CAPA: NIKOLAS ANTUNES À CAVALO PARA “DONA BEJA”

Da vida de modelo só restou o gosto apurado por roupas de bom corte e caimento, no fundo Nikolas Antunes sempre soube o que queria. E foi através de muito estudo que conquistou seu espaço, enfrentou barreiras e limitações mas, como dizem, mostrou a que veio. Ao longo de sua carreira foi cruzando com personagens bem diferentes entre si e trabalhos que trouxeram desafios que foram aos poucos moldando o talentoso ator que ele é hoje. Para seu próximo trabalho, o Valdo de Dona Beja (HBO Max), Nikolas vem a cavalo. E foi dentro desse clima que ele posou para a MENSCH e o resultado não poderia ser mais incrível e elegante. Confira logo abaixo.

Nikolas, indo para o início da sua trajetória no audiovisual, como foi a transição de modelo para ator? Enfrentou alguma resistência no audiovisual? Eu iniciei a aventura como modelo muito cedo e nunca consegui me adequar muito bem. Sempre tive em mente que era algo passageiro e que não era o que me faria feliz. A transição para o audiovisual se deu de forma muito natural – logo na sequência, eu comecei a fazer mais comercias de TV e a estudar interpretação. Penso que os estudos são sempre a melhor maneira de transição pra qualquer coisa que a gente quiser.

Na época, inclusive, você abriu mão de um período trabalhando na Itália como modelo, para investir na carreira de ator. Foi isso mesmo? O foco desde sempre era a carreira de ator? Quando os convites pra Europa chegaram, eu tive que realmente decidir o que queria pra minha vida e optei pelos estudos. A vida era mais cartesiana naquela época e o caminho natural era sair da escola e ingressar na faculdade. Era isso que meu pai me cobrava. Eu estudei muita coisa e algumas ao mesmo tempo. Trabalhava com o que tinha e com o que desse pra me sustentar e bancar os estudos. Fiz muitos cursos de teatro e interpretação, mas, primeiro, me formei em Publicidade e depois Artes Cênicas.

O início do trabalho como ator, muito papéis que surgiam era de galã, o bonitão da vez… Isso em algum momento o incomodou? Quando você se viu respeitado como ator de fato? Essa coisa de galã já incomodou bastante porque as pessoas não conseguem te ver pra outros tipos papel e, desse jeito, não há escalação pra trabalhos que, muitas vezes, são muito mais interessantes, limita demais. Comecei a ter mais reconhecimento a partir de Liberdade Liberdade, uma novela de 2016, onde interpretei um bandido bastante desconstruído.

O Roman Skavronski, da série Desalma (Globoplay), foi o personagem mais denso e dramático de sua carreira? Como foi participar dessa série de terror e suspense? O Roman foi muito interessante, um mergulho muito intenso e sombrio, mas muito bonito. Do estudo do ucraniano a toda essa relação com o ocultismo e as forças sobrenaturais, tudo sempre me atraiu muito. O meu trabalho me permite poder ser qualquer coisa que eu quiser por um tempo determinado e eu amo ir a lugares que o Nikolas jamais iria. Tudo na série era muito propício e acertado, do texto da Ana Paula Maia a direção do Carlos Manga Jr.. A gente criava um universo paralelo. 

Já o Plínio Rivera da novela Além da Ilusão, trouxe um pouco de humor com um personagem que, ao mesmo tempo, era polêmico para a época da trama. Como foi para você trabalhar esses dois lados, o humor e a homossexualidade nos anos 1930? Existem personagens que cumprem papeis muito importantes na saciedade e o Plínio foi um presente desses. Um galã de radionovelas gay e bem resolvido que através do amor se tornou o alicerce de redenção para um outro homem incrível e de caráter irretocável, mas que não se aceitava gay, que também não era aceito  pela família conservadora, pela sociedade machista e opressora da época. Um drama que se passava em 1930, mas que, ao mesmo tempo, foi muito contemporâneo justamente pelo período político ultra delicado que o Brasil enfrentava em 2022.

No cinema, recentemente, você participou do filme Loop com dois personagens numa trama que fala sobre viagem no tempo. Cinema traz que desafios para você? Em Loop, eu fiz o protagonista junto com o Bruno Gagliasso. Foi interessante montar essa relação, essa simbiose pra que duas pessoas diferentes, façam o mesmo personagem. A preparação foi da Fátima Toledo e foi muito legal, intenso. O cinema é a instância máxima do meu trabalho – o estado mais puro, ao menos, pra mim. O desafio é acompanhar a dinâmica de que tudo está 100% vivo o tempo inteiro. A magia do cinema mora na descoberta em tempo real de como a história vai ser contada. Apesar de todo o planejamento, a gente só sabe, de fato, como será dentro do set, na hora do gravando.

Olhar Indiscreto (Netflix) trouxe uma trama de suspense num clima mais sensual. Como foi participar? Como é encarar cenas mais sensuais e de nudez? Olhar Indiscreto foi muito desafiador. É sempre muito interessante descobrir como funciona a cabeça de um psicopata, o que impulsiona uma pessoa a cometer assassinatos em série. O Fernando é um cara muito doce, educado e que ama cuidar de mulheres; o mesmo Fernando é um predador sexual voraz e não hesita em matar friamente. 

Você está se preparando para estrear na novela Dona Beja (HBO Max), que é uma releitura de um clássico da TV. Como andam os preparativos e a expectativa? É mais difícil recriar um clássico? Estamos a todo vapor com as gravações de Dona Beja e está sendo muito prazeroso. Amo fazer personagens de época e que são muito distantes de mim. O Valdo é um peão muito bruto, simples, tímido e com convicções muito fortes. É muito especial poder trabalhar em meio à natureza e poder lidar com a vida no campo. Funciona como um resgate de nossa própria natureza. Vale lembrar que Dona Beja é um remake adaptado e não uma cópia da novela original. É muito legal abordar uma obra clássica porque existe um reconhecimento que vem antes da estreia, as pessoas já tem o imaginário.

Esse ensaio para MENSCH traz você interagindo com um cavalo. Isso já é para entrar no espírito do personagem Valdo ou já era algo que fazia parte da sua vida? Eu amo andar a cavalo e sempre montei bastante. Sinto-me muito à vontade e o personagem vive montando. Então, quando me convidaram pra fotografar, fomos direto pro haras.

O que você guarda da época de modelo? É ligado em moda? Qual seu estilo? Tive que desconstruir a coisa posturada e sempre muito preocupada com a beleza, sempre muito esbelto. Acho que foi isso que ficou. Quando me pego muito conectado com a estética, desconstruo. Eu sou muito básico e casual, mas gosto de roupas com corte e caimentos bons, que vistam bem. 

Como lida com o espelho? Até que ponto vai a sua vaidade com estética? Do que não abre mão? Durante muito tempo eu não tive espelho em casa, apenas um pequeno na pia do banheiro (risos). Não abro mão da minha guia vermelha e da minha garrafa d’água.

Quem é Nikolas Antunes hoje? O que mais deseja? O Nikolas de hoje é uma pessoa melhor do que a que foi ontem, essa é a regra. Desejo o protagonismo da minha vida, cada vez mais. Gosto e quero muito ajudar outras pessoas.

Fotos Márcio Farias

Vídeo André Ivo

Assista o making of: