Com uma herança artística que não tem como não ser lembrada, Vitor Thiré segue sua trilha e constrói sua carreira com trabalhos diversos e marcantes. Bisneto de Tônia Carrero, neto de Cecil Thiré, filho de Luiza Thiré, Vitor mostra que vai muito além do sobrenome e conquista seu espaço. Atualmente em dois trabalhos na TV aberta, o Lucas na novela “Vai Na Fé” e o André na série “Aruanas”, Vitor mostra um pouco desse talento ao longo dos 15 anos de carreira.
Vitor Thiré está festejando 15 anos de carreira artística mesmo só tendo 29. Já dá pra se sentir um veterano? Acredito que mesmo com mais da metade da vida atuando, sempre me sentirei um aprendiz. Mesmo com alguma experiência na bagagem, me encanta muito saber que temos um mundo ainda pra aprender e descobrir. É o que move.
Impossível não falar com você a respeito de sua família…bisneto de Tônia Carrero, neto de Cecil Thiré, filho de Luiza Thiré e Luis Nicolau etc . Qual a desvantagem e a vantagem de fazer parte de um clã desses? Sinceramente, só vejo vantagens: na hora da cena mesmo, do “vamos ver” levo toda a família comigo. Sinto que não estou sozinho, mesmo quando estou sozinho. É uma conexão mágica com meus ancestrais, nem sei explicar. Fazer parte dessa família linda é só amor e aprendizado, pois escuto muito nos encontros de famílias as histórias e experiências de glória e períodos tensos de “entre safras” inerentes à nossa profissão. É uma delícia poder trocar com as pessoas que mais amo e admiro sobre o que mais amamos fazer.
A cobrança vem mais da sua parte ou da família quando se trata de fazer sucesso na carreira? Sem dúvida nenhuma a maior cobrança é minha comigo mesmo. Gosto de assistir meus trabalhos como uma forma de estudo também, para ir sempre aprimorando. A família só cobra que estudemos, sejamos respeitosos e felizes. O sucesso é consequência.
Você está perto de fazer 30 anos de idade. Isso tem mexido com você de certa forma? Não consigo pensar em outra coisa ultimamente. Não sabia nem que Saturno tinha ido, mas dá pra sentir o retorno. É um turbilhão de coisas, a famosa “chave” que temos que virar, mudança de hábitos antigos, mais preocupações, mas ao mesmo tempo é só um número, né? Respiremos fundo que tá tudo bem! Alegria!
Você está em Vai na fé na pele de Lucas, um ator. Conte mais sobre esse trabalho recente. “Vai Na Fé” foi um presente maravilhoso que a incrível Rosane Svartman (autora) me deu. Fizemos juntos em 2009 o longa dela chamado “Desenrola”, e agora veio esse convite para dar vida ao Lucas Martins. Estou muito feliz! Muito mesmo! Particularmente por três razões: estou fazendo novamente uma obra da Rosane, esse poço de gentileza e sabedoria; estou contracenando com uma das maiores atrizes do mundo e um dos seres humanos mais generosos que já conheci: Renata Sorrah; e também porque o Lucas é um dos personagens da minha carreira que mais se aproxima do meu universo, por ser ator, estar sempre na correria, se virar nas 11 nessa carreira para sobreviver, por gostar de estar tanto na frente quanto atrás das câmeras, etc. Estou amando!
Um ator dando vida a um ator. Como se preparou para esse trabalho. A novela é cheia de metalinguagens. Dar vida a um ator está sendo delicioso, pois creio ser o primeiro personagem ator que interpreto. Busco achar um outro registro que não o meu, para diferenciar o Lucas do Vitor.
Também estamos tendo a possibilidade de te ver na segunda temporada de Aruanas, que acabou de estrear na Globo. Como é fazer parte de uma produção que aborda um tema relevante da atualidade que é a preocupação com o meio ambiente? Me sinto muito honrado e grato por fazer parte do time de Aruanas. Aliás, que timásso! É muito triste saber que existem esses crimes ambientais reais no nosso País e Planeta. Mas é muito lindo e gratificante saber que podemos colocar uma enorme lente de aumento nessas questões e denunciar para o mundo inteiro o que de fato está acontecendo. Mesmo se tratando de uma ficção, os temas abordados na série são muito reais e afligem nosso futuro enquanto sociedade, o que torna muito importante e fundamental o papel que a série desempenha. Sensação (e certeza) de estarmos fazendo a nossa parte para acabar com a crise climática que tanto nos assombra.
Na vida, Vitor Thré também é um ativista ambiental? Antes da série eu já me importava com determinadas questões ambientais, principalmente a do lixo: algo que sempre me deixou com uma pulguinha atrás da orelha. Mas depois de ‘Aruanas’, sem dúvidas, me considero um ativista ambiental, pois a série nos ensinou a todos a colocar em prática a mudança que retratamos na tela.
Você está dando aula de teatro para jovens no Rio. Como tem sido essa experiência? Estou amando dar aulas de teatro de novo! Já tive uma turma de adultos, mas o foco do ‘Teatrê’, por enquanto, é a galera de 12 a 16 anos. Eu e minha amiga e atriz Bia Ribeiro somos monitores da Kihu, a colônia de férias que meu tio Carlinhos abriu no sítio da nossa família. Então, tendo uma certa experiência com o público dessa faixa etária, eu e Bia tivemos a ideia de abrir o curso ‘Teatrê’, pois vemos no mercado que há bastante demanda para o público infantil, para o adulto, mas existe uma grande lacuna quando se trata dos adolescentes. O Teatrê veio justamente com a ideia de preencher essa lacuna e estimular xs jovens a continuarem valorizando a arte, o teatro, a cultura.
O que tem passado para a turma que gostaria de ter ouvido quando começou? Por mais que os tempos sejam outros, acredito que passamos para a turma aquilo que aprendemos enquanto alunos e que adquirimos ao longo da trajetória. Para que esses ensinamentos, super úteis na prática do cotidiano, sejam eternizados. Tudo isso ao nosso jeito, hoje, enquanto professores. O jeito mudou, mas manter a essência é fundamental também.
Na vida, como Vitor Thiré se relaciona com a moda? O que não pode faltar no seu armário? Ao mesmo tempo que tenho buscado entender para onde a moda está indo hoje, faço questão de primar pelo conforto. Me considero uma pessoa adaptável à ocasião. Não tenho a roupa mais chique, mas não gosto de sair “de qualquer jeito”. Com a cabeça de hoje sinto que o mais legal é realmente sermos nós mesmos e estarmos confortáveis, seja qual for o evento. E agora que estou gostando e assumindo cada vez mais meu cabelo grande, estou pensando em doar alguns bonés.
Se não fosse artista, qual seria seu plano B? Peço mil desculpas, mas não sei responder a esta pergunta. (risos)
Vitor Thiré já fez teatro, cinema, streaming, novela, ganhou prêmios….o que sonha em realizar nos próximos 15 anos? Espero consolidar cada vez mais minha carreira, me firmar ainda mais no mercado e não parar nunca de trabalhar. Desejo continuar num ritmo bacana de trabalhos que estava tendo até o começo da pandemia. Nesses próximos 15 anos espero estrear meu monólogo, viajar o Brasil e o mundo com minha peça, começar uma carreira internacional e ter mais saúde pra poder realizar isso tudo!
Num mundo onde atualmente se debate tanto sobre machismo, feminismo, racismo etc…Como você se coloca no seu dia a dia diante desses assuntos? Tenho refletido cada vez mais sobre esses assuntos que pautam as principais questões atuais e que são fundamentais de serem debatidas, já que visamos viver em uma sociedade mais justa, igualitária e feliz. Sendo um homem branco, cis, hétero, tenho tido cada vez mais noção do lugar que ocupo e dos privilégios que me cercam. Entendi que tenho que partir desse lugar de fala para mostrar o quanto estamos errados e reconstruir essa ideia. Prefiro dizer que estou/estamos não só em desconstrução, mas em processo de reconstrução.
Depois de tanta novidade, o que mais tem em vista para os próximos meses? Estou muito feliz com essa retomada do ritmo de trabalhos! Em julho reestreamos o espetáculo “O Alienista” no Teatro João Caetano, no centro do Rio; devo também estrear mais duas peças ainda este ano; estou aguardando a estreia nos cinemas do longa que fiz chamado “Cedo Demais” e estou na terceira temporada da série ‘As Five’, do Globoplay, que será lançada no começo de 2024. E que venha mais! Evoé!
Fotos Lorena Zschaber @zschaber
Assessoria de imprensa @natashasteinassessoria