CAPA: HUGO BONÈMER VIVE PIQUET NA SÉRIE “SENNA” E É A APOSTA DO CINEMA ESTE ANO

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Sem dúvida Hugo Bonèmer é um dos atores mais versáteis da sua geração. Ele que surgiu no teatro, assim como muitos bons atores, depois migrou para a TV onde o grande público pôde conhecê-lo de fato, e depois voltou aos palcos onde participou de diversos musicais. Mais recentemente ele chamou atenção por sua atuação na série Senna, onde interpreta Nelson Piquet. Isso depois de interpretar Senna no musical “Ayrton Senna” nos palcos. “Foi um desafio enorme e uma honra. Os dois são figuras gigantes na história do automobilismo, mas com personalidades e trajetórias bem diferentes”, comentou Hugo ao longo desta entrevista exclusiva para a MENSCH. E ele não para por aí, para este ano ele tem quatro filmes prestes a estrear nos cinemas, um deles, “Velhos Bandidos”, atua ao lado de Fernanda Montenegro e Ary Fontoura. Para quem costuma emendar um projeto no outro, em um momento de relax, Hugo posou para essas fotos da matéria em Nova York, e o resultado não poderia ter sido melhor.

Hugo, nossa primeira capa foi em 2013 e de lá pra cá muita coisa aconteceu, inclusive seu destaque nos palcos e cinema. Como avalia sua trajetória até aqui? Tudo indo como o esperado ou foi sendo surpreendido ao longo do caminho? É curioso olhar pra trás e perceber o quanto o caminho é feito mais de surpresas do que de planos concretos. Eu sempre tive metas, claro, mas o percurso foi cheio de oportunidades e desafios que não estavam no radar. Acho que isso que torna a trajetória tão rica, sabe? É uma mistura de preparo e improviso, como a própria arte.

Por sinal você é um ator que surgiu para o grande público e migrou para o teatro e cinema (em sua maioria). São dois ambientes que te deixam mais confortável ou apenas foram as oportunidades que surgiram? Eu vejo como fases. O teatro foi onde comecei a carreira, e a TV foi quando pude me comunicar com o grande público, mas o teatro e o cinema me trouxeram a possibilidade de explorar outras camadas artísticas. Não é exatamente uma questão de conforto, mas de onde me senti mais desafiado no momento. Acho que foi natural esse movimento.

No teatro você se consolidou nos grandes musicais. Como é isso de atuar e cantar em cena? É como fazer duas coisas que eu amo ao mesmo tempo. Musicais exigem muito tecnicamente, mas a recompensa é maior ainda. Cantar ajuda a expressar o que as palavras não conseguem sozinhas, e o teatro traz essa troca imediata com o público. É um privilégio poder unir essas linguagens.

Que espetáculos tem orgulho de ter participado? Todos têm um espaço especial na minha trajetória, mas “Querido Evan Hansen” foi um divisor de águas, tanto pelo impacto emocional da história quanto pela entrega que o papel exigiu. Foi um papel coadjuvante que me rendeu um primeiro prêmio como ator na minha carreira. “Ayrton Senna” também foi marcante, por representar alguém tão icônico para o Brasil e foi o que me levou a estar agora na série Senna da Netflix.

Falando nisso, agora na série da Netflix você interpreta Nelson Piquet. Como foi isso para você? Foi um desafio enorme e uma honra. Os dois são figuras gigantes na história do automobilismo, mas com personalidades e trajetórias bem diferentes. Entender essas diferenças e trazê-las pra cena foi um processo intenso, é gratificante poder representar dois lados dessa rivalidade e é uma oportunidade rara pra um ator, ainda mais uma que é tão simbólica e movimentou tanto o Brasil.

Por sinal a série da Netflix, Senna, é um dos grandes sucessos atuais no streaming. Como foi participar desse projeto? Como era sua relação com Gabriel Leone, que interpreta Senna? Foi uma experiência incrível. O Gabriel é um ator e colega generoso e extremamente dedicado, o que tornou o trabalho muito fluido. É nossa quarta colaboração com saldo positivo. A série teve uma equipe impecável e foi emocionante ver tudo tomando forma. Estar nesse projeto foi um sonho, especialmente pelo alcance que ele tem.

Indo para o cinema… 2025 parece ser seu ano, por ter quatro produções na agulha. O que destacaria nesses filmes e quais as previsões de estreia? Cada um dos filmes tem sua própria identidade, mas “Velhos Bandidos” tem um humor ácido que me empolgou muito, enquanto que “Silvio Santos Vem Aí” tem um lado emocional e nostálgico que vai tocar muita gente. Quanto às estreias, algumas devem acontecer no segundo semestre, mas o calendário ainda está sendo ajustado.

Em Velhos Bandidos, um dos filmes para este ano, você atua ao lado de veteranos como Fernanda Montenegro e Ary Fontoura. Como foi a experiência? Eu faria qualquer coisa nesse filme, eu só queria esse presente de passar um dia olhando essas lendas vivas de perto. E foi uma aula. É difícil explicar tanta coisa num parágrafo, mas importante dizer que eu serviria cafezinho nesse filme e eu estou bem rapidinho mesmo, foi o suficiente pra admirar a bagagem e uma presença de cena que são inspiradoras. Além disso, são pessoas generosas, que dividem o set de uma maneira muito acolhedora. Foi um privilégio estar ali.

E como foi participar de Silvio Santos vem aí? O que podemos esperar da sua atuação como Carlinhos? Carlinhos está tentando superar um término e encontra na Marília (Manu Gavassi) a idealização do relacionamento perfeito: Os dois não param de trabalhar e fazem isso juntos. Mas é também com os foras que a gente aprende a se recolocar nos trilhos, né? O filme tem momentos de humor doce e drama, e acredito que o público vai se conectar com a história do Silvio (do Leandro Hassum) e também dos nossos personagens fictícios.

Ou seja Hugo, mesmo distante de novelas (que termina sendo uma grande vitrine) você tem emendado um projeto no outro. Como você avalia isso? Como percebe essa movimentação no audiovisual? Acho que essa variedade de projetos é reflexo tanto de um audiovisual brasileiro que está cada vez mais forte e diversificado como também da minha flexibilidade de formatos e gêneros. É bom ver que o mercado está explorando diferentes formatos e narrativas e pra mim é gratificante poder transitar entre tantas histórias.

O que te atrai num projeto ou num personagem? O que te desafia como ator? O que mais me atrai hoje é o desenvolvimento dele na história, mais que o tempo. A possibilidade de contar histórias que impactem as pessoas de alguma forma com personagens que tenham um desenvolvimento claro é o que mais me encanta. E como ator, o desafio é sempre encontrar a verdade de personagem muito diferente de mim, e fazê-lo vivo, autêntico, com suas contradições e peculiaridades.

Com tanto trabalho assim, o que procura quando quer relaxar e recarregar as baterias? Tenho duas skins pra isso, ou me isolo viajando sozinho pra algum lugar e não posto nada no instagram. Ou vou ver minha vó no interior de SP. Se não puder fazer nenhuma das duas, pode ser uma caminhada, um mergulho no mar ou até mesmo cuidar das plantas em casa. Encontro meu equilíbrio me conectando comigo e com minha espiritualidade.

Como lida com a vaidade, ator e como homem? Eu vejo a vaidade como algo que pode ser saudável, desde que esteja sob controle, mas eu falo de uma perspectiva de alguém que não escolheu, mas nasceu dentro de um padrão estético que já existia. No trabalho, a vaidade pode ser uma ferramenta, mas é preciso cuidado pra não cair em superficialidades e na vida pessoal, é sobre me sentir bem comigo mesmo.

Para conquistar Hugo basta… Ser alguém autêntico e gentil. Essas qualidades me ganham sempre.

Fotos @rodolfosanchesfoto