. Os salários, por exemplo, são bastante desiguais entre os homens e as mulheres que exercem a mesma função. O que me incomoda realmente é essa desigualdade, aliás, qualquer tipo de desigualdade preconceituosa.

Que comportamento das mulheres te assusta ou incomode numa relação? A falsidade. Mas isso não diz respeito exclusivamente às mulheres, isso me incomoda em qualquer tipo de relação.

O que as mulheres não sabem sobre os homens que se descobrissem iriam nos entender melhor? Que nossos cérebros, masculino e feminino, são completamente diferentes. Outro dia estava lendo em uma revista que tinha o título, ”A trégua dos sexos”, que sugeria que o conhecimento entre nossos cérebros (homem e mulher), poderia diminuir muito essa coisa tão chata que é a ”Guerra dos sexos”. Eu concordo plenamente!

Que personalidade você gostaria de dar vida em algum trabalho? Por quê? Muitos. Mas sobre tudo a do psicopata, sonho em ganhar de presente um grande vilão.
Fotos: Márcio Amaral
Agradecimento: Talita Vaccaro – Trevo Comunicação
Agradecimento especial a André Bankoff