Fama, sucesso, audiência, IBOPE… tudo isso são fatores que definem quem entra para a TV e quem permanece lá dentro. São fatores variáveis que a todo instante podem definir para o bem ou para o mal um trabalho de um profissional. Nosso entrevistado dessa semana, um dos apresentadores do programa Muito+ da Band, sabe muito bem o que é isso. Foi com profissionalismo, de dedicação e muito jogo de cintura de Lysandro Kapila trilhou sua carreira que começou na época da faculdade comandando uma TV universitária, chegou a ser redator no Caldeirão do Huck e hoje está em sua nova fase como apresentador de programa de TV. Cada experiência vivida, seja por trás das câmeras ou no contato direto com gente simples ou celebridades, foi lapidando o profissional que Lysandro é hoje. Para não ser perder ao longo do caminho, nem se deslumbrar com o sucesso, Lysandro vem blindado de simplicidade e profissionalismo. Além de um “homem da TV”, Lysandro faz o estilo paizão, marido, filho e amigo com alta média de IBOPE. Acompanhe essa entrevista e veja que Lysandro é apenas um cara comum fazendo o que sabe assim como qualquer grande profissional. O resto é conseqüência.
Lysandro, como é passar de redator do Caldeirão do Huck, na TV Globo, para apresentador do programa Muito+, na Band? É uma virada gigantesca na vida. Afinal de contas, são varias as mudanças. Mudança de função, de programa, de emissora e de cidade! (risos) Foi e está sendo um grande desafio. É você deixar de ser um pensador e escritor de programa/quadros, em que tem a responsabilidade de criar e/ou manter um conceito/idéia, para passar a ser o rosto e a voz de um produto televisivo. São funções que compõem o conjunto de um programa, mas completamente diferentes.
Como foi seu início de carreira até chegar a ser redator do Caldeirão? Quem trabalha em televisão, sabe que não é fácil. É um mercado super concorrido, muitas vezes instável e as ofertas de trabalho não dão conta da demanda de profissionais que são formados nas universidades. Comecei minhas experiências profissionais na própria faculdade. Tive a oportunidade de trabalhar no único telejornal, universitário, diário e ao vivo do país, na época (início dos anos 2000). Lá, fui “pauteiro”, repórter e apresentador. Convivi com profissionais de mercado que davam toda a orientação necessária para se desenvolver na área. E da faculdade, me joguei no mercado. Já fui produtor, repórter tradicional, de terno e gravata, já dirigi (informalmente) matérias e quadros, já operei câmeras, já fui assistente de edição de reality show… Enfim, nessa profissão, você tem que assoviar e chupar cana, ao mesmo tempo. (risos) E acredito que o grande barato de trabalhar em televisão é isso. Circular, aprender e crescer. Todos os trabalhos me ajudaram a ter cada vez mais uma visão lúcida do mercado. Sou um curioso por natureza. Logo, trabalhar em televisão é uma eterna descoberta. Do mundo em nossa volta e de nós mesmos…
Você saiu de trás das câmeras para frente das câmeras. Isso te envaidece? Era algo que você procurava? Se eu falar que não me envaidece, estaria sendo hipócrita. Mas definitivamente, não me deixo cegar pela vaidade. Nem pelos luxos e facilidades que passam a acontecer por conta de estar na frente das câmeras. Sou uma pessoa normal. Igual a todo mundo. O fato de estar na frente ou atrás das câmeras, não me faz melhor nem pior que outras pessoas. E era algo que procurava para ter mais uma experiência em televisão. Para complementar minha vivência nesse mercado.
Hoje você trabalha em contato direto com a fama. Alguma vez na vida você já tinha se imaginado como um cara famoso? Tem ideia de como vai lidar com isso? Não me imaginava famoso e ainda não me imagino. Para mim, vou na Band fazer meu trabalho e pronto. Meu foco não pode ser na fama. Meu foco é evoluir e aprender nessa nova função. Deixo a fama, para os verdadeiros famosos. Apresento um programa sobre famosos. Eles sim são as estrelas e é sobre eles que o público quer saber.
Existe alguma fórmula para a audiência garantida ou até hoje é algo impossível de se prever? Quem souber o segredo do sucesso de audiência, será o mais novo bilionário do mundo. (risos) Por isso, que todas as emissoras e canais a cabo do mundo inteiro, travam uma luta, na maioria das vezes, sadia. Nosso saudoso Chacrinha, disse: “Na TV nada se cria, tudo se copia”. Acho que na TV muito se cria e muito se copia. No nosso caso, do M+, estamos em um horário complicado. Muitas pessoas estão trabalhando nessa hora. Mas estamos crescendo mês a mês. O público já entendeu a proposta do programa e já se acostumou com a turma toda junta (risos). Somos uma opção nas tardes da TV brasileira e acredito que o caminho do sucesso é atender ao que o publico desse horário quer ver. Sejam os convidados que vão ao programa, sejam as matérias e quadros que desenvolvemos por lá. Quando vai um convidado que o público não curte muito, a resposta é imediata. Somos uma novidade nas tardes. Estamos nos acostumando com o publico e eles conosco. Digamos, que em um namoro que a cada dia vai ficando mais encaixado e com mais intimidade (risos).
Como você definiria o profissional e a pessoa do Luciano Huck? Muito simples. Pra mim, o maior comunicador/apresentador em atividade na TV brasileira. Um cara fantástico na frente das câmeras e mais ainda fora delas. É minha grande referência, como apresentador. Sempre foi um grande aprendizado conviver com ele no trabalho. É incrível ver como ele foi crescendo como profissional e como ser humano. E genial a forma como ele consegue ajudar tudo e todos, ao mesmo tempo em que desenvolve entretenimento puro. Sou muito grato por ter tido a oportunidade de trabalhar com ele e pela oportunidade que o Caldeirão me deu de conhecer esse país de cabo a rabo. Ver que existe muito mais que capitais. Que esse país é rico de belezas naturais e principalmente de gente. O Caldeirão, Luciano e equipe, conseguem mostrar isso através de seus quadros. É fantástico ver como o Luciano se envolve e como ele curte fazer o Caldeirão. Sou e sempre serei fã desse cara.
Adriane Galisteu sempre foi uma musa, um ícone de beleza. Como é trabalhar ao lado dela apresentando o Muito+? Uma delícia! Galisteu, foi uma grata surpresa. Uma pessoa alegre, divertida e super alto astral. Fico impressionado como essa mulher é trabalhadora. Não tem tempo ruim pra ela. E é uma mãe admirável. Como eu também tenho filho pequeno, sempre falamos sobre eles. Os prazeres e as dificuldades de criar, cuidar e educar os filhotes. É boa esposa, filha e mãe. Fora o profissionalismo e a baita experiência que ela tem em televisão. Observo bastante e aprendo muito com ela. É um presente ter a amizade dela, da família e profissionais que trabalham com ela.
No Muito + você tem a liberdade para criar ou a fórmula já vem fechada e você só faz apresentar? No programa, minha função fica mais restrita a apresentação e locução. Mas o Rodrigo (diretor do M+) dá total liberdade para sugerirmos temas e tudo o mais. Em relação aos textos, temos roteiristas para darem conta da demanda que é grande.
O que é mais difícil em trabalhar para a TV numa época onde se faz de tudo por uma boa audiência? Vale tudo por uma boa audiência? Não acho que vale tudo por uma boa audiência, não. Temos que ter limites. Ética sempre. Mas, muitas vezes, o conceito de ética não é claro ou igual de uma pessoa para outra. E aí começam os problemas. No caso do M+, por exemplo, quando são exibidos fotos ou vídeos de mulheres nuas, são colocadas tarjas. Á tarde, tem muita criança, enfim… Temos que respeitar o horário.
Como você avalia a TV brasileira hoje em dia? Em minha opinião, nossa televisão é bacana. Com uma variedade grande de conteúdos e produtos. Eu, assim como a maioria dos brasileiros, adoro ver TV. Brasileiro adora futebol, carnaval e televisão, né? (risos)
A segmentação de público é uma boa saída para TV aberta? Acho o contrário. Em TV aberta não se pode arriscar muito. Na verdade, o que aconteceu no Brasil é que a TV a cabo virou um grande laboratório para a TV aberta. Sejam de conteúdos e formatos, até profissionais da área. TV aberta é para toda a família. Logo, você não pode segmentar tanto.
Quando você não está trabalhando o que curte ler, ver e ouvir? Livros, tenho até vergonha de falar, mas não estou conseguindo ler muitos ultimamente. O meu preferido é um sobre história da filosofia. Curto os filósofos, suas ideias e o contexto social onde eles surgiram. Se eu tivesse um tempo, adoraria fazer uma formação nessa área. Em TV, adoro uma boa novela e produtos como A Liga. Este formato lembra muito o “Documento Especial” da extinta, TV Manchete. Quando resolvi fazer minha formação como jornalista, foi por conta do “Documento Especial”. Adoro também o “220 volts” do Paulo Gustavo, do Multishow. Dou muita risada! Curto UFC também… Filmes, gosto dos mais variados possíveis. Meu preferido é o Poderoso Chefão 2. Música, sou muito eclético. De música Clássica, ao pagode. De Enia a Valesca Popozuda. (risos)
Você curte tatoo ou apenas essa específica do pezinho no seu braço? Curto. Tenho quatro. Nas costas toda um Buda, no ombro direito, uma flor de lys, no ombro esquerdo, o caduceu de mercúrio e no antebraço a réplica da pezinho do meu filho e o nome dele. Essa última a minha preferida por motivos óbvios. (risos) As outras, também tem alguns significados, mas é uma longa história. Não cabe aqui. (risos) Pretendo fazer outras, mas por hora está bom.
Que qualidades você busca como profissional e como homem? Como profissional, pretendo ser correto, ético, sempre. Crescer, melhorar e poder contribuir com o meu trabalho. Como homem, busco ser uma pessoa de bem com a vida e com as pessoas em volta. Ser um bom pai, um bom filho, marido e cidadão.
O que te assusta mais o IBOPE, a política nacional ou celebridade instantânea se achando famoso? No âmbito da política, me assusta o quanto pagamos de impostos e como esse dinheiro todo não volta em melhorias sociais e estruturais, por exemplo. Não ter uma educação pública de qualidade. Hospitais públicos caindo aos pedaços. Aeroportos que não dão conta da demanda. Estradas sem condições de trânsito e mal sinalizadas. Muda partido político no poder e não mudam os escândalos e casos de corrupção. Isso me assusta muito.
Como você definiria fama e sucesso hoje em dia? O que você busca? O conceito de pessoa celebre mudou muito, né? Confesso que estou mais preocupado com o sucesso do que com a fama. Sucesso, no trabalho, em casa, com meus amigos e meus familiares. Luto para conquistar esse sucesso, diariamente. E o que eu busco? Acho que o que todo mundo busca: a felicidade. Essa eterna busca do “e foram felizes para sempre” é o que dá o sabor da vida. Só que para ser feliz para sempre, temos que conquistá-la diariamente.