Roupa para homens é tudo a mesma coisa, certo? Errado. Combinar terno, camisa e gravata às vezes pode ser uma dor de cabeça para quem não entende ou não quer entender de moda. E nem precisa. Para isso criamos um guia descomplicando o que parecia impossível e dando dicas de como não errar na hora das combinações. Conheça suas armas:
A CAMISA
A camisa tornou-se a peça mais importante do guarda roupas masculino no século XXI. Há controvérsias sobre a sua origem exata, mas ela era usada para proteger a pele do contato direto com o casaco e até então ficava escondida. Só na Renascença ela começou a aparecer. Sempre na cor branca, ela chamava atenção para o rosto e mãos de quem a usava, contrastando com as cores fortes dos casacos que se sobrepunham a ela. Com o tempo os decotes dos casacos vão aumentando e a camisa aumenta seu status na vestimenta. As peças que antes eram largas e com mangas volumosas, passam a ser ajustadas ao corpo e ganham gola que prendia totalmente o pescoço e, assim obrigava o sujeito a assumir uma postura de superioridade e altivez. Para encurtar a história, as camisas como conhecemos hoje apareceram no início do século XX e, depois disso, tiveram poucas alterações, mas a principal diferença é que ela deixa de ser coadjuvante e passa a ser peça principal usada sozinha.
Acompanhada do terno e gravata, ela é a base de uma composição harmoniosa. E sabe aquela sensação de aperto no pescoço? A culpa não é da gravata. Seu colarinho certamente está mais apertado do que deveria. Por isso, escolha bem suas camisas.
Atenção para o tipo de colarinho. Os curtos são uma novidade e combinam melhor com gravatas estreitas e ternos mais ajustados. Não fica bem pra quem está acima do peso. O colarinho francês é o mais popular e combina com todos os tipos de nó de gravata e formatos de rosto. O inglês é bem pontudo, portanto não combina muito com quem tem o rosto fino e cai bem com terno slim. O colarinho italiano, bem parecido com o francês, tem pontas curtas e abertas e fica perfeito para destacar um nó grande como o Windsor. E, por fim, o colarinho americano, com botões, é o mais informal e usado com gravata mais afrouxada.
O TERNO
O terno surgiu na França, na corte de Luís XIV, por volta do século XVIII. Era moda usar camisa, colete, paletó e calças, tudo com tecidos diferentes corte largo, pois era uma vestimenta informal apropriada para os momentos de descanso. Como eram usadas para andar a cavalo, os alfaiates costumavam fazer uma fenda atrás do paletó para dar mais conforto aos movimentos. Hoje em dia o mais comum é o de fenda única (entre 17 e 22cm) com modelagem ajustada. Quem está acima do peso, procure um paletó de fenda dupla que se ajustará melhor ao corpo.
Por volta de 1860 calça e paletó passaram a ser feitos no mesmo tecido. Mas os detalhes como fendas, lapela, ajustes e abotoamento é o que fazem a diferença para um caimento perfeito no corpo. A lapela alta é a mais tradicional com corte reto e, em geral, três botões. Nesse caso a gravata fica mais em evidência o que tira a atenção de uma barriguinha, por exemplo. Os paletós com lapela alongada, um botão e acinturados funcionam melhor para os esbeltos. Os paletós com dois botões são o meio termo e os mais vistos nos escritórios. Ele garante modelagem acinturada, alonga a silhueta por conta da lapela igualmente alongada e disfarça a barriga. Para ter certeza de que o terno está perfeito em você, é preciso observar e experimentar. Não tem outro jeito. Observe a linha dos ombros se está perfeita, se há dobras no tecido nas costas (isso indica que os ombros estão justos ou folgados demais), se sobra muito tecido na barriga e observe também o comprimento das magas que deve mostrar 0,5cm da camisa. Atenção também à calça que deve ter a barra feita em diagonal de forma a encostar no cadarço e terminar no começo do salto do sapato.
A GRAVATA
Etimologicamente falando “A gravata veio para o centro da Europa trazida pelos cavaleiros croatas, durante as guerras com a Alemanha desde 1636, depois pelos mercenários croatas dos reinados de Luis XIII e XIV, que compunham o regimento ‘Royal Cravate’. A forma primitiva foi o eslavo ‘hrvat’ passada a um dialeto alemão ‘Krawat’“. (Silveira Bueno). Durante a Revoluçâo Francesa (1789-99), o homem indicava a sua inclinação politica pela cor de seu “croata“, ou lenço, em torno do pescoço. Steenkerke, uma cidade na Bélgica, reivindica a honra de ter “inventado” a gravata. Séculos antes disso, os guerreiros do imperador chinês Cheng (Shih Huang Ti) usavam um tipo de lenço dobrado ao redor do pescoço, para indicar a sua posição. As gravatas diagonais são chamadas de “Gravatas club“? A direção das listras varia de acordo com o país de origem. As listras das gravatas club inglesas partem da esquerda (do coração) para a direita (quadril), enquanto as americanas fazem o sentido inverso, da direita para a esquerda.
COMO COMBINAR
Primeiro você precisa escolher por onde começar. Você pode partir do terno como peça principal ou da gravata como estrela maior da composição. Nesse caso, a camisa, mesmo sendo uma coadjuvante, é importante no todo. Lembre-se que a camisa deve ser mais clara que a gravata. As gravatas lisas, escuras e sem estampa ou padrão são as mais formais. Outra bem popular é a de listras diagonais e com padrões repetidos como as de bolinhas ou texturas. Nesse caso, quanto menor o padrão, melhor. Listras podem ser combinadas as mais largas em oposição às mais finas, sempre dando destaque a uma das peças. E outros padrões como poás com listras e quadriculado com listras também ficam bem. Basta ficar atento às cores e eleger uma que seja destaque na composição. Gravatas mais diferentes não precisam necessariamente combinar com as cores das roupas mas, na dúvida, combine primeiro com a cor do terno em tom sobre tom ou num contraste.
ESTILO CHARLES VILAÇA E VICTOR LIMA
FOTOS NEWMAN HOMRICH
MODELO LUCIANO MELCOP
Agradecimentos:
Dona Santa / Santo Homem, NOIR, Le Lis, VR Mens Wear, Nordweg, Ghola – Cabelo e Make-Up Maison Isnaldo Braga (
www.isnaldobraga.com.br)