MULHER EM FOCO: Um mergulho na intimidade de Juliana Santos, empresária a frente de uma das maiores multimarcas do país

De um sorriso contagiante e uma energia admirável, Juliana Santos, o nome por trás da conceituada multimarcas Dona Santa, nos recebe para abrir um lado seu ainda inexplorado pela mídia, a vida pessoal. Apesar do tema delicado, a naturalidade permeia toda a conversa. Claro, o universo da moda se mistura à sua trajetória fazendo parte de suas experiências desde os três anos de idade, quando sua mãe, Lília Santos, ainda dedicava-se exclusivamente à academia Perfformance, seu primeiro negócio. “Eu nasci em 77 e mamãe abriu a academia em 80. Então, acho que essa coisa de vaidade, de beleza sempre teve muito presente em minha vida, desde pequena. Na época não existia Dona Santa, mas havia lojinhas dentro da academia e lá mamãe vendia moda fitness. Depois, ela colocou uma confecção própria com outros tipos de roupa. Já nesse tempo eu adorava ficar ali dentro, ajudando a vender e vivenciando meu imaginário”, recorda.

Mesmo estudado quase todo o colegial no tradicional Santa Maria, em Boa Viagem, Zona Sul de Recife, Juliana conta que foi na adolescência que seu estilo começou a se moldar. No segundo grau, quando a única peça obrigatória do uniforme era a camisa, a moça à frente de seu tempo já usava um jeans moderno e coturno. “Lembro que a febre era a Levis 501, mas ninguém usava aqui. Então eu ia para o colégio já com esse estilo. As pessoas falavam, ficavam olhando de lado, mas eu sempre fugi do padrão. Mesmo sem redes sociais ou internet, já me informava e gostava de usar as coisas que fossem mais diferentes”.

Nessa época, nem imaginava que um dia abandonaria o sonho de se formar em Letras para gerir um negócio tão sólido e se tornar uma espécie de celebridade do mundo fashion, uma trendsetter. Viajou para a Inglaterra para realizar intercâmbio de um ano, seguindo à risca o caminho que toda jovem de sua classe percorria. “Quando voltei, mamãe já tinha inaugurado a Dona Santa, que abriu suas portas em 1995. Comecei uma faculdade e tranquei. Depois passei a cursar Letras, pois adorava. Mas senti que não estava dando conta das coisas, porque foi justamente quando comecei a trabalhar na loja, em 1998”. Foi o perfeccionismo, característica forte de Juliana, que a motivou a fazer uma escolha. “Tinha a ideia de que iria voltar (a cursar Letras), mas o trabalho foi demandando cada vez mais, porque precisei me envolver em outras áreas. Enfim, nunca mais deixei a loja”, diz ela com a certeza de que essa foi a guinada na sua vida.

Desde que se tornou sócia, Juliana assumiu a frente de diversas atividades: da curadoria das roupas até as compras mais simples, de manutenção. Tudo passa por ela. Por trabalhar com a mãe e ter tanta afinidade com sua atividade, muitas vezes o limite entre o lado pessoal e o profissional é sutil. Apesar disso, faz questão absoluta de manter cada parte em seu devido lugar. “Eu divido minha vida de empresária da de mãe e da de filha. É muito difícil, mas isso se tornou para mim uma imposição. Hoje se usa muito o WhatsApp como e-mail, mesmo assim, quando estou em casa, eu só respondo se for alguma coisa muito urgente, senão faço questão de deixar para depois. Acredito que o principal para alcançar esse objetivo, é ter metodologia e organização para focar no que se está fazendo, seja na hora do lazer ou na hora do trabalho. É estar inteira em qualquer lugar”, afirma.

Na hora de se vestir, essa dupla realidade é a mesma. “Tem final de semana que mamãe me vê em casa e diz: ‘Juliana, acho que ninguém acredita que você fica assim em lugar algum.”  O caso é que, se eu puder, passo o final de semana de biquine, já que amo praia, ou até de lingerie, porque não quero ver roupa na minha frente, não pensar no que usar”, brinca relatando ainda que certa vez foi ao shopping com o filho Bernardo, de seis anos, numa tarde de cinema, Game Station e lanche. “Uma colega da academia disse que pensou ter me visto com ele, mas achou que era alguém muito parecida comigo por estar de camiseta, calça jeans e chinelo. Respondi que era eu mesma, e ela ficou impressionada. As pessoas acham que há uma obrigação de estar o tempo inteiro bem vestida, e final de semana, tudo que eu quero é ficar à vontade”.

É nesses momentos de calmaria que ela para e reflete sobre um dos seus grandes desafios. “A coisa mais difícil é, sem dúvida, educar uma pessoa. Para mim não tem trabalho, não tem nada, e sim ter a capacidade de educar um ser humano”, define ao falar sobre o pequeno Bernardo. É quando ela adquire um ar sublime e, por uns instantes, suspira ao completar: “É algo muito instintivo. Obviamente eu sou o meu melhor pra ele. Com ele eu sou rígida e brigo. Mas, ao mesmo tempo, tenho um lado muito menina, muito moleca, de brincar, de pintar, de fazer piada comigo mesma e com os outros”. Nesse momento, segue falando da família. “Sou muito apegada à minha mãe, não sei se por ser a filha caçula com certa distância para meus dois irmãos, Zezinho 10 anos e Ana Cecília 8, já que quando criança isso fazia toda a diferença. Hoje em dia moro no mesmo prédio dela, então querendo ou não, a gente nunca se descolou. Vivo chamando ela lá pra casa e adoro ficar jogando conversa fora”. Já o pai, cita como um grande professor e parceiro. “Ele me ensinou tudo da área financeira da loja. No começo, me acompanhava de forma bem próxima, depois as reuniões foram tendo um intervalo maior até chegar ao que está agora. Apesar de eu já ter a prática, pelo perfil de pai ele se interessa em acompanhar o cenário”, revela.

No dia a dia, a rotina começa cedo. Aliás, bem antes de sair de casa. “Costumo dizer que começo a trabalhar na hora de me arrumar pra vir pra loja, porque eu não posso vir pra cá de qualquer jeito. Eu posso até estar com um jeans e uma camiseta, mas tenho que saber como exatamente estou usando esse jeans e essa camiseta”, comenta.

Para enfrentar uma atividade tão intensa e cheia de detalhes, o combustível da trendsetter é sol e mar. Ela revela que se no fim de semana não encaixar um dia de praia, nos de trabalho, troca a academia por caminhadas no calçadão, com direito a um mergulho. “Já até deixei uma boa dermatologista porque ela queria vetar o meu banho de sol. Moro de frente para a praia e sou uma pessoa totalmente solar. A meditação também faz parte do meu cotidiano e acho que é outra atividade fundamental”. Dessa forma, ela segue agregando bem-estar em torno do estilo que veste a casa, o trabalho e a vida.

 

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