ESTRELA: DANIELLE OLÍMPIA – DESTAQUE EM HORÁRIO NOBRE

Mesmo com apenas dois trabalhos no audiovisual, a paulistana Danielle Olímpia, de 25 anos, já mostrou que tem talento para personagens mais densos. Foi assim na sua estreia com a personagem Cacau, na série Sintonia (Netflix), e mais recentemente com Karina na novela Travessia (Globo). O drama enfrentado por Karina terminou sendo um dos grandes destaques na trama o que levou Danielle a ser a grande revelação da novela. Trazendo à toma o assédio e o estupro digital, Danielle conquistou público e crítica (e levou nossa capa!). A MENSCH bateu um papo com essa jovem atriz que promete muito mais.

Danielle, que baita estreia essa em pleno horário nobre e com uma personagem que deu muito o que falar. Como surgiu o convite e como foi sua preparação pra viver a Karina de Travessia? Eu iria trabalhar com o Mauro Mendonça Filho em um outro projeto na Globoplay, mas que com a pandemia foi cancelado. Quando foi no dia do meu aniversário recebi o teste para Travessia, sabendo que ele que estaria dirigindo a novela. Na mesma semana fiz o teste para a Karina, e na semana seguinte recebi a feliz notícia de que havia sido aprovada. Gosto de falar que foi meu presente de aniversário. 

Fez algum laboratório? A preparação começou primeiro pela pesquisa de campo e sotaque. Nunca tinha ido para o Rio de Janeiro, então quando cheguei para gravar a novela eu fui conhecer Vila Isabel, as praias, os pontos turísticos e conversar com as cariocas, e principalmente com as jovens cariocas para entender como que é o lifestyle de quem foi criado lá. Depois, comecei a me preencher de informações vendo documentários, lendo matérias, falando com responsáveis da área de psicologia e da tecnologia para que eu pudesse compreender melhor como que esses predadores sociais agem nos dias de hoje. Após todo esse processo foi a parte mais difícil, ouvir relatos de mulheres que passaram por situações semelhantes a da Karina.

Você esperava por esse sucesso todo da sua personagem? Como foi e tem sido o retorno do público? Eu sempre acreditei que a história da Karina era muito importante de ser contada, que traria muita informação, conscientização e que faria um papel social muito importante. Visando esse propósito, estava torcendo para que o máximo de pessoas assistisse. Mesmo assim, me surpreendi com o retorno do público, que foi muito positivo, muito gentil, acolhedor, torcendo tanto para a Karina como para a Danielle.

Alguma cena ou momento foi mais marcante ou difícil? Em algum momento se sentiu incomodada com o assédio da personagem? Se viu no lugar dela? Todas as cenas da Karina foram desafiadoras, mas a cena em que ela está na rua à noite sozinha, na chuva, confesso que essa foi um desafio a mais. Como não gravamos a novela na ordem. Essa foi a última cena que gravei da Karina sofrendo, então esse dia senti como se estivesse me despedindo dela. Então, de alguma forma, dei um peso maior para essa cena.

Como mulher, como atriz, como ser humano me senti incomodada com o assédio que a personagem estava sofrendo todo o tempo. Pois sei que não é só a história da Karina, é de várias mulheres que passam ou passaram por isso, então sei que estava representando todas elas. No entanto, sabendo que para contar essa história eu, Danielle, precisaria estar bem, peguei todos esses sentimentos negativos, esse incômodo e utilizei para dar veracidade aos sentimentos da personagem. E fiz um trato comigo, após a catraca dos estúdios nada daquilo voltaria comigo.

Em algum momento já passou por algum tipo de assédio? Já tinha ouvido falar em estupro virtual antes? Nunca passei por nada semelhante ao que a Karina passou na novela, nunca tirei fotos, ninguém nunca me chantageou. Eu já ouvi comentários indecentes que me constrangeram, mas não só eu, infelizmente acontece com a grande maioria das mulheres. Quando um homem faz um comentário impróprio sobre o nosso corpo em um tom de piadinha, não é piada, é assédio. Eu tinha conhecimento sobre sextorsão, que é a ameaça de se divulgar imagens íntimas para forçar alguém a fazer algo – ou por vingança, ou humilhação ou para extorsão financeira. No entanto, o estupro virtual foi novidade. Comecei a ter mais informações sobre esse assunto fazendo pesquisas para a personagem.

Antes de Karina você chamou atenção com sua personagem Cacau na série Sintonia, que também enfrenta alguns dramas. Como foi essa personagem para você? Essa personagem eu levo no coração, foi meu primeiro projeto grande no audiovisual, que me abriu várias portas. Me fez amadurecer muito como atriz, conhecer pessoas incríveis, então sou muito grata a série Sintonia e a todos os fãs. A quarta temporada está para sair e a nossa Cacau está nela. Estou ansiosa para que todos possam assistir. Acho que é uma das minhas temporadas favoritas, está realmente muito emocionante.

Com uma carreira ainda em ascensão, duas personagens bem marcantes e dramáticas. Se sente mais desafiada nesse tipo de personagens? Como atriz, eu gosto de contar boas histórias, que emocionem, que gerem alguma reflexão para o público, que os toquem de alguma forma. Eu amo quando a personagem tem uma transição no arco histórico, uma quebra, mudança de emoções. Fazer uma personagem assim traz desafios, me tira da minha zona de conforto e é tudo que eu gosto e procuro na minha profissão. Assim, consigo mostrar mais ainda meu trabalho e meu potencial como atriz. 

Você logo cedo despertou pra artes cênicas, aos 11 já estava nos palcos. Mas pensou em cursar Direito e Veterinária. Como surgiu tudo isso na sua cabeça e quando percebeu que artes era o caminho? Após me formar em Artes cênicas, não estava surgindo muitos trabalhos, o que me deixou muito insegura com a profissão, pois precisava ajudar minha família a pagar as contas e desde sempre sonhei em ter minha independência financeira. Então no meio dessas inseguranças, pensei em novas possibilidades, um plano B. Como sempre me importei com as questões ambientais, e com os animais, pensei que se fosse para eu escolher uma outra profissão precisaria ser algo que ajudasse essa causa. Então se me formasse em Direito, me especializaria em Direito Ambiental. E se fosse veterinária, trabalharia na reabilitação de animais silvestres. Eu sempre soube que Artes era o caminho, porque era o que tocava no meu coração e me fazia muito feliz desde criança. No entanto, só consegui trilhar esse caminho quando surgiu a primeira oportunidade de trabalhar na série Sintonia. O que me abriu as portas, me proporcionando mais estabilidade na profissão.

Falando em artes, a dança é algo muito forte na sua vida. O que a dança representa pra você? Dança representa tudo pra mim. É como eu me expresso, como eu lido com os meus sentimentos, faz parte do meu processo criativo quando estou montando um personagem. Eu danço praticamente todos os dias. Nunca havia comentado antes, mas cada personagem que eu faço tem uma playlist própria e uma coreografia.

Falando em estilo de vida, você tem uma pegada mais sustentável e vegetariana. É isso? Qual a importância disso para você? A terra é a nossa casa, a casa de vários animais, ecossistemas e temos uma biodiversidade linda. Acredito que não é importante só pra mim. É importante para o nosso planeta e de como o ser humano pode se integrar com o meio ambiente da melhor forma possível. Acredito que pequenas ações no dia a dia fazem a diferença, como por exemplo, separar o lixo. Não existe jogar fora, mesmo quando a gente joga algo no lixo, esse lixo ainda está no nosso planeta terra. É importante ter uma visão do todo, de como nossas ações e escolhas de produtos de consumo afetam o meio ambiente. Que acabam nos afetando também. Eu quero cuidar da minha casa, do nosso planeta, quero viver aqui sem prejudicar nenhum animal, nenhum ecossistema. Tudo isso é importante pra mim.

E essa paixão pela capoeira, de onde vem? Do coração. Talvez de vidas passadas, de algum contato com os meus antepassados, eu realmente não sei. Só sei que desde criança sonhava comigo jogando capoeira, sem ter ninguém da minha família que jogasse, ou que tivesse me apresentado essa arte. Quando estou em uma roda de capoeira é mágico. Sem contar que eu amaria fazer um filme de ação, então sabendo artes marciais já é um passo a mais.

Falando nisso o que procura para relaxar? Onde é mais fácil te encontrar nas horas de lazer? Eu gosto de ficar no meio da natureza, em uma cachoeira, na praia ou até mesmo na serra, na presença da minha família e bons amigos ou até mesmo sozinha. Gosto bastante de ficar sozinha, de me ouvir, de me acolher, respeitar o meu tempo, me reconectar comigo mesma.

Quais os planos daqui pra frente? No momento vou descansar, matar a saudade da minha família. E nesse período vou estudar até surgir um novo projeto.

Foto Atuacena Produtora @atuacena

Fotógrafo Caio Camillo @caiomcamillo

Styling Thiago Gandra @thiagoganndra

Beleza Jean Cavalcante @jeancavalcante__

Produção Amanda Thomaz

Assistência Rodrigo Rould @rodrigorould e Diego Manhori @diegomanhori

Assessoria @explaneassessoria