Patrícia França se prepara para estrear em três grandes projetos no teatro e no cinema. A atriz estará no espetáculo musical “O Brasil que a Chiquinha Gonzaga não Viu” e no longa “A Princesa Adormecida”. No musical, que terá direção de Chiquinho Nery e Carlinhos de Jesus, Patrícia irá cantar canções famosas de Chiquinha Gonzaga ao mesmo tempo em que costura toda a narrativa que será contada no palco. Já no cinema, ela integra o elenco do longa “A Princesa Adormecida”, que estreou no último dia 15 de agosto. Na trama, Patrícia interpreta Madame Sofie, uma simpática professora de francês, que ajuda uma de suas alunas, a protagonista Rosa, interpretada por Pietra Quintela, a ficar junto de seu grande amor. O longa, que tem como alvo o público infanto juvenil, é baseado no livro homônimo da escritora Paula Pimenta. A direção é de Claudio Boeckel, o mesmo diretor de “Gaby Estrela” e “As Aventuras de Poliana, O Filme”. A narrativa faz parte da série “Princesas Modernas”, criada por Paula Pimenta que teve seus livros publicados em países da Europa e toda América Latina. Voltando ao teatro, Patrícia também acaba de ser convidada para protagonizar o próximo espetáculo dirigido por Tadeu Aguiar. Ainda sem título e data de estreia prevista, o novo projeto do diretor será um musical que contará a história da comunicação no Brasil.
Você interpretou a emblemática Maria Santa na primeira versão de Renascer. Como foi rever a personagem na atual versão e sendo interpretada pela Duda Santos? Assisti aos primeiros capítulos do remake com muita expectativa. O fato de eu ter interpretado a Santinha na primeira versão não a torna propriedade minha, claro, mas sinto como se quase assim fosse porque tenho um carinho especial pela personagem. No remake torci muito pela história da Maria Santa e, claro, pelo trabalho lindo que a Duda fez ao interpretá-la.
Entre as tantas personagens marcantes de sua carreira, quais te desafiaram mais? Fazer a Tereza em “Tereza Batista Cansada de Guerra”, do Jorge Amado, foi um desafio dos grandes, até porque eu, assim como a personagem, também estava saindo de casa. Deixei família, amigos e minha terra natal para fazer o que seria meu primeiro trabalho na Globo. Tereza Batista foi um grande desafio não só por todo o meu contexto de vida na época, mas pela personagem em si que, ao meu ver, é um das mais difíceis do autor. Um outro grande desafio foi a minha primeira personagem na Record. Interpretei a antagonista Rosa no remake de “A Escrava Isaura”. Era uma casa nova e confesso que senti o medo do “desconhecido”. Mas, felizmente, o saudoso Herval Rossano e o autor Tiago Santiago me deram total liberdade pra compor a personagem. Dei a ela um tom engraçado e criei alguns jargões, o que, para minha sorte, fez com que a personagem caísse nas graças do público.
Mesmo tento feito a Maria Santa na primeira fase de Renascer, você considera a Claudia de “Sonho Meu” sua primeira protagonista em novelas? Fale um pouco dessa fase da sua carreira. Minha primeira protagonista em série foi Tereza Batista, mas em uma novela foi a Cláudia de “Sonho Meu” mesmo. A Cláudia veio logo depois de Renascer, que ainda estava no ar quando as gravações de “Sonho Meu” começaram. “Sonho Meu” foi minha primeira experiência em novelas. Foi quando entendi, de fato, o que era “fazer televisão”. Apesar de ter feito outros trabalhos antes, o ritmo de uma novela é diferente, ainda mais sendo a protagonista. Lembro com muito apreço desse trabalho!
Você está no longa “A Princesa Adormecida”, onde interpreta Madame Sofie, uma professora de francês, que ajuda a protagonista a ficar junto de seu grande amor. Você chegou a fazer aulas de francês para interpretar a personagem? Como foi o processo de construção para interpretá-la? Fiz somente algumas aulas de francês, mas a autora não focou muito nos momentos em que a personagem está dando aulas aos seus alunos. Ela aparece mais como uma espécie de cupido do casal protagonista. A Sofie é uma mulher multifacetada e que guarda um segredo sombrio – o que a torna ainda mais interessante. Estou muito grata pela oportunidade de interpretá-la. E que venham outros trabalhos no cinema!
No teatro, em breve, você também estará no espetáculo musical “O Brasil que a Chiquinha Gonzaga não Viu” cantando as canções da compositora. Fale um pouco sobre a Patrícia cantora. Tem algum projeto ou ideia ligados à música? A minha história com a música é antiga. Começou no teatro, quando eu ainda morava em Recife, no musical “A Ver Estrelas”, de João Falcão. Já morando no Rio e durante a minissérie “Tereza Batista”, eu também apareço cantando, assim como na cena final de “Renascer”. Na maioria dos espetáculos de teatro em que trabalhei, tive participações como cantora. Também já viajei o Brasil com um show do grupo Quinteto Violado. Sobre “O Brasil que Chiquinha Gonzaga não Viu”, o projeto ainda está em fase de captação e sem data de estreia definida. A ideia do produtor, Francisco Neri, é contar a história da Chiquinha sem abordar sua vida pessoal. O foco é enaltecer a obra dessa grande compositora, cuja trajetória artística se dá num período de grandes transformações dentro do contexto histórico brasileiro. No musical, vou cantar canções do repertório dela e de outros compositores.
Vimos que você acabou de ser convidada para integrar o elenco da próxima peça do diretor Tadeu Aguiar. A trama irá contar a história da comunicação no Brasil. Você pode nos adiantar sobre que prisma ela será contada? E sua personagem, qual será? A peça será um musical, mas o texto ainda está sendo escrito. Recebi recentemente o convite, mas, pelo que o Tadeu me adiantou, eu farei uma das personagens principais do espetáculo que deve estrear ainda este ano ou no inicio do ano que vem. O que posso adiantar é que é uma história contada dentro do ponto de vista de um jornalista.
Entrando um pouco na sua vida pessoal, você é mãe de dois filhos. Como é Patrícia mãe no dia a dia? Você é o tipo de mãe que cria os filhos para o mundo, com mais liberdade, ou é do tipo super protetora? Acho que não sou superprotetora porque nunca fui superprotegida. Crio meus filhos pro mundo porque sei que eles precisam estar preparados pra receber o que virá bom e de ruim. Independente disso procuro fazer com que eles se sintam acolhidos, seguros e cuidados por mim. Acredito que pessoas amadas são pessoas mais fortes. Mas também sou firme e pego no pé. Às vezes, me baixa uma Dona Hermínia braba! (risos) E eles ainda dão risada! Acredita? Enfim, também detesto palavrão e bagunça, mas também sou despojada, leve e bem humorada. Os meus filhos tem todo o humor e amor do mundo, mas na medida certa. Somos muito presentes na vida um do outro. Conversamos sobre tudo ou quase tudo. Sinto um orgulho imenso de ver o quanto eles são queridos por todos. Os dois são amáveis, educados e empáticos.
Você é pernambucana, mas vive no Rio de Janeiro há anos. Essa mudança foi por causa da carreira de atriz já que, na época, o mercado da atuação ficava muito só no eixo Rio- São Paulo? A ideia de sair de casa para morar no Rio com o intuito de estudar teatro, mesmo Recife tendo uma das melhores escolas de formação de atores do Brasil na época, se deu por conta do desejo de fazer televisão. Mesmo tendo a consciência de que eu tinha que manter as minhas raízes teatrais, o sucesso que eu fazia com os comerciais de TV locais me deram uma certa projeção e despertaram em mim uma certa curiosidade pelo veículo. Alguma coisa me dizia que precisava tentar. E deu certo! Saí de Recife direto para protagonizar a minissérie “Tereza Batista Cansada de Guerra”. Fiz o teste para o papel em Recife mesmo, aos dezessete anos. Depois disso, me mudei para o Rio, assinei contrato com a Globo e estou aqui até hoje.
Qual a sua relação com Recife hoje? Sua família ainda mora lá? Visita com que frequência? A minha família sempre morou em Recife, mas, nos últimos anos, não tenho conseguido ir com muita frequência. Amo estar com minha família e já cheguei a pensar, algumas vezes, em voltar a morar lá, mas, com trabalho e a agenda dos meus filhos, passou a ser inviável.
Em seu instagram, muitos dos seus fãs pedem a sua volta à TV. É quase unânime! Você pretende voltar em breve? Tem algum convite? As pessoas, nas ruas, também me fazem sempre a mesma pergunta. Significa muito pra mim, saber que minha ausência na telinha é sentida. Sou muito grata por esse carinho! Só posso dizer que eu também espero voltar às novelas em breve, mas, enquanto isso não acontece, posso ser vista no filme “A Princesa Adormecida” que está em cartaz nos cinemas de todo o Brasil.
O que você acha do mercado de casting hoje em dia, onde a maioria dos atores (e até não atores) são escalados pelo número de seguidores em detrimento ao talento? Penso que a frase “Nada Substitui o Talento” parece ter perdido o sentido, já que, ultimamente, muitos talentos têm sido substituídos por números. A teledramarturgia brasileira é a melhor do mundo porque sempre contou, ao longo de muitos anos, com profissionais genuinamente talentosos. Não se pode substituir o bom profissional e nem subestimar o telespectador. A novela faz parte da identidade cultural do brasileiro. Quem vê televisão sabe distinguir o que é bom do que é ruim. É um engano pensar que as pessoas só ficam diante da tv por força do hábito… Não há seguidor, por mais fiel que seja, que aguente uma atuação medíocre.
Se você não fosse atriz ou cantora, que outra profissão seguiria? Sempre quis ser atriz? Antes de fazer teatro, eu sempre achei que seria bailarina, mas, mesmo depois de me tornar atriz, a dança esteve presente por muito tempo na minha vida.
O que você diria para os novos atores que estão começando e que querem um espaço no audiovisual? Na sua visão, é mais difícil do que se imagina? Não é um processo fácil. É difícil pra grande maioria, mas isso acontece em todas as profissões. Mas atores e atrizes sempre irão ouvir muito mais não do que sim. Todos querem fazer cinema e televisão por conta da visibilidade, mas é fundamental passar pelo teatro antes. O palco é escola do ator!
Por fim, se puder, deixe uma mensagem para nossos leitores. O que é preciso pra ser feliz nos dias de hoje? A felicidade é uma escolha. Aprendi que não se deve esperar felicidade de nada, nem de ninguém. Pelo contrário, devemos dar o nosso melhor pro mundo e pra quem está à nossa volta. Sendo assim, consequentemente, coisas boas virão. Escolher ser feliz é priorizar o que realmente importa. É ajustar o foco para conseguir enxergar as coisas boas da vida e, dentro do possível, procurar manter uma distância segura de pessoas e de situações tóxicas. É saber equilibrar mansidão e prudência. Só posso falar das minhas experiências, mas quanto mais eu vivo, mais eu percebo que a felicidade consiste essencialmente em fazer o bem. E somos livres pra fazer essa escolha!
Fotos Priscila Nicheli
Edição de moda Alê Duprat
Produção de moda Kadu Nunnes
Beleza Vivi Gonzo
Assessoria Equipe D Comunicação