Ao longo de mais de 60 anos de carreira, Carlos Vereza já fez de tudo um pouco na profissão, seja no teatro, cinema ou TV. Do início atuando como figurante de um comercial na extinta TV Tupi até sua estreia em novelas em 1969 e sua atuação atual nos palcos já se vão muitas histórias vividas dos mais diversos personagens. Mas o que desafia um ator do seu gabarito aos 86 anos de idade? A resposta talvez seja seu espetáculo em cartaz no momento, “Lotte Zweig: a mulher silenciada”. A peça onde Vereza atua, produz e escreve é baseada na história do escritor austríaco Stefan Zweig e da mulher dele, Charlotte Zweig. Eles foram encontrados mortos em seu bangalô, em Petrópolis, na Região Serrana do estado, dando voz a uma mulher que foi silenciada por décadas. A MENSCH conversou com exclusividade com Vereza e o resultado você confere logo abaixo.
Qual a importância de contar essa história real no teatro depois de tanto tempo? Eu sempre gostei de dar voz a personagens que ficaram ocultos por elipse na história, os injustamente marginalizados. Em dias de “Ainda estou aqui”, se tornou ainda mais importante trazer a tona pessoas que queriam justiça, e por esse motivo foram silenciadas. Ainda achei mais importante a protagonista ser uma mulher, e acho que a Hana Kolodny cumpre esse papel magistralmente.
Como surgiu a ideia da peça? Um dia deparei-me com o livro do meu amigo Dionisio da Silva, intitulado “Stepan Zweig deve morrer”. Neste livro ele aborda a hipótese amparada por diversas provas contundentes, que atestam que o casal fora assassinado, ao contrário do que foi relatado na época. Fiquei inquieto com essa injustiça, e a partir daí mergulhei em uma pesquisa profunda sobre o casal, e não contive em tornar essa história pública.
Como é pra você estar há tanto tempo atuando? São mais de sessenta anos de profissão, que, acredito, tenham sido pautados, por caminhos mais respeitáveis possíveis. O meu trabalho e meu caminho até aqui eu considero a minha biografia.
Tem vontade de voltar às novelas? Ainda vamos ver Carlos Vereza nas telonas? Sim, televisão e cinema fazem parte, inseparáveis, da minha profissão. Eu não vou parar enquanto estiver vivo. A minha essência transcende nas artes.
Como você enxerga o etarismo nos dias atuais? Espero que não sejam extintos os personagens, de pai e avô (risos)… Por mais que eu seja mais velho que Matusalém, por dentro ainda me sinto jovem, aberto a aprender cada vez mais e entregar o meu melhor público.
Fotos Priscila Nicheli
SERVIÇO
LOTTE ZWEIG – A MULHER SILENCIADA
Local: Casa de Cultura Laura Alvim – Av. Vieira Souto 176 – Ipanema
Temporada: 6 a 29 de junho
Dias e horários: sextas e sábados às 20h e domingo às 19h
Ingresso: Plateia 120,00 (inteira) 60,00 (meia)
Classificação etária: 12 anos
Duração: 75 minutos
Vendas: https://funarj.eleventickets.com/#!/apresentacao/3409dee0c65230bc0277b4ab98d40615b2bdb871