O jornalista e comunicador Bruno, (bem) mais conhecido como Hugo Gloss, é o melhor exemplo do que as redes sociais podem produzir hoje em dia e mostra o quanto tudo isso pode, acima de tudo, lucrativo. Para quem não o conhece, ele, além de formado em Jornalismo, é formado em Letras. Estudou muito até chegar onde chegou. E trata tudo de forma hiper profissional. Não é mais um rostinho digital como os que surgem a cada instante para falar o que vem à cabeça e ganhar mimos das empresas para postar foto no instagram. Bruno, vai além de seu “personagem”, Hugo, e ao longo do tempo tem construído seu caminho por escolhas bem pensadas e sabendo bem onde quer chegar. Cheio de estilo e com um humor peculiar ele já apresentou o Oscar e se deslumbra com Fernando de Noronha toda vez que pisa na ilha. Mais do que de tudo, Hugo quer se divertir e passar isso para o seu público, seja nas redes sociais, seja na vida off-line.
Qual sua formação e como tudo começou? Sou de Brasília. Fiz Letras – Tradução na UnB e também fiz Jornalismo, em uma universidade particular. Sempre gostei de internet, desde os tempos em que ainda era discada… Era assíduo de todas as redes sociais: fotolog, orkut, mIRC, ICQ… Quando surgiu o Twitter foi bem natural eu ir lá,… mas como era uma rede mais pública, preferi escrever com pseudônimo… Jamais imaginei que ia ter a repercussão que teve!
E quando foi que essa vida de digital influencer começou? Não gosto desse título de digital influencer, porque acho que meu trabalho é um pouco diferente. Eu sou jornalista, tenho um portal de entretenimento com mais de um milhão de acessos diários, com uma equipe de 5 pessoas. Fazemos diversas coberturas de eventos pelo mundo, entrevistas. Eu levo informação, mais do que qualquer coisa. Então não acho que eu seja influenciador, mas sim um veículo de comunicação.
Quando foi que você percebeu que era um fenômeno da internet? E o que passou pela sua cabeça nesse momento? Fenômeno, para mim, é o Ronaldinho. (risos). Eu, assim como tantas pessoas, sou fruto do meu trabalho e dedicação. Em 2010, o Luciano Huck me convidou para fazer parte da equipe do Caldeirão, e lá fiquei até 2016. Acho que o momento do convite foi o momento em que a minha ficha caiu de que a minha vida iria mudar. E de fato mudou. Foi quando eu tive a oportunidade de buscar o meu sonho. As pessoas têm uma tendência de achar que o público que está na internet “não trabalha”. Eu já acho que algumas pessoas trabalham até mais, já que não existe horário, etc.
Por que você só resolveu “deixar o personagem de lado” e aparecer como BRUNO depois de tanto tempo? Quando eu comecei no Twitter, ninguém tinha que aparecer. Não era como hoje com Instagram, snapchat, stories, em que a imagem é tão importante. Foi um processo natural,… mas eu não deixei o personagem de lado não. A maioria das pessoas me conhecem como Hugo, o que aconteceu foi que eu as deixei me conhecerem melhor, além do personagem… Mas diferencio bem as coisas, sei quando é hora do Bruno e quando é do Hugo!
Você sentiu muita mudança quando “colocou a cara pro jogo”, digamos em relação ao assédio dos fãs, trabalhos…? Com certeza… Quando você aparece, a coisa muda. As pessoas passam a te reconhecer na rua, as marcas querem que você use o produto. As oportunidades aumentam. E a responsabilidade também… Já não dá mais pra fazer tudo que fazia antes… Mas não estou reclamando! Eu adoro!
Sabemos que você é um profissional que atua em diversas áreas. Entendedor, comentarista, crítico de novelas, cinemas, cobre diversos ‘redcarpets’ e já entrevistou celebridades do mundo inteiro. Qual o tipo de trabalho que mais te satisfaz profissionalmente? Eu gosto de me comunicar… Quando você faz jornalismo, geralmente você se imagina apresentando o Jornal Nacional… Já eu, desde criança, falava que queria apresentar o Vídeo Show. Eu acho que de uma certa forma eu criei meu próprio Vídeo Show, dentro da internet. Eu AMO o meu trabalho, mesmo com toda inquietude dele. As notícias não têm hora pra sair, então temos que estar ligados o tempo todo. O engraçado é que isso, para mim, é muito normal. Me dá muito prazer poder contar as notícias, conversar com os artistas e ser porta-voz do público junto a eles. Quando eu penso em tudo que estou fazendo e tudo que eu sonhava fazer, eu vejo que fui mais longe do que eu imaginava, e isso me dá muito orgulho!
Você foi considerado “Gênio do humor” em uma declaração dada por Walcyr Carrasco. Como foi pra você receber o elogio de um dos maiores autores das novelas brasileiras? Eu achei o máximo! Eu sou muito fã do Walcyr, e fiquei emocionado com a declaração dele pra VEJA. Na época, eu estava viciado em “Verdades Secretas” e fazia um resumo diário na internet contando a minha versão dos episódios. Virou um sucesso, e as pessoas ficavam ansiosas pelo meu resumo. O Walcyr amou, e a equipe da novela também, porque ajudou a viralizar na internet… Os nomes que criei pros personagens ficaram muito fortes. Até hoje o Rodrigo Lombardi é chamado de RajGrey. Eu achei muito legal o reconhecimento do Walcyr. Ele é muito inteligente e sabe o poder da internet hoje em dia. Não enxerga como competição, por isso as novelas dele costumam ser sucesso online e offline.
Qual foi sua melhor viagem? Fernando de Noronha é sempre um paraíso. Eu sou apaixonado por aquela ilha. A primeira vez que pisei lá eu comecei a chorar, sabe Deus porquê. Desde então prometi voltar uma vez por ano. Já vou pro meu terceiro réveillon por lá e não pretendo mudar!
Você mora no Rio, longe da sua família que mora em Brasília. Como você consegue lidar com a distância e saudade no meio de tantos compromissos e viagens? Minha mãe diz que eu moro no mundo e que minha casa é um depósito para as minhas coisas. De fato, nos últimos anos eu tenho viajado bastante a trabalho. Mas eu confesso que eu gosto e acho que a minha família entende que eu sou feliz assim. Quando fico 2, 3 dias em casa, já me dá uma agonia de ficar sem fazer nada!! Mas eu sempre encontro um tempo para ir visitar a família, nem que seja só por um dia. Acho que nós podemos ter raízes e asas e colo de mãe é sempre uma proposta irrecusável! Mas hoje em dia, temos a tecnologia a nosso favor… Minha afilhada não tem nem 2 anos e já me chama no Facetime!!!
Como você enxerga essa enxurrada de blogueiros e digital influencer hoje em dia? A seu ver, o que realmente fica e o que cai fora com o tempo? Eu acho que é um reflexo dos tempos. Acho que todo mundo quer reconhecimento… A internet democratizou tudo, o que é ótimo. Realmente temos muita gente hoje se autodenominando influenciador, o que não significa que todos sejam bons ou tenham algo de relevante a dizer. Ter like no instagram é fácil, difícil é ter conteúdo para manter isso por muito tempo e expandir para além das redes. Acho natural esse deslumbre das pessoas, mas é preciso lembrar que “influenciador” não é uma profissão de longo prazo, é um momento. É preciso sempre pensar no que virá depois.
Muitas empresas contratam blogueiros e DI para promover seus produtos ou serviços. Como não cair numa cilada e fazer um investimento errado? Eu penso muito nisso. A internet virou um meio de marketing mais barato e com retorno mais mensurável que a TV, por exemplo. Ao invés de ir na Globo, muitas marcas preferem ir em tantos influenciadores para atingir um público mais especifico e mais responsivo. O que acontece é que as pessoas e as próprias marcas perdem o filtro. Todo mundo acha que pode fazer propaganda de qualquer coisa e de qualquer jeito. Existem milhares de nichos na internet e acho que temos porta-vozes qualificados para quase tudo. É preciso analisar bem e acho importante que haja uma identificação honesta da marca com o porta-voz. Não adianta se pautar apenas por números. Ai que está o grande equívoco.
O que seria fundamental para ser realmente um DI? Que características agregam? Na minha opinião, a autenticidade é a chave do sucesso. Eu sou sagitariano e uma pessoa muito sincera. As pessoas conseguem ver claramente quando eu gosto ou não de algo… E eu falo muito abertamente sobre isso. Eu identifico muito isso em quase todas as pessoas bem sucedidas na internet… A maioria começou despretensiosamente, falando sobre algo que gosta, sem muito filtro, etc. Acho que é meio por ai, encontrar o assunto que você gosta, que entende, e achar a melhor forma de passar isso pro público. Muita gente acha que é só “ai fulano faz isso, vou fazer igual”, e acaba virando uma coisa mecânica, falsa… O mais legal é descobrir quem você é e colocar isso pra fora.
Pra finalizar nossa entrevista, defina o HUGO GLOSS em duas palavras… Show de carisma (risos). São 3, eu sei!)!