ESTRELA: CAROL CASTRO, UM ESPETÁCULO DE MULHER

Carol Castro é uma força da natureza. Quem a viu na TV em 2003 em seu primeiro trabalho em novela percebi que ali tinha algo diferente. Como dizem, um certo borogodó. Um tempero especial. E ao longo da sua carreira fomos percebendo isso. Das fotos nua em Salvador para Playboy até sua personagem em “Velho Chico”, linda e intensa como nunca vimos, Carol é puro encanto. Quando foi nossa capa pela primeira vez, isso em 2013, ela interpretava Sílvia em “Amor à Vida”, e era um furação. Cheia de personalidade e talento, não há desafio que ela não tire de letra. Muito menos o papel de mãe, que desde 2017 desempenha com louvor. Essa ano a bela vem com novos projetos para o cinema mas enquanto isso tem se destacado com sua controversa Helena em “Órfãos da Terra”. Fazia tempo que nós a queríamos de volta em nossa capa, agora ela é só nossa em um ensaio arrebatador do craque Vinícius Mochizuki. Somos fãs! Que venha muito mais Carol!!

Carol, desde de nossa última entrevista em agosto de 2013 até hoje muita coisa aconteceu na sua vida, inclusive foi mãe. O que foi mais representativo na vida pessoal e profissional nesses últimos 6 anos? Sem dúvida, na vida pessoal foi ser mãe. É uma experiência única e transformadora que ressignifica a vida! No profissional, o que mais me marcou até então foi todo o processo e o retorno que tive com a Iolanda de “Velho Chico”. As pessoas puderam conhecer melhor o meu trabalho, a minha entrega… E sinto que existe um antes e depois de “Velho Chico” na minha carreira. .

Depois da maternidade parece que você voltou com força total emendando um trabalho no outro. Foi um processo difícil de voltar à rotina de novelas? Sim. Voltar a trabalhar depois de ser mãe é um processo delicado. No começo você se sente um pouco culpada por estar longe da filha, sente muita saudade…mas ao mesmo tempo é muito enriquecedor se reencontrar como mulher e profissional novamente. Porque ser mãe tem muita demanda. Principalmente no início quando estamos aprendendo a amamentar, a cuidar daquele ser tão pequeno e frágil…e tão dependente! Acaba que você não pensa em mais nada. Se deixa um pouco de lado…Além de estar reaprendendo a ser depois desse renascimento que acontece junto com a chegada da criança. Esse salto quântico do papel de filha pro de mãe. Eu costumo dizer que além desse novo ser que nasce, existe um novo amadurecimento. Digo que aMÃEdureci. Eu voltei a trabalhar 6 meses pós parto me preparando pro longa Veneza. Que acabou de estrear no festival de gramado. Fui com Nina, babá e mala e cuia morar no Uruguai 1 mês pra filmá-lo. Nina completou 7 meses lá. Depois fui com ela pra Veneza finalizar o longa. E lá, ela completou 8 meses. (risos). Foi uma grande aventura esse meu retorno ao trabalho com uma bebê de colo e cheia de leite pra tirar entre uma cena e outra. Andando com isopor e gelo pra armazená-lo pra dar pra Nina nas madrugadas que eu estava trabalhando…porque não queria entrar com fórmula ou deixar de amamentar. Foi uma luta e um malabarismo diário, mas valeu cada segundo. Faria tudo de novo!

Falando em novela, seu papel atual, a Helena de “Órfãos da Terra”, é bem polêmica e está dando o que falar. Como você avalia a trajetória da personagem? A Helena passará por um reviravolta agora. Existirá uma redenção dela. Acredito que irão vê-la com outros olhos. É uma personagem muito desafiadora por ser uma mulher real com uma história muito possível de acontecer. Ela é uma pessoa boa, que se preocupa com os outros, é voluntária no instituto que abriga os refugiados, trabalhando como psicóloga e que estava muito fragilizada após a morte do marido quando conheceu Elias. Estou curiosa pra ver a reação das pessoas com as cenas dos próximos capítulos! (risos)

Sobre “Órfãos da Terra”, como está sendo a experiência? Qual a importância para você de debater sobre os refugiados? Super necessária! Sinto-me honrada em representar uma mulher que cuida das emoções dos refugiados. Ajuda a curar traumas… Muito importante dar esse exemplo em ser uma voluntária num momento onde as pessoas estão cada vez mais voltadas pra si mesmas. A preocupação com o outro. Esse olhar de cuidado ao próximo. Principalmente com aqueles que estão sem lar, sem pátria, sem família…muitas vezes sem nada. É muito bonita a maneira como as autoras estão trazendo debates e palestras de pessoas reais pra novela. Que de fato, passaram por experiências arrebatadoras. É um assunto que ainda desconhecemos. E que não imaginamos o quão difícil é pra quem passa por essas experiências… além de mostrar que quando estamos acolhendo e ajudando os refugiados, não estamos deixando de ajudar o nosso próprio povo. Pelo contrário, estamos ensinando para as nossas crianças e adultos esse lindo gesto de acolher e receber de braços abertos, esses nossos irmãos. Afinal, somos todos filhos da mesma terra.

Da sua estreia na TV em 2003 com “Mulheres Apaixonadas” até hoje já são 16 anos de carreira e muitas histórias de suas personagens. Muitas personagens variadas, do drama ao humor. Mulheres mais sensuais, outras mais contidas… O que te deixa mais confortável? O que me deixa mais confortável é o desafio. É justamente buscar o desconforto. Aquilo que parece impossível. Quando me pergunto: será que serei capaz de fazer isso? É quando tenho certeza que estou no caminho certo. Acomodar jamais! Gosto do desconhecido. Do difícil. Se será contida ou não, é indiferente. O que me motiva é o lançar-se no abismo do eterno aprendizado.

Sobre cinema, você está para estrear em dois longas. Conta um pouco do que vem por aí nas telonas… “Veneza”, de Miguel Falabella, é uma fábula poética que nos permite viajar junto com os personagens num sonho: a busca do perdão do grande amor no lugar mais romântico do mundo! Um sonho da Gringa, (personagem da incrível Carmem Maura) mas que passa a ser coletivo quando todos a sua volta, embarcam nessa gôndola de emoções e aventuras… Minha personagem, a Madalena, representa a mais sonhadora (depois da Gringa) mas ao mesmo tempo a que mais está próxima da realidade. Com os pés no chão. A que acredita no amor com todas as suas forças. Um amor sem rótulos, sem nomenclaturas, sem regras e gêneros. Uma personagem que possui uma história paralela muito envolvente e surpreendente. Foi muito forte pra mim a experiência de fazer esse filme.

“O Juízo”, do Andrucha W, com roteiro da Fernanda Torres, estreia em dezembro. Foi rodado em 2016. Um dia depois de filmá-lo, descobri que estava grávida. (risos) Se trata de um suspense espírita cheio de surpresas e com um super elenco. Pude realizar um antigo sonho de trabalhar com Fernanda Montenegro. E aprender tanto com ela! Que sorte a minha… também estão Lima Duarte, Felipe Camargo, Criolo… minha personagem é a Teresa. Uma mãe que se acomodou num casamento falido, mas que tem esperanças de resgatá-lo se mudando com o marido e filho pra uma casa antiga da família. Onde vários acontecimentos vão tirando sua paz. E o que parecia uma saída acaba se tornando um labirinto. Sou suspeita! Os dois filmes são sensacionais. Cada um à sua maneira. Dois gêneros bem incomuns.

Sabemos que para o ator o corpo é instrumento de trabalho também. Como você percebe isso? Em cada poro! Em cada respiração. O ator é o agente da ação. O corpo está totalmente interligado aos sentimentos e emoções. Por isso, sem a fé cênica, esse corpo não convenceria ninguém. Nem mesmo ao próprio ator. Que aliás, deve ser o primeiro a acreditar naquilo que está representando. Precisa existir uma harmonia entre o corpo e a razão. Atuar é um jogo. Uma brincadeira de faz de conta mas com muita verdade envolvida. Mesmo que de mentira. (risos). Contraditório, não? Muito! Precisamos estar presentes na ausência e ausentes da presença.

Depois da gravidez você parece que rapidamente voltou ao seu corpo normal. Como foi esse processo e como se cuida? É muito vaidosa? Não foi tão rápido como parece. E nem tão fácil! (risos) Foz exercícios diários para cuidar da diástase leve que tive após a gravidez. Com a ajuda de uma profissional no assunto que ia na minha casa me atender e tinha toda a paciência do mundo de me esperar quando eu tinha que amamentar ou algo assim. Passei a fazer uma dieta com o acompanhamento da nutricionista Eveline Duarte, que também ia na minha casa me ajudar a entender o que eu podia comer ou não durante a amamentação. Sempre tomando muito cuidado pra não deixar de ter nutrientes no leite pra Nina e também não comer em Excesso pra não ganhar peso. Quando fui chamada pra viver a Madalena em Veneza, eu tinha 1 mês pra me preparar para as cenas que mostrariam corpo… foi quando intensifiquei os exercícios com muita cautela pra não secar o leite. Esse filme, Veneza, acabou sendo o estopim para eu voltar à forma. Continuo fazendo exercícios. Sempre que posso. Quando tenho tempo entre as gravações, ou quando Nina dorme ou está brincando com os amigos ou o pai. Ela sempre é a minha prioridade.

Depois de alguns relacionamentos e casamento, como anda a vida amorosa? Ou o foco tem sido trabalho e a pequena Nina? Nina sempre será meu foco. Minha razão. O trabalho também me alimenta. E me completa. Minha vida amorosa vai bem. Tive um bom período sozinha. Me reconectando. Redescobrindo. Agora estou aberta às surpresas da vida.

Com tanta correria, o que curte para relaxar? O que faz sua cabeça? Amo dançar. Ver filmes. Ia à praia. Surfar… Ir ao teatro. Shows. Mas o que me relaxa mesmo é brincar com a minha filha. Perco a noção do tempo. É uma delícia!

Quando encerrar “Órfãos da Terra’ já tem algo em vista? Quais os planos? Por enquanto vou focar no lançamento desses filmes que citei acima. Existem alguns festivais que Veneza ainda vai correr que eu gostaria de estar presente. Estou estudando convites de teatro. E sei que essa vida de atriz é uma caixa de surpresa. De uma hora pra outra pode virar de cabeça pra baixo…(risos)

Você parece que está cada vez mais linda com o tempo. Qual o segredo disso?! Nossa! Obrigada 🙂 Espero ser como o vinho então…ficar cada vez melhor com o tempo…(risos) Acredito que o segredo é o autoconhecimento. A aceitação. O se cuidar…

Para conquistar Carol basta… Ser leal, companheiro e amoroso.

Fotos Vinicius Mochizuki

Assistente de fotografia Rodrigo Rodrigues                   

Beleza Walter Lobato

Stylist Samantha Szczerb

Agradecimentos Duloren, J´Adore Luxe, Powerlook e Fernando Pires