Cheio de imaginação e otimismo Thiago Fragoso vive com leveza, acreditando na bondade humana, na capacidade de superação e de vencer desafios. Repleto de personagens marcantes, não só pela sua atuação, mas também pela carga emocional, Thiago gosta da responsabilidade e não se deslumbra com o sucesso. É ciente de seu papel de cidadão e pai, e repassa o melhor de si para o filho. Arrisca-se em cada trabalho, se entrega, se doa, se encanta e encanta na arte de representar. Para Thiago, viver é o que há.
Aos oito anos e você já estava participando de um grupo de teatro. Como explica esse gosto artístico tão cedo? Não dá pra explicar. Sempre tive imaginação fértil e talvez, por isso, tivesse facilidade de fantasiar aquelas situações todas no grupo onde eu praticava…
Musicais estão na sua vida desde cedo, 93 para ser mais exato, com Os Sinos da Candelária, o que te motiva nesse tipo de trabalho? Eu sou cantor e a música começou muito cedo pra mim, junto com o teatro eu já fazia aulas de coral, música… Pra mim é natural juntar as duas coisas, muito prazeroso. Mas apesar de ter feito um musical bem no início da carreira, só voltei ao gênero recentemente.
Quais as expectativas com o seu personagem Niko em Amor à Vida? Sempre torço pra que os personagens que eu faço emocionem o público… Quando tenho a oportunidade de fazer um personagem como o Niko, que além da narrativa da novela se relaciona com assuntos tão importantes para o momento em que vivemos em sociedade no mundo ocidental como um todo, eu torço pra que ele seja útil. Isso é muito recompensador nesse processo, poder contribuir como uma discussão sobre temas delicados para o nosso país.
Interpretar um personagem gay num momento em que o mundo discute essas relações de forma mais radical tem um peso especial para você? Eu sinto que tudo se torna mais apropriado porque se coloca num contexto maior. Eu gosto de responsabilidades.
Onde buscou inspiração para cenas de fortes emoções como as protagonizadas ao lado de Adriana Esteves em Dalva e Herivelto? Na própria história. A minissérie foi toda muito bonita e todos os personagens sofreram muito na vida real. Ter uma inspiração da própria vida traz um embasamento diferente pro nosso trabalho. Acho fácil encontrar inspiração. Eu faço o que amo e, como ator, é um pouco parte do nosso trabalho se cercar de coisas que nos inspirem e nos ajudem a desempenhar nossas funções.
Seu primeiro protagonista foi em O Profeta, o que um protagonista exige de um ator e quais os riscos em ser um protagonista? O risco do trabalho do ator é sempre não conseguir emocionar o público, não conseguir se comunicar e isso pode acontecer por uma série de motivos, às vezes não tem nada a ver com o desempenho do ator. Se isso acontece com o protagonista fica mais evidente e acaba afetando a novela como um todo. Tive uma felicidade muito grande no Profeta. Foi um grande sucesso que voltou agora no Vale a Pena Ver de Novo e continuou arrebentando… Mesmo saindo de um trabalho tão elogiado quanto Lado a Lado e estando no ar com uma novela das 21h em um personagem polêmico, as pessoas ainda me identificam como O Profeta com muita frequência. Foi um trabalho marcante.
Em 2001 estreou no cinema, depois vieram dublagens para Disney e gravação de música para trilha sonora de High School Musical 2. Não tem medo de desafios e experimentações pelo visto, não é? E na vida, também recebe bem os desafios? Eu não tenho medo de trabalho. Tenho facilidade em dar a volta por cima, também. Quem começou muito cedo nessa profissão tem que ter essa capacidade senão acaba desistindo. Os desafios tornam esse trabalho ainda mais interessante.
Ainda sobre desafios, como Márcio Hayalla de O Astro você ficou nu em cena. Foi tranquilo pra você? Como você encara esse tipo de cena? Fiquei tranquilo porque me preparei muito, um mês antes da cena eu já tinha decorado tudo. Não é todo mundo que tem a oportunidade de fazer uma cena em uma novela da TV Globo, onde o personagem tem um monólogo de duas páginas completamente nu. Havia vários riscos que podiam fazer com que a cena não funcionasse, mas isso só me motivou mais ainda.
Em Lado a Lado você interpretou um advogado às voltas com o preconceito racial e o machismo da época. Você acredita que a coisa não mudou muito? Acho que muita coisa mudou, mas ainda temos um longo caminho pela frente. O preconceito no Brasil existe sim, apesar de gostarmos de pensar que não. Talvez a situação da mulher ainda esteja mais distante de ser “equilibrada” devido aos dois milênios em que foram subjugadas. Ainda se está muito distante de uma representação política e econômica que seja proporcional à importância real das mulheres e dos negros na sociedade brasileira.
Falando em machismo, você esteve do outro lado da história ao interpretar uma mulher no seriado Sexo Frágil. Como foi a experiência? Dá muito trabalho ser mulher? (risos) Nossa… (risos) Muito trabalho. Eu fiquei 10 horas na caracterização em um dos episódios. Foi uma experiência incrível fazer o programa. O elenco era espetacular: Wagner Moura, Lázaro Ramos, Lucio Mauro Filho, Bruno Garcia… Eu estava muito bem parado com meus “pretendentes” no programa. (risos)
Faz tempo que as mulheres deixaram de ser “sexo frágil”, concorda? Em que você se assusta com elas e em que elas te encantam? As mulheres não me assustam em nada. Eu fico enternecido, comovido com elas, inspirado… Acho que a violência é algo muito masculino… Tenho certeza que o mundo seria melhor se as mulheres tivessem mais poder político e econômico na sociedade. Concordo que não são frágeis. Nunca foram… São muito fortes.
Falando nisso… Como Mariana Vaz conquistou seu coração? Não precisou fazer muito esforço, não. (risos)
Como lida com o assédio e como se protege da exposição da sua vida privada? O assédio respeitoso não me incomoda. Sempre me pautei pelo meu trabalho, não me considero uma celebridade. Sou um ator. Isso ajuda a não misturar as bolas…
O que é importante para formar um bom cidadão? Como prepara o seu filho Benjamim para isso? Eu amo o meu filho, respeito seus sentimentos, incentivo sua criatividade, dou limites pra que ele fique protegido. E tento mostrar que ele deve sempre respeitar os outros…
O que faria por amor à vida? Por amor à vida eu faria qualquer sacrifício que não significasse detrimento para outra pessoa. Viver é o que há.
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