A jornada da jornalista e apresentadora Patrícia Poeta é pura inspiração. De repórter de rua até comandar seu próprio programa foi muita dedicação e competência no que estava se propondo a fazer. Patrícia chegou lá. Filha de advogados procurou o que de fato lhe fazia feliz. E seguiu passo a passo construindo sua carreira de maneira sólida sendo o melhor que podia ser. Hoje à frente do programa Encontro com Patrícia Poeta, ela pode ser o que ela quer, e cada vez mais solta, livre para ir longe dentro do jornalismo. Um pouco disso tudo ela nos conta aqui nesta entrevista exclusiva para a MENSCH.
Patrícia, mesmo sendo filha e irmã de advogados, você terminou enveredando por uma área bem distinta. Como foi esse momento de comunicar que o que você queria profissionalmente, seria algo bem diferente do que você via em casa? Sentiu alguma pressão ou teve pleno apoio? Lá em casa, sempre fomos incentivadas a seguir o que nos fazia feliz. Nunca houve uma pressão para seguirmos a carreira dos meus pais ou algo que eles idealizavam. Nossa grande obrigação com nossos pais era estudarmos. Disso, eles não abriam mão, tanto que as três sempre foram muito focadas e CDFs.
Repórter de rua, garota do tempo, correspondente internacional a apresentadora. Em algum momento imaginou essa trajetória? Fui vivendo cada momento da carreira e procurava aprender com cada um deles. Fui construindo uma bagagem bem grande e usando essas experiências para entregar algo melhor na oportunidade seguinte. Não planejei nada. Apenas trabalhei duro, me dediquei e soube dar o meu melhor em cada posto que ocupei. Meu foco sempre foi trazer o melhor para o público.
Com que cada uma dessas fases contribuiu para a profissional que você é hoje? Tive pessoas que me pegaram pela mão, assim como outras que me viraram as costas, mas aí você tem que entender que energia você quer canalizar. Sempre foquei em pessoas que estão abertas a fazer o outro crescer, porque eu sou assim. Então, absorvi todo o conhecimento, as técnicas e o conteúdo que elas podiam me passar. A gente não nasce sabendo, a gente não vive sozinho. Então, ouvir o outro é muito importante.
No período em que morou em NY você entrevistou grandes celebridades como Tom Cruise, Spielberg e Julia Roberts. Dava um friozinho na barriga ou já tinha pego o jeito e tirava de boa? Alguma situação que lhe marcou? Sempre dá aquele friozinho, ainda mais porque é um balé sincronizado. Você tem um tempo específico para fazer as perguntas certas e se der sorte, conseguir tirar boas respostas em pouco tempo.
Ainda nesse período em NY, você deu um tempo na carreira de jornalismo para estudar cinema na Universidade de NY e chegou a participar de alguns trabalhos. Nesse momento, pensou em ser atriz? O que foi decisivo para você naquele ponto? Eu fui estudar roteiro e direção, que acredito que são coisas que se encaixam na profissão de jornalista. Hoje, tenho certeza que fiz a coisa certa, porque com esse mercado de documentários em larga expansão, pode ser uma porta para desenvolver trabalhos jornalísticos no streaming.
Do Fantástico para o Jornal Nacional e do Jornal Nacional para um programa próprio. Na época, deve ter sido um baita desafio. O que foi primordial para você encarar esse desafio? Em toda a minha carreira, eu fui aprendendo para ocupar os postos que ocupei. Sempre dei o melhor de mim, fui estudiosa e CDF. Sempre procurei estar preparada tecnicamente e ouvi muito o que as pessoas tinham a passar de dicas e informações. Sempre gostei de acompanhar o trabalho dos que vieram à minha frente e escreveram a história da TV brasileira.
Faria algo diferente do início de sua trajetória até hoje? Não, não faria. Sempre fiz tudo com muita calma e respeitando o tempo certo. Tenho muito orgulho de minha carreira e de como a tracei, ocupando todos os postos, aprendendo, passando por adversidades, assim como tendo as oportunidades de cobrir grandes feitos como a escolha do Papa, Olimpíadas e Copas do Mundo. Tudo teve seu tempo, seu momento e eu soube viver cada um deles. Tenho muito orgulho da trajetória que escrevi até aqui.
E o que diria à jovem Patrícia do início de carreira que só o tempo e a maturidade ensinaram? Viva cada momento, desfrute de cada vitória sem pensar na próxima, porque a próxima virá organicamente… e a gente nunca pode esquecer de comemorar aquelas que estamos vivendo.
Passado alguns anos, como foi assumir o Encontro com Patrícia Poeta? O Encontro foi outro programa que veio organicamente. Eu não estava planejando e o convite veio quando eu estava à frente do É de Casa. É um programa diário. Já são quase dois anos à frente dele e, aos poucos, a gente vem imprimindo nosso formato com uma mistura de jornalismo e entretenimento.
A cada novo desafio você foi aprendendo a lidar com público, audiência e como funciona a TV. Com a Internet, streaming e redes sociais – a coisa mudou um pouco. Como encara essa nova realidade digital? Todos são, no fundo, conteúdos. O que muda é a plataforma de cada um. Meu objetivo é seguir fazendo um conteúdo que agrade o público. Em 2023, 8 em cada 10 brasileiros assistiram ao programa. É uma bela conquista. Agora, em 2024, o Encontro ganhou um novo cenário e vamos ter mais quadros nos quais eu participei da criação. Também palpitei muito no cenário porque eu queria um lugar que fosse acolhedor, onde a plateia estivesse envolvida com os convidados. Enfim, sou muito feliz fazendo o Encontro diariamente.
O quanto você é digital? E como separa o que é público e o que é privado? Acho que a comunicação está sempre em evolução. Vale lembrar que viemos da era do rádio, da TV em preto e branco e, atualmente, estamos na era do streaming. Tudo sempre vai evoluir e acho isso ótimo. Temos que ter calma e entender o que vamos ter com essa nova tecnologia, o que o público espera e como podemos usar essa ferramenta ao nosso favor para trazer entretenimento, informação e acrescentar na vida de quem está do outro lado. Sempre separei muito minha vida privada da vida pública. Nunca fui de me expor ou estar envolvida em falatórios. Dentro da minha rede social, eu coloco o que eu acho que vai agregar ao público, mas que não ultrapasse a linha e me faça sentir desconfortável.
O que gerou muitos questionamentos do valor com a saúde física e mental. Hoje em dia, do que não abre mão e qual sua rotina de cuidados? Eu não abro mão da minha meditação diária de 23 minutos que eu faço em qualquer lugar. Para mim, ela é essencial. Além de estar no convívio da minha família, meu filho, meus amigos… são coisas inegociáveis da minha vida – assim como meu trabalho, claro. Amo o que faço. Acredito que, hoje, mais do que qualquer coisa, estar bem mentalmente é algo que devemos priorizar – e todo o tipo de energia que nos tira do prumo devemos neutralizar.
Quem é Patrícia hoje? Longe das câmeras e da mídia. É uma mulher que adora seu trabalho e as coisas simples da vida como estar perto de quem ama. Adora doces, ama o sol, ama o mar, a praia, fazer exercícios, dançar e se sente muito bem ajudando o outro.
E na hora de relaxar, um bom/boa… Para quem acorda todos os dias às 4h30 da manhã, sono é o que mais aprecio para relaxar (risos).
E o que podemos esperar de Patrícia Poeta para 2024? 2024 será um ano de novidades tanto na minha vida pessoal quanto no trabalho. O Encontro vem com novos quadros e quem sabe, eu possa viajar por esse país? No meu lado pessoal, eu também vou viajar por esse Brasilzão, conhecer cada vez mais gente, incentivar outras mulheres a buscar o que tanto sonham, como fiz. De resto, vou seguir no ritmo da música de Zeca Pagodinho “deixa a vida me levar”… (risos). Um pouco de leveza e menos cobranças também fazem bem à saúde… (risos).
Fotos Santiago Salazar