O movimento Banco Vermelho, manifesto de conscientização e combate ao feminicídio e à violência contra a mulher, chega ao Brasil. Com origem na Itália (2016), o projeto é um convite à sociedade para a necessidade de novos comportamentos diante da figura feminina, propondo a quebra de ciclos históricos da violação dos direitos das mulheres, enraizada em séculos de dominação masculina. O projeto iniciou suas atividades no país no sábado (25), no Recife-PE, em conexão com o Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher (25.11). A primeira intervenção urbana foi lançada com programação cultural gratuita, na Rua dos Amores, no Bairro do Recife.
O projeto chega ao Brasil por meio de duas mulheres pernambucanas: a publicitária e ativista Andrea Rodrigues, e a gestora em Marketing Paula Limongi.
“Fui sensibilizada com a instalação de um banco na cor vermelha na Espanha dias após ter sido testemunha no julgamento do feminicídio da milha melhor amiga, a pernambucana Patrícia Wanderley (2018). De lá para cá, estudei muito sobre o assunto, acompanhei diversos casos na imprensa, me mantive crítica e ativa junto aos movimentos… E entendi que esta causa é uma luta de todos, enquanto sociedade. Por isso, vamos rodar o Brasil com iniciativas de ocupação urbana e de ações de prevenção”, pontua Andrea Rodrigues.
A ativista complementa ainda que transformar o luto em luta foi o que as motivou a trazer o projeto para o Brasil. Além disso, ressalta que sua parceira neste movimento, Paula Limongi, chegou para complementar a força de enfrentamento da violência contra a mulher. “Paula também tem experiências marcantes na causa por meio da convivência com os filhos de Maristela Just, assassinada pelo marido em 1989. Além disso, foi imensamente impactada com a partida precoce da sua colega de escola, Renata Alves, que foi vitima de feminicídio em 2022”, complementa Andrea.
Nesta primeira fase, o movimento tem como propósito principal a conscientização da população do Recife para a causa por meio da instalação de bancos vermelhos em praças públicas e shoppings da cidade. Cada estrutura trará́ uma mensagem única de reflexão sobre o tema, impactando as pessoas e incentivando que sentem, pensem sobre o assunto e ajam com relação ao que vivenciam na coletividade.
A cada hora, 26 mulheres são vítimas de violência no Brasil. Em 2022 foram registrados 1.437 casos de feminicídio no país. Os dados alarmantes, trazidos pelo Anuário do Fórum Brasileiro da Segurança Pública, reforçam a necessidade contínua de ações integradas entre entidades civis, públicas e sociedade no enfrentamento a essa chaga social. “Não podemos ficar sentadas no banco esperando que os homens parem de nos matar. É hora de levantar e agir! E a mudança de cultura de comportamento e a realização de ações efetivas de prevenção são os caminhos para evitarmos que mulheres percam suas vidas, que se tornem números em estatísticas’’, destaca Paula Limongi.
Os bancos serão fixados em diversos pontos da capital pernambucana. Os locais que receberão os pontos ainda este mês serão: Praça Tiradentes, Rua da Moeda, Rua da Aurora, Morro da Conceição, comunidade Entra a Pulso, UR1, Parque 13 de Maio, Praça Chora Menino, Praça Jardim São Paulo, Sítio Trindade, Praça Oswaldo Cruz e Parque do Caiara. Cada banco terá um QR Code que levará ao Instagram do movimento, o @bancovermelho, contendo informações sobre o projeto, canais de ajuda para vítimas e meios de denúncia, além de listar os apoiadores dessa causa.
A intervenção urbana será lançada neste sábado (25) a partir das 15h, na Rua dos Amores (Bairro do Recife). Abertura contará com a inauguração de um banco gigante no Marco Zero do Recife; feira de empreendedorismo feminino, com a participação de 30 expositoras; cortejo conduzido por uma orquestra de frevo formada exclusivamente por mulheres; e show de encerramento com participação das cantoras Nena Queiroga e Joanah Flor. O evento acontecerá em uma iniciativa em correalização da Prefeitura do Recife, Secretaria da Mulher do Recife e contará com o apoio do do Recentro e da Emlurb.
O Banco Vermelho conta com apoio da Suvinil, Vale do Ave, Rec Cultural, Onzex, Ousa, Ettica International Trade, Shopping Recife, Plaza Shopping e Ampla Comunicação. BANCO VERMELHO – As iniciativas no Brasil contam com a chancela do Stati Generali Delle Donne, uma coordenação permanente de enfrentamento contra a violência contra a mulher, que iniciou o projeto em 2016, na Itália. O projeto expandiu globalmente e conta com instalações em diversos países, como Espanha, Áustria, Austrália e Argentina.