ENTREVISTA: A trajetória de Frejat, do início com o Barão, a paixão pela música até essa tal da felicidade‏

Aos 50 anos, Roberto Frejat parece um garotão que acaba de descobrir o sucesso  tocando sua guitarra  para uma multidão de fãs. Sempre muito positivo, entusiasmado e generoso, Frejat continua trilhando uma carreira de sucesso que começou com um encontro do destino, onde conheceu a banda da sua vida e os amigos que viraram cúmplices dessa história de prosperidade. Desse encontro nasceu também uma bela parceria de música e de vida com esse que talvez tenha sido seu maior amigo e irmão pra toda a vida que foi Cazuza. Juntos viveram momentos especiais para a história do rock nacional que bravamente lutou por seu espaço e se firmou como um dos gêneros musicais mais populares até hoje. Frejat é a história viva e pulsante do rock. Em suas veias passa o sangue do grande roqueiro que é e em seu coração bate a melodia das baladas românticas e felizes. Para celebrar a vida e a música, Frejat caiu novamente na estrada atrás dessa tal de felicidade, seja a dele e a dos felizardos fãs que o acompanham ao longo desses anos. Se você leitor, nunca viu ou conheceu a emoção de curtir de perto o show desse cara, não perca tempo, a chance é agora. Uma experiência única do rock nacional, onde novos ritmos e modismos nunca irão chegar nem perto. Experiência essa que vem desde os anos 80 e não morrerá nunca. Leia a entrevista e se prepare para o show…

O amor pela música começou cedo. Influência dos seus pais? Não, na verdade não. Meus pais, principalmente minha mãe, sempre me apoiaram. Foi algo instintivo. Eu tinha 4 ou 5 anos e já me interessava por música. Era pra ser.Quem foi Gaetano Gallifi na sua vida? Uma figura fundamental! Na época que comecei a ter aula com ele, não tinha didática de guitarra no Brasil. Tínhamos grandes nomes como Miles Davis, Jimi Hendrix… Ele foi meu mentor estrangeiro. Na época no Brasil não tínhamos acesso a muita informação que vinha de fora, e ele trouxe o método dele para cá. Até hoje ele é muito atual. Foi gratificante ver que ele editou o método dele e lançou pela editora Vintare, assim mais pessoas podem conhecer.

Como surgiu o convite para ensaiar com o Barão? Foi uma coisa de surpresa. Eu não conhecia a música deles. Um dia o Maurício (tecladista) me ligou, comentou que eu tinha uma pegada mais roqueira e o cara da banda tinha faltado. Um amigo me viu tocando em aula e me recomendou. Fui lá pra cumprir o show. Na verdade o show nem aconteceu. Foi super frustrante. Mas ficamos entusiasmados. Todos com uma dedicação… Não poderia ser diferente. E começamos a tocar.

Escolher ser músico causou alguma preocupação em seus pais pela instabilidade e incerteza da profissão? Com certeza. No primeiro momento foi inevitável. Na época viver de rock era algo meio que marginal. Viver de música era difícil. Tínhamos grandes nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil… Mas era diferente. Todo pai quer que o filho tenha uma vida segura profissionalmente, e nós vivíamos tocando na noite… Era normal essa preocupação.O que os anos 80 tiveram de tão especial? É uma década que encarou grandes transformações. A gente veio com um discurso muito diferente. Uma década de choques, choque cultural. Mais globalizado e menos político como tinha sido a década de 70.

No auge do movimento Mangue Beat em Pernambuco você produziu o CD do Jorge Cabeleira, banda de Recife. O que tira dessa experiência, levando em consideração que a banda era formada por praticamente adolescentes? E eu também produzi a 1ª faixa do primeiro CD de Chico Science e tocou muito nas rádios. Acreditei no trabalho dos caras e fiquei muito feliz. Isso é ótimo. Vivi esse movimento pessoalmente. Nossa, muito bom! Eles eram muito novos, tinham um frescor, o emocional e a vontade de fazer algo novo.

Como foi compor trilha sonora pro filme “Mais Uma Vez Amor”? Ah, foi uma experiência muito bacana. Gostaria de produzir mais. O trabalho foi muito gratificante. É uma maneira diferente de trabalhar com música. Espero poder fazer mais vezes.

Compor, cantar, tocar, produzir, em que mais pensa em atuar no segmento da música? Eu quero fazer isso muito mais, eu gosto muito. Eu realmente gosto disso. Meu hobby é a música. Algum posso até fazer pelo lado profissional, afinal eu preciso me manter, pagar as contas, mas eu gosto de viver da música.Como funciona a composição em parceria? Todo o processo é junto ou cada um vem com uma ideia prévia e depois junta tudo? Depende de como o parceiro está comigo. Na maioria das vezes a pessoa me dá a letra e eu faço a música. Ou a gente se junta algumas vezes para o arremate final. Maurício por exemplo, é um parceiro de trabalho em conjunto. É raro, mas já fiz em conjunto. É bacana por que a música pode ser feita como cada um a assimila.

Você é um romântico incorrigível? Em termos de música sim. Alguns compositores temem falar de amor, acham que pode ficar piegas. O amor é capaz de tanta coisa bonita. Nunca me canso de falar em amor.

O que é clichê quando se trata de amor? Na verdade quando você não consegue estabelecer uma ambigüidade. Quando você imagina vários amores.

Em qual gênero musical você  “arriscaria”  experimentar? Cara, eu me arrisco a entrar no pop e voz. Não violão de nylon. Sei que a gente nunca deve dizer nunca… Mas gosto de Bossa Nova e Samba.

Quem é Cazuza pra Frejat? Um grande parceiro inesquecível. Um aprendizado. Uma lembrança de amigo querido. Toda hora me faz lembrar ele. Foi tudo muito intenso. Um feliz encontro.

E quem é Frejat para Frejat? Essa eu pulo… (risos)

Como você caracteriza seu novo show? Uma homenagem a ídolos seus? Um convite a dança? É uma celebração. Temos música pra festa, para ser feliz, que tocam as pessoas em algum momento e remetem a coisas boas. O repertório vai muito nessa direção. Músicas dos Paralamas, Tim Maia… O público tende a se abrir nesse show de felicidade. Ele pode se entrelaçar com os outros shows que já fizemos. Uma continuação da turnê.

O que é essa tal de felicidade? Iiiih… todo dia eu tento saber! (risos)

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