PERFIL: André Peixoto, Diretor da Claro Nordeste, sempre a um passo à frente.

Sobre um filho de peixe, todos já sabem o que diz o ditado. Sobre um filho de médicos, a tradição obedece praticamente à mesma lógica. E teria sido essa regra – se ele já não houvesse nascido exceção – o viés condutor do destino do executivo André Peixoto, hoje Diretor da Claro Nordeste, caso houvesse decidido seguir o caminho do pai. Filho de médico, percorreu a contramão: desistiu de adotar o jaleco ainda no Ensino Médio, depois de prestar vestibular por experiência na área de saúde e quase acatar a tradição familiar. Seguiu uma intuição que, naquela época, parecia obviamente falha: pensou que nascera para ser um homem de negócios. “Naquele tempo, não se vislumbrava essa ambição como algo promissor”, revela hoje, sentado à mesa dedicada à posição de prestígio que ocupa atualmente na empresa. Venceu as probabilidades com seu instinto vanguardista.

Formado em Administração pela Universidade Federal de Pernambuco, André Peixoto tem a cadência de movimentos e o raciocínio de urgência que lhe seriam bastante úteis na posição de um médico. Usa-os, porém, em prol do exercício diário de um posto invejável do ponto de vista empresarial, tecnológico e empreendedor: é Diretor Regional da Claro, operadora que, junto à NET e à Embratel, compõe o maior grupo de telecomunicações do Brasil. Para tanto, reconhece a importância de seu diploma de Administrador, acrescido de MBA em Marketing, também na UFPE e Gestão em Telecom pela FGV-RJ. Mas, ressalta com afeto e embasamento argumentativo, a importância de sua vivência no exterior, ainda na adolescência. Trancou a graduação aos dezessete anos e partiu rumo aos Estados Unidos, onde se estabeleceu durante seis meses. “O suficiente para crescer e amadurecer, como pessoa e como profissional”, define. Retornou ao Brasil já focado em desbravar áreas afins ao marketing e a estratégias empresariais. Um intuito ousado para a época e para a idade na ocasião, que somente realçaria seu atestado de mérito pelo sucesso alcançado anos mais tarde.

 

PASSO A PASSO

Engajado em seus planos empreendedores, André envolveu-se com negócios da família e, em 1996, embarcou rumo ao Japão, onde vivenciou sua primeira experiência com comércio exterior. “Meu tio e primos administravam um grupo de  revendedoras de caminhões e Ônibus Mercedes Benz, para a qual consegui distribuição nacional de pneus de carga fabricados e exportados pelos japoneses”, conta. Com evidente tino para as negociações, e após conseguir vantagens bastante lucrativas nas transações com o Japão, não havia dúvidas para André sobre qual teria sido a escolha profissional acertada para sua vida: ele estava no caminho certo. O Japão proporcionou a ele a chance de perceber e, principalmente, valorizar suas qualidades empresariais. Depois da viagem ao Oriente, os ventos começaram a mudar.

Já dedicado ao MBA em Marketing, ouvia os comentários nos corredores da universidade sobre o desenvolvimento das telecomunicações. Assunto recorrente, pareceu merecer sua atenção. Pesquisou sobre o tema, sobre privatizações na área e sobre especulações para o futuro. E foi a partir disso que, aos vinte e cinco anos de idade, ingressou na então BCP, como Consultor de Vendas Corporativas. Naquele momento, fazendo uso de tecnologia 100% TDMA, a BCP era uma das pioneiras em telefonia móvel, crescendo 20% ao ano durante sua primeira década de atuação.

Tão impressionante quanto as porcentagens de sucesso da operadora, a ascensão de André Peixoto se deu em apenas quatro anos como funcionário da BCP. Esse foi o intervalo de tempo necessário para que assumisse o cargo de Gerente em filial pernambucana da empresa. Meteórico, direto, focado. “Gerenciar, especialmente em se tratando de telecomunicações, requer multifuncionalidade por parte do executivo em questão”, define. Até 2005, permaneceu no cargo, sendo promovido a Gerente Regional Corporativo em 2007 e, pouco depois, a Gerente Regional de Varejo. Em 2011, André Peixoto assumiu a Diretoria Nacional da Claro Nordeste, marca que substituiu a antiga BCP. Disto, infere-se o apego afetivo e profissional que o executivo desenvolveu pela empresa onde amadureceu profissionalmente.

PASSOS ATRÁS

Aponta o DNA de funcionamento interno da Claro como uma das molas propulsoras de seu sucesso profissional: “É um grupo que valoriza seus funcionários, dando-lhes preferência quando do surgimento de novas vagas para promoção”, comenta, “porque aqui, se costuma olhar primeiro para dentro de casa.” Segundo André, a liberdade criativa e a liderança humanizada praticadas na empresa são fundamentais para o funcionamento saudável de todas as engrenagens administrativas, privilegiando o instinto moderno de liderança – aquele estimulante, flexível. E quando perguntado sobre as características desse líder do mundo contemporâneo, responde: “É aquele que se adapta, que sabe lidar com mudanças, com pessoas.” Para o executivo, os indivíduos, aliás, são o maior desafio do empreendedorismo atual. Afinal, cada funcionário, enquanto ser humano tem suas próprias necessidades, aptidões, ego e sensibilidade.
André Peixoto, sentado à sua mesa e ao seu cargo atual, consegue voltar à memória ao passado e apontar exatamente os pontos de transformação pessoal e profissional que lhe fizeram mais forte, mais capacitado. “Naquele primeiro contato com o exterior, no intercâmbio aos Estados Unidos, tive minhas primeiras noções de globalização”, explica, “e no Japão, aprendi a traçar metas com a nação que é uma sumidade em planejamento.” Ele, inclusive, recomenda aos estudantes e jovens empreendedores que embarquem em aventuras semelhantes, e argumenta fazendo empréstimo da citação de que “o sofá de casa não pode ser confortável”, a fim de evitar acomodações. Após anos de carreira, aprendeu e é capaz de legitimar: um bom executivo é aquele que vence pela sua criatividade e atitude positiva.”

UM PASSO A FRENTE

Quanto aos desafios frente à Claro Nordeste, não se deixa intimidar. Dispara logo a frase de ordem: “O consumidor é soberano”, reafirmando a crença da empresa de que seus clientes são legítimos provedores de conteúdo, sem os quais o ramo das telecomunicações é incapaz de progredir de modo tão ávido e veloz. Segundo André, a demanda do público serve de maestro ao desenvolvimento dos serviços, atualmente pautados pela conectividade e pelo ritmo frenético de produção e compartilhamento da atual Geração Z. “Graças às novas gerações, estamos cada vez mais conectados”, explica, “e as redes sociais privilegiam, inclusive, o contato dos clientes com a própria operadora”.

Controlada pelo grupo mexicano América Móvil, a Claro tem investido generosamente em estratégias de marketing e tecnologia voltadas às redes sociais e a conectividade de seus consumidores em tempo integral. O trunfo mais recente foi o pioneirismo da operadora na liberação da tecnologia 4G, trazida ao Recife como celeiro de estreia, sendo a capital pernambucana a primeira a recebê-la no Brasil. “Com a limpeza de faixa de rede ocupada pela NET, e graças ao notável crescimento econômico da região, elegemos o Recife como cidade pioneira do 4G”, comemora André, ressaltando o elevado potencial de mercado da região Nordeste. Graças a este fator, à poderosa concorrência em telecomunicações, às constantes modernizações na forma de uso dos serviços e à instabilidade do consumo, o executivo se confessa desafiado diariamente. E inspira o complemento: não apenas o sofá de casa deve ser desconfortável, mas quaisquer objetos e situações que possam convidar ao comodismo. Afinal, quando se escolhe uma rotina de riscos tão altos e demandas tão frenéticas assim, o atraso de um clique é o bastante para ser deixado para trás. E se há algo que sua carreira ensinou a André Peixoto, é isto: o imprescindível é dar – e estar – sempre um passo à frente.

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