FUTEBOL: Novos caminhos no futebol – A transição das divisões de base para o time profissional

“Olho na base”; “Devemos valorizar os jogadores pratas da casa”; “Eles são o futuro do clube”. Frases constantes na rotina do futebol moderno. Todas voltadas aos jogadores das divisões de base das equipes. Os futuros “craques”. Para esse processo ter sucesso, uma fase é fundamental: a transição desses atletas para o time de futebol profissional. Jovens de 18, 19, 20 anos ainda não estão totalmente formados física  técnica e psicologicamente. E o que isso traz de consequência? Ao chegar a essas idades, eles são “jogados” nos times profissionais e sofrem grandes “choques”:

Choque técnico – a diferença nesse quesito é grande para os jogadores mais experientes. Isso vai levar os jovens atletas a ficar num nível inferior nos treinos, a ficar longe da titularidade e cada vez mais tocar menos na bola e aprimorar menos os fundamentos. Ficando longe de se adaptar ao ritmo dos profissionais.

Choque físico – Os profissionais tem uma rotina mais pesada de treinos em relação os atletas da base. Participam de mais competições. Isso requer uma maior condição física. Mais força e mais resistência. Quanto menos capacidade física, mais a parte técnica vai ser prejudicada. Quanto mais a parte técnica é prejudicada, menos o garoto joga. Quanto menos joga, menos entra em forma… E segue o ciclo…

Choque psicológico – Estar ao lado dos jogadores profissionais já traz uma grande auto-cobrança para os mais novos. Sem contar a pressão dos torcedores. E como a capacidade técnica/física ainda não é a ideal, a tendência é errar mais. Quanto mais erra, mais cobrança e pressão vão receber. E segue o ciclo…

Choque social – Além dos obstáculos das quatro linhas, esse outro choque. Os garotos passam a encarar uma nova rotina. Com novos companheiros mais famosos. Normalmente com maiores salários. Novas residências. Novos habitos alimentares. Novas “baladas”. Novos e perigosos “focos”. Como nunca foi acostumado a isso, vai “sofrer” para conseguir uma melhor adaptação. E isso interfere diretamente no rendimento dentro do campo físico, técnico e psicológico. (O ciclo mais uma vez)

E COMO DIMINUIR ESSES EFEITOS?

1. Um campeonato brasileiro sub-23 – Para esse hiato entre as idades, o ideal seria uma competição nacional. Isso vai abrir espaço para novos profissionais- técnicos e jogadores. Vai poder valorizar os atletas. E o mais importante, vai dar ritmo, permitir evolução física, tática e psicológica dos jogadores. Trazer a real sensação de competição constante aos atletas.

2. Time B – Alguns clubes no Mundo já tem essa cultura. Para preencher esse espaço entre as divisões de base e a idade real de formação, se cria um “segundo time”. Uma espécie de laboratório para as equipes profissionais.

3. Empréstimos – Como não tem espaço para esses jogadores, os clubes também podem acabar emprestando à equipes de outras regiões e divisões, para os atletas encontrar o amadurecimento necessário, dentro e fora das quatro linhas.

4. Modelo de jogo – Um clube deve ter um modelo de jogo definido para todas as idades. Isso já vai direcionar os tipos de treinamento nas categorias de base. Alinhados sempre aos treinos da equipe profissional, claro, respeitando as limitações de cada categoria. Quando o jogador passar por essas etapas já vai estar melhor adaptado em todos os aspectos.

5. Acompanhamento – Não adianta focar apenas o jogo com a bola. Fora das quatro linhas, outros aspectos são fundamentais na formação. Por isso é preciso um grande acompanhamento, com nutricionista, psicólogos, assistentes sociais e se possível, um consultor financeiro.

Possíveis sugestões e soluções para diminuir os impactos de uma transição mal feita. Assim, quem sabe, nosso futebol deixa de perder vários talentos. Assim, quem sabe, muitos atletas não se perdem no meio do caminho.
Lembrando sempre. Nas divisões de base, o mais importante não é o resultado. Não são as conquistas. E sim a total formação do jogador e a busca também pela formação ideal do ser humano.