CAPA: CASSIO SCAPIN & MATEUS RIBEIRO REVIVEM SANTOS DUMONT

Com uma larga experiência no teatro Cassio Scapin caiu nas graças do público quando foi parar no Castelo Rá-Tim-Bum, da TV Cultura, com o carismático Nino. Com mais de vinte espetáculos, no Brasil e na Itália, Cassio já passou por produções de diversas TVs, marcou presença em “Um só coração”, “Sítio do Pica Pau Amarelo”,”Deus Salve o Rei”, “Mutantes – Caminhos do Coração”, “O Rico e Lázaro”, entre outras. Como Diretor, dirigiu diversas peças e em 2015 recebeu o prêmio Aplauso Brasil como melhor diretor pelo espetáculo “Visitando Sr Green” de Jeff Baron. Já Mateus Ribeiro é o que podemos chamar de multiartista, que faz parte da cobiçada lista “Under 30”, da Revista Forbes, na categoria Artes/Entretenimento, como um dos jovens com menos de 30 anos mais promissores do país, está no elenco do longa “Depois do Universo”, da Netflix. Atualmente, o ator grava a série “Use Sua Voz”, para a HBO MAX. Em comum entre Cassio e Mateus o Prêmio Bibi Ferreira, como Melhor Ator em Musicais. E agora, ambos estão na peça “Além do Ar”, trazendo a @fundacaoliamariaaguiar como grande patrocinadora, onde interpretam Santos Dumont. E a MENSCH foi lá conversar com essa talentosa dupla de sucesso. O resultado não poderia ser melhor, gerações diferentes e a mesma paixão pelo ofício de ator.

Atualmente vocês estão fazendo sucesso nos palcos com a peça Além do Ar, sobre Santos Dumont. Como tem sido a repercussão?

Cassio: A recepção do público tem sido maravilhosa! Descobrem a vida desse grande brasileiro e saem emocionadas!! Para nós é muito importante!  

Mateus: Tem sido muito bonita. As pessoas conhecem muito pouco sobre Santos Dumont, e se surpreendem ao se deparar com uma história tão vasta e interessante, sem contar o fato do espetáculo ser bem grandioso, com uma parte técnica e artística muito bem cuidada, o que gera um encantamento de quem assiste. Sem contar que a música é algo que mexe muito com o ser humano, e com ela a gente consegue passar um pouco das sensações que esse gênio pode ter sentido em alguns momentos de sua vida.

Como surgiu a ideia e o convite para cada um de vocês?

Cassio: O convite veio pelo diretor Thiago Gimenez e pelo Leonardo Fae, produtor da Fundação Lia Maria Aguiar.

Mateus: O convite surgiu em 2019, quando o espetáculo foi montado pela primeira vez pela fundação. Porém, não consegui participar, pois ia gravar um filme fora do país. Os anos passaram e esse ano eles repetiram o convite e, finalmente, deu certo.

E como foi o mergulho no universo Santos Dumont? O que destacariam?

Cassio: Já havia tido outras experiências na pele desse personagem, mas o que nesse momento me trouxe reflexões pessoais foi que estou com a idade dele quando ele morreu!

Mateus: É sempre muito enriquecedor como artistas, mas principalmente, como ser humano – toda vez que começamos a estudar um novo personagem. Quando é um personagem real e ainda brasileiro, é ainda mais incrível, pois temos a oportunidade de aprender e descobrir mais sobre o nosso país, sobre uma época. Eu, por exemplo, não sabia que Santos Dumont era de família Rica, e sobre todas suas tentativas e erros. Sua história de persistência é inspiradora.

Mateus interpreta Dumont jovem e Cássio um Dumont maduro. Como foi o trabalho entre vocês para trazer ao público o mesmo personagem sem alterar o tom? Como acharam esse ponto em comum?

Cassio: Acho que conseguimos encontrar um lugar em comum, a partir de conversas e da observação mútua. Matheus é um ator maravilhoso e muito sensível – a empatia entre nós dois, facilitou muito o processo!

Mateus: O Cassio já havia interpretado esse personagem em uma série de TV e também na montagem do espetáculo em 2019. Então, eu gostava de sempre assistir às cenas dele, pra entender o que eu poderia trazer pro meu corpo e pra minha voz e que poderia tornar nossa interpretação coerente. Cassio é um artista muito gentil e sempre conversávamos sobre Santos e as nuances que esse papel poderia ter. Acredito que, o ser humano está sempre se modificando. Então, tem coisas no Santos Dumont, no inicio da vida adulta, que estão presentes na fase final de sua vida – enquanto outras, foram se modificando devido ao tempo e às suas vivências.

Qual a relevância e importância de interpretar um personagem real e tão marcante?

Cassio: Podemos dizer que, de cara, já tem uma função educativa! O brasileiro tem péssima memória e despreza sua história. Levar a trajetória de um dos nossos maiores brasileiro para a plateia, através de um musical popular realizado com um número de atores jovens em cena, acho que aproxima e desperta uma curiosidade necessária!

Mateus: Eu acho importantíssimo contarmos histórias nossas e sobre pessoas de nosso país. Dumont mudou a história mundial e pouco falamos sobre ele hoje em dia. Todos sabem que ele inventou o avião, mas só. Temos que manter a memória dos nossos heróis viva, e o musical vem pra isso. Fazemos tudo com muito respeito ao legado dele. Acho que, o que ele deixou pro mundo vai além de ser ou não considerado o criador do avião – abemos que países consideram os americanos Irmãos Wright como tal. Para mim, Santos Dumont foi além, porque ele não estava preocupado com patente. Ele publicava os próprios projetos e a aviação só progrediu porque as pessoas tinham acesso aos seus estudos e com isso tinham material pra trabalhar.

Caracterização, cenário, luz… o que é imprescindível para entrar na vibe do personagem / história na hora de pisar no palco?

Cassio: O primeiro passo é o texto! Tudo vem em consequência! O texto da Fernanda Maia é a estrutura fundamental – o ator tem que saber e entender a história que se está contando! As músicas do Thiago são lindas, a cenografia e figurino impressionam, a luz realça a beleza de tudo! Mas tudo deve servir à  história que se está contando, que foi escrita!

Mateus: Olha, eu acho que na verdade o que é realmente imprescindível é o público. Teatro é pro outro. Se tiver um artista e uma pessoa na plateia, a mágica já acontece. Nosso trabalho é construir um personagem de maneira que a parte interna esteja preenchida, e isso seja o suficiente para a gente se conectar com o público e contar a história. Cenário, luz, caracterização… são elementos incríveis e que vem pra somar e elevar essa experiência. Mas a gente, como artista, não pode se prender a isso. Cresci vendo espetáculos em praças – no nordeste, em que elementos como esses eram mais difíceis de existirem, mas o encantamento estava sempre lá. Tem uma frase que eu amo e sempre levo comigo “teatro é pro outro, com o outro e pelo outro”.

Vocês já se conheciam ou tinham trabalhado juntos antes?

Cassio: Conhecia o Mateus de vê-lo em cena, e sempre admirei o trabalho dele! Masn como companheiros, essa é a nossa primeira vez! 

Mateus: Não nos conhecíamos pessoalmente. Primeiro, conhecemos o trabalho um do outro -, eu acompanhando a carreira dele desde a infância, com muita admiração, e ele já havia assistido espetáculos que apresentei aqui em São Paulo. Tem sido uma honra poder estar em cena com um artista tão sensível e competente.

Em comum, entre vocês, tem o Prêmio de Melhor Ator Bibi Ferreira. Como esse prêmio tocou vocês? Que importância teve/tem para suas carreiras?

Cassio: Além do Bibi Ferreira, tive a sorte ou mérito de ter recebido e ter tido indicações numa boa quantidade de prêmios! É ótimo ganhar um prêmio, mas no Brasil, isso serve mais para dizer que naquele momento o seu trabalho teve destaque. Diferentemente dos EUA ou da França ou mesmo no mundo do cinema, ele não eleva seu valor de mercado, tão pouco te garante continuidade profissional! Sempre, todos nós estamos começando, sempre!  

Mateus: O dia em que ganhei o Bibi foi um dos mais bonitos da minha vida. Foi logo que acabou o lookdown, e no ano em que completei dez anos morando em São Paulo. Estava muito sensível e ainda recebi o prêmio das mãos da Claudia Raia e do Jarbas Homem de Melo, que foram as primeiras pessoas com quem trabalhei na cidade. Eles que me deram a oportunidade de começar a trilhar esse sonho na cidade de pedra. Meu pai estava na plateia, tinha vindo pra premiação, enquanto toda minha família assistia a transmissão online em Fortaleza. Levar o prêmio foi uma forma de ver que todo o esforço, dedicação e abdicação em nome da arte valeram a pena e estavam dando bons frutos. Uma confirmação que eu estava seguindo um caminho bonito, na direção certa.

Vocês são atores que começaram em décadas bem diferentes. O que cada um “inveja” (no bom sentido) um do outro, tipo dificuldades do passado que hoje não seriam tão difíceis ou coisas que hoje em dia você não tem mais acesso por conta do ritmo ser outro?

Cassio: Invejo pouco as novas gerações! Não sei se esse ritmo mais acelerado de trabalho é algo desejável (ao menos no meu ponto de vista)!  Nunca parei de trabalhar e muitas vezes, em mais de uma frente! Acho, de verdade, tudo mais difícil para essa nova geração!   

Mateus: Eu acho que “invejo” um pouco o tempo onde as redes sociais não existiam e a preocupação dos atores era realmente interpretar. Fora que ao que me parece, na época as pessoas colocavam menos os atores em caixinhas. Todo mundo passeava pelo teatro, pela TV, pelo cinema. Se você para pra ver, a maioria dos grandes atores antigos da televisão tem uma longa trajetória no teatro, já hoje em dia isso não é bem assim.

Vocês são de gerações diferentes, mas que aprenderam a lidar com ferramentas atuais, como redes sociais. Como é, por exemplo, ser muitas vezes julgado por número de likes ou exposição cotidiana? Como administram isso?

Cassio: Algumas novas ferramentas nos deram alguns novos nichos e possibilidades de trabalho! Quanto à valoração de um trabalhador da arte de fato, que precisa lidar com o número de seguidores e esse insuportável mundo do imediatismo, acho pavoroso! Repito, não invejo em nada as novas gerações! 

Mateus: Eu sempre tento focar em meu trabalho em si, na arte. Uso as redes sociais como forma de me informar e de divulgar meu trabalho, mas elas não são o meu trabalho de fato. Acredito que, são ótimas ferramentas se você sabe utilizar, mas pra mim, não é algo natural. Então, nunca me forcei a ter que produzir algo que eu não queria de fato. Meu trabalho tá no resultado que eu entrego com os personagens que interpreto, não no número de curtidas das minhas fotos. Está no número de pessoas que se conecta e se emociona com o que faço em cena, não com o número de pessoas que me segue nas redes sociais.

O que cada um tem a contribuir e aprender com o talento do outro?

Cassio: Um ator que não aprende com o outro, exerce o ofício de ator pela metade! Impossível se deparar com o talento do Mateus e de outros colegas que estão em cena, e não aprender! Com os jovens atores se aprende demais até quando você identifica um erro, ou mesmo quando você erra se aprende muito! No Mateus tô de olho, coladinho! 

Mateus: Cassio tem uma experiência muito vasta. Tento absorver ao máximo tudo que posso, seja contracenando com ele, recebendo conselhos no camarim, ouvindo sobre suas histórias e trajetórias, ou mesmo assistindo suas cenas. Eu amo ver como cada ator faz suas escolhas cênicas e como grandes atores, como Cássio, fazem pra conseguir mostrar sua verdade e se conectar com quem assiste.

Quais os planos de vocês daqui pra frente?

Cassio: Assim como Santos Dumont, que foi um homem da elite brasileira e usou esse poder de fogo para o bem da humanidade, a Fundação Lia Maria Aguiar desempenha um papel espetacular, municiando uma juventude com os instrumentos da Educação, Arte e Cultura! Isso significa estar interessado e voltado ao desenvolvimento de uma nação melhor! Acho um exemplo a ser seguido pela elite brasileira, uma das mais abastadas e ao mesmo tempo mais despreparadas, no que toca à ação em retorno para a sociedade! 

Mateus: É incrível, e sem dúvida, uma experiência muito diferente. Me faz lembrar do começo da minha carreira e acho que isso nos reconecta com nossa essência e com os porquês pelos quais decidimos trilhar esse caminho. É uma troca bonita, ao mesmo tempo que eles aprendem com a gente, por conta de nossa trajetória, a gente aprende muito com eles. Existe uma empolgação na criança que a gente tem que tentar não perder nunca e é bonito ver ela se descobrindo artisticamente e entendendo as possibilidades que ela tem em cena. A Fundação Lia Maria Aguiar (@fundacaoliamariaaguiar) tem um trabalho muito bonito e zeloso com todos os alunos. Torço pra que mais iniciativas como essa, surjam no nosso país.

Quais os planos de vocês daqui pra frente?

Cassio: O futuro chega muito rápido, piscou virou passado! Assim como meu passado e meu presente, é pensar na arte e no ofício de ator em suas várias possibilidades, fica valendo para o Futuro também! De imediato, terminando o Além do Ar, retorno para a produção que estou encabeçando que é O Bem Amado Musicado – texto do Dias Gomes com músicas inéditas do Zeca Baleiro e Newton Moreno! 

Mateus: Neste ano, vou estrear no elenco da série Use Sua Voz da HBO Max e em uma outra série de streaming, que ainda não foi divulgada. Fora isso, vou lançar meu terceiro single, que já foi produzido junto com um vídeo clipe, e estou com um projeto de um grande musical por vir.

Fotos Felipe Quintini / Beleza Carol Prada / Direção de Styling Ju Hirschmann / Styling Leandro Rabello e Jhon Helder / Produção Léo Fae / Assessoria Dany Tavares e Julyana Caldas

Cassio e Mateus vestem: Look 1 (Cassio): Costume @merinoalfaiataria / Regata @hering_oficial / Chapéu @cassiacipriano_chapelaria / Broche @gloriacoelho; Look 2 (Cassio e Mateus): Ternos @camargo_alfaiataria / Chapéu @cassiacipriano_chapelaria / Acessórios @jilojoias; Look 3 (Mateus): Regata @hering_oficial / Suspensórios @minhaavotinha / Calça @merinoalfaiataria; Look 4 (Cassio): Costume @merinoalfaiataria / Regata @hering_oficial / Chapéu @cassiacipriano_chapelaria / Broche @gloriacoelho; Look 5 (Mateus): Costume @merinoalfaiataria / Regata @hering_oficial / suspensórios Minha Avó Tinha @minhavotinha / Chapéu @cassiacipriano_chapelaria / Broche @gloriacoelho / Sapatos @cnsonline; Look 6 (Cassio e Mateus): Regatas @hering_oficial / Acessórios @jilojoias; Look 7 (Cassio): Costume @merinoalfaiataria / Regata @hering_oficial / Sapatos @cnsonline; Look 8 (Mateus e Cassio): Ternos @camargo_alfaiataria / sapatos @cnsonline