ESTRELA: A INQUIETA E TALENTOSA EVELYN CASTRO

Divertida e talentosa. Não tem erro, onde Evelyn Castro se mete é sucesso! E aqui na nossa matéria de capa não é diferente, ela arrasou tanto no ensaio quanto na entrevista. Onde falou um pouco da sua trajetória na TV e nos palcos, como atriz e cantora. Evelyn ainda mostrou o novo shape resultado de muito suor e dedicação. Com a disposição de sempre, ela tem brilhado na 2ª temporada de Encantado´s e divertido muita gente, inclusive a si própria. Essa é nossa estrela Evelyn Castro no seu melhor momento.

Você é vaidosa? Já fez algum procedimento ou já se arriscou em nome da vaidade? Eu sou vaidosa na medida do normal. Eu acho que a minha vaidade, hoje em dia, está em cuidar da minha saúde. Claro que eu faço o meu botox preventivo, cuido um pouco mais da minha pele, tenho certa vaidade com meus fios brancos, que resolveram aparecer na parte da frente da cabeça, mas eu não tenho nada exagerado não. Eu gosto de treinar, gosto muito de me vestir bem, acho que a minha vaidade… Gosto de colocar brincos, gosto de acessórios na orelha, mas eu não tenho mais vaidades exageradas assim não. Acho que eu não sou de fazer as unhas, eu não sou da maquiagem. Então, eu sou o meio termo – não sei nem dizer. Eu tenho meus momentos, não me arrisco em cirurgias – eu tenho pavor de cirurgias, eu não sou da cirurgia. Então, eu prefiro garantir no treino e no preventivo do que ter que ir para o invasivo.

Em sua rede social você costuma postar vídeos treinando e nitidamente, percebemos que você está com um corpo mais malhado. Como você encara a importância de fazer exercícios, além da parte estética? Posto vídeos treinando e a importância de fazer exercícios, é pra além da estética. Depois da adolescência, eu percebo isso claramente – meu trabalho está ligado diretamente, principalmente, com o teatro e com os shows. Quero continuar aí por muitos e muito tempo fazendo meu trabalho, minhas peças, porque não é ainda o teatro musical e shows. Acho que tá totalmente ligado a uma das coisas que eu mais amo fazer, que é a minha arte. Então, é preciso estar bem – não é só um corpo sarado, muito pelo contrário, em primeiro lugar é longevidade, se vem o corpo sarado, beleza, tá no lucro.

Está no ar a segunda temporada da série Encantado´s (Globo), você dá vida à personagem Maria Augusta. Você tem algo em comum com ela? Eu não tenho muita coisa em comum com a Maria Augusta, porque ela já é também o exagero em pessoa, né? Eu tô longe, Maria Augusta peruaça, mas o que a gente tem em comum é a família. O amor que ela tem pela filha, o amor e a importância que ela dá à família. E, principalmente, é esse elo e o que ela pelo menos quer ter com a filha. Porque a filha não tem lá muito essa ligação com ela. Mas meu filho, com certeza, em primeiro lugar, assim, tá no topo da minha lista e das minhas prioridades. Ele é meu chãozinho pra muitas coisas. Então, acho que é isso que a gente tem em comum – Maria Augusta tem um coração bom, também. Ela é leal, e eu me considero uma pessoa leal. Fora isso, Maria Augusta não tem muita coisa a ver comigo – ela é muito fora da caixinha, ela é muito desequilibrada. Mas a lealdade e o amor que ela sente pela filha dela, a gente tem muito em comum.

Encantado´s é uma série que a maioria dos atores são pessoas negras e que moram no subúrbio carioca. Você acredita que o sucesso da série vem por esta representatividade? Sim, eu acredito que a representatividade de Encantado’s tem a ver com o sucesso da série, além de um elenco extremamente afinado, né? Nós somos muito… é uma potência muito gigante. Mas a representatividade, ela é extremamente importante porque, eu vendo de fora, eu me sinto ali representada também. Eu que sou uma pessoa que faço parte do colorismo do Brasil. Sou uma pessoa amistiça, sou parda, venho de uma família negra. Eu me sinto representada ali como nunca havia me sentido antes. Vejo minha família retratada ali. Então, eu acredito que isso é o reflexo do que acontece aí no Brasil. A gente vê uma tia, um tio, mãe, pai. É uma confusão que a gente vê dentro da nossa casa, na esquina. É o mercado que a gente conhece que tá ali na esquina. É a fofoca do caixa. Então, isso traz a gente pro chão. Isso traz pra gente, a realidade. Isso traz pra gente verdade. A gente não se sente tão distante e tão inalcançável. E isso traz aconchego. Acho que isso faz com que a gente se sinta pertencente. Eu acho que isso é o mais importante.

Você interpretou a Marraia, na série Tô de Graça e sua personagem era lésbica. Como foi a aceitação da comunidade LGBT? Eles te mandavam mensagens? Você tem algo curioso para nos contar? Olha, a Marraia é muito importante na minha vida, muito importante na minha vida. A aceitação da comunidade LGBT, foi incrível, é incrível. Eu recebo muito amor até hoje e eu tenho certeza que eles sabem, eu quis fazer questão disso, que foi com muito amor que eu construí Marraia com muito respeito e eu sempre estive muito aberta a ter essa troca com todos eles e com todas elas para construir Marraia, apesar de Marraia ser um borrão. Marraia é caricata, é um outro tipo de humor que a gente faz ali, mas é construída com muito amor. 

Sim, eu recebo muitas mensagens de muitas pessoas e o fato curioso está dentro dessas mensagens também para contar de mulheres que voltaram para as suas casas. Isso é emocionante delas falar que foram aceitas novamente dentro de casa ou que se sentiram até mais com coragem para se assumir dentro de casa para suas famílias por conta da Marraia, porque essas famílias passaram a ver o programa. Não só eu, falo também pelo meu colega Andy, que faz o Michael, o ator Andy Gerker. Essas  famílias começaram a assistir o Tô de Graça, começaram a assistir também a nossa mãe, no caso o Rodrigo Santana como a Graça, essa aceitação e riam daquilo e começaram a enxergar, através do humor, que vai por esse viés e começaram a amar, a enxergar novamente seus filhos e filhas. E o  humor faz isso, faz a gente enxergar por um outro viés e isso para mim não tem preço. Essas pessoas foram reaceitas, foram reenxergadas posso assim dizer. Então,  Marraia se tornou uma bandeira junto com essas pessoas. Ela  faz parte de um pedacinho da arte, da madeira que levanta essa bandeira tão colorida, mas ao mesmo tempo tão sofrida, né? Eu tenho muito orgulho da Marraia e gosto de reiterar que tô com todos, todas, com essa comunidade tão colorida e tão linda e eu quero aproveitar aqui e agradecer todo o amor que eu recebo através da Marraia, eu não tenho palavras e dizer que como vocês são lindos, lindas, como são incríveis, é… Obrigada, obrigada.

No cinema, você está nos cinemas em dois longas Evidências do Amor e Vidente por Engano. Como você vê o momento atual do cinema nacional? Sim, eu estou com dois longas no cinema. O Evidências do Amor, nesse momento já foi para o streaming, também, já está na HBO Max. O momento do cinema está vindo como a gente – com força total. O cinema nacional pós-pandemia, posso dizer, que ainda está com os 60% voltando. Uma guerrilha sempre foi, a gente ama fazer. Posso dizer que é um amor, é um coração muito remendado, mas é um coração que pulsa muito forte. É um coração que está com muitas pontes de safena, mas continua firme e forte, corre maratonas ainda. E é isso que a gente quer e é. Então, eu posso dizer que no momento atual, continuamos a ir correndo, está correndo uma meia maratona com o cinema. É assim que eu vejo o momento atual do cinema nacional e bombando de produções. É isso. E o que eu posso deixar aqui e pedir é para que o Brasil continue dando valor às produções nacionais porque a gente faz com muito amor, muito carinho, muita dedicação. São empregadas centenas de pessoas trabalhando em prol de um produto belíssimo. Então, a gente está ali com muito afinco, com muito amor, com muita garra, suor, para entregar um produto de qualidade.

Então, é isso, que a gente possa valorizar e estar ali com muito amor. A gente conta com vocês, porque a gente conta com o Brasil, para a gente também continuar em cartaz. Eu tenho falado muito isso todas as vezes que extreio um filme. A gente conta com vocês para a gente continuar em cartaz. A gente sabe que o cinema não é barato, a gente sabe que a pandemia mudou o cenário das pessoas – elas ficam mais em casa e aguardam ver no streaming. Mas o cinema também é um acontecimento. O cinema ainda é aquela coisa romântica, ainda é aquela coisa de sair com os amigos, de a gente assistir naquele telão gigante. E o momento atual do cinema, é esse. Estamos correndo meia maratona e vamos vencer. Eu acredito muito no cinema nacional.

Por falar em cinema, há algum filme novo em vista? Sim, tem filme novo em vista, é o Caindo na Real. A previsão de estrear o Caindo na Real, é em outubro. Eu sou protagonista. Tô muito feliz com isso, a minha primeira protagonista solo, posso assim dizer. Eu já fui protagonista de outros filmes, mas sempre em dupla. Já fiz dupla com Nanny People, maravilhosa, que eu amo, já fiz dupla com outras pessoas. Mas é meu primeiro protagonista solo, Caindo na Real. E eu acabei, finalizei O Sogra Perfeita 2. São dois filmes que veem aí, e tem Uma Babá Gloriosa também, com a Cleo Pires, esse não tem previsão. O A Sogra Perfeita tá para o ano que vem, acho que meados de abril. Uma Babá Gloriosa não tem previsão. Tem também Doutora Darcy, que sai agora no GloboPlay, parece que agora em junho, mas longa, são esses três.

Qual remake de novela você amaria fazer e qual personagem? Ah, um remake de novela que, com certeza, eu gostaria de fazer é Cambalacho. Tina Pepper, com certeza, personagem de Regina Casé, e por que não, Vamp? Miss Penn Taylor, com certeza, me borrando, mas são os dois personagens que eu gostaria muito de fazer, Vamp, Miss Penn Taylor e Cambalacho, Tina Pepper.

Você participou do programa The Masked Singer Brasil, na TV Globo, por trás da fantasia da Sereia Iara. Como foi essa experiência? Participar do Masket Singer Brasil foi uma das melhores experiências, posso dizer – foi a melhor experiência desse ano até agora. É uma loucura, porque eu brinco que é uma experiência quase morte, estar dentro da fantasia. É um grande desafio estar dentro da fantasia, um desafio físico, mas é incrível. Foi uma das melhores equipes com  quem eu já trabalhei. Direção musical, direção de coreografia, movimento, direção mesmo, direção do programa, foi incrível. Produção, minha guardiã, que são os que ficam com a gente, camareiras… Foi incrível. Foi uma experiência única de confinamento e também de isolamento comigo mesma, sabe? A gente fica sozinho, sem ninguém te conhecer, sem ninguém saber quem é você. E é uma experiência única de você poder se reinventar, de você poder conquistar o público de uma outra maneira. É uma experiência única, única. Cantar sem o público saber que é você e você ter que usar de outros recursos pra conquistar esse público. Poder cantar músicas que você nunca imaginou que cantaria na sua vida. Uma experiência única, única. E eu faria tudo de novo. Se eu pudesse, todo mês eu faria um The Masket Singer Brasil.

No palco você também já mostrou sua potência, no show em tributo a Tina Turner. O que a rainha do rock representa em sua vida? Olha, Tina Turner representa pra mim potência. Ela pra mim é símbolo de superação, evolução, inovação. Ela é uma entidade, uma mulher que é uma fênix mesmo, sabe? Aquela que a gente escuta falar. Tina é Maria também, sabe? Essas mulheres que a gente fala de clichê, de uma forma clichê que a gente chama de guerreira. Ela vai além disso porque, conhecendo a história dela e tudo que ela passou, no ano que ela passou, numa época que ela passou, e saber que essa mulher saiu disso e não foi uma daquelas que sucumbiram e que perdemos. Não, ela saiu disso e ela se reinventou aos 44 anos, nos anos 80, sendo a potência que ela foi, com a voz que ela tinha – única, não existe mais ninguém como ela. Então, uma mulher preta – ela é exemplo pra muita, muita coisa.

É graças a ela que podemos estar aqui também. Bandeira estiada pra muita coisa pra nós, mulheres. Resposta pra muitas coisas que ainda temos que combater. Então, é isso que ela representa na minha vida. Além de me trazer muitas boas lembranças de família. Além de poder me libertar também como Evelyn artista e dizer que posso ser, sim, o que eu quiser. Principalmente, como cantora. Se eu for falar tudo que ela representa pra mim aqui, eu poderia escrever um mini-book. Porque são muitas coisas mesmo. Vai pra além de ser só Tina Turner cantora. Assim como ela, também tem muitas outras mulheres que graças a elas, eu estou aqui sendo artista.

Qual foi o momento mais desafiador na sua carreira? O momento mais desafiador na minha carreira artística foi esse mesmo, de montar esse tributo a ela, neste ano. E eu que escrevi, e falei da minha família e das minhas origens  como fui eu que escrevi,  sem saber se tinha ficado bom. E eu sou extremamente uma chatice de perfeccionista nesse sentido, até porque eu não sou roteirista. Então,  foi uma grande loucura. Porque eu fui impulsionada. Aliás, obrigada a sair de produção, porque eu fui impulsionada por eles. Não era algo que eu queria fazer naquele momento, e esse foi o grande desafio. E cantar, fazer um show sozinha, cantando as músicas dela, que é uma potência. Você tem que estar bem, sempre, vocalmente. Eu estava em gravação com Encantado’s, e era um momento também de exaustão física. Eu acho que foi desafiador na minha carreira artística fazer isso, escrever, parar, e mexer em lugares também, e mexer em lugares difíceis psicologicamente falando para falar sobre esse termo. Foi também uma evolução pessoal, foi uma maturidade a mais que eu ganhei, e eu evoluí como mulher nesse processo todo. E no que eu estava vivendo também na minha vida. Então, foi um desafio, mas houve também uma grande evolução como mulher, artista e ser humano. Acho que, talvez, eu tenha atrasado uma reencarnação aí, coisa boa.

Quais são seus projetos futuros? Quer meus projetos para o futuro? Agora eu também quero criar um monstro, agora eu quero fazer mais coisa minha. Quero arriscar, escrever umas coisas minhas e fazer um show solo. Quero que a cantora venha mais. Esses, são meus projetos para o futuro. Que a cantora venha mais. E é isso. E continuar tendo saúde, trabalhando. Mas eu quero cantar mais. Aí é claro, projeto do futuro é ter futuro, né? Eu acho que isso tem martelado muito minha cabeça, é muito importante falar isso. Ter futuro. Cuidado mental. Eu acho que isso é importante falar também.

Fotos Johnne de Oliveira @johnnereal

Beleza Vanessa Andrea @vanessaamdreamakeup e Maira @mairamua

Stylist Macela Domingos @macelasemr

Assessoria Julyana Caldas @julycaldas