NEGÓCIOS: O SEGREDO DO SWEET SECRETS

Com um estilo speakeasy e trazendo inspiração de uma Nova York da década de 30 – período da prohibition, onde era proibido a produção e o consumo de bebidas alcoólicas que, com isso, foram criados bares secretos escondidos atrás de negócios normais, como restaurantes e lojas. No caso aqui, uma bela loja de doces que mais lembra o universo de Willy Wonka (uma referência ao filme A Fantástica Fábrica de Chocolates), o Sweet Secrets (@swtsecrets), que abriu as portas em dezembro de 2021, logo se tornou um sucesso. Não só pelo mistério que envolve essa loja que na verdade é um belíssimo bar secreto que fica na Cerqueira César, em São Paulo.

A ideia surgiu da cabeça dos inquietos sócios, a dupla de empresários David Politanski (@dpolitanski) e Felipe Lombardi (@lombardifelipe), um projeto ambicioso como esse trouxe a consultoria do bartender peruano Aaron Diaz, do badalado Carnaval, em Lima, no Peru (21º bar do mundo pela lista The 50 Best Bars de 2020), o chef Luiz Filipe Souza, do quatro estrelas Evvai, e o arquiteto  Herbert Holdefer, do 134 Office. No interior do bar cada elemento foi cuidadosamente estudado, desde os banheiros com inspirações em antigos elevadores e ainda outro banheiro que se parece com uma câmara de Harry Potter. Porém um detalhe importante, lá dentro não é permitido nem fotos e nem filmagem. A MENSCH bateu um papo com David e Felipe para saber sobre o doce segredo desse sucesso.

Felipe e David, a pergunta que todo mundo faz… como surgiu a ideia do Sweet Secrets? David: Trabalho no Google há 10 anos. Cheguei a liderar um time global tendo a oportunidade de viver em diferentes países nos 4 continentes. Além disso, tenho uma esposa que é blogueira de viagens e juntos, conhecemos 68 países. Assim, ao viajar para tantos destinos inusitados, sempre buscamos as experiências mais incríveis – dentre elas gastronomia, mixologia, arquitetura entre outras coisas. Sempre ao voltar para o Brasil, sentia falta de ter aquele lugar único, o lugar onde qualquer pessoa ficaria impressionada – que, um  estrangeiro, ao visitar o Brasil se sentiria como eu me senti em tantos lugares e decidi começar a juntar diferentes inspirações para criar a experiência mais incrível de São Paulo. Claro que não poderia fazer um projeto dessa proporção sozinho. Então, busquei uma pessoa que poderia me ajudar a construir esse sonho e não havia ninguém melhor que meu grande amigo, Felipe Lombardi.

Numa época altamente instagramável, vocês escolheram ir pelo caminho oposto e nada de fotos. É difícil evitar a tentação por parte dos clientes? Felipe: Resolvemos, desde o começo, criar algo para que as pessoas possam viver 100% da experiência, desde um casal a um grupo de pessoas em uma mesa. Sabíamos que seria um desafio. Mas, a partir do momento que as pessoas entram na casa, acabam entendendo o nosso principal objetivo, que é viver o agora e, se desconectar do mundo lá fora.

Com praticamente um ano de inaugurado, vocês estão realizados com o resultado? Mudariam algo? David: Estou extremamente feliz com o que construímos e conquistamos – tirar um projeto dessa proporção do papel, é muito difícil. O número de detalhes, é surpreendente – desde a concepção da ideia, à criação do business plan, obra, branding, abertura, qualidade de serviço drinks e comida. Conseguimos entregar tudo da maneira que queríamos. Os feedbacks de quem frequenta o Sweet é muito positivo – estamos sempre buscando melhorar.

Felipe: Como o David falou, estamos felizes, mas sempre preocupados em buscar o melhor para os nossos clientes. A maneira que escolhemos para isso é sempre estar presente durante a operação, recebendo as pessoas, falando com nossos funcionários e finalizando a noite sempre com uma “lição de casa’’ para o dia seguinte.

Vocês começaram o S.S. do zero desenvolvendo todo o conceito, projeto arquitetônico, louças exclusivas para os drinks… Que referências vocês tiveram e quais as inspirações? São muitas referências de diferentes lugares do mundo, o speakeasy é uma inspiração de Nova York na década de 30 – período da prohibition, onde era proibido a produção e o consumo de bebidas alcoólicas que, com isso, foram criado bares secretos escondidos atrás de negócios normais, como restaurantes e lojas. Foi desse conceito que criamos o bar secreto. Boa parte da arquitetura do interior, é inspirado nesses ambientes de NY, mas a arquitetura ainda conta com inspirações de Singapura, Espanha, França, Hungria, Inglaterra, Peru e Japão. A segunda inspiração é de países como Inglaterra, Singapura e Hong Kong – o Members Club, um local onde apenas membros e seus convidados podem ter acesso.

Escolhemos o melhor arquiteto do ramo no Brasil para conseguir traduzir tudo isso em um projeto. Após isso, contratamos uma agência de branding e projetos especiais para começar a pensar em cada um dos detalhes – desde a comanda da casa que é a tão famosa chave, até o traje de todos os funcionários, atores e também o cartão de membro. Como a idea é a pessoa ter uma experiência completa do começo ao final, tudo começa antes de chegar ao local, pois não é possível achar o endereço. Logo após chegar ao local, você se depara com algo inesperado, extremamente lúdico. Depois disso, passar por uma experiência muito diferente para entrar e lá dentro ser algo completamente diferente do que você estava esperando.

Uma atração à parte são as apresentações dos atores/cantores. Como fazem a seleção e qual a proposta? Felipe: A seleção das intervenções artísticas na casa é criada a dedo – desde um quadro que colocamos na parede a uma apresentação dos atores pelo salão. A proposta, além de fomentar a arte, é fazer com que os clientes “viagem no tempo” na soma de uma boa música junto a nossa arquitetura.

Com uma bela “embalagem” era necessário um ótimo “conteúdo”, ou seja, comes e bebes que são uma atração em qualquer bar que se preze. E vocês procuraram a consultoria de profissionais de destaque como o bartender peruano Aaron Diaz e o chef Luiz Filipe Souza. Como foi feita essa escolha e o que cada um contribuiu para o que vocês imaginavam de cardápio? Um dos objetivos do projeto é impressionar um público que está acostumado a viajar e frequentar os melhores lugares do mundo. Para isso, decidimos ir atrás das melhores pessoas de cada um dos pilares (arquitetura, gastronomia, mixologia, experiência). Como você mencionou, para a  gastronomia, escolhemos o Luiz Filipe, chef estrelado, escolhemos ele por seu conceito extremamente lúdico e por, além de ser um chef, é um empresário que entende diferentes modelos de negócios e nos ajudou desde a concepção do cardápio, a montagem da cozinha e contratação do nosso chef. Já para a mixologia, um pilar muito importante, pesquisamos os cinco melhores do mundo. Optamos  pelo Aaron Diaz – novamente pela questão lúdica do seu premiado Bar Carnaval, assim como o Luiz, que nos ajudou na criação de uma carta de drinks autorais, onde cada um dos copos foi feito por artistas peruanos à mão. Também   trouxemos o Aaron para o Brasil, para treinar nossa equipe.

Seguindo a linha de um clássico speakeasy bar, vocês já eram frequentadores desse tipo de bar? Existe algum com proposta parecida com a de vocês, no Brasil? Sim, frequentamos muitos speakeasy’s pelo mundo – até mesmo antes de ter a ideia de montar um. Acredito que juntamos todos os elementos em um só, fazendo com que fosse um diferencial e um grande presente não só para a nossa cidade de São Paulo, mas sim para o nosso País.

Qual o perfil de público que frequenta o S.W. e como tem sido a aceitação? Como o S.W. é um clube de membros, selecionamos com muito cuidado, os primeiros 100 membros que tivemos inicialmente, são nossos embaixadores. Foram  escolhidos por pessoas influentes de dentro da suas linhas de negócios, não necessariamente influentes em redes sociais. Dentre os diferentes tipos de membros, temos grandes empresários, altos executivos, advogados, médicos, artistas, atletas e founders de startups.

A aceitação tem sido extremamente positiva, pois ao frequentar um lugar com uma diversificação de pessoas interessantes, todos se sentem bem e confortáveis. Hoje, essas pessoas não pagam para serem membros. Após a abertura, começamos a entender quem eram as pessoas que mais frequentavam e, realmente, começaram a usar o Sweet Secrets como um clube. Essas pessoas foram convidadas naturalmente a serem membros. Nosso objetivo é fechar o ano com um total de 200 membros.

Soubemos que vocês trabalham também com o público corporativo, com espaços exclusivos para reuniões e happy hour. Como funciona isso? Devido à grande exclusividade e ótima experiência, o Sweet Secrets naturalmente se tornou um hub de networking incrível, juntando pessoas de diferentes linhas de negócios, gerando muitas conexões e deals relevantes. Isso começou a gerar diferentes tipos de interesses de empresas que trabalham com clientes triple A.

1. Acesso: O Sweet Secrets é um dos únicos lugares em São Paulo em que o dinheiro não dá acesso – você precisa conhecer um dos membros ou sócios para conseguir o acesso. É a verdadeira definição do priceless. Com isso, gera uma oportunidade de empresas que trabalham com clientes com alto poder aquisitivo a dar algo para os mesmos, que eles não conseguiriam se não fossem clientes. Criamos um membership B2B, onde a empresa vira membro do clube e pode trazer seus clientes, pagando um valor mensal.

2. Eventos: A possibilidade de fazer eventos corporativos em um lugar tão especial é algo extremamente fora da caixa para impressionar clientes. A  demanda para eventos corporativos tem sido bastante alta e por conta disso, nesses eventos, conseguimos montar uma experiência única para a empresa, contando com os atores performáticos e cardápio customizado.

3. Visibilidade: São pouquíssimos lugares onde uma marca de alto padrão consegue encontrar um público tão seleto para prover uma experiência, isso vem gerando interesse de marcas de alto luxo para fazer parte da experiências Sweet Secrets.

Algum “segredo” sobre o S.W. para 2023 que pudessem adiantar para o leitor da MENSCH? Felipe: Ah, segredo é segredo. (risos) Em 2023, voltamos aqui para contar novidades.

Fotos Neto Lins (@netolins)