PERFIL: ALEXEI WAICHENBERG – NOSSO “EMBAIXADOR” DAS ARTES ESTÁ DE VOLTA

De volta ao Rio de Janeiro, depois de seis anos vivendo em Portugal, Alexei Waichenberg, 57, aproveita os bons ventos que vêm impulsionando a cultura no Brasil e se instala em seu apartamento na Avenida Atlântica em Copacabana.

Em meio às obras de arte que compõe o seu acervo pessoal – Alexei é marchand desde os 17 anos e há dois recebeu da cidade do Porto, em Portugal, o título de leiloeiro – ele cria uma mesa gigante de roteiristas, pilotada por Maria Nattari, com quem escreve há mais de 20 anos e aquece as turbinas para produzir seu próximo longa-metragem, acerca do pintor Jorge Guinle Filho, artista que fez sucesso no mundo todo e que liderou o movimento dos pós-modernistas da geração 80 no Brasil. O longa, que tem produção executiva de Jeana Kamil, outra parceira das antigas, vai abordar a breve vida do filho mais velho do conhecido playboy Jorge Guinle, acometido pela AIDS no período mais fértil de sua produção e a morte prematura aos 40 anos em Nova Iorque, onde nasceu.

As viagens internacionais não param e Waichenberg, nesse último mês, fez um tour por Portugal, para integrar o júri do FESTin, maior festival de cinema da língua portuguesa no mundo; em Paris para movimentar um projeto que vai integrar artistas visuais do Brasil e da França; em Cannes onde participou de reuniões de mercado para impulsionar o filme Guinle e lançá-lo para 2025 e 4 dias no mar da Ligúria, na Itália, para descansar porque ninguém é de ferro.

Alexei começou sua vida profissional aos 17 anos, quando dividia suas atividades como Galerista e como escritor e roteirista na Rádio MEC, no Rio de Janeiro. Entre seus múltiplos talentos estão o profundo conhecimento de música erudita e popular e o dom da escrita, provavelmente resultado da farta literatura a que foi submetido e da convivência com seu avô postiço Herberto Sales, imortal da Academia Brasileira de Letras e seus amigos mais chegados como o dicionarista Aurélio Buarque de Holanda, a quem chamava de vovô, Josué Montello, José Aparecido, João Ubaldo, José Cândido de Carvalho e muitos outros.

Na música popular, sempre acompanhado por uma de suas melhores amigas, quase segunda mãe, como costuma dizer, foi Nana Caymmi quem o pegou ainda adolescente para excursionar pelas casas de Caetano, Moraes Moreira, Marina Lima, Rosinha de Valença, Miúcha, Tom, além de ser frequentador assíduo da casa do velho Dorival e das melhores casas de apresentação de música no país.

Nos primeiros anos de sua longa estada em Portugal ele agenciou e produziu artistas brasileiros por toda Europa e já nos confessou o desejo de continuar produzindo por aqui, em especial a cantora e compositora Taïs Reganelli, de quem se tornou amigo.

Aproveitando sua “vista para África”, como costuma brincar, quando arranja uma folga na mesa de roteiro, ele rabisca na madrugada suas crônicas de amor, no livro que começou ainda adolescente, mas que segundo ele: “só termina quando o amor acabar”, mas que a pedido dos amigos e admiradores, deve ser publicado até o fim desse ano.

E a produção desse mestre da diversidade não termina por aí. Ele está empenhado nos preparativos das comemorações, ainda em 2024, dos 50 anos de carreira da Coreógrafa Regina Miranda, com quem ergueu de 2010 a 2020 o projeto Rio Cidade Criativa. Ele tem Regina como sua grande Mestra. Com ela e a filósofa Sonia Mattos, também fizeram um projeto que apresentou, a céu aberto, na região portuária do Rio, 10 espetáculos teatrais que recuperam a história da cidade, do século XIX ao século XX, através da dramaturgia, de 2014 a 2016. O espetáculo “O Porto nas Ondas do Rádio”, último apresentado no projeto, escrito e dirigido por Waichenberg, ganhou o público e a crítica e também volta à mesa numa parceria com a escritora e radialista Diana Damasceno, sua primeira chefe na MEC FM, para ganhar um formato mais atual e recontar os anos de ouro da música e da rádio novela que projetaram o Brasil no mundo.

Quem conhece de perto esse ariano com ascendente em sagitário, destaca sua generosidade em valorizar seus mestres e, sobretudo em lançar os novos talentos que angaria pelas suas voltas pelo mundo. Uma festa na sua casa é o suficiente para integrar gente de todas as tribos da cultura, de todos os credos, de todas as cores e nuances, de todas as artes. Muitas vezes ele mesmo vai para as panelas e apresenta a famosa feijoada, conhecida até no Porto em Portugal, onde fez amigos importantes e projetos inesquecíveis, como o 5B Gastronomia e Arte, uma casa multicultural com um restaurante premiado, pilotado pela amiga e assessora de imprensa Berê Biachi; a fundação da Galeria Lourdes, na Ilha da Madeira, que recentemente publicou seu livro: “O Modernismo na Coleção da Galeria Lourdes”, que exibe uma coleção de artistas brasileiros modernistas de fazer inveja a qualquer museu brasileiro; o Fórum Internacional Amigos da Amazónia e diversos projetos em parceria com a Câmara e a Universidade do Porto.

A matéria poderia tomar toda revista, mas como diz Alexei: “Precisamos de foco e de realizar. Nada de projetos engavetados!”.

No mês que vem ele abre os salões da Atlântica para receber artistas e amigos que conviveram com Jorge Guinle Filho, entre eles o ex-companheiro do pintor, que já lhe concedeu duas entrevistas, num total de 14 horas de arquivo, para que se monte um roteiro para o longa o mais próximo da biografia do artista. E ele comenta com indignação: “O Brasil não valoriza seus artistas visuais! É ótimo que se faça filmes de música e músicos do Brasil, mas ninguém fala da notável produção pictórica que prenunciou muitos movimentos nas outras artes do país e que projetou nossa cultura e identidade no mundo”.

Sempre de olho nas novas tendências, ele passeia pela moda e os novos estilistas, visita o teatro musical, acredita na tecnologia e apregoa, com seu martelo de leiloeiro, o que há de melhor na cultura brasileira e não para de lançar os jovens artistas visuais, dos quais destaca Henrique Fischer, Antonio Amancio, Gabriel Lima, Saymon Moreno, Vinícius Amorim, Iasser Kaddourah e Lola.

O entrevistado que confessa não abrir mão de uma dose de whisky, todo fim de dia, e de um cigarrinho politicamente incorreto, que aprendeu com João Ubaldo, que serve para ativar os neurônios, entre um acorde e outro que se ouve ao fundo no piano de cauda, onde ensaia o ator e músico André Loddi, me conta o roteiro do seu último curta-metragem – “Jaz”, que coloca em produção em agosto, pelas mãos da jovem diretora e amiga Liza Gomes, que acaba de ganhar diversos prêmios e indicações pelo mundo.

Ufa! Nosso “Embaixador” está de volta.

Fotos Vini Ziehe

Alexei veste Dan Tavares

Assessoria de Comunicação Equipe D