MULHER EM FOCO: MARCELLE - A SHOWWOMAN DO MARKETING DIGITAL

A empresária Marcelle Christine é uma daquelas mulheres que adoram um bom desafio. Em 2017, depois de alguns anos trabalhando com Marketing Digital, abriu sua empresa, a Connect Cast, assessoria focada em influencers. Marcelle viu seu negócio se expandir durante a pandemia. Sua trajetória que envolve desafios no ramo do empreendedorismo e episódios de machismo, nos serve de inspiração e exemplo de superação. Com a pandemia do coronavírus, o papel do marketing digital se mostrou cada vez mais importante para alavancar empresas e negócios de diferentes segmentos. Marcelle Christine aproveitou esse cenário para expandir a área de atuação de sua assessoria de imprensa Connect Cast, focada no relacionamento entre influenciadores digitais e artistas e marcas. A MENSCH conversou com Marcelle para entender o que faz dela uma mulher admirável.

Marcelle como começou a empreender e trabalhar com assessoria? Eu costumo dizer que eu fui a minha primeira cliente. Em fevereiro de 2016 fechei a primeira parceria para minhas redes sociais. Desde então, comecei a trabalhar com produção de conteúdo para marcas no meu Instagram. Um ano depois, comecei a monetizar essas parcerias que eram em formato de permuta e a primeira pessoa que eu fechei um publipost foi a Antônia Fontenelle. Na época, eu era assessora pessoal e produtora do canal dela. Em seguida, fui trabalhar com a Mayra Cardi, como assessora pessoal e foi ali que tudo mudou. Além de cuidar da vida dela de um modo geral (casa, empresa, redes sociais, etc), ela começou a colocar na minha mente que eu precisava ser empresária e me convenceu que eu voaria alto, pois eu era muito proativa. E, após quatro meses de trabalho, ela resolveu me demitir para que eu tivesse coragem para empreender, e assim foi feito. Abri na mesma semana minha empresa, que inicialmente já tinha no casting – Mayra Cardi, Antônia Fontenelle, e outros famosos que conheci durante o tempo que trabalhei no canal da Antônia.

Quais os maiores desafios que enfrentou até aqui? Crescer é sempre algo desafiador e a Connect Cast por ser uma empresa focada no digital, desde o inicio, mês após mês teve e tem um crescimento muito relevante. Com isso, nosso desafio diário é ter profissionais capacitados e proativos. Parece muito óbvio, mas a cada dia precisamos buscar mais conhecimento e nos reinventar.

Soubemos que durante a pandemia os negócios expandiram. A que se deve isso e como lidou com a situação? Isso se deve ao fato de a maioria das marcas entenderem a necessidade de migrar para o digital e, com isso, aumentou muito a procura por influenciadores para divulgação. A empresa já estava bem estruturada para atender essa demanda que ficou nove vezes maior que no ano anterior.

Qual a importância do marketing digital para não famosos? Como empresários e empreendedores de outras áreas podem aplicar isso na vida deles? O marketing digital é muito importante para qualquer pessoa que possui um negócio. Hoje, todos os olhares estão na Internet e é ali que você deve prender a atenção para ter destaque no seu produto ou serviço. As ferramentas que o marketing digital utiliza para alavancar essa autoridade são essenciais para você conhecer seu público (idade, gênero, localidade, classe social, e etc) e assim, ser assertivo na hora da divulgação para gerar interesse e concretizar vendas. O melhor caminho para fazer esse marketing dar certo, é procurar uma empresa especializada que possua clientes como cases de sucesso.

Quais os maiores erros cometidos quando se pensa em marketing digital? A maioria das pessoas acreditam que maketing digital são fórmulas milagrosas para ganhar dinheiro na internet de forma “fácil” e muitas dessas pessoas associam esse nome à venda de cursos online. Mas o marketing digital é um conjunto de estratégias criadas para alavancar um negócio. Tem a fase do planejamento e da execução quando tudo é pensado, desde a identidade da marca até a entrega do produto final, passando por publicidades e trafego pago para impulsionamento.

Hoje a Connect Cast está mais focada em influencers. É isso? Como despertou para esse lado? A Connect Cast é uma empresa de marketing de influência. Hoje, estamos com um braço de empresariamento, onde trabalhamos a carreira do influencer/artista de uma forma mais ampla. Começamos com o empresariamento, pois muitos de nossos talentos sentiam falta de um planejamento completo de carreira, então despertamos para as necessidades.

Formada em Rádio e TV, e uma apaixonada pelo universo da comunicação e do mundo do show business. Conta um pouco de sua trajetória até aqui. Sempre fui uma garota cheia de sonhos e, com toda certeza, todos eles se realizariam. Venho de família humilde e apesar de amar minhas origens, sempre soube que mudaria a realidade de minha família. Me formei em audiovisual para continuar trabalhando com arte, pois fazia teatro desde os 15 anos de idade. Trabalhei em produção de filmes, programas de TV, peças, até ter acesso às artistas Antônia Fontenelle e Mayra Cardi e começar a trabalhar com marketing de influência. A Mayra foi um grande divisor de águas em minha vida. Sou grata por todos os ensinamentos que ela me deu como empresária e, principalmente, por me fazer acreditar que eu seria capaz. Uma vez ela me disse “O que eu mais admiro em você, é que muitas vezes, mesmo sem saber 100% o que está fazendo, você vai lá faz e dá certo, porque você acredita e dá o seu melhor”. E assim, eu tenho feito desde a minha infância, transformado meus sonhos em realidade, tampando meus ouvidos a tudo que me atrasa e ouvindo pessoas que são casos de sucesso.

E, é com a mesma verdade e dedicação que a Mayra ajudou a mudar minha vida, que eu me dedico a transformar a vida de meus assessorados e de meus colaboradores.

No portfólio de sua empresa, temos campanhas para grandes marcas como Havaianas, Rexona e Natura. Como a publicidade e a internet funcionam hoje em dia? Como ser mais assertivo? Hoje, não existe mais publicidade das grandes marcas fora da Internet. Essas marcas fazem sempre publicidade 360, onde estão presentes em todos os veículos – TV, rádio, Internet, revistas, jornais, etc. Na Internet, de forma mais assertiva as marcas se conectam com agências de marketing ou de marketing de influência e buscam artistas e influenciadores que tenham o mesmo público da marca. Eles avaliam o nicho, os analytcs do Instagram para saber a região, idade, gênero e o engajamento, depois dessa avaliação criam briefings de campanha direcionando o influencer para realizar a publicidade com os pontos necessários.

Você trabalha em um setor em que o número de homens e mulheres aparenta ser equilibrado, mas mesmo assim você já enfrentou preconceito por conta do machismo. Como foi isso e como lidou com a situação? Quando trabalhava em uma empresa e fui promovida à gerente, muitos funcionários não aceitavam estar subordinados a uma mulher. A empresa era composta principalmente por homens, então o alvoroço foi grande. Por sorte, a sócia da empresa reverteu a situação, mostrando os resultados que conquistei para aquela instituição e provando que eu realmente tinha capacidade de ocupar a função. Certamente foi machismo estrutural, mas superei essa dificuldade e respondi com muito profissionalismo.

Seu meio também é muito competitivo e incerto por conta dos artistas e influencers. Como se manter no mercado no meio dessa loucura toda? Realmente é muito incerto, todos os dias surgem novas agências, agentes, empresários e uma boa parte acaba não respeitando o fato dos talentos já terem um representante e tentam contato direto. É nesse momento que começam algumas dores de cabeça, pois surgem muitas propostas “maravilhosas e irrecusáveis” e no final não passam de promessas. O que nos mantém no mercado, sem sombra de dúvidas, é a transparência com os nossos talentos e com os nossos clientes. Nenhuma negociação é feita sem que as partes tenham acesso a tudo que está sendo negociado.

A situação de incertezas, em especial no Brasil, é um grande desafio para qualquer empresário e empreendedor. Quais os maiores obstáculos enfrentados no meio disso tudo? Os maiores desafios no Brasil hoje incluem a burocracia e a falta de mão-de-obra especializada. Os desafios começam logo no processo de abertura da empresa, com os trâmites burocráticos, passando pelo entendimento da legislação e, em particular, do nosso sistema tributário. Demoramos para colocar a operação em conformidade.

E qual ponto positivo você destacaria no marketing digital hoje em dia e em especial no Brasil? E qual o futuro? O Brasil é o segundo país que mais utiliza as mídias sociais em todo o mundo. A partir desses canais online, conseguimos potencializar a visibilidade das marcas e de seus produtos e serviços, e, por consequência, impactamos as vendas de todos os tipos de empresas por meio do marketing digital, no âmbito nacional e internacional. Sobre o futuro é incerto quando se trata de redes sociais, as plataformas estão em constante mudanças, mas uma certeza que tenho é que o marketing digital está consolidado e o novo jeito de vender estará sempre presente na internet.

O fato de que as plataformas e a informação estão ao alcance de todos faz com que todo mundo tenha uma base para se arriscar no marketing digital, hoje. Quais as maiores ciladas no meio disso tudo? Como separar o que vale ou não? Hoje muitas pessoas replicam “conhecimentos” e “técnicas” que não funcionam. É o famoso “estou repetindo o que ouvi, mas nem sei se dá certo”.

Essa de fato é a maior cilada. Eu sempre costumo dizer que devemos ter como referência, produtos, empresas e pessoas que já são cases de sucesso e avaliar as transformações feitas na vida das pessoas.

O que faz uma pessoa ser realmente relevante nas redes sociais e render por um bom tempo? A única forma de uma pessoa ser relevante nas redes sociais é a constância na postagem do conteúdo de valor. Não adianta postar sem propósito, você precisa ensinar algo, para que as pessoas se sintam gratas ao seu conteúdo e busquem no seu perfil conhecimento para o assunto que interessa a ela.

Hoje em dia ser influencer virou a profissão dos sonhos de muitos jovens que só enxergam as festas, recebidos e os likes. Onde mora o perigo nisso? O perigo mora na ilusão da vida de glamour. Hoje, as marcas e os seguidores estão muito mais espertos e mais rigorosos. Se você não entrega um conteúdo de valor, você não vai crescer na internet e com isso muitos recorrem a formas erradas de mostrar um status que não existe, como a compra de seguidores.

Isso terminou gerando um mundo de ilusões nas redes sociais levando muito jovem a depressão. Como evitar e combater isso? Hoje eu acompanho diversos influenciadores grandes mostrando a vida real, sem filtro, sem perfeição, assumindo suas dores, fraquezas, ajudando quem passa por depressão. Tenho visto na Internet uma movimentação em prol da saúde mental dos seguidores e vejo que esse é o caminho. É claro que sempre haverá o glamour da fama nas redes sociais, mas quando as pessoas que influenciam mostram suas batalhas esse impacto da vida perfeita fica bem menor.

Já teve algum caso em que você rejeitou um possível cliente/influencer por não achar que tinha futuro? Se sim, como percebe isso? Como não apostar errado? Já sim. Em relação as marcas, avaliamos sempre a relevância, tempo de entrega, atendimento, reclamações e elogios. Com isso diariamente recusamos alguns possíveis clientes, afim de evitar naquele momento algum abalo na credibilidade dos nossos talentos. Porém não fechamos portas, sempre deixamos as marcas no radar para fazermos parceria no momento ideal. Sobre influenciadores, deixamos todos os contatos em nosso radar, pois as oportunidades surgem a todo momento para todos os perfis, mas sempre buscamos talentos que já tem um nicho específico, pois na hora da venda o nosso comercial tem mais assertividade com as marcas.

Nesse mundo vale tudo pelo like? Não! As marcas estão em busca de conteúdo de valor, influenciadores que tem nicho. Se você faz tudo pelo like, você se perde no seu propósito.

E você, como lida com suas redes sociais? Como separa o que é público do que é privado? Hoje é bem mais fácil fazer essa separação. Quando eu comecei a Connect Cast, eu trabalhava como influenciadora e mostrava 100% da minha vida. Senti necessidade de mostrar meu lado empresária – aos poucos, fui mudando minha forma de comunicação até que o meu conteúdo fosse totalmente voltando para o empresariamento e assessoria de influenciadores e artistas. E é sobre isso que eu mostro nas minhas redes. Conteúdo pessoal eu posto nos meus melhores amigos, para que eu não deixe de partilhar momentos mais íntimos do meu dia-a-dia.