Superação e disciplina resumem essa bela mulher que é Anna Flávia Camargo. E foi justamente na superação que a carreira dela deu uma virada. E começou com um sonho que virou roteiro que terminou virando filme e saiu colecionando prêmios em festivais. Mãe de filho autista, Ana Flávio dedicou suas energias e inspirações no filme Jasmim, drama psicológico que retrata a perda de um filho. “Foi a forma que encontrei de colocar minha dor que senti na gestação pra fora”, declarou Ana Flávia. Do trabalho de modelo no começo de carreira até o prêmio de Melhor Atriz do Festival de Cinema de Dubai, conheça um pouco da trajetória dessa mulher incrível.
Anna Flávia, você é da área de design digital, já trabalhou na IBM e como modelo. Quando percebeu que trabalhar como atriz era o que você queria pra vida? Percebi muito nova, mas não tive apoio da família que era bem conservadora. Morava em Santos, litoral de São Paulo e na época não havia bons cursos de atuação na região, então precisei “escolher” uma faculdade para meu pai liberar ($$$) minha ida à São Paulo, me formei em Design Digital na Anhembi Morumbi. Quando passei na seletiva de estágio como web designer para IBM Brasil meu pai ajudou com as despesas para que eu pudesse morar em São Paulo capital, a partir disso consegui realizar bons cursos de atuação… escondido! (risos)
Muito tempo trabalhando como modelo, inclusive você foi capa da Playboy. Que momentos marcantes marcaram essa sua fase? O trabalho como modelo aconteceu de forma bem natural enquanto eu estava morando em São Paulo, trabalhei em outros países também. Sempre gostei de fotografar, gosto até hoje, mas nunca foi meu foco principal. A Ariane Carneiro editora chefe de Playboy na época me conheceu quando realizei um ensaio para a Revista VIP, naquele mesmo dia ela fez o convite para eu fazer a capa da Playboy. Demorei 1 ano para aceitar, nunca foi meu “sonho” sair nua numa revista, mas acabei deixando fluir e o trabalho ficou bonito.
Como se deu a sua virada de carreira? O que foi decisivo para você virar atriz e como foi esse início? Sempre quis exercer o trabalho de atriz, não lembro exatamente o momento que nasceu essa vontade dentro de mim, mas sempre me percebi atriz. Fui convidada pelo Léo Gama para fazer uma pré-oficina de atores na Rede Globo de SP com a Giovanna Ewbank e Paolla Oliveira. Logo depois me chamaram para Turma do Didi e Avassaladoras na Record, mas eu estava em outro momento e acabei perdendo essas oportunidades. Acredito que não teve exatamente um início, foi acontecendo, porem com algumas pausas e interrupções, e esse fluxo perdura até hoje.
Depois de alguns trabalhos na TV e cinema veio o filme Jasmim inspirado na sua superação de perda de dois filhos. Como começou isso? O que o filme te trouxe de bom no sentido da superação? Cheguei no RJ para focar na carreira de atriz, pouco antes de eu entrar em cartaz, engravidei de trigêmeos, perdi dois bebes durante a gestação, após 3 anos do nascimento do meu filho Gael descobrimos o diagnóstico do autismo. Parei tudo para me dedicar 100% a maternidade. Durante a pandemia tive um sonho, acordei na madrugada e passei para o papel, não sabia, mas estava escrevendo o argumento do filme Jasmim que foi roteirizado por Eliton Oliveira. O filme de certa forma foi uma “válvula de escape”, ali coloquei minhas dores da gestação para fora. Foram momentos intensos de muita transformação.
Jasmim terminou sendo premiado no Ceará, Veneza e até em Dubai. Esperava esse sucesso todo? A que se deve isso? Todo o processo de Jasmim foi marcante. Desde o momento do seu nascimento que aconteceu por meio de um sonho, até a descoberta do autismo do meu filho Gael que aconteceu durante as gravações de Jasmim e não contei para equipe, continuei gravando, mas estava de luto por dentro, ainda não sabia absolutamente nada sobre autismo além do diagnóstico, como também o fato da produção ter ocorrido durante a pandemia mundial de Covid19, seguindo todos aqueles protocolos rigorosos de segurança. Foram MUITOS desafios. Certamente o que fez toda a diferença para que Jasmim se destacasse nos Festivais de Cinema foi a entrega e a qualidade da equipe, iniciando pelo meu agente e marido Fábio Rios que me deu todo suporte e teve a percepção de convidar o ator Emiliano Ruschel para ser o protagonista do filme, um ator extremamente talentoso, dedicado e excelente produtor. Além é claro da equipe talentosa e comprometida, que contou com o jovem ator Zion Geballi Marchiore, roteiro de Eliton Oliveira, direção de Marcelo Zambelli, direção de fotografia de Ricardo Heingantz, sonorização Mú Carvalho, assistência de câmera de Dominique Vereza e design de Clelson Lopes.
E você ainda está concorrendo ao prêmio de melhor atriz no Festival Indiano “Kalakari Film Festival”. O que representa para você esta indicação: Esperava que fosse acontecer? Todos esses prêmios foram de fato uma grande e deliciosa surpresa para mim, afinal todo processo de Jasmim foi muito significativo, mas eles só aconteceram por conta do comprometimento de todos esses profissionais que citei anteriormente, sem eles nada teria acontecido.
Ainda falando em cinema, soubemos que vêm mais filmes pela frente. O que pode nos adiantar desses novos trabalhos? Ano passado fiz parte do elenco do filme “Girassol” comédia romântica dirigida por Bruno Pereira, fiz uma professora, Gisele mãe do ator Drico Moraes na trama, foi uma ótima experiência. A previsão é que o filme estreie no streaming esse ano pela Amazon Prime, Apple TV e Net NOW. Nesse momento estou finalizando as gravações do longa “Sob Louca Direção” roteiro de Rô Santanna e direção de Neto Favaron. O filme conta com um elenco incrível, incluindo a própria roteirista e atriz e o talentoso ator André Mattos.
Você é mãe de filho autista e idealizou o método 1:1. No que consiste esse método e como você procura compartilhar esse conhecimento com outros pais? Desenvolvi o método baseado em resultados que obtive com as práticas de estimulação precoce e criação positiva com meu filho Gael, atualmente com 5 anos. Iniciei essas atividades antes mesmo do diagnóstico do autismo, gravei alguns vídeos na época sem ter conhecimento que estava utilizando técnicas de desenvolvimento comprovadas dentro de casa e que o ajudaram muito quando ele iniciou os tratamentos multidisciplinares (vídeos disponíveis no ig @autismonapratica_). Compartilho experiências mostrando alguns comandos que incluímos de forma simples, mas que se tornam extremamente ricos e terapêuticos. São técnicas de rotina, modulação de voz, tempo de resposta da criança, repetições, tempo de uso de telas, alimentação, rotina de sono, criação respeitosa e MUITO AMOR. O respeito está acima de qualquer tratamento ou terapia, a criança pode passar o dia inteiro em terapias, mas se ela não for respeitada de igual para igual (1:1) dentro de casa, se ela não se sentir acolhida por seus cuidadores, de nada adiantará as melhores escolas ou terapias. É necessário entendimento e respeito pelo TEMPO da criança. Fomos acostumados a exigir determinados comportamentos de nossos filhos. Exigimos obediência de um ser que ainda está em construção, independentemente de serem típicos ou atípicos, precisamos sempre nos lembrar que NÓS que somos o cérebro maduro da relação.
Em que você acredita (espiritualmente)? De onde vem sua fé? Já passei diversas doutrinas religiosas, sou bem curiosa, sou cristã, mas sempre em busca de novos conhecimentos na espiritualidade. Atualmente frequento a igreja aos domingos com minha família, porém minha grande conexão é com a física quântica e espiritualidade, gosto de escutar as mensagens de Kryon. Sou complexa e não sigo um padrão ou caminho específico.
Como equilibra corpo e mente? Aposto na suplementação personalizada por meio da medicina preventiva/integrativa com a Dra Ana Cristina Barreira para equilibrar a parte física e emocional. Considero a alimentação saudável a verdadeira fonte da juventude. Bebo no mínimo 3 litros de água por dia, não como carne vermelha e de porco há mais de 20 anos. Pratico atividades físicas, e sou adepta a meditação. Faço uso de homeopatia para equilibrar meus sintomas do TDAH e o do autismo do meu filho na farmácia de manipulação. Quando preciso me conectar busco o silêncio e trabalho profundamente a respiração. Acredito na força dos chás e ervas.
Saindo do trabalho, onde é mais fácil te encontrar? O que curte pra relaxar? Academia, praia, piscina, assistir séries e filmes, ler bons livros, sair pra jantar com o maridão, viajar, jogar cartas, meditar. Amo estar com minha família. Sou pisciana do tipo grude! (risos)
Como lida com espelho e vaidade? Sou vaidosa. Além de malhar, gosto de me cuidar com procedimentos estéticos sempre com orientação da minha dermato Dra Mônica Fialho, proprietária da clínica BarraSkin. Realizo tratamentos corporais com CmSlim e esvaziadores, ultraformer, bioestimuladores e laser no rosto e colo mensalmente. Sigo todos os cuidados e orientações da Dra. Mônica, confesso que o mais difícil é não tomar sol no rosto, porque adoro uma praia, mas não saio do guarda sol, vale o sacrifício!
Para conquistar Anna Flávia basta… Ser leal, justo, ter leveza, boa energia e uma boa dose de humor, de qualquer forma já fui conquistada há 7 anos pelo maridão! (risos)
Quais os planos para este ano? Atuar, atuar e atuar! Passar tempo de qualidade com minha família, acompanhar bem de perto o desenvolvimento do meu filho, malhar, me cuidar e viver com o coração cheio de paz e do amor de Deus.
Fotos Mauro Motta (@mauromottafotografia)
Assessoria Deborah Gonçalves (@dgassssoria)
Agente artístico Fábio Rios (@fabioriosagenciamento)
Beleza Robson Albuquerque (@robsonalbuquerquehairoficial)
Top Hair Ipanema (@tophairipanema)
Stylist Francisco Martins (@francisco46martins)
Coordenação de produção DGassessoria
Looks Murau (@murauoficial) e Chilli Beans (@oticachillibeans)