Por Mariana Lôbo / Fotos Divulgação
Houve um tempo em que a vitivinicultura era um setor dominado amplamente pelos homens. Porém, por volta da década de 70, uma argentina começou a mudar a história da enologia não só do nosso país ‘hermano,’ tomado pelo esplendor da Cordilheira dos Andes, mas seu legado ecoou internacionalmente. Ou seja, a perspectiva de como o mercado enxerga hoje as mulheres na produção de vinhos tem muito a ver com a história de vida e obra de Suzana Balbo.
Curioso que, ainda jovem, Balbo almejava estudar física nuclear, mas os pais naquele momento consideraram uma escolha muito arrojada para uma moça. Assim também era a enologia, mas em se tratando de formações tradicionais era mais aceitável que a filha se interessasse por uvas, o manejo e as nuances da produção vitivinífera, do que por fórmulas mirabolantes de energia nuclear.
Sua primeira experiência profissional foi um divisor de águas. Tratava-se de uma bodega na província de Salta, nordeste do país, dedicada entre outras à variedade Torrontes, que dominava 75% da área do vinhedo. Vale destacar que a variedade era na época comumente usada apenas como aromatizante em assemblages, devido à pectina. E como sua fermentação era feita em lagares (grandes toneis) havia um excesso de oxigenação e os vinhos acabavam por serem pouco equilibrados e amargos.
Mas o que parecia impossível foi viabilizado na prática. Pelas mão de Balbo, a Torrontes ganhou vida própria e foi popularizada como vinho varietal. “Em 1981, apliquei enzimas canadenses em uvas similares a Torrontes que temos hoje. Foi uma revolução naquele momento que vivíamos. Consegui produzir um vinho que rompia com tudo o que se conhecia a respeito da Torrontes. Senti que poderia fazer algo bastante distinto e fora do tradicional neste âmbito. E assim foi”, admite a enóloga.
Desde então, Balbo segue experimentando. Sua assinatura vai além dos seus gostos e sensibilidade. Ganha força a cada safra da sua vinícola Dominio Del Plata, nos parreirais na cidade de Agrelo, região de Luján de Cuyo, Mendonza. Cada vindima traz novas possibilidades de enxergar as etapas do processo.
São famosos alguns dos experimentos utilizados na produção de vinhos como os ‘uevos’ – cubas feitas de cimento especial para a fermentação.
Sem esquecer das barricas semi-abertas, ‘la capilla’, que guardam as melhores safras de Pinot Noir. Este equipamento confere maior sabor frutado ao vinho e concentração de tanino no momento da fermentação. “Cada vinho significa algo em minha vida”, reconhece. “Todas as etapas de produção são essenciais, mas acho que o blend é a parte mais criativa da bodega. É onde me identifico”.
TORRONTES
A Torrontes é uma variedade fruto do cruzamento das uvas Moscatel de Alexandria e da uva rosada Crios de Chila (também conhecida como la missioneira) – ambas trazidas à Argentina pelas missões jusuítas.
Confira em detalhes os rótulos lançados no Brasil:
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Serviço:
Para todo o Brasil:
Cantu Importadora
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Em Pernambuco:
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