ENTREVISTA: Oscar Magrini, a razão do sucesso de um dos ícones de masculinidade

Por André Porto e Nadezhda Bezerra / Fotos: Newman Homrich
Por trás daquela imagem forte, de machão que pega todas, machista… que seus personagens ajudaram a construir está um cara simples, brincalhão, bem casado e ciente do poder de fogo das mulheres. Oscar Magrini já interpretou esses tipos todos aí, mas como o próprio fala nessa entrevista, ele é bem diferente de seus personagens. Seu bom humor conquista a todos e mostra que um ator para ter sucesso vai muito além do seu talento, precisa acima de tudo ter humildade. O talento e o carisma de Magrini já foram vastamente comprovados em filmes para o cinema, peças de teatro e programas de TV. Preste a voltar à telinha, Oscar Magrini se dispôs a encarar guerreiros de capa e espada num belo castelo medieval. Cenário perfeito para um ícone do universo masculino. Onde hombridade e cavalheirismo nunca combinaram tão bem em meio a armaduras de aço e espadas de guerra. Nessa batalha entre homens e mulheres que vem sendo travada a tempos, Magrini se curva diante delas, e afirma que “afinal quem canta, ganha e leva não é o homem e sim a mulher.” Com muita honra apresentamos a você um cara digno de todos os personagens e todos os aplausos, Oscar Magrini!
Oscar, como foi o início da carreira? Já sabia que queria atuar? Que dificuldades enfrentou? O inicio da minha carreira foi muito tranquilo, eu morava em Santos/SP, minha terra natal, onde quis começar a trabalhar como modelo e sabia que seria por pouco tempo pois tinha outro emprego, em uma academia de ginástica. Sou formado em Educação Física pela FEFIS de Santos em 1982. Em 85 comecei como modelo e no final de 89 fiz um teste para uma peça de teatro profissional, “UMA ILHA PARA TRÊS” com direção de Gianni Rato onde estreei profissionalmente em 1990. Em 1991 fiz meu primeiro longa, PERFUME DE GARDENIA, de Guilherme de Almeida Prado e em 1992 minha primeira novela “DEUS NOS ACUDA”, de Silvio de Abreu e dai em diante, graças ao bom Deus, não parei mais e já são 21 anos de carreira com, 25 novelas, 11 longas, 14 peças de teatro e mais seriados, mini-series e curtas.

O que você tem visto de bom no cinema brasileiro? Você acha que a produção nacional de cinema esta avançando? Tenho visto muitos filmes bons nacionais, a indústria cinematográfica hoje em dia esta cada vez melhor em todos os sentidos, inclusive em relação ao incentivo federal com a lei do audiovisual e a lei Rouanet. Ainda pode melhorar e muito, pois estamos fazendo muito bonito aqui e lá fora, visto – O Quatrilho, Central do Brasil, (indicação de melhor atriz, Fernanda Montenegro), Cidade de Deus (maravilhoso), Carandiru (que participei) Tropa de Elite I e II e mais recentemente Divã e Cilada que assisti e gostei. Muito bom também O Assalto ao Banco Central. Temos atores muito talentosos, roteiristas e historias para contar, fora a criatividade do brasileiro que é fora de série, (risos)!! Então estamos muito bem e caminhando para melhor.

Você está casado com (a ex-atriz) Matilde Mastrangi há muitos anos. Algo até raro no meio artístico. Todo mundo costuma perguntar qual o segredo de um casamento feliz e duradouro, a MENSCH gostaria de saber o que faz um casamento não dá certo, em sua opinião. Graças a Deus sou casado há 21 anos, Matilde é minha mulher, amiga, minha companheira idônea… Muito compreensiva, conversamos muito, cedemos um pouco, cada um de seu jeito, e muito diálogo, conversa é tudo para se compreender e respeito mútuo e muito amor… Uma plantinha tem que ser regada de pouco em pouco, senão seca ou morre afogada, se não tiver isso… Com certeza um casamento afunda, não tem lastro nenhum.

Já, já na casa dos 50 e ainda um galã que arranca suspiros da ala feminina. É muito assediado por fãs mais afoitas? Como lida com isso? Não tenho o menor problema com isso, acho maravilhoso o reconhecimento do público é um carinho ao qual eu tenho o maior prazer de atender. Quanto as mais afoitas,  tiro de letra. Quando fiz o Ralph, do “Rei do Gado” era pior, um cafetão, que batia em mulheres, elas ficavam enlouquecidas, (risos)!!! Agora está um pouco mais calmo (risos)!!!!

Você já levou o personagem para casa? Nunca levei o personagem pra casa, sei diferenciar muito bem uma coisa de outra e para mim não tem como confundir… Meus personagens são completamente diferentes de mim.

Em todo esse tempo de carreira nunca pensou em dirigir, escrever? Em dirigir, sim; uma peça de teatro ou até mesmo novela, mas vamos deixando como está por enquanto. Em escrever, não. Penso muito quando leio, em montar um roteiro, para um curta ou um longa, dá uma vontade… Mas vontade é uma coisa que dá e passa…

Acha que a TV pode influenciar alguém? A TV dita a moda no Brasil, seja nos trejeitos, nas manias, cria gírias, muda o comportamento das pessoas, é mania nacional. Já foi muito mais, mas hoje em dia, com tantas outras opções, corre-corre, trabalho, internet e outros afazeres  já não se assiste tanta TV como antigamente. O povo tem mais acesso as TVs, depois cinema e sobrando tempo e dinheiro, infelizmente vem o teatro…somo um povo de cultura televisiva principalmente.
Seu próximo trabalho na TV será a série “As Brasileiras”, como será esse projeto? Conta um pouco pra gente… Começo gravar em agosto. “As Brasileiras” é um seriado com direção geral de Daniel Filho. Sei pouco, pois vamos ainda ter reunião do elenco, e me foi pedido para não falar nada sobre o seriado, por isso peço desculpas por não me aprofundar, mas será ótimo com certeza.

É um pai ciumento? Como é a relação com sua filha? Minha filha fez 20 anos de idade, é uma filha maravilhosa que Deus nos deu para cuidar. Isabella tem um pouco de mim e da Matilde, mas é muito na dela. Faz Nutrição em uma universidade Federal e nunca tivemos nenhum problema com ela, sempre conversamos muito, saímos bastante, é minha companheira de viagens, cinema e teatro, procuro estar sempre presente apesar da minha agenda corrida. Ela sempre entendeu a minha profissão e me apóia muito, é uma filha sensacional… Agora em relação a eu ser ciumento… Cara, não é fácil, mas sempre conversamos com  ela  desde pequena e Isabella é muito adulta e na hora certa aparecerá um rapaz que a faça feliz, mas por enquanto tem os estudos e mestrado, muito cedo ainda…

Como você enfrenta uma crítica ou um comentário sobre você? Toda critica é bem vinda se construtiva. Tenho muito que aprender e mesmo com 21 anos de carreira, sempre estou estudando e aprendendo, trocando idéias e informações, agora se criticam porque não tem o que falar, se é na maldade, eu não ligo que se mordam, eu faço o meu trabalho e pronto.

Você tem fama de machão, já interpretou vários tipos assim… Hoje em dia dá pra ser machão sem ser machista? Pelo meu tipo físico faço muitos personagens machões, fortes, homens de pegada, sabem que não tem erro, eu faço e faço muito bem. Como também já fiz uma peça de Benedito Rui Barbosa, com direção do Jose Wilker, onde eu fazia um personagem gay, “Picasso” que era um mordomo maravilhoso. Quem viu não acreditava como eu era capaz de fazer aquele personagem, nem o próprio Benedito achava que eu era capaz (risos). Imagina, tirei de letra, um sucesso sem ser caricato, quem não me conhecia achava que eu era mesmo gay e não o personagem, muito legal, esse é o trabalho do ator, fingir, ser profissional ao ponto de confundir o publico. E se souber levar, pode ser Machão sem ser machista sim, porque machista não está com nada…o homem tem que saber tratar uma mulher, porque no final das contas, quem canta, ganha e leva não é o homem e sim a mulher, porque é ela quem quer, quem se deixa cantar e se deixa levar…é ou não é????

“Deveríamos olhar demoradamente para nós próprios antes de pensarmos em julgar os outros”. Você concorda com essa frase de Moliére? Molierie sempre foi um homem à frente do seu tempo, tanto que essa peça que eu faço há um ano e meio, e estréio agora em Agosto no Rio de Janeiro ( Teatro dos Grandes Atores, na Barra da Tijuca), fala sobre amor, traição, ciúme e mulheres, e apesar de ter 35 anos, é atualíssima…e desde essa época ou melhor desde sempre, o homem só pensa em si mesmo, de levar vantagem em tudo e nunca pensar no próximo, é por isso que o mundo esta do jeito que está, infelizmente uma merda. Poderia estar muito melhor se o homem não pensasse tanto em si próprio e sim mais nos outros, se preocupasse com quem está a seu lado, falo isso sem demagogia pois é a pura verdade, somos mesquinhos, só olhamos para o nosso umbigo, cagando para os outros, só pensando em se dar bem….esse é o mal do mundo…infelizmente.

Na sua atual peça, “Escola de Mulheres”, seu personagem tem medo de ser corneado e praticamente guarda a mulher em casa. O que você acha que faz uma mulher trair? Como os homens podem realmente se precaver disso sem entrar na paranóia que o personagem entra? Olha, pra mim a traição acontece em todos os sentidos, seja no pensar em alguém, no olhar alguém, no desejar alguém ou no sair com outra pessoa estando junto de alguém… Se você está com a pessoa amada, não tem porque trair conversa-se entra em acordo e sai fora do relacionamento, não tem porque machucar a pessoa que está com você, pra que??? É mais honesto acabar o relacionamento e partir para outra, homem que desconfia da mulher é porque já aprontou muito e tem medo de que ela venha a fazer o mesmo… ou como diz aquele velho deitado…de pagar na mesma moeda…

O que já te fez enfiar o Pé na Jaca*? Sei lá…enfiar o pé na jaca é o mesmo que “chutar o pau da barraca com os dois pés, (risos)!!! acho que nunca fiz realmente isso, sempre fui controlado e seguro a onda, acho que sempre soube como enfiar o pé na jaca!!!!!! pra no final não me dar mal.

Deus nos acuda*. De que? desses corruptos, safados, políticos, homens do poder que só pensam neles mesmos e estão cagando pra todo mundo…que Deus nos acuda de tudo isso, Senhor…

Como foi fazer esse ensaio no Instituto Ricardo Brennad? Já tinha ouvido falar? O que mais te chamou atenção, as armaduras ou as obras de arte?  Adorei fazer o ensaio fotográfico no Instituto Ricardo Brennand. É maravilhoso e tive uma grata surpresa, vocês, André em especial, tiveram muito bom gosto em escolher a locação, é um lugar deslumbrante, eu fiquei  impressionado com o que vi e desculpe pela minha ignorância, não sabia que existia um lugar como esse aqui no Brasil. Lugar parecido, só nos museus da Europa e na América. Acredito que muita gente nesse Brasil de meu Deus, não conheça esse lugar e olha que ficamos pouco tempo, com tanto corre-corre, pois o dia não ajudou em nadaaaaa, chovendo direto o que foi uma pena, e só conheci um pouquinho do que era tudo aquilo, com certeza quero voltar e apreciar com mais detalhes, sem pressa, como um visitante mesmo,…que coleção maravilhosa, tem de tudo muiiiittttooooo, uma riqueza sem igual, fiquei fascinado e adoro antiguidades, armas, armaduras. André, quero ser convidado para ir novamente, não se esqueça…. o meu muito obrigado, adorei a todos, o carinho com que me receberam e me alimentaram (risos)!!!! Grande almoço, o meu muito obrigado e até uma próxima, valeuuuuuuuuuuuu!!!!!!!!!!!

Por André Porto e Nadezhda Bezerra
Fotos: Newman Homrich
Assistente de fotografia: Wagner Damásio
Make up: Isnaldo Braga
Modelo: Luciana Magalhães
Locação: Cristiane Maria

AGRADECIMENTOS
Local: Instituto Ricardo Brennand – www.institutoricardobrennand.org.br/
Roupas: Dona Santa/Santo Homem – www.donasanta.com.br
Make up: Isnaldo Braga Beleza & Consultoria – www.isnaldobraga.com.br