CAPA: OTAVIANO COSTA DENTRO E FORA DA TELINHA

Que Otaviano Costa é um cara hiperativo, todo mundo já percebeu. Seja com seus personagens divertidos em novelas, seja em programas de TV onde ele está sempre ousando um pouco mais. Ao longo de sua trajetória, Otaviano foi descobrindo suas várias camadas como artista – fosse como ator ou apresentador. Ele sempre surpreende. Quem não lembra dele na bancada do Video Show ou se sujeitando às diversas ousadias no programa Amor e Sexo?! Otaviano segue sua evolução como um adolescente que está descobrindo seu potencial. Seja como artista ou empreendedor, Otaviano é um ser em evolução constante. E nós adoramos isso! Prova disso está aqui nessa entrevista empolgada para a MENSCH. 

Otaviano, observando todas as suas atuações no audiovisual, podemos dizer que, no fundo, você é um comunicador? Resuma bem o que de fato você é? Eu sou um artista! Esse é o resumo da ópera da minha vida! Acima de tudo, eu sou um artista independentemente das múltiplas facetas que eu tenha abaixo disso, inclusive como empreendedor, eu me considero um artista. E seria injusto eu destacar uma faceta maior porque eu amo tudo que eu faço. Eu amo cantar, amo interpretar, amo me comunicar, tá num palco como apresentador e, assim por diante. E a faceta do empreendedor também tem um big valor em minha vida. Esses últimos anos especialmente onde tantos negócios foram gerados né?! Então, acima de tudo, eu me considero um artista.

Foram diversos personagens em novelas e programas para a TV. Em especial o Pitolomeu, na Escolinha do Professor Raimundo, e o Élcio / Eliane. Se divertia muito interpretando essas personagens? Algum outro lhe marcou? Além desses dois que vocês destacaram muito bem, eu traria também o Adenor, que era o baiano de Caras e Bocas, novela de Walcyr Carrasco, num núcleo divertidíssimo que pegou a galera de cheio, que tinha Sophie Charlotte, Fábio Lago, Suzana Pires e também Gabrielzinho Kaufmann. E eu também não posso esquecer do Bruno Molinaro, um personagem da novela Amor e Intrigas, na Record. Foi meu primeiro vilão da minha vida e que foi muito potente, muito transformador pra mim junto com a autora Gisele Joras e a direção do Edson Spinello. Foi um personagem que marcou minha vida também.

Qual o barato de ser ator? Barato de ser ator é viver o inimaginável, é viver o improvável. É dar vida a seres escritos que, de repente, estão lhe atingindo em cheio, transforma sua vida e seu coração. E que barato você viver sentimentos e emoções que, talvez, você nunca tenha podido experimentar, ou vivido ainda. Eu sou muito apaixonado pelo processo de transformação em personagem, o processo de composição. De você trazer pro seu ser aquilo que pertence ao outro. E você daqui a pouco ser o outro. Esse é o barato. É o fantástico mundo do ator e que se torna, muitas vezes, uma realidade forte, transformadora, potente que conecta as pessoas e que faz elas se emocionarem, pensarem a respeito, se identificarem – irem além. Ser ator pra mim, é ir além.

E o que é mais duro na profissão? Pra mim, ao meu ver, o maior desafio como ator, como artista que sou, é não deixar que seja tomado pela rotina. Ser ator pra mim é ir para um trabalho todo santo dia para fazer o que eu amo. E eu não posso deixar que a rotina diminua a potência disso. Então, eu acho que essa é a minha função, não deixar que eu caia na rotina fazendo a coisa que eu mais amo na minha vida. E claro que existem uns dias mais ou menos difíceis, mais ou menos cansativos, estressantes. Assim como em qualquer profissão. Mas manter o equilíbrio é fundamental.

De ator para apresentador foi quase um caminho natural. E depois de algumas experiências na MTV e Band, veio o Vídeo Show onde você passou 5 anos. O programa e você como apresentador deixaram saudades. Resumidamente, como foram esses anos de Vídeo Show? O que curtia mais? Foram cinco anos incríveis no comando desse programa histórico. Olha só que honra a minha – apresentar o Video Show, um programa deste porte de importância da TV brasileira. Foram cinco anos inesquecíveis. E eu curtia tudo dele, tudo. A começar pelo conteúdo que a gente mostrava, os bastidores das novelas, dos programas, mostrava os atores de uma maneira diferente. Quebrando a parede como a gente diz, entrando nos corredores da TV, até de suas próprias casas. E nesses cinco anos, destaco, em especial, claro aquele momento entre eu e a Monica Iozi fizemos um fuzuê ali nas tardes da Globo. E era divertido, era espontâneo, era muito fora da caixinha, e isso gerou uma conexão muito especial com nossa audiência. E falando em audiência, sempre me emocionava muito em saber como o Video Show e a nossa presença ali todo santo dia à tarde, no Plim Plim, gerava uma espécie de companhia para todas essas pessoas espalhadas por esse Brasil afora. Isso é inesquecível. Video Show é inesquecível.

Você sempre foi um cara que parece precisar de liberdade para mostrar seu potencial, seu carisma. É isso mesmo? O que lhe instiga mais nessas horas? Sim, eu acho que eu sempre fui esse cara que trabalha de maneira ainda mais potente sob uma tutela de liberdade artística. Claro, inserido dentro de um formato, de um contexto, mas podendo ir além. Podendo fazer o fora da caixinha, digamos assim. Pra gerar o inusitado , pra poder conectar o público de maneira espontânea. Isso é historicamente comprovado. Comigo já funcionou diversas vezes. Vide Video Show, Amor e Sexo, e tantos outros projetos em que já estive como apresentador, como artista, etc e tal. Em que os momentos que a gente fugia do roteiro ou que a gente criava espontaneamente ou gerava algo novo, conectava a audiência. E eu tenho certeza que isso jamais deixará de estar presente comigo e sempre claro, em parceria, colaboração com os diretores, autores, criadores de cada projeto desses, para que a gente faça disso algo que faça sentido. Não adianta enlouquecer lá no meio se não fizer sentido ao formato. Acho que tem uma lógica artística que tem que ser obedecida, mas onde essa liberdade artística possa ficar ainda mais potente.

E foi essa liberdade que você encontrou no Amor & Sexo, ainda mais ao lado de Alexandre Nero. Ali você liberou geral e não teve pudores. Como foi isso? O Amor e Sexo foi esse local onde nossa liberdade artística foi potencializada. A favor de uma conversa, tinha um propósito. Isso que eu acho legal. Não era uma liberdade sem propósito. A gente podia ser quem a gente era, mas para potencializar o todo que cercava aquele conteúdo, mas com um propósito de gerar uma conversa através do entretenimento. Essa inteligência criativa que gerou o Amor e Sexo deu pra todos nós, em especial pra mim, a chance de puder ir além. Sem pudores, sem medos, sem melindres. Podendo fazer um escarcéu ali dentro daquele palco, e que conectava audiência, gerava risada, gerava pensamentos, emoções, desconcerto. E isso era muito bom. E eu sinto que a televisão não está utilizando muito isso, sabe? Eu acho que a TV está ficando num local em que esse espontâneo está ficando um pouco de lado. Eu fico um pouco preocupado, pois o entretenimento é uma válvula de escape do absurdo. Ele precisa valorizar isso o tempo todo. O Amor e Sexo era um absurdo com uma lógica criativa e artística, muito legal também.

Algum arrependimento de se expor demais? Existe algum limite? Nenhum! Absolutamente nenhum arrependimento artisticamente falando. Sou um artista muito feliz com tudo que já construi em minha vida. Eu sempre acreditei muito nas parcerias com autores, diretores, criadores que estavam ao meu lado e quando me propunham algo que estava fora da caixinha. O Amor e Sexo é um bom exemplo disso. Toda vez que eu era provocado a fazer algo fora da caixa, digamos assim, naquele palco ao lado da Fernanda Lima eu perguntava assim “pra onde a gente está indo?…” Por exemplo, quando eu fiquei sem roupa na primeira temporada que eu participei, era um programa sobre nudismo, os tabus sobre as questões do corpo. Fazia sentido aquela minha brincadeira pra levar a conversa. É por isso que levo pra tudo da minha vida… putz eu sou um artista despudorado, livre e sem medo. E continuarei assim essa chama inquieta, bagunceira, jamais vai sair de mim, absolutamente.

Hoje, aos 50 anos, você ainda mantém o Otaviano moleque de sempre? A idade lhe afeta em algo? Não, eu não tenho 50 anos!! Mas sim, me olhando no espelho eu vejo meus cabelos brancos, olhando meu RG eu sei que nasci em 73, mas na verdade é que eu não me sinto com 50 anos (risos). E não é uma “síndrome de Peter Pan”, é uma convicção plena da energia que ainda transborda em mim, pra todos os lados. Uma disposição física e mental para realizar tantos sonhos ainda, pra ter tantos feitos artísticos, pessoais, empresariais e, assim por diante. E eu acho que o mundo colaborou muito nesses últimos anos, pois houve uma enxurrada de boas informações baseadas em ciências e estudos que evoluíram. Muitas percepções sobre nós mesmos. A questão da saúde mental, saúde física, inserção das atividades físicas no nosso dia-a-dia, alimentação… a importância dela. Claro, podendo comer e beber o que quiser do lado bom da vida. Pra aproveitar essa bendita vida. Mas que legal a gente está atualizado, antenado e usando a nosso favor toda essa qualidade de informação que chegou pra gente, nesses últimos anos. Então sim, tenho 50, mas não me sinto com 50.

E do outro lado você tem uma base familiar muito sólida ao lado de Flávia e as meninas. Como é a relação de vocês e como elas lhe completam? Eu tirei a sorte grande! Sou casado com uma mulher muito potente, inteligente, bem humorada, talentosa, linda, muito linda. E nosso relacionamento, acredito eu, tem pilares muito sólidos como a admiração, o respeito e a hiper confiança de temos um ao outro. E claro, tudo regado a muuuuito bom humor. A leveza é muito notável em nosso cotidiano. E isso se estende às nossas meninas. E a gente tenta, ao máximo, conduzir as coisas com sabedoria, pois o nosso casamento, diferentemente de vários outros, tem várias frentes em que a gente é casado também. Nos negócios, especialmente, temos vários negócios, somos sócios em vários negócios. Então, a gente tem que administrar com muita sabedoria tudo isso que nos envolve para que nossa relação fique blindada e também na nossa mesa do jantar e almoço, para que o foco principal não seja só a gente, seja as meninas, né?! Suas histórias, seus desafios também. Que a gente tenha ouvidos, coração, e mente para poder percebê-las todos os dias em nossa mesa. E os problemas de nossa vida pessoal e profissional se tornem menores do que elas.

Você e Flávia já falaram muitas vezes do grande encontro de vocês durante um cruzeiro marítimo. E nunca mais se desgrudaram. Como é manter a relação por tanto tempo num meio fértil de possibilidades e tentações? Eu não tenho uma fórmula exata e mágica senão, eu colocaria numa garrafinha e venderia. Ficaria bilionário só vendendo isso – a tal “fórmula do amor”. Eu acho que nós dois temos, como eu disse acima, a leveza, o bom humor que nos ajuda a conduzir, mesmo em momentos desafiadores do relacionamento ou das outras coisas pessoais e profissionais, nos ajuda a blindar ou a resolver mais rapidamente essas questões que por acaso gere uma DR entre nós. Eu acho que tudo que a gente tenta hoje é gerar uma faísca boa todo santo dia, que faz o outro desejar o outro. Que faz o outro querer beber um vinho com o outro que faz o outro querer fazer negócio novos com o outro. Então, a gente tenta todo santo dia fazer uma pequena mágica do nosso relacionamento para que a gente não perca isso que tanto nos conectou há 17 anos atrás.

E como é manter-se fiel ao seu propósito artístico num mercado que ao mesmo tempo se mostra diverso com as possibilidades de streaming e Internet, e ao mesmo tempo incerto sem longos contratos? Meu propósito artístico é ser feliz. Ou seja, eu sou fiel à busca da minha felicidade. Todo projeto que eu sou convidado para fazer uma coisa ou outra, como apresentador, ator, ou assim por diante… Eu me pergunto sempre, “eu vou ser feliz fazendo isso?”. Se a resposta for “sim” eu estou no caminho certo. E tudo pra mim tem que fazer sentido, tem que valer a pena porque, logo muito cedo na vida, eu abdiquei da convivência com meus pais no dia-a-dia lá em Cuiabá, com minha irmã, meus amigos de infância, para que eu pudesse buscar meus sonhos e essa tal felicidade. Então, se eu sentir que estou infeliz nada valeu a pena, ou não faz sentido. E eu sou muito feliz desde quando eu me entendo como artista. E essa busca sempre será meu drive principal de realização – para o lado artístico ou empresarial. E esse novo modelo de negócio que surgiu nos últimos tempos, nesse negócio do entretenimento em que os streamings chegaram, o digital ampliou suas possibilidades e as TVs abertas mudaram seus modelos de relacionamento com os artistas. Tudo isso, pra mim, ficou muito bacana. Muito favorável, pois nos provoca a reinvenção. E nos dá mais chance ainda por essa busca pela felicidade, porque há muito mais possibilidades de você atuar em várias outras frentes, de várias outras formas pra que você, artisticamente ou comercialmente, busque resultados positivos. Então, acho muito favorável como tudo se reinventou e o modelo mudou para que a gente também mudasse em busca dessa nova alegria.

Hoje você está à frente do OtaLab e do Hot Tab Hero, no canal da Ópera X. Duas novas possibilidades de comunicação com o público. Como tem sido isso? O Hot Tab Hero Brasil foi uma experiência pontual e muito divertida, pois vai de encontro a um negócio que eu adoro, que é o universo dos games. E foi um projeto inovador, diferenciado, que vai ao encontro da minha perspectiva sobre o todo que me envolve neste momento de poder gerar negócios e formatos e possibilidades artísticas, fora da caixinha. E que surpreendam não só ao público, mas a mim especialmente. Quando chegou até mim para fazer parte desta transformador formato, que é basicamente um grande game show com cara de televisão para a Internet, eu fiquei motivado a fazer e o resultado foi incrível. Milhões e milhões de visualizações no YouTube. E eu tenho certeza que isso só potencializa meu olhar sobre essas coisas diferentes que estão cada vez mais fortes e certeiras.

Além de tudo isso, tem o Otaviano empreendedor que abriu a Agência Family, investe na plataforma de treino UTreino e na sociedade com o Hard Rock Hotel. Como surgiram e como está o andamento desses projetos? Desde quando eu decidi deixar a TV aberta momentaneamente pra poder mergulhar na minha reinvenção completa, criando a minha agência Family criando nosso próprio estúdio, eu e Flávia juntos resolvemos potencializar nosso olhar em cima de nós mesmos pra gente entender nosso DNA como artista e como empreendedores, até onde a gente poderia ir. Ir além, né? E dentre as várias possibilidades de negócios, e de situações artísticas, a gente começou a entender o quão plural poderia ser a nossa jornada como empreendedores. E à toa, a gente entrou em segmentos não distintos, que de uma maneira ou outra podem até se complementar, mas que fazem muito sentido ao nosso jeito de ser. Se você olhar para a questão da VCI, do Hard Rock Hotel, é porque a gente ama viajar e ama a marca Hard Rock. Quando você fala da Royal Face, a maior rede de harmonização facial do Brasil, é porque a gente se importa com a nossa autoestima, a nossa pele, a gente gosta de se cuidar. E a Flavinha sempre esteve ligada a isso. Quando a gente fala da UTreino, que é nossa plataforma, nossa startup de treinos online, a gente também percebe o quanto é fundamental – são as atividades físicas em nossas vidas, eu sou um ex-atleta. A Flávia sempre se cuidou… Enfim, cada negócio tem um DNA que está no nosso DNA. Então, isso que é legal. A gente, como empreendedores tá buscando realizar coisas que façam total sentido pra gente e assim como no ambiente artístico, a mesma coisa.

No meio de tudo isso há espaço para relaxar? Onde recarrega suas energias? Ah eu adoro relaxar aqui no cotidiano da minha família sabe?! Desde um simples filme comendo uma pipoca com as meninas, com a Flávia… Ou até ir para o teatro juntos, ainda tem um restaurante novo que inaugurou, fazendo nossas viagens. A gente tem como prioridade as nossas meninas e a nossa vida cotidiana, nossa família. A nossa agenda é muuuuito tomada pelos acontecimentos profissionais, mas a gente não deixa de reservar um espaço prioritário pro mais especial na nossa vida que é a nossa família. E a gente relaxa juntos, aproveita juntos. Todo dia a gente janta juntos, almoça juntos. É um combinado interessante, só para você perceber como a gente funciona – em nenhum almoço ou jantar a gente coloca celular na mesa. Para que a gente se olhe no olho, para que a gente se perceba. Para que a gente possa, muito mais ouvir as histórias delas do que a gente contar as nossas. E a gente adora isso, ama esse contato. A gente sente falta quando não está conseguindo se juntar. E eu faço questão de pegar a Olivia na aula de dança, na escola, levar, trazer, fazer parte também da rotina delas – pra gente também não terceirizar absolutamente o cotidiano delas. Pra gente também perceber nessas idas e vindas da vida de cada uma delas, o que está acontecendo. E trocar ideia, bater papo, se aproximar e se conectar sempre.

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