Ela chegou como um furação na novela das 21h. Calça bem colada, decote, cabelão e muito sex appeal. Essa foi a primeira impressão que tivemos de Alessia, personagem da atriz Hylka Maria, veterana na TV mas que agora conquistou o público de vez com seu trabalho em “A Força do Querer”. Hylka vive entre o Brasil e o México (onde mora por um bom tempo) e aproveitando uma pausa nas gravações posou para a MENSCH e bateu um papo conosco. Como locação a aconchegante pousada Beach House, em Ipanema, Rio de Janeiro. A espevitada namorada do Sabiá, sua personagem na novela não é seu primeiro papel na TV. Isso e muito mais você vai descobrir aqui nessa entrevista com ela.
O seu nome é um tanto exótico. Seus pais se inspiraram em alguém? Foi ideia do meu pai, que ao que me parece, sempre se incomodou muito com o tradicionalidade em demasia do seu próprio nome e o da minha mãe (José e Maria, respectivamente). No fundo, acho que ele quis curar o trauma dele presenteando seus filhos com nomes super exóticos. (risos) Na infância eu odiava, e hoje não consigo me imaginar com outro nome. Sou mais Hylka do que nunca! (risos)
Como foi contracenar com Cauã Reymond na minissérie “O Caçador” (2014) interpretando a stripper Vanessa? Foi um processo parecido ao que está acontecendo agora. Eu morava no México e vim exclusivamente para esse trabalho. E da mesma maneira, não tive tempo necessário para fazer laboratório pra composição da personagem e acabei conhecendo-o somente no set.
O bacana de ter contracenado com o Cauã, é que além dele ser um ator pro-ativo, disponível, inteiro em cena, com sua simplicidade ele me ofereceu ferramentas a cada cena para que eu me sentisse mais à vontade e segura, não só nas cenas de exposição do meu corpo, mas principalmente nas sequências de muita tensão emocional. Além de um parceiro de trabalho, ganhei um amigo muito querido.
Em “A Força do Querer” as personagens de Aléssia e Sabiá, iriam ficar somente em alguns capítulos, mas acabaram ficando até o final da trama, a que você atribui este fato? Atribuo à identificação do público com esse núcleo. Porque não se trata de Alessia ou Sabiá isolados. Cada um ali tem sua importância na contextualização desse universo que modifica completamente a vida da Bibi.
Acho que o público tem prazer em ver personagens populares ainda mais nessa estética quase que de cinema pela qual o direção da novela decidiu mostra-la.
Você tem alguma identificação com a Aléssia? Ela tem um humor irônico que ê idêntico ao meu, além dessa lealdade forte no que diz respeito à amizade.
A relação de confiança e confidencias entre ela e Bibi é exatamente igual à que me relaciono com minhas amigas.
Como surgiu o convite para a participar da novela? Eu estava no México, onde moro e recebi um e-mail onde a produtora de elenco me convidava a esta participação que, a princípio, seria de apenas 4 diárias. Cheguei a pensar em não aceitar, mas quando soube que a personagem era de favela e que eu teria cenas bacanas com a Ju, aceitei na hora.
Como foi a composição da personagem Alessia? Precisou fazer laboratório em alguma favela convivendo com a realidade do morro? Eu adoraria ter tido esse tempo, mas infelizmente, cheguei de viagem numa manhã e no mesmo dia a noite já estava no set. Como estudei a minha vida inteira em escola pública aqui no Rio, tenho muitos amigos que moram em favelas, então por mais que não seja o meu, este universo também não me é tão distante. Hoje em dia o Jonathan Azevedo é meu coach de gírias do morro: ele me atualiza do que está rolando nas rodinhas entre as amigas dele.
Hoje em dia estamos em um momento de empoderamento feminino onde as mulheres tem voz, poder e lutar contra o machismo, a violência contra a mulher e a misoginia. Você acha que estamos caminhando para uma sociedade melhor para as mulheres? Se olharmos para o panorama histórico da repressão feminina na sociedade, obviamente demos passos enormes caminho à evolução. Mas ainda é pouco, muito pouco. E não acredito que seja uma desculpa cultural, é uma questão de educação mesmo, onde na infância somos doutrinados de maneira equivocada. O bom é que agora, através da internet, das redes sociais, da tecnologia, as minorias estão podendo se unir de maneira rápida, mais concisa e forte. O que nos leva a ter uma sensação maior de irmandade, de união, ainda que seja pela dor.
Você começou em 1996 na novela O CAMPEÃO, na Band ainda criança e estreou em teatro no ano seguinte. Desde então fez outros trabalhos como atriz, modelo publicitária e apresentadora. Qual das três facetas você se identifica mais? As 3 moram em mim, mas inegavelmente, onde sinto mais prazer é alimentando a minha alma como atriz, que acredito ser meu propósito de vida. Vestir roupas que eu jamais usaria, ou falar de uma maneira diferente do meu cotidiano, descobrir em mim emoções que só a trajetória de uma personagem me poderiam mostrar e despertar é onde mora a graça. Brincar de ser uma outra pessoa, ainda que em alguma medida está viva dentro de mim.
Atualmente você mora na Cidade do México. Como foi morar lá e como é o mercado de trabalho no país para artistas? Eu morei por um ano em 2013 e ano passado resolvi deixar o Brasil novamente, mas com intenções de ficar fora por mais tempo que antes. O México é um país muito acolhedor para qualquer ator estrangeiro, desde que este se dedique a neutralizar seu sotaque. Além de um mercado publicitário bastante aquecido, um cinema nacional bastante interessante, a indústria de séries está crescendo vertiginosamente por lá e é este o meu foco. Ao entrar na novela aqui, tive que abrir mão de um espetáculo teatral que começaria a ensaiar lá, além das minhas aulas de prosódia e dicção já que ainda tenho um leve sotaque brasileiro a ser trabalhado.
Como conquistar Hylka Maria, existe uma receita? Não acredito em receita, mas sim em energia. Normalmente os homens com senso de humor por exemplo, sempre chamam minha atenção.
Você tem algum hobby? o que gosta de fazer nas horas livres? Atualmente tenho aproveitado tudo o que o Rio tem e que não encontro no México: açaí, pão de queijo, coxinha, guaraná, biscoito de polvilho, mate, paçoca. (risos) Sim, eu sou uma comilona e comer é um dos grandes prazeres da minha vida.
Projetos para o futuro? Estou escalada para uma série argentina que será gravada em Buenos Aires no ano que vem. Aqui no Brasil ando fazendo alguns testes para TV, mas ainda nada de concreto.