Por incrível que pareça Diego Montez já tem 25 anos de carreira, e olhe que ele só tem 33 anos de idade. Mas isso mesmo, muita gente não deve lembrar mas logo criança Diego já estava no batente e hoje em dia o cara tira de letra o que aparecer. Um bom exemplo disso é que ele neste início de ano começou com o personagem William, na novela “Vai na Fé”, e terminada a participação já encarou seu novo personagem. Dessa vez no teatro musical “Mamma Mia!” que estreia na próxima quinta-feira (02) no Rio de Janeiro (VillageMall), e em breve irá viver o pai dele, Wagner Montes, na segunda temporada da série “O Rei da TV”. E entre um trabalho e outro, Diego conversou com a MENSCH.
Diego, como você analisa esses seus 25 anos de carreira? Acho que foi uma linda construção. Todo trabalho que eu fiz na vida me abriu alguma porta ou iluminou um caminho a seguir para o seguinte e eu agradeço muito a Deus por ter me dado não só o meu talento, mas a percepção de que “tudo acontece por um motivo” muito cedo. É um quarto de século priorizando minha carreira e é preciso muita resiliência e vocação pra se manter firme.
Com 33 anos e 25 de carreira consolidados, você começou a trabalhar ainda muito novo e, por isso, possivelmente deixou de ter uma vida de criança/adolescente normal. Do que sente falta desse período? Sendo muito honesto? Acho que perdi mais coisas na vida adulta do que nos anos iniciais. Consegui fazer escola e faculdade junto com meus trabalhos na base do café e Mototaxi, (risos). Agora, mais recentemente, o trabalho tem comido meu tempo com família e lazer. Tem anos que não fazia uma viagem, consegui essa folguinha agora no final de 2022.
Você voltou à TV na novela “Vai na fé” com William, seu personagem de “Bom Sucesso”, que foi escrito pela mesma autora Rosane Swartman. Como foi voltar a dar vida a ele? Sabe quando as pessoas falam “não dá pra explicar”? Então…é muito doido. Você tá lá, com o cabelo da sua personagem, roupas, o texto como você sempre falou, só que tudo a sua volta tá diferente. Diretores, atores…eu fui muito bem recebido pela direção e pelos meus novos colegas e isso facilitou o processo, agora, William foi fruto daquele elenco de “Bom Sucesso”, ver ele imerso em outra trama é uma experiência nova e desafiadora que amei. Estou ansioso pra ver na telinha!
Aliás, na época de “Bom Sucesso”, como foi fazer esse trabalho e a repercussão? Foi um divisor de águas definitivamente. Gosto sempre de dizer como William é fruto do combo: autores e direção + meus colegas (Sheron, Ingrid, Rafa, Babba) + eu e a galera do Twitter. Foi uma construção a muitas mãos e multimídia. Não à toa ele está voltando para uma outra novela, graças esse amor todo depositado nele.
Você é um artista muito reconhecido dos palcos. Acredita que fazer TV seja relevante para a solidez de uma carreira num país como o Brasil em que as telenovelas são relevantes? Seria hipocrisia falar que não. Porém, no meio onde mais opero no teatro, o musical, muitas vezes quem escolhe elenco é gringo, uma equipe criativa de fora que não tem ideia de quem você é, logo, ou você entrega o que eles querem ou você não pega o trabalho. E quando não é o caso, os diretores que trabalharam comigo confiam em mim pelos meus trabalhos anteriores no palco, então acho que ajuda sim, principalmente quando falamos de chamariz para público, mas no quesito talento eu gosto de acreditar que indefere. Acredito muito na compatibilidade e qualidade do artista na obra do que qualquer outra coisa.
Em breve, você também retoma aos palcos com o musical Mamma Mia, com direção da dupla Charles Moeller e Claudio Botelho. O que pode falar sobre esse projeto que já teve montagens pelo mundo e como tem se preparado para ele? Eu não poderia estar começando o ano melhor. Estou em casa: Charles Moeller, o diretor, é meu mestre, meu guia e maior espelho que tenho na minha carreira como ator, a equipe criativa: Marcelo Castro e Mariana Barros são amigos queridos que sempre admirei. A co-produção é da Aventura que foi a primeira empresa que me deu uma oportunidade na vida e meu par romântico, Maria Brasil, é uma das minhas melhores amigas. Parece que tudo foi orquestrado pra esse momento, então agora é o momento de muito estudo pra se jogar nesse espetáculo que é diversão pura.
Cada vez mais vemos grandes produções musicais sendo feitas no Brasil. Como você percebe esse movimento e a receptividade do público brasileiro que ainda é pouco acostumado a ir o teatro? Eu tô surpreso com o “boom” que tivemos nesse último ano. Muitas produções e muitas produções enchendo e enchendo também meu coração de felicidade. O próximo passo agora é criar o hábito do público consumir o musical nacional e independente pra alimentar cada vez mais a nossa própria cultura e artistas.
Em tempos em que muitos artistas ainda estão se recuperando e voltando a trabalhar, você não parou de atuar a pandemia quase toda. Como foi passar por esse período? O momento que tive pra olhar pra dentro no período de confinamento foi aterrorizante e ao mesmo tempo muito fértil. Não tem como ter sido muito diferente: o medo constante do incerto, a ansiedade de prender um sagitariano em casa… agora: serviu pra me revirar e me impulsionar a tirar projetos do papel.
Chegou a criar algum projeto nesse período de confinamento? O meu maior orgulho: o Projeto “Cena 1”. Um projeto social que viabiliza a nível nacional o estudo de teatro musical para 16 adolescentes por ano. Todo começo de ano, eu e minha sócia Gabi Camisotti, viajamos o país em busca de 16 talentos para ficarem imersos em uma carga horária de segunda a sábado das 9h as 14h estudando canto, dança, interpretação, sapateado, história do teatro, canto coral, teoria musical entre outras matérias o ano todo inteiramente de graça. As audições para a turma de 2023 já estão abertas e damos início às aulas em abril.
Você está no streaming com a série “No Mundo de Luna”, da HBOmax, e na Netflix com a novela “Cúmplices de um resgate”. Como você percebe essa abertura que o streaming está trazendo para quem trabalha com arte? Possibilidades. Acho que também tem sido um espaço para novos rostos e acho que só temos a ganhar com a pluralidade de bagagens e perfis.
“Cúmplices”, inclusive, foi uma novela que te trouxe grande repercussão de público, especialmente o infantil. Como tem sido sua relação com o público que te acompanha desde então? A sensação que tenho é que “Cúmplices” nunca deixou de passar, (risos). Antes eu conseguia identificar se uma criança falasse comigo, ela tinha visto essa novela…só que agora essas crianças cresceram e outras estão vendo a novela. E que ótimo! Tenho pessoas de 25/30/40 anos que vem falar do Tomas e as crianças também.
Você vai estar em vários filmes em 2023. Conte mais sobre esses projetos? Eu virei o ano pedindo isso no réveillon: fazer cinema. E o universo me presenteou com a oportunidade de teste para três longas que terminei tendo a honra de participar. “A Herança” é um terror da Sony Pictures, filmaço do gênio João Zacharias com produção da Tati Leite. A história é tão sombria que ainda estou criando coragem pra ver o que eu fiz. O segundo é “Perdida” da Disney. Uma adaptação de um romance que sempre fui fã da Carina Rissi! Fiquei muito feliz quando passei no teste e de contracenar com Gigi Grigio finalmente, sempre flertamos pra isso acontecer e foi ótimo! E por último, o “Sequestro do Vôo 375” de Marcus Baldini que conta essa história verídica doida de um piloto que pra desestabilizar um sequestrador, faz uma manobra inédita com o avião virando um boing comercial 360º no próprio eixo e aterrizando em segurança. De tirar o fôlego!
Estar na TV, no streaming, nos palcos e no cinema, tudo ao mesmo tempo e com projetos grandiosos. Como você avalia essa sua ótima fase? Exaustiva. Mas com a certeza maior que nunca que fiz certo em não ter continuado Direito no Mackenzie.
Você se assumiu gay há pouco tempo. Em pleno ano de 2023, poder falar abertamente sobre suas escolhas e sexualidade mexeu de alguma forma com a sua carreira? Ah, não! Eu sou assumido desde que me entendi gay. Só que depois da Globo acho que tem uma galera que pergunta mais, né? E desde então, tenho trabalhado mais e em todo tipo de papel.
E você sente algum peso de ser filho de nomes que fizeram parte da história da TV Brasileira? Só orgulho mesmo. O peso eu sinto de não conseguir pagar meu aluguel. E claro, eles sempre me incentivaram muito, acho que isso dá aquele gás.
E quais seus sonhos profissionais para os próximos 25 anos? Vou ser bem pé no chão aqui: dublar, escrever um livro e estudar cinema. Se conseguir realizar esses três, estou feito.
Foto @felipequintini
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