ENTREVISTA: PEDRO CASARIN, ATOR ESTREIA COMO VILÃO PRINCIPAL DO PRÓXIMO FILME DE LUCCAS NETO

O ator Pedro Casarin, que já participou de novelas como “Fina Estampa”, “Novo Mundo”, “Tempo de Amar” e “Amor de Mãe”, irá integrar o elenco de dois novos longas ainda este ano. No próximo dia 25 de novembro, o ator estreia em “Uma Aventura no Zoológico”, novo filme de Luccas Neto dirigido por Leandro Neri, onde interpreta o vilão principal em uma trama que acontece dentro de um jogo (game). Já no dia 7 de dezembro, Casarin, que também pode ser visto nas séries “Arcanjo Renegado” (Globoplay) e “Me chama de Bruna” (Prime), irá estrear nos cinemas com o filme “O sequestro do voo 375” que conta a história real do único sequestro de avião ocorrido no Brasil até o momento. Nele, o ator interpreta um atirador de elite (sniper) que tem papel fundamental no enredo do filme. A direção é de Marcus Baldini e o roteiro é assinado por Mikael Albuquerque. Para 2024, Pedro já se prepara para estrear em outros dois novos filmes: no longa “Madame Durocher”, de Dida Andrade e Andradina Azevedo, com estreia marcada para o mês de maio, e em “A Casa do Elefante”, dirigido por Marcos Villar, onde interpreta Adônis, um dos protagonistas.Você está no elenco de “As Aventuras no Zoológico”, próximo filme do Luccas Neto. Como foi essa experiência de interpretar o Player 1? Foi seu primeiro vilão? Foi incrível a experiência de interpretar o Player 1. Fazer vilão nunca é fácil porque existe um risco grande de cair em um estereótipo, ainda mais em um universo infantil. Por isso, acabou sendo um grande desafio nesse sentido. Mas foi bem legal e nos divertimos muito em cena! A generosidade do elenco, da direção e de toda a equipe foi fundamental nesse processo. Já tinha feito um vilão no teatro, mas, no audiovisual, foi a primeira vez.

Quais são as expectativas para a estreia do filme na Netflix? Como foi sua troca com o Luccas? As expectativas são enormes! A Netflix é o principal streaming do mundo. Poder estar com um personagem de destaque, em uma plataforma com esse alcance, é muito bacana. Não vejo a hora de ver o filme todo montado. A troca com o Luccas foi bem legal. Apesar do enorme sucesso que ele tem, é um cara tímido e na dele. Foi muito educado, profissional e generoso com todo mundo.

Em dezembro, nos cinemas, você estará em mais um longa no papel de um sniper. “Sequestro do voo 375” é baseado em uma história real. Seu personagem realmente existiu? Você também se baseou em uma pessoa real ou foi um personagem criado dentro do contexto? Sim, o personagem realmente existiu. Havia atiradores de elite (snipers) da polícia federal presentes na época. Baseei-me numa pessoa real, mas não tive contato com ela.

Depois dos cinemas, o filme irá estrear em alguma plataforma? Se sim, qual?  Você também tem expectativas em relação a isso? Sim, vai estrear no Star Plus, mas será bem mais pra frente. As expectativas são grandes também, mas, principalmente, para assistir nos cinemas. Acho que aquela sala enorme, toda escura, e com a tela gigante terá sempre seu charme e sua magia.

Você também está no ar em duas séries no streaming, “Arcanjo Renegado” (Globoplay) e “Me Chama de Bruna” (Prime). Fale um pouco sobre esses dois trabalhos. Em “Arcanjo Renegado”, nas duas primeiras temporadas da série, eu faço um âncora de telejornal. Dou as principais notícias (que envolvem o Mikhael, o Custódio e os outros personagens centrais). O William Bonner foi a minha principal referência no tom de voz, no ritmo, nas pausas e na forma de transmitir as reportagens. A diferença é que no JN ele tem o teleprompter e no set não tínhamos. Foi interessante esse processo de ler, estudar e decorar algo para fingir que estava lendo em TP depois. Já em “Me chama de Bruna”, faço Vinícius, pai de uma coleguinha da Thalita (Giovana Pedrosa) e que acaba se interessando pela Bruna (Maria Bopp). Mas, como ele é casado na trama, o conflito surge a partir desse ponto. Eu já assistia a série antes e amava. Adorei fazer esse personagem.

Em 2024, você irá estrear em outros dois novos filmes: no longa “Madame Durocher”, com estreia marcada para o mês de maio, e em “A Casa do Elefante”, onde interpreta um dos protagonistas. Você pode nos contar um pouco da história dos dois personagens? Em “Madame Durocher” faço um assassino de aluguel que tem um papel transformador na história. Não posso contar mais para não dar spoiler (risos). Já em “A Casa do Elefante”, interpreto o Adônis, um cara moderno, descolado, que mora na cidade, mas foi criado na fazenda. Através de um diário achado numa explosão na mina de diamante do pai, ele descobre segredos de família que mudam completamente sua vida. É um personagem bem complexo e interessante. Foi um grande presente.



“A Lei de Murphy” foi a primeira websérie da Rede Globo. Como foi fazer parte desse projeto? Já tem 10 anos que fizemos “A Lei de Murphy”. Me lembro que as webséries não bombavam como agora. Na realidade, não sabíamos muito como seria a reação do público. Mas deu tudo certo! Acabou sendo um sucesso. A gente ria muito fazendo. Foi divertidíssimo!

Você tem bacharelado em Teatro e fez licenciatura em Londres onde também estreou “The Orchestra”, na qual teve seu nome citado no prestigiado jornal The Stage. Como foi todo esse processo? Na verdade, eu fiz a licenciatura em Educação Artística no Rio e fui para Londres fazer o mestrado em Interpretação Internacional. O processo todo foi muito intenso e enriquecedor, tanto como ator, quanto como pessoa. Foram 3 anos no total. Trabalhei em vários lugares para conseguir pagar as minhas contas, mas tive a sorte e o privilégio de também ter trabalhado na minha área. Ao todo, em Londres, foram 3 peças, um curta e um comercial, além de um festival chamado Secret Cinema que mistura música, teatro e cinema. O último espetáculo que fiz, em 2019, foi “The Orchestra”, que tinha o elenco formado por pessoas de diferentes países, como Itália, Inglaterra, França, Taiwan, EUA e Brasil. Eu já havia trabalhado com a diretora – Kristine Landan Smith – em uma outra peça (“Don Juan comes back from the war”) e ela me convidou pra essa. Eu fiz um pianista chamado Leon. Foi incrível quando saiu a crítica do “The Stage” falando bem da peça e do meu trabalho. Não que isso tenha sido a validação principal do trabalho, mas, ter um reconhecimento super bacana de um jornal tão prestigiado, é sempre enriquecedor.

Você tem algum novo projeto para o teatro, TV ou streaming? Sim, estou em dois projetos no teatro. O primeiro é uma idealização minha chamado “Shakespeare Pop”. É um espetáculo que traz uma perspectiva contemporânea de algumas das cenas mais clássicas e icônicas do dramaturgo. A ideia é popularizar e atualizar Shakespeare para uma linguagem moderna, ágil e cotidiana. O outro é a adaptação de um conto da Clarice Lispector para fazer uma peça infantil. Minha irmã, que é escritora e figurinista, que me chamou. Estou bem feliz com esses dois projetos e doido para voltar para os palcos.

Que conselhos você daria para quem está começando na carreira de ator. Ame muito esse ofício, mas tenha certeza que é isso mesmo que você quer fazer (risos). Não é uma profissão fácil, mas, ao mesmo tempo, é maravilhosa. Estude, assista a muitos filmes, séries, novelas, veja peças, leia livros. Tudo pode ser uma referência criativa, pois trabalhamos com o material humano. E esteja sempre se reciclando. É um mercado muito dinâmico. É importantíssimo a gente estar preparado para quando chegar a oportunidade.

Que frase famosa te definiria? “Viver é igual andar de bicicleta: para manter o equilíbrio é preciso estar em constante movimento”, (Einstein.)

Qual o seu recado ou dica para os nossos leitores? Algo motivacional. Eu sou budista de uma linha japonesa, apesar de acreditar em outras religiões também. Acho muito interessante um fala do nosso mestre sobre a derrota. Me motivou muito a não desistir. Seu nome é Daisaku Ikeda e ele diz: “A causa da derrota não se encontra no obstáculo ou no rigor das circunstâncias; está no retrocesso na determinação e na desistência da própria pessoa. Se falasse em dificuldades, tudo realmente era difícil. Se falasse em impossibilidades, tudo realmente era impossível. Quando o ser humano regride em sua decisão os problemas que se erguem em sua frente acabam parecendo maiores e confundem-no como uma realidade imutável. A derrota encontra-se exatamente nisso”.

Fotos Lucio Luna