É verão! Tempo propício para a prática de esportes outdoors. Pensando nisso, resolvemos navegar um pouco na particularidade de um esporte um tanto quanto radical, ideal para curtir na estação do sol e das águas mornas. Nosso papo é sobre o Kitesurf, um esporte divertido, mas que necessita de um pouco de técnica e treinamento. Então, vamos começar a alongar, porque nem só de cerveja vive o verão!
UM POUCO DE HISTÓRIA
Os franceses Bruno e Dominique Legaignoux, encontra-se num momento de grande popularidade, com vários adeptos, principalmente no Brasil e Portugal. Porém, antes da invenção dos irmãos Legaignoix, o kitesurf já existia. Fosse pelas mãos dos chineses com o surgimento das pipas, isso há mais de 2 mil anos, quando criaram a pipa para ajudar na navegação de barcos e o transporte de materiais pesados de construção. Ou na Segunda Guerra Mundial, onde as pipas também foram usadas, dessa vez como mecanismo de defesa contra aviões. Mas foi em 1295, pelas mãos do explorador italiano Marco Polo que a Europa teve acesso a essa nova invenção. Porém o inglês George Peacock é apontado como o pai da tração à pipa, quando em 1826, na cidade inglesa de Bristol, criou uma estrutura em que as pipas puxavam carroças a velocidades de até 20 km/h. A invenção terminou sendo patenteada, mas não evoluiu muito em quase 150 anos, a não ser pela experiência do americano Samuel Franklin Cody, um dos pioneiros da aviação, que navegou o Canal da Mancha puxado por uma pipa.
Outros acontecimentos históricos marcaram a evolução da pipa no meio de transporte, como na década de 70, onde alguns americanos começaram a usar paraquedas para puxá-los sobre esquis aquáticos. O holandês Gijsbertus Panhuise, em 1977, conseguiu patentear um equipamento em que uma pessoa é puxada por um pára-quedas em uma prancha e, em 1978, um barco movido à pipa, desenvolvido pelo americano Ian Day, ultrapassa a velocidade de 40 km/h. Muitos anos e invenções, depois é que a pipa começou a tomar espaço como um esporte. Foi em 1998, em Maui, no Havaí, onde foi disputado o que foi chamado de 1º Campeonato Mundial, nas modalidades de longa distância, wave e slalom. Dos 24 competidores, apenas dois optaram pelo kiteski e o resto usou as pipas infláveis. O americano Marcus Flahs Austin foi o campeão na classificação geral, com a pipa inflável. Cory Roeseler, com seu kiteski, ficou em segundo. O americano campeão mundial de windsurf, Robby Naish, foi o primeiro na categoria slalom e a windsurfista japonesa Tomoko Okazaki foi a campeã feminina, ambos usando a estrutura inflável. O brasileiro Maurício Abreu, também com a pipa inflável, terminou em sexto lugar.
COMEÇANDO A PRATICAR
Algumas pessoas definem o kitesurf ou kiteboarding como uma mistura de surf, windsurfe, wakeboard, pára-quedismo e até vôo livre. Dependendo do estilo pode se assemelhar mais a um que a outro esporte. As categorias mais conhecidas na atualidade são o freestyle, com saltos e manobras; kitewave, prática de kite nas ondas; kiterace, velocidade e o snowkite, praticado na neve.
Para começar no esporte é necessário, saber nadar, fazer o curso com um instrutor qualificado e estar em local com água, vento constante e condições adequadas. Algumas pessoas questionam sem têm peso suficiente ou em demasiado para a pratica. Já vi pessoas com menos de 45kg e mais de 120Kg praticando kite. Para isso, existem equipamentos para pessoas de quase todos os pesos.
Se você se considera um bom surfista, wakeboarder, snowboarder, ou um verdadeiro aquaman, não significa que você não precisa fazer o curso de kite. Você compraria um pára-quedas, subiria num avião e saltaria sem ser instruído? Há alguns anos vi algumas pessoas tentando ser autodidatas com o kite e se machucando feio. O curso é indispensável! Um mínimo de 8 horas de aula com um instrutor qualificado é suficiente. Onde você vai aprender a conhecer a janela de vento, técnicas básicas de velejo, montar o kite, decolar, redecolar, realizar auto resgate, etc.
O EQUIPAMENTO
O equipamento necessário para a pratica do kitesurf é: 1. O KITE, que normalmente vem acompanhado de barra com linhas, bolsa e quase sempre uma bomba para inflar o kite. 2. A PRANCHA, que deve ser escolhida de acordo com o estilo que se deseja praticar, por exemplo, bidirecional para Freestyle, que são pranchas menores, mais finas e flexíveis; kitewave, para a prática do kite nas ondas, muito semelhantes às pranchas de surf, sendo menores e mais rígidas, ou de kiterace, maiores e com grandes quilhas. 3. O TRAPÉZIO, que funciona como um cinto, onde a barra com as linhas ficam engatadas e conectadas ao kite, peça de importância no quesito conforto durante o velejo.
Atualmente, o preço de um bom equipamento completo varia de R$ 3.000 a R$ 6.000 reais e pode ser encontrado em lojas e com representantes de algumas marcas, com um instrutor ou praticante que deseja vender um equipamento usado.
VAMOS AO MAR!
Em 2001, quando andava pela praia do Pontal de Maracaípe – PE, vi pela primeira vez de perto um kite, era um turista suíço que montava seu equipamento, e apontou o instrutor de kite, Eduardo Fernandes, o “Rato”, ex-campeão brasileiro de surf, um dos primeiros praticantes de kitesurf do Brasil. Não tive dúvidas, marquei pra ontem a primeira aula. No princípio foi viciante, os finais de semana eram quase sempre dedicados ao velejo, viajando com os amigos para praias com boas condições e até descobrindo novos lugares. Já velejei em vários picos do sul ao norte do Brasil, incluindo Fernando de Noronha, que não recomendo para principiantes. Internacionalmente, velejei em Tarifa, na Espanha, um dos locais mais conhecidos do mundo do kitesurf; Grécia, nas ilhas de Paros e Naxos; e em Portugal.
KITE NO MUNDO
No Brasil, o kite é praticado em todo o litoral, até em alguns rios e lagoas, por oferecerem condições melhores para vários estilos. As praias do litoral do Ceará; como Cumbuco, Jericoacoara, Taíba, Paracuru e Canoa Quebrada, e as do Rio Grande do Norte; como Barra de Cunhaú, São Miguel do Gostoso e Galinhos, em Pernambuco; Maracaípe, Itamaracá e Coroa do Avião, entre outras da Paraíba são conhecidas mundialmente, pelo vento forte e constante boa parte do ano, além do clima, que dispensa o uso de roupas de neoprene. No sul e sudeste, temos algumas praias de Santa Catarina, como Campeche, Ibiraquera e Lagoa da Conceição, no Rio Grande do Sul, Praia do Cassino e Varzinha. Em São Paulo, as mais conhecidas são as de Ilha Bela, considerado o berço do kite no Brasil. No Rio de Janeiro, posso falar de Arubinha, Búzios e Barra da Tijuca. Alguns picos famosos mundo afora: Tarifa (Espanha), Kite beach (Hawaii), Fuerteventura (Ilhas Canárias), República do Cabo Verde, Pacasmayo (Peru), Paros (Grécia), Los Roques (Venezuela), entre muitos outros.
SEGURANÇA
Em termos de segurança, os equipamentos evoluíram bastante desde o início. A cada ano os fabricantes têm investido bastante em projetos com sistemas de ejeção mais eficientes e kites e barras com maior controle de pressão, ajudando em situações de perda de controle e ventos muito fortes. A segurança é um item que também deve ter ênfase durante o curso, daí a importância dos instrutores qualificados e com certificação.