CARREIRA: CAMILA FARANI: A VISIONÁRIA INVESTIDORA DE STARTUPS

Por Márcia Dornelles

Em um cenário empresarial cada vez mais sonoro e competitivo, poucos nomes se destacam tanto quanto o de Camila Farani. Reconhecida como uma das 500 pessoas mais influentes da América Latina pela Bloomberg Línea e três vezes eleita Melhor Investidora-Anjo no Startup Awards, Camila é uma força disruptiva no ecossistema de negócios e tecnologia. À frente da G2 Capital, uma das principais boutiques de investimento em tecnologia do país, ela já movimentou mais de R$ 6,3 bilhões em negócios, impactando diretamente mais de 15 mil empregos.

Mas Camila não é apenas uma investidora de sucesso — ela é uma voz ativa na promoção de diversidade e inclusão, especialmente no universo feminino. Fundadora do Ela Vence, Comunidade para mulheres empreendedoras, e da Farani Escola de Negócios (FEN), sua missão é clara: desbloquear o acesso ao capital, à educação e à influência para que mais mulheres ocupem espaços de liderança e prosperem nos negócios.

Em uma conversa exclusiva para a MENSCH, Camila compartilha suas experiências, os desafios enfrentados ao longo da carreira e sua visão sobre o futuro da inovação, liderança e empreendedorismo no Brasil e no mundo. Um relato inspirador sobre resiliência, estratégia e o poder de transformar desafios em oportunidades.

Camila, você foi reconhecida como uma das 500 pessoas mais influentes da América Latina pela Bloomberg Línea e Empreendedora do Ano pela IstoÉ Dinheiro na categoria Inclusão Social. Na sua visão, quais são as principais características de uma liderança realmente influente e inclusiva? Ser uma liderança em um cenário ainda pouco inclusivo significa assumir um papel duplamente desafiador: além de cumprir as responsabilidades inerentes a qualquer posição de liderança, como inspirar e guiar equipes, tomar decisões estratégicas e impulsionar resultados, há o desafio adicional de navegar e transformar um ambiente que muitas vezes pode ser resistente a mudanças. Mas onde não existe desafio?

Eu precisei entender que líderes que transformam não enxergam apenas números, mas pessoas. E de tanto que se fala sobre, pode parecer uma resposta pronta, mas não é. Como você vai entender de pessoas se você mesma não se entende? Então a autocompaixão passou a preencher minhas sessões terapêuticas. Um puro suco de conhecimento próprio. Característica primordial de um líder competente.  Soma-se a isso visão de longo prazo, escuta sem julgamentos e humildade para abrir portas para outras pessoas.  Líder só é líder quando forma novos líderes.

Você foi a única mulher eleita como Melhor Investidora-Anjo no Startup Awards em três ocasiões diferentes. Quais foram os principais aprendizados ao longo dessa jornada e como você enxerga a evolução da participação feminina no ecossistema de tecnologia e inovação?  Se eu pudesse resumir meus aprendizados como investidora-anjo em uma única frase, seria: dinheiro acelera um negócio, mas pessoas certas constroem impérios. A jornada de investir em startups me ensinou três grandes lições:

– Capital sem estratégia é só dinheiro jogado no mercado

Muita gente acha que investir é só sobre colocar dinheiro e esperar retorno. Mas a realidade é que negócios que prosperam são aqueles que recebem capital inteligente, não apenas capital financeiro. O que isso significa? Significa que capital intelectual, relacional e acompanhamento são tão importantes quanto o aporte financeiro.

Um estudo do MIT Sloan mostrou que startups que recebem suporte estratégico de investidores crescem 3 vezes mais rápido do que aquelas que apenas captam dinheiro. Então por 15 anos que venho investindo em startups e scale ups, vi as mulheres empreendedoras ganharem mais voz, espaço e aporte sim.

– Mulheres são altamente investíveis – o mercado é que ainda não aprendeu a enxergar isso

Quando comecei a investir, percebi um dado que me incomodava muito: menos de 2% do capital de risco na América Latina vai para startups fundadas por mulheres (dados da Crunchbase). Isso não acontece por falta de talento, mas por um modelo de investimento enviesado. Co-fundamos, em 2014,  o Mulheres Investidora Anjo, movimento pioneiro em transformar mulheres investidoras a investir em empreendedoras.

Mas os números provam que startups lideradas por mulheres também  performam melhor. O Boston Consulting Group (BCG) analisou 350 startups e descobriu que, apesar de receberem menos investimento, startups fundadas por mulheres geram 2,5 vezes mais receita por dólar investido. Quer dizer que homens não ? Óbvio que sim.

A lógica é simples: investir em mulheres não é caridade, é estratégia.

– Inovação só acontece quando há diversidade real

O mundo da tecnologia sempre foi dominado por homens. Mas inovação não vem de mais do mesmo, vem de perspectivas diferentes. Empresas que têm diversidade de gênero na liderança são 25% mais lucrativas (dados da McKinsey).

O que isso significa na prática? Significa que o futuro da tecnologia não pode ser decidido por um grupo homogêneo. Se queremos inteligência artificial sem viés, precisamos de mais mulheres em IA. Se queremos fintechs que atendam todas as realidades, precisamos de mulheres no desenvolvimento financeiro.

Para finalizar, eu acredito profundamente na educação, na academia. Quando criei o Ela Vence entendi que deveria ser uma  comunidade exclusiva de mulheres, feito por mulheres, que daria ferramentas importantes para o mundo atual, como o autoconhecimento, o gerenciamento do tempo, inteligência emocional, e também aliar a tecnicidade como gestão financeira, planejamento e estratégia de negócios. E lá se foram mais de 500 mil mulheres impactadas em três anos de vida. É um dos meus negócios que me traz a verdadeira essência de pertencimento. Me leva a entender minimamente a razão de ser neste mundo que mal compreendemos.

No Ela Vence, você busca conectar e inspirar lideranças femininas, empreendedoras e investidoras. Quais barreiras você ainda enxerga no caminho dessas mulheres e como a sua comunidade atua para superá-las? Eu vejo a liderança não sobre chegar ao topo, e sim  sobre garantir que mais pessoas consigam subir para quaisquer lugar que queiram. A FEN e o Ela Vence nasceram dessa visão: criar um ecossistema real de suporte para empreendedores, que querem crescer, escalar, ganhar dinheiro e ocupar espaços de autoridade. Mas esses projetos não existem separados – eles são dois lados da mesma moeda.

O maior objetivo da FEN é formar e criar a nova safra de líderes que querem fazer a diferença nos seus mercados. Colocamos em um método de ensino tudo o que aprendi negociando, vendendo, investindo e crescendo negócios. Sem achismos e sim estratégias reais, como por exemplo, o Mínimo Negócio Viável, ferramenta autoral para criação de empresas com foco no cliente ideal e analisando diferenciais competitivos.

São 25 anos de experiência como empresária ganhando e perdendo também. Quero diminuir a estatística que  90% das startups quebram em 5 anos, segundo Harvard Business School. Mas quando o empreendedor tem mentoria e conhecimento sólido, essa taxa muda drasticamente. A FEN existe para ser esse divisor de águas – para que empreendedores tenham acesso a um mapa claro de crescimento. Aqui, falamos sobre aquisição, tração, máquina de vendas, pitch para investidores e gestão real. O que leva um negócio de R$ 100 mil para R$ 1 milhão? O que diferencia um vendedor comum de um negociador de alto nível? São essas perguntas que respondemos na FEN.

Já o Ela Vence tem como mola propulsora o empreendedorismo como ferramenta de transformação para mulheres. Se a FEN é a metodologia, o Ela Vence é o movimento. As mulheres empreendem por necessidade, mas crescem por propósito. Agora só propósito não as faz serem remuneradas. E muitas acham que não são dignas de ganhar dinheiro. E eu vejo isso todos os dias. No Brasil, 48% das mulheres empreendem, mas a maioria ainda está presa ao microempreendedorismo. E por quê? Porque falta acesso a capital, rede de apoio e educação estratégica.

O Ela Vence existe para mudar isso. Não basta falar sobre empoderamento feminino, temos que criar caminhos reais para que as mulheres tenham autonomia financeira e escalem seus negócios. E não é um discurso feminista vazio – é um modelo de negócios inteligente. Quer um dado? Segundo um estudo do Boston Consulting Group (BCG), se as mulheres empreendessem no mesmo nível que os homens, o PIB global cresceria US$ 5 trilhões. Isso não é um “movimento social”. Isso é potencial econômico puro.

Como Tudo Isso se Conecta? A FEN e o Ela Vence são ferramentas complementares. O que fazemos aqui é entregar conhecimento de alto nível e garantir que ele chegue para quem realmente precisa.  Na FEN, formamos empreendedores com mentalidade de crescimento e estratégia de escala.
 No Ela Vence, quebramos barreiras e colocamos mais mulheres no jogo.

A Farani Escola de Negócios tem como propósito formar novos líderes e empreendedores. Quais habilidades e conhecimentos você acredita serem essenciais para quem deseja prosperar no mercado atual? A verdade é que as mulheres não precisam de permissão para liderar, mas o mercado ainda insiste em colocar barreiras invisíveis. E se tem uma coisa que aprendi nesses anos como investidora, empreendedora e mentora, é que essas barreiras não vão cair sozinhas.

No Ela Vence, eu não só conecto mulheres que querem crescer – ajudamos a transformar potencial em resultado real com aulas, mentorias semanais, encontros e aportes financeiros. Mas antes de falarmos sobre soluções, precisamos encarar os desafios de frente, sabe? Sair da teoria e ir para a vida real. Dentre as mais de 2000 alunas, percebemos que as principais barreiras são : baixo acesso a capital, o dinheiro ainda não chega para nós;  falta de representatividade, ou seja,  poucas mulheres em posições-chave. Hoje, menos de 10% dos cargos de CEO no Brasil são ocupados por mulheres, segundo o IBGE; bloqueio interno fortalecido pelos vieses históricos, contextuais, que nos impede de ganhar estofo pessoal e profissional. Tendemos a subestimar nossas competências.

E o que eu sempre sugiro? Segue em frente, mira alto e se capacita. O mundo não vai parar para te fazer carinho. Agora convoco as mulheres que estão lendo aqui. Pare e respire por um segundo. Se tem uma coisa que a história me ensinou é que se você espera que alguém te dê permissão para ocupar um espaço, você nunca vai entrar.

Então, crie a sua própria porta. Não pense que você precisa estar 100% pronta. Ninguém está. Segundo um estudo da HP, homens aplicam para uma vaga quando têm 60% dos requisitos; as mulheres só aplicam quando têm 100%. Isso significa que muitas de nós esperamos estar “perfeitas” antes de agir. E eu te digo: agir antes de estar pronta é o que te faz crescer. O sistema foi feito para você acreditar que não pode. Mas você pode. Eu posso. Nós podemos. A única pergunta que importa agora é: o que você vai fazer com isso?

Porque no fim, o mercado não vai mudar sozinho – nós precisamos criar o movimento. E O Ela Vence não é só sobre empoderamento – é sobre desbloquear acesso, educação continuada, capital e influência.

Com mais de R$ 42 milhões investidos em cerca de 50 empresas, que movimentam mais de R$ 6,3 bilhões e empregam mais de 15 mil pessoas, como você se identifica negócios com potencial de transformação no mercado? Identificar negócios com potencial de transformação nunca foi só sobre números. Os números contam uma história, mas o que realmente diferencia um negócio escalável de uma aposta arriscada é quem está por trás dele. E essa foi uma das minhas maiores lições investindo em startups e scale-ups ao longo dos anos. Costumo dizer que existem fatores que são inegociáveis. Alguns deles são:

Fundadores com pensamento estratégico e resiliência real
 O mundo está cheio de boas ideias, mas ideias não constroem negócios – pessoas constroem. Quando analiso uma empresa, olho primeiro para quem a lidera. O fundador ou fundadora entende o mercado melhor do que qualquer outra pessoa? Tem capacidade de execução ou só um discurso bonito? Sabe pivotar quando necessário ou fica preso à própria tese? Porque no fim, o que faz um negócio dar certo é a velocidade e inteligência com que ele responde às mudanças.

Modelo de negócio que aguenta crescimento exponencial
 Crescer rápido é o sonho de qualquer empreendedor, mas a pergunta que importa é: o modelo de negócio suporta essa escala? Vejo muitas startups com um produto bom, mas que não têm um motor de crescimento bem definido. Empresas que dominam aquisição de clientes, retenção e eficiência operacional são as que realmente se consolidam no mercado. Negócio que depende só de investimento para sobreviver já nasce com prazo de validade.

Impacto real no mercado – e não só no pitch deck
 Muita gente me pergunta: “O que significa um negócio transformador?”. Para mim, é aquele que não apenas resolve um problema, mas muda a dinâmica de um setor. E isso não precisa ser algo revolucionário. Às vezes, inovação é só enxergar uma ineficiência gritante que todo mundo ignora e construir a solução mais eficiente. Negócios que transformam criam novos padrões de mercado, geram valor sustentável e, claro, são lucrativos.

O retorno vai muito além do dinheiro. São mais de 15 mil empregos gerados, bilhões movimentados e, principalmente, empresas que não só cresceram, mas mudaram a forma como seus setores operam. Porque no fim, investir não é só sobre multiplicar patrimônio – é sobre multiplicar impacto.

Na G2 Capital, você lidera uma boutique de investimento em tecnologia. Quais setores tecnológicos você vê como os mais promissores e que tipo de inovação tem chamado sua atenção recentemente? Os setores de tecnologia têm avançado em um ritmo impressionante, e eu vejo algumas áreas particularmente promissoras. A inteligência artificial (IA), sem dúvida, continua no topo da minha lista. As aplicações em IA generativa, como automação de processos e personalização em escala, estão revolucionando tanto o mundo corporativo quanto o cotidiano das pessoas.

Investir em tecnologia sempre foi sobre antecipar o futuro, mas o futuro não está apenas nos setores tradicionais da inovação. Hoje, algumas das maiores oportunidades estão onde a tecnologia ainda não chegou de forma estruturada, e é exatamente aí que a inteligência artificial pode ser o grande divisor de águas. Na G2 Capital, buscamos negócios que não apenas seguem tendências, mas que criam novos mercados e resolvem problemas reais com impacto escalável.

Empresas que integram IA para otimizar recursos, reduzir desperdícios e criar modelos mais eficientes de produção e consumo estão captando capital como nunca.

Na educação, a inteligência artificial tem o poder de quebrar um dos maiores gargalos do país: o desalinhamento entre formação e empregabilidade. Modelos de ensino adaptativo, aprendizado personalizado e plataformas que conectam qualificação profissional com demanda de mercado são fundamentais para reduzir o gap educacional e melhorar a produtividade da economia. E mais do que isso: a IA pode trazer acessibilidade para milhões de pessoas que hoje estão fora do sistema educacional por falta de recursos ou estrutura.

Outro ponto que não pode ser ignorado é a saúde mental. Se há alguns anos o debate girava apenas em torno de terapia e bem-estar, hoje o mercado entende que esse é um problema estrutural que impacta diretamente a produtividade das empresas e a qualidade de vida das pessoas. Startups que utilizam IA para análise comportamental, prevenção de transtornos e personalização de tratamentos estão criando um novo segmento dentro da saúde. E quando falamos em tecnologia aplicada à saúde, a IA também está revolucionando diagnósticos, otimizando processos hospitalares e tornando o atendimento mais eficiente.

O empreendedorismo feminino é outro mercado estratégico quando falamos de inovação. As mulheres empreendem cada vez mais, mas ainda enfrentam dificuldades para acessar capital e redes de crescimento. Soluções que utilizam IA para facilitar crédito, melhorar gestão financeira e criar conexões estratégicas para negócios liderados por mulheres estão surgindo como uma nova vertical dentro do ecossistema de tecnologia. Além disso, o impacto de investir em mulheres vai além do retorno financeiro – ele transforma comunidades inteiras e gera um efeito multiplicador na economia.

A transição energética é outro setor que está sendo redefinido pela tecnologia. Armazenamento de energia, distribuição eficiente e descarbonização de indústrias pesadas são desafios que movimentam trilhões de dólares. A IA aplicada a esse mercado pode prever padrões de consumo, reduzir desperdícios e tornar a energia renovável mais acessível e escalável. Empresas que conseguem unir inovação tecnológica com viabilidade

A grande questão não é mais se a inteligência artificial será uma força dominante no mercado, mas sim quais negócios conseguirão aplicar essa tecnologia de forma estratégica e sustentável. A inovação que realmente cria valor não é aquela que apenas otimiza o que já existe, mas a que muda a forma como os mercados operam. E são esses negócios que buscamos na G2 Capital.

Você é uma das sócias do Rio Innovation Week, um dos maiores eventos de inovação e tecnologia do país. Como eventos como o RIW ajudam a criar pontes entre startups, investidores e grandes empresas, e qual o impacto disso para o cenário econômico local e nacional? São eventos como o Rio Innovation Week que transformam ecossistemas vivos onde conexões estratégicas acontecem, negócios nascem e investimentos ganham direção. No Brasil, onde o ambiente empreendedor ainda enfrenta desafios como acesso a capital e escala sustentável, criar pontes entre startups, investidores e grandes empresas é fundamental.

A maior conferência global de tecnologia e inovação que foi realizada no Píer Mauá, na Zona Portuária do Rio em 2024 teve ao total 185 mil pessoas que marcaram presença, além de mais de 3 bilhões de reais que foram movimentados em negócios a partir da iniciativa.

O impacto de um evento desse porte se dá em várias frentes. Primeiro, ele aproxima quem tem inovação de quem tem estrutura. Muitas startups desenvolvem soluções brilhantes, mas sem o canal certo para crescer, acabam travadas entre falta de tração e dificuldade de captação. Quando colocamos empreendedores frente a frente com investidores e grandes players, criamos oportunidades reais de aceleração. Não é sobre vender um pitch bem ensaiado — é sobre entender as dores do mercado e construir soluções escaláveis junto a quem pode abrir portas. Eu fico muito feliz por fazer parte do Rio Innovation Week como sócia, e principalmente em poder participar de forma mais ativa com o meu palco Farani Stage, que já levou nomes importantíssimos de diversos segmentos de negócios e mercados, desde nomes como Sean Ellis, Aaron Ross, Caíto Maia, Sabrina Sato e Flávia Alessandra. Tenho muito orgulho de comandar este espaço que se tornou uma troca muito genuína sobre trajetórias, técnicas, aprendizados, e tantas outras coisas.

Outra transformação visível é o fortalecimento do ecossistema local. O Rio Innovation Week não só coloca o Rio de Janeiro no mapa global da inovação, mas também movimenta a economia local, gera empregos e impulsiona novos polos de tecnologia. O Brasil ainda concentra investimentos e hubs em poucas cidades, e descentralizar esse acesso significa democratizar oportunidades. Além disso, eventos assim mudam a mentalidade de mercado. Eles conectam empresas tradicionais com novas tecnologias, provocam a troca de conhecimento entre setores e ajudam a quebrar a resistência à inovação. Muitas corporações querem digitalizar seus processos, mas não sabem por onde começar — e é aqui que a proximidade com startups cria um ambiente de inovação mais fluido e aplicado.

No fim, o grande impacto está na criação de um ecossistema mais dinâmico, onde ideias não morrem na fase inicial, investimentos chegam a quem realmente pode gerar impacto e a inovação deixa de ser um conceito distante para se tornar estratégia de crescimento real. O Brasil tem talento, tem potencial e tem mercado — o que faltava era encurtar distâncias. E é exatamente isso que construímos no Rio Innovation Week.

Você está iniciando uma trajetória marcante como host do Times Brasil. Quais temas você pretende explorar no seu programa e qual impacto espera causar no público? O que posso adiantar é que o programa na Times Brasil, licenciado exclusivo da CNBC, não é mais do mesmo. Não quero apenas trazer notícias ou análises frias – quero proporcionar um espaço dinâmico, relevante e provocativo, onde informação se traduz em ação no que tange ao empreendedorismo feminino. Meu compromisso é informar, desafiar narrativas prontas, desconstruir mitos do mundo dos negócios e levar o público feminino a enxergar oportunidades onde antes só via barreiras.

Ao longo desses mais de 100 dias no Times Brasil, licenciado exclusivo CNBC, realizei análises sobre empresas que cresceram, e também mostrei como e por que elas chegaram lá. O que diferenciou aquele empreendedor que escalou seu negócio de tantos outros que ficaram pelo caminho? Como decisões estratégicas moldam mercados inteiros? O que realmente faz um investimento valer a pena? E, mais importante, como isso se conecta à realidade de cada um que está assistindo?

Para o futuro programa, não posso falar muito, mas já adianto que o meu objetivo é que toda mulher empreendedora que acompanhe se sinta parte da conversa, porque, no fim das contas, negócios não são só sobre empresas, são sobre impacto, mudanças e a forma como cada um de nós interage com a economia. Quero que o público de mulheres saia de cada episódio com uma nova perspectiva, não só sobre o mercado, mas sobre o próprio potencial de empreender, inovar e crescer.

Temas como tecnologia, inovação, inteligência artificial, estratégias de investimento, novos modelos de negócios, tendências globais e, claro, as histórias reais por trás dos números, serão sempre com um olhar afiado: o que realmente está mudando o jogo? Quem está desafiando o status quo e por quê? Quais movimentos do mercado são barulho e quais são a próxima grande virada?

Ainda não posso revelar tudo o que estamos preparando, mas posso garantir uma coisa: este programa não será óbvio. E, mais do que isso, será memorável.

Com uma forte presença nas redes sociais e como colunista da Forbes e do Estadão, como você equilibra a criação de conteúdo de valor com o papel de empresária e investidora? Equilibrar esses papéis nunca foi sobre dividir o tempo em partes iguais, foi sobre integrar tudo de forma estratégica. O que compartilho nas redes sociais e nas colunas da Forbes e do Estadão não é um conteúdo desconectado da minha atuação como investidora e empresária, mas uma extensão dela. Escrevo e falo sobre o que vivo, sobre os desafios reais do mercado, sobre as oportunidades que vejo antes de se tornarem tendência.

Criar conteúdo de valor não é sobre estar presente o tempo todo, mas sobre ter uma mensagem relevante quando se está. Meu tempo é direcionado para o que realmente importa: insights acionáveis, aprendizados que podem evitar anos de erros e reflexões que provoquem uma mudança de mentalidade. Não acredito em alimentar algoritmos com conteúdo superficial, acredito em usar cada canal como um meio de gerar impacto real. Ao longo dos anos, aprendi a transformar minha rotina como investidora e empresária em uma fonte contínua de conhecimento compartilhado. As negociações que conduzo, os desafios das startups que acompanho, as decisões estratégicas que tomo – tudo isso se torna combustível para gerar discussões que vão além do óbvio. Isso significa que minha presença digital não é um esforço separado, mas um reflexo direto da minha experiência no mercado.

E claro, para manter esse equilíbrio, aprendi a priorizar. Não tento estar em todos os lugares, tento estar onde posso gerar o maior impacto. Estruturo minha agenda de forma cirúrgica e conto com um time que entende minha visão e me ajuda a transformar o que faço no dia a dia em conteúdo relevante. No fim, o que me guia é a clareza de propósito: se o que eu compartilho não desafia, não ensina e não gera valor, então não vale meu tempo – e nem o de quem me acompanha.

Por isso, eu sempre busco alinhar o conteúdo que crio com minha trajetória profissional e minhas áreas de interesse. Quando compartilho insights sobre negócios ou inovação, é porque estou realmente imersa nesses temas, seja por meio de investimentos, seja acompanhando de perto os desafios das startups que sou sócia. Tenho uma equipe que me apoia, o que me permite manter o foco nas decisões estratégicas sem deixar de lado a criação de conteúdo, que também considero bem importante dentro das áreas que atuo. O segredo está em não enxergar essas atividades como tarefas isoladas, mas como partes complementares de uma mesma jornada. Ao compartilhar o que aprendo, reforço meu próprio conhecimento e, ao mesmo tempo, crio uma ponte de valor com a minha audiência.

Deixe um recado para os leitores da MENSCH… Vivemos em um momento de transformações aceleradas e cheias de oportunidades. Não tenham medo de explorar o novo, de aprender constantemente e de arriscar. Até porque o mercado não espera ninguém estar pronto. Se você quer crescer, inovar ou ocupar novos espaços, precisa agir antes da perfeição chegar – porque ela nunca chega.

Vivemos um momento em que informação não falta, mas o que realmente faz diferença é a capacidade de transformar conhecimento em decisão. Não adianta só consumir conteúdos sobre negócios, tecnologia ou inovação se isso não se traduz em movimento. Então, se eu puder deixar um recado para você que está lendo agora, é este: pare de buscar permissão e comece a construir sua própria oportunidade. O jogo dos negócios não é sobre quem tem mais recursos, mas sobre quem sabe utilizá-los melhor. Esteja onde as conversas certas acontecem, conecte-se com pessoas que desafiem seu pensamento e, acima de tudo, tenha clareza sobre o que você quer construir. O resto? Se resolve no caminho.

Assessoria: Estar Comunicação