CAPA: OS INCRÍVEIS 30 ANOS DE CARREIRA DE WAGNER SANTISTEBAN

Por Marcia Dornelles

Por incrível que pareça, o ator Wagner Santisteban, de 36 anos, completou 30 anos de carreira. Isso mesmo, aos 5 anos de idade eleja participava de um comercial do shampoo da Mônica e essa familiaridade com as câmeras se estendeu até hoje. Seu trabalho mais recente na televisão foi o jornalista Pedro Paredes na novela “O Tempo Não Para” (2018). Ao longo desses anos de carreira já atuou em grandes campanhas publicitárias, cinema e teatro, como por exemplo, Éramos seis (1994), Sandy & Junior (1998), Tutti-Frutti: O Musical (2000), Malhação (2005), Sete Pecados (2007), A Grande Família – O Filme (2007 e 2010) e Orlamundo (2019), que está concorrendo a prêmios internacionais e ganhou o prêmio Melhor Documentário no Los Angeles Independent Film Festival Awards (LAIFAA), dentre vários outros. E pelo jeito, Wagner não para e já segue com vários projetos em vista.

Wagner, você começou ainda criança na carreira artística como foi sua estreia na TV? A minha estreia na TV foi com 5 anos de idade, quando eu fiz o comercial do shampoo da Mônica que fez muito sucesso e daí em diante eu fiz várias outras propagandas. Na verdade, eu tive uma estreia no comercial da cueca Zorba um pouco antes desse comercial do shampoo, eles quase que foram simultâneos, só que esse da Mônica foi o que fez mais sucesso e fez com que eu fizesse vários outros trabalhos. No dia do teste minha irmã e o meu primo que iam fazer o teste, mas chegando na hora eu comecei a chorar porque queria fazer também e a moça da produção deixou, e acabou que eu passei no teste e gravei esse comercial do shampoo da Mônica em que eu apareço dançando peladinho, (risos).

Sua família é ligada à música e arte, como foi este incentivo à sua carreira? A minha família é ligada à música por causa do meu bisavô, Juan Satisteban. Ele teve sete filhos e cada um deles tinha uma ligação com a arte. O meu avô era violinista e seus irmãos tocavam violão, piano, castanhola, dançavam e pintavam. Para o meu bisavô que era um ator e poeta, a arte era como um hobby que todos tinham que exercer porque ela é boa para qualquer um. Ele veio da Espanha para Argélia e de lá para o Brasil, e aqui ele fundou um teatro em Sorocaba com o Dionísio Azevedo, e acabou criando uma comunidade de atores e artistas em São Paulo. Então a gente gostar de arte é algo de raiz, minha prima canta, meu pai toca bateria, meu tio toca piano… Todo mundo realmente tem uma ligação muito forte com a arte.

Você trabalhou com grandes nomes no teatro, na TV, quais são suas maiores referências nas artes? Eu trabalhei com várias pessoas como Cleyde Aconis, Irene Ravache, Elton Bastos, Denise Fraga, Antônio Abujamra, Walter Avancini e com muita gente mesmo. São muitos nomes, (risos). Essas pessoas me ensinaram como me comportar e a ver que a arte e o glamour dela é você estar em exercício – ao contrário do que todo mundo hoje em dia pensa que é – que é você colocar o pé no chão, se colocando sempre como disponível e novo, como se fosse sempre o seu primeiro trabalho e isso me faz pensar como se eu sempre estivesse começando. Por mais que eu tenha muito tempo de carreira eu considero que cada vez é uma coisa nova, porque o que eu tenho é experiência, mas o resto sempre é uma novidade e sempre vai ser diferente. Sempre vai ser um novo Wagner, num novo momento fazendo um novo personagem com pensamentos diferentes. Eu posso ter vivido mil coisas, mas eu nunca me defini e não gosto de rótulos, as pessoas subestimam muito o público e o ator ao achar que eles têm que ser rotulados a um tipo físico ou a um tipo especifico, e eu aprendi isso com essas pessoas que foram fundamentais para a minha criação.

Para você quais foram seus papéis mais marcantes? Os papeis que eu acho que foram mais importantes assim, e marcantes para minha carreira foram em “Éramos Seis”, que eu fiz quando tinha entre nove e dez anos, que eu interpretei o Alfredo, um personagem que me chamou muita atenção porque ele era rebelde e totalmente diferente do que eu era. Depois quando eu entrei na Globo fui fazer o Basílio em “Sandy e Junior”, que também foi muito diferente. Eu engordei, coloquei aparelho falso, virei praticamente uma pessoa bem diferente do que eu era. Eu tinha 15 anos e estava fazendo o meu primeiro trabalho na Globo e a minha primeira comédia. Também teve o Download que eu interpretei para a “Malhação”, que fez muito sucesso. Eu também tinha que fazer um nerd, mas completamente diferente do que era o Basílio, porque ele era super descolado ao mesmo tempo. Aí teve o Lineu de “A Grande Família”, o Ancelmo de “Caras e Bocas” que me permitiu atuar com uma menina que era deficiente visual de verdade, e isso foi uma grande experiência e muito desafiadora. Eu sempre espero que o próximo trabalho que eu faça seja o mais marcante, porque eu sempre estou disponível para participar de uma experiência que eu nunca vivi.

Você ganhou prêmio no cinema com o filme “A Grande Família”, como foi essa experiência? Eu não cheguei a ganhar nenhum prêmio com o filme, fui para alguns festivais, mas não ganhei nenhum prêmio. Para mim, participar do filme foi um grande prêmio. Achei uma honra fazer o Marco Nanini com um personagem tão marcante e tão expressivo da teledramaturgia brasileira. Quando eu soube que ia ter o filme, eu fui até lá e fiz vários testes, me disponibilizei mesmo para poder trabalhar com ele, e foi algo muito gratificante.

Seu personagem mais recente na TV foi o Pedro Paredes em “O Tempo Não Para”. Ele transitava entre o humor e maldade, como foi trabalhar com um personagem que sofria essas mudanças comportamentais? O Pedro Parede variava muito e eu acho isso muito interessante, porque eu acredito que nenhum personagem é definido do tipo “ah esse cara é do mal” ou “ele é do bem”, porque as pessoas não são assim na vida. As pessoas são mil facetas, elas também têm mil arquétipos dentro delas. Então para mim quando um personagem é assim ele se torna mais rico, quanto mais a gente pode variar mais o público se envolve e se surpreende, então eu acho interessante esse tipo de abordagem.

Como você lida com os fãs redes sociais? Eu lido muito bem com fã de rede social. Antigamente eles mandavam muitas cartas e eu sempre lia e respondia, até criei algumas amizades por causa dessas trocas e vínculos, e hoje eu tenho amigos mesmo que antes eram meus fãs. Acho ótimo poder ter um contato maior e ser mais próximo deles, a rede social só nos aproximou ainda mais. Existe os haters, mas também existe os lovers que são essas pessoas que dão muito respaldo de tudo que a gente tem feito e do nosso trabalho, que hoje é super imediato. Além de nos aproximar a gente se tornou um canal em que muitas pessoas têm muito acesso e muitas formas de influenciar de forma positiva. O único problema que eu vejo nas redes sociais é que às vezes ela é muito superficial e diferente da vida real.

O que te conquista? O que me conquista é desafio! É a verdade, simplicidade, pureza, criatividade, inspiração, é isso. As coisas materiais são muito passageiras, então o que me conquista realmente é o talento e superação, pessoas que são singulares e não querem passar a perna em ninguém.

Quais são seus Sonhos de consumo? Talvez ter uma casa bem no estilo casona, sabe?! Onde eu vá construir uma família. Eu não tenho muito essas coisas de “quero ter um barco” ou algo assim, eu quero poder viajar muito. Eu amo viajar, acho que é a coisa que eu mais gosto. Poder ter uma vida boa e poder proporcionar uma vida boa para as pessoas que eu amo, esse realmente é o meu sonho de consumo.

Quais são seus projetos futuros? Eu estou escrevendo um longa-metragem, participando de uma série que chama The Journey que é em inglês e português. Também estou com alguns projetos para fazer trabalho fora do Brasil e aberto para novos desafios que me motivem a mostrar a minha experiência, mostrar que eu posso surpreender e sempre estou disposto.

O que você gosta de fazer nas horas livres? Nas minhas horas livres eu gosto de cuidar de mim, de correr, de nadar, fazer exercícios, ir à academia e me alimentar bem. Amo cinema e plantar árvores pelos lugares que eu passo, já plantei mais de 500 árvores espalhadas pelo Brasil. E gosto de ficar com a minha família, ter os momentos mais simples e cotidianos da vida.

E por fim, deixe uma mensagem para os leitores da MENSCH. Minha mensagem para os leitores da revista é para gente sempre pensar positivo e sempre ser a pessoa que mais se destaque, nunca pensar no pequeno. Que vocês tenham coragem de ser quem são e vivam com felicidade e sem medo. Que a gente pense no planeta e comece a agir, botar em prática essas ações para que o mundo mude e fique melhor. Aproveito para agradecer todo mundo que curte e apoia o meu trabalho, um beijo em todo mundo!