ENTREVISTA: ARTHUR VINCIPROVA – DO CINEMA AO SUCESSO NAS PLATAFORMAS DE STREAMING

Ator, diretor, roteirista e produtor, Arthur Vinciprova é um dos poucos artistas de sua geração com tantos projetos voltados para as plataformas de streaming. Em outubro deste ano, estreou, com sucesso, “A Gruta”, seu primeiro filme de terror, pela Amazon Prime. Protagonista da trama ao lado de Carolina Ferraz, Arthur também assina a direção e o roteiro do longa que está disponível em mais de 200 países. Em janeiro de 2021, ele irá estrear no catálogo do NETFLIX com a comédia romântica “Turbulência”, onde protagoniza a história ao lado de nomes como Monique Alfradique e Bruno Gissoni. Além da Amazon e Netflix, o ator também está em cartaz pela Globoplay com o longa “Rúcula com Tomate Seco”, mais uma produção sua, onde vive seu terceiro protagonista em parceria com a atriz Juliana Paiva. E Arthur não para por aí! No início do ano que vem, começará a rodar “Chamado Noturno”, seu quarto filme como protagonista, diretor e roteirista.  Natural de Volta Redonda, interior do Rio, ele também é o criador da série “República de Férias” que teve suas três temporadas exibidas pela TV Globo regional (TV Rio Sul) e que foi transmitida na grade da emissora para mais de 40 cidades do sul fluminense.

Arthur, você está com três filmes em evidência atualmente. E ainda está produzindo um quarto. Pode-se dizer que o cinema é a sua maior paixão? Sem dúvida. O cinema é minha paixão desde que me entendo por gente. Sempre soube que iria trabalhar com isso e sonhava com os sets de filmagem. Fico muito honrado de ter conseguido realizar a produção desses três filmes. Também estou muito animado com os que ainda estão por vir.

“A Gruta”, que estreou há pouco no Amazon Prime é um longa de terror, gênero pouco explorado no Brasil. Qual foi a sua maior motivação ao decidir roteirizar e produzir tal filme? Sou movido a desafios. Achei que seria extremamente difícil produzir um filme de nicho. E ainda por cima de um gênero tão pouco explorado no nosso país. Acredito que essa nova geração de cineastas precisa tentar ousar e se arriscar mais. É preciso experimentarmos! Fiquei feliz com o que conseguimos diante dessas dificuldades. Foi uma experiência única! É muito bom saber que o filme tem distribuição internacional pelo AMAZON PRIME. Isso mostra que somos capazes de tudo que desejamos. E que o cinema brasileiro pode e deve arriscar sempre.

Você é produtor, ator, roteirista e diretor. Nesse caso, como é o processo de seleção de elenco dos seus filmes? Existe um produtor de elenco ou você já escreve as personagens pensando no ator ou atriz que quer para determinado papel? Trabalho sempre em parceria com algum produtor de elenco. Na maioria das vezes, com a Carla Chueke, uma grande amiga.  Quando escrevo, costumo ter em mente alguns artistas, mas tudo pode mudar muito desde a concepção do roteiro até as filmagens. Alguns artistas podem estar envolvidos com outros projetos, presos com contratos de TV, etc. É importante termos sempre em mente um plano B. E, às vezes, esse plano pode acabar sendo até melhor do que o previsto. Temos artistas muito talentosos no nosso país, por isso, sempre acabamos fechando um grande elenco. Gosto também de dar oportunidade a nomes não tão conhecidos do público. Acho importante darmos espaço aos novos talentos.

Dentro das quatro funções que você desempenha, da criação até a concepção, qual delas te dá mais prazer? Atuar. Eu adoro dar vida a esses personagens. Se tivesse que escolher entre uma dessas áreas, sem dúvida, seria a interpretação. Não só no cinema, mas no teatro e na TV também.

Como você descreveria o seu processo artístico? O que te inspira? Certa vez, um grande amigo meu me disse que devemos sempre falar da nossa “tribo” porque, dessa maneira, estaremos conseguindo falar para o mundo todo. Achei isso muito genuíno. Então, o meu processo artístico vem das minhas experiências, dos meus gostos e particularidades. A inspiração vem daquilo que estou interessado em falar naquele momento. Se, de certa forma, algo me instiga, certamente, irá instigar alguma outra pessoa.



Seus filmes estão nas principais plataformas de streaming e já alcançam diversos países. Independente disso, você pretende produzir algo voltado mais para o mercado internacional ou em língua estrangeira? Coproduzir junto com outros países é uma meta? Boa pergunta! Tenho feito projetos bastante comerciais. O que acho incrível! A relação desses filmes com o público é muito direta e extremamente gratificante, mas, ultimamente, tenho tido mais interesse em projetos voltados para o mercado internacional, festivais… São obras mais conceituais e artísticas. Acredito que, no futuro, esse será um processo bem natural de migração. Pretendo me dedicar, cada vez mais, a projetos voltados para esse mercado. Tenho alguns amigos de outros países e sempre conversamos sobre possíveis coproduções. No início do ano, tive algumas reuniões sobre essa possibilidade, mas, por conta da pandemia, os projetos não vingaram.

Além de “A Gruta”, no Amazon, temos “Turbulência”, que vai estrear no Netflix, e “Rúcula com Tomate Seco” no Globoplay. Apesar dos dois filmes serem uma comédia romântica, qual a principal diferença entre eles? Acho que a maior diferença entre eles está no fato de “Turbulência” se tratar de uma história onde vemos um casal iniciando sua vida a dois, através de encontros e desencontros. Já em “Rúcula com Tomate Seco”, vemos um “ex-casal” tentando retomar a relação após o fim da mesma. O filme “Turbulência” tem uma linguagem cinematográfica mais tradicional, mais jovem e ingênua. Já o “Rúcula com Tomate Seco”, tem uma linguagem de cinema mais alternativa, com uma história acontecendo fora da ordem cronológica e com uma pitada maior de comédia- o tema desse filme também é mais adulto.São filmes completamente diferentes, mas que tem em comum apenas o tema: o amor.

Nos três filmes você interpreta personagens de sua autoria. Nesses casos, como foram os processos de construção das suas personagens? Eles existiram? Claro! Quando estou escrevendo um roteiro, me sinto tomado pela história. Muitas vezes, nem lembro o que acabei de escrever. No início, também não sei qual dos personagens irei interpretar ou mesmo se irei fazer parte do elenco. Porém, quando é definido que estarei no elenco e qual será o meu personagem, faço o meu trabalho de ator como se não tivesse feito parte da criação do roteiro, ou seja, exatamente como faço em trabalhos que não são de minha autoria. Participo da preparação de elenco, busco entender o personagem e suas motivações. Busco um corpo pra esse personagem, uma caracterização específica, uma voz… Tenho que decorar o texto, entender as nuances e os subtextos. É um trabalho de interpretação como outro qualquer. Talvez seja até mais complexo. Como, no fundo, sei que foi escrito por mim, a responsabilidade de estar vivendo aquele personagem, de certo modo, aumenta.

Fale um pouco sobre “Chamado Noturno” seu próximo filme. Em
Que fase está?
O filme seria rodado agora em dezembro. É um longa-metragem com uma linguagem mais experimental, um suspense com apenas dois atores em cena e focado no roteiro, nas interpretações do elenco. É um grande desafio e muito diferente dos meus outros filmes. Mas, por conta dessa nova onda que estamos enfrentando com o COVID- 19, achamos pertinente adiarmos para o início do ano que vem.  Devemos rodar no final de janeiro. Também acabei emendando outro projeto do qual tenho estado muito empolgado. Será um outro longa-metragem e já estamos fechando um elenco incrível. Por enquanto, ainda não posso falar nada a respeito, mas estou muito feliz e animado para começarmos os dois projetos. Em breve, irei falar mais a respeito.

Como diretor, quem são seus maiores ídolos? Gosto muito do Woody Allen e do Miguel Falabella. Me identifico muito com eles e com essa paixão que ambos tem por todas as áreas do cinema e do teatro. Esse envolvimento que eles tem em cada uma das etapas é inspirador. Gosto do artista multifacetado.

Arthur Vinciprova por Arthur Vinciprova. Qual o seu maior sonho? Guerreiro. Me considero um empreendedor que nunca desiste de seus sonhos e que gosta de colocá-los em prática. Meu maior sonho é poder ver o artista, de forma geral, recebendo o devido reconhecimento. Espero continuar contando histórias, seja como roteirista, diretor, produtor ou ator. Quero que essas histórias cheguem cada vez mais longe e alcancem o mundo. Independente disso, se apenas uma única pessoa se sentir tocada pelo meu trabalho, já estou satisfeito.