ENTREVISTA: Gabriel Falcão, destaque em “Malhação” é um dos grandes atores da nova geração

A participação de Gabriel Falcão em Malhação já chegou ao fim, mas os seus planos artísticos e pessoais estão só começando. Além de atuar, gosta de música e literatura, não à toa tem um blog onde exerce sua criatividade com as palavras, vale conferir depois dessa entrevista a MENSCH.

Você está encerrando sua participação em Malhação agora. Como foi a experiência? O que te surpreendeu? Foram doze meses de um aprendizado diário. Cada dia era de experimentos e descobertas – tanto na frente das câmeras quanto nas ruas, na relação com o público. Foi um território que desbravei passo a passo, com todos os prazeres e temores inerentes. O que mais me surpreendeu foi o ritmo acelerado do processo como um todo: às vezes receber um texto para gravar no dia seguinte ou alguns dias depois. No começo isso me assustou um pouco porque eu não estava acostumado, mas com o tempo se tornou um desafio libertador.

 

Como você chegou até a Globo e à Malhação? Conta um pouco desse início… Bom, desde muito novo eu faço teatro – me lembro de aos seis anos já estar atuando em peças no colégio – e nunca parei. Com o tempo fui me aprofundando, quando adolescente estudei no Tablado e na CAL, e na hora de escolher uma faculdade eu optei por Bacharelado em Teatro (que ainda não consegui concluir por conta de Malhação e outros trabalhos anteriores). Em seguida atuei em alguns musicais (Despertar da Primavera, HAIR, Quase Normal) e em uma série infantil na Nickelodeon (Julie e os Fantasmas). Quanto à TV aberta, nenhum mistério: já tinha feito outros testes antes, para novelas e minisséries, e quando fiz o teste para interpretar o Ben fui escolhido. Acho que chegou na hora certa, tanto em matéria de preparo artístico pra lidar com todos os encargos que um protagonista traz, quanto de preparo psicológico pra entender e atender as demandas que a visibilidade na televisão acarreta.

Com esse destaque em Malhação, como está o assédio feminino? No começo foi um pouco estranho, porque eu não estava acostumado com aquilo. Ver pessoas que ficaram horas do lado de fora do estúdio apenas pra te encontrar ou tirar uma foto com você é algo que demorei a entender. Mas, aos poucos, com carinho e respeito de ambas as partes fui encontrando a maneira de me relacionar com isso e tive um enorme prazer em ver a forma como o nosso trabalho repercutia e afetava um grande número de pessoas. Homens e mulheres, jovens e adultos, de todas as classes sociais, sem distinção alguma.

 

 

Malhação vai ficar na saudade? O que mais te marcou? Com certeza vai deixar saudades! Muitas! O que fica mais marcado, pra mim, é a convivência em grupo como um todo. Por ser uma novela de menor escala, nossos núcleos eram quase todos muito próximos, e isso fazia com que o elenco inteiro passasse muito tempo junto: tanto diante das câmeras quanto nos camarins.

Fora atuar, que tipo de expressão artística te encanta? Especialmente a literatura e a música. Sou leitor compulsivo, às vezes chego a ler seis livros por mês – de todos os tipos: ficção, teoria, poesia, teatro etc.

Se não fosse ator, o que acha que seria? Algo ligado à música, já que você curte tocar violão? Talvez fosse músico, sim, é verdade. Adoro cantar e tocar violão e piano, e ouvir música é um dos grandes prazeres da minha vida. Mas acho mais provável que eu me tornasse escritor. Inclusive eu mantenho um site onde publico textos de todos os tipos, www.omundoqualquer.blogspot.com – e penso em algum dia publicar algo, quem sabe…

Quando não está em cena, o que curte assistir (TV, teatro ou cinema)? Quais seus ídolos? Em televisão, adoro ver séries e minisséries (LOST foi um dos meus maiores vícios até hoje) e também sempre tento ver alguns trechos das novelas, pra acompanhar o trabalho dos atores e diretores e autores. Acho importante estar em sintonia com seu tempo e seu espaço – e a novela sem dúvida é uma manifestação muito forte no Brasil nas últimas décadas. No teatro gosto de ver de tudo, desde que feito com cuidado e dedicação – teatro musical, autores clássicos, espetáculos experimentais. São tantas pessoas que eu admiro e tenho como exemplo… Mas se eu tivesse que nomear só um, atualmente seria o grande Wagner Moura. Não só pela qualidade artística dos seus trabalhos, mas também por sua postura pública.

Pra manter a saúde e o corpo em dia, quais seus hábitos? Já há alguns anos eu pratico yôga, e desde criança eu surfo – isso sempre me ajuda a sustentar a sanidade do corpo. Além disso, pra manter a saúde mental eu pratico meditação quase diariamente. É indispensável.

Agora muito está se falando do seu relacionamento com a atriz Vanessa Gerbelli. Esse interesse da mídia chega a te incomodar em algum momento? Não, o interesse comum é algo absolutamente compreensível: somos os dois pessoas públicas por conta de nosso trabalho na televisão. O que varia muito, e portanto às vezes pode chegar a ser desrespeitoso, é a medida e a forma do exercício concreto desse interesse. Hoje em dia, com tanta informação circulando tão rápido e com tão pouco critério, é muito fácil esquecermos que as pessoas públicas de quem falamos são, elas também, pessoas, de carne e osso – têm sentimentos e medos, sonhos e vontades, famílias e amigos. Essa lembrança me parece ser fundamental.

Falando sobre isso… O que mais te atrai em mulheres mais velhas. Foi uma exceção ou é uma regra na sua vida? Nem exceção e nem regra (risos). Mas, pra mim, três coisas são essenciais em uma mulher: sensibilidade, inteligência, e interesse pelo mundo.

Você é um cara vaidoso? Como lida com o espelho? Não me considero muito vaidoso, não. Acho que o espelho é, literalmente, apenas a forma como vemos a nós mesmos. Estando bem consigo, estamos bem com ele.

Quais os planos daqui para frente? Algum em especial ou vai vivendo um dia por vez? Os planos são muitos, e o primeiro deles já estou realizando agora: estudar Shakespeare na Inglaterra é um privilégio e um sonho de muitos anos. Já os planos profissionais também são incontáveis: tenho vontade de voltar ao teatro profissional, de atuar no cinema, de continuar a desbravar a televisão… Mas esses vão esperar minha volta ao Brasil. Afinal, é um plano de cada vez.

Fotos Edu Rodrigues
Direção Criativa e Produção Executiva Marcia Dornelles (www.mdproducoes.com)
Stylling Xico Gonçalves
Beauty Guto Moraes


Gabriel Falcão Veste – Look 1: calça Overend, camisa Convicto, camiseta Jonny Size, bota coturno Zara, Look 2: calça Complexo B, tricô Jonny Size, Look 3: calça Ogochi, camisa cinza Overend, paletó Acostamento Outfitters, Look 4: calça Base, camisa Ogochi, paletó Ogochi Absolut, sapato acervo.