CAPA: Emilio Dantas – O homem por trás do artista

A música e a arte de atuar é o combustível desse carioca de 33 anos que recentemente chamou a atenção do público e da crítica pela sua bela atuação na novela “Além do Tempo”. Emilio Dantas foi odiado por conta do seu personagem Pedro na novela global, e isso foi ótimo! Sinal que ele fez a diferença e passou o recado. Assim como no musical Cazuza, seu grande momento no teatro que durou dois anos e muito sucesso de público. A arte pulsa em suas veias e inquieto Emilio está sempre atrás de um novo desafio que preencha sua alma de artista e faça a diferença perante o público em geral. E seguindo sua trilha, em breve veremos ele no cinema, com um novo personagem, um novo desafio.

Emilio, para começar… Adoramos te odiar em “Além do Tempo”! (risos) Como foi chegar a esse ponto (que é ótimo sinal) de você passar tanta realidade que o público começa a ter ódio do personagem? Foi um trabalho construído de pouquinho em pouquinho, degrau por degrau. A gente não tinha muita ideia do que seria esta segunda fase até três dias antes de começar a gravar! Essa repercussão, esse ódio que o público criou é sinal de que o trabalho foi pelo melhor caminho possível. Mas tomara que ele não perdure, (risos).

 

Essa foi sua estreia na Globo você já chegou como antagonista e atraiu todas as atenções. Esperava por isso ou foi pego de surpresa? Pelo sucesso que foi a emissora não deve mais te largar…(Risos) Eu cheguei antagonista, na verdade. Os protagonistas eram o Rafael Cardoso e a Alinne Moraes. Eu não esperava por isso, como na verdade eu nunca espero. Acho que o sucesso é consequência de um trabalho bem feito, sem desviar suas atenções para qualquer tipo de egotrip. Mas foi uma surpresa muito grata.

2015 parece ter sido um ano bem especial para você, além da estreia na Globo você também ganhou o Prêmio Bibi Ferreira de Melhor Ator por Cazuza. O que isso significou para você? O Prêmio Bibi Ferreira significou pra mim uma realização, mesmo. Não desmerecendo os outros prêmios que o espetáculo “Cazuza” conquistou, mas esse, por ser um prêmio voltado para o teatro musical, é um reconhecimento que eu almejava muito. Pra mim, então, receber esse prêmio é como um encerramento de um ciclo, mesmo, da melhor maneira possível. Ele agora está na minha prateleira sorrindo pra mim todas as manhãs, (risos).

 

Soube que Oswaldo Montenegro de certa forma teve uma influência para você se tornar ator. Como foi isso? O Oswaldo foi quem me fez atuar pela primeira vez. Eu fui fazer um teste como cantor, mas acabou que ele me pediu pra ler um personagem e eu entrei nessa de atuar, um caminho artístico que começou a me dar um retorno financeiro melhor do que a música na época e pelo qual eu me apaixonei. E até hoje não sei decidir do que gosto mais, se é da música ou da atuação, (risos). Mas o Oswaldo foi fundamental.

Aos 15 anos seu sonho era ter uma banda e você passou 10 anos da sua vida envido com música e teve sua banda (Mulher do Padre / Patuvê). Como a música entrou em sua vida? De onde vem essa paixão e como se tornou hobby? Minha casa sempre teve muita música, por conta da minha mãe que acorda e já liga o rádio. Então eu sempre acordava com MPB tocando, com uma Rita Lee, Luís Melodia, Milton Nascimento, enfim, com muitas canções. E ela sempre cantou, sempre gostou de cantar. Até hoje ela vai cozinhar, liga o rádio e fica ali cantarolando… Então acho que vem muito disso, da parte da família da minha mãe, porque minha avó tocava piano, tinha disco gravado, com ela cantando. E minha tia também é musicista e escritora. A música sempre esteve comigo. De hobby virou um passo pro caminho da arte.

 

Entre a vida na música e a vida nos palcos e TV teve o elo de ligação que foi o musical Cazuza, onde você podia cantar e atuar. Como foi essa experiência? Isso foi um divisor de águas na sua carreira? Cazuza foi um divisor na minha carreira porque foi a realização de um dos meus objetivos como ator, que era fazer um papel biográfico. Sempre quis fazer um vilão e um papel biográfico, e calhou de fazer os dois quase simultaneamente. A experiência de ter a música e a atuação é a melhor possível. Ali eu juntei as minhas duas paixões maiores, né?! A gente ficou dois anos em cartaz, foram 365 apresentações, rodamos o país duas vezes. E poder ver a resposta tanto do público que curte teatro, tanto da plateia que é mais da vibe de shows. Fez toda diferença experimentar esses lugares. Inclusive com as apresentações que fizemos em praça pública. Em São Paulo, por exemplo, fizemos para uma plateia de 40 mil pessoas!! É uma plateia que você não vai ver no teatro, e muitas vezes nem num show. Foi algo completamente inédito.

Foi difícil para você deixar a música como hobby? Você é de encerrar ciclos para iniciar outros, assim como foi a música e a carreira de ator? Eu não deixei a música. Ela hoje também não é mais um hobby, mas… O ator aprende a metade de muitas coisas. E quanto mais habilidades (ou hobbies, como queira chamar) você tiver, isso vai engrandecer o seu trabalho. A música é mais uma das minhas paixões e mais um dos caminhos que eu posso seguir. Eu não estou largando, estou somando as coisas. Graças a Deus, até hoje todos os trabalhos que apareceram sempre envolveram, de certa forma, a música. Então não teve esse encerramento de ciclo, e eu acho que nunca vai ter.

 

Você se sente mais criativo e vivo dentro da música ou atuando? O que te move mais na vida? O que me move é a arte. O que me move é o branco que existe pra preencher, seja com música, atuação, desenho, dança, ritmo… Eu acho que a arte é esse lugar invisível onde você tem esses hectares para poder criar o que quiser. Isso é que é fascinante.

Hoje em dia o que você curte ouvir? E assistir? O que eu curto ouvir são os meus amigos, esses sons novos que aparecem que são completamente fora do eixo do que tá rolando. Gosto muito de ouvir O Terno, Léo Pinheiro, Renato Luciano, Dani Black… Uma galera das antigas, também, como Maurício Pereira e Tom Zé, que eu tenho escutado muito. Hoje o esporte de muita gente, inclusive meu, é fazer lista no Netflix, (risos). Eu tenho buscado assistir todas as capas de lançamento do Netflix, tenho feito listas enormes! Mas assistir, assistir, mesmo… muito pouca coisa, (risos).

O que te encanta numa mulher? Gostar de música pode ser um elemento instigante nelas mais que um belo decote? Gostar de música é sempre bom e um belo decote também, (risos)… Uma coisa não inviabiliza a outra, então se vierem juntos são muito bem vindos, (risos). Inclusive até mais qualidades que isso, mas esse já é um bom começo, (risos).

Onde e como você é mais vaidoso (corpo / carreira)? Taí uma pergunta que eu também me faço… Não sei.

Música, atuar, literatura… dá para viver de arte no Brasil? Hoje no Brasil tudo está muito difícil, independente do que se faça. Talvez numa outra ocasião, com outro cenário, eu consiga responder isso com mais certeza.

O que te motiva e o que te tira do sério hoje em dia? Estar com amigos, família, curtir ver as pessoas felizes, trabalhar com equipes que mantenham a paz no ambiente… Isso tudo me motiva, assim como ver as pessoas serem tocadas pelo trabalho que eu realizo. E o que me tira do sério é qualquer tipo de injustiça e abuso.

O que podemos esperar de Emílio Dantas pela frente? O filme “Em nome da lei”, do Sérgio Rezende, que está para sair em Abril. Tem “Os Saltimbancos”, filme que começo a gravar agora em fevereiro. E talvez um projeto musical, também.