A evolução do ator Sérgio Marone é algo que acompanhamos há mais de 20 anos. De sua estreia na TV com a novela Estrela Guia (2001) até aqui já foram diversos personagens na TV e cinema. Sérgio também já atuou como apresentador algumas vezes e agora faz sua estreia como produtor com seu mais recente filme Jesus Kid (2021). O seu lado empreendedor tem aflorado cada vez mais, ele criou a Tukano, uma marca de produtos sustentáveis e veganos e de autocuidado. Que representa uma mudança de consciência onde se mostra mais maduro como ser humano e sua responsabilidade com o planeta. E é esse Sérgio que encontramos nessa nova matéria para a MENSCH, um homem muito conectado com sua essência, com os seus propósitos e muito apaixonado pelo o que faz.
Sérgio, por incrível que pareça, já são mais de 20 anos de carreira. O que o marcou mais até agora? Quais são os destaques de sua carreira? Olha, eu acho que nesses 20 anos de carreira, 22 já, né?! Tive excelentes oportunidades e personagens que marcaram e que eu tenho a certeza que vão ficar para sempre na memória e no coração do público. O Nicolas de Caras e Bocas foi um presentaço do Walcyr Carrasco para mim. Minha própria estreia na televisão, acho que foi bem marcante – Estrela Guia, né? Em O Clone que tive o privilégio de participar… Aí fiz história na Record com Os Dez Mandamentos e o Ramsés. Depois, veio Apocalipse, em que o personagem foi também um grande sucesso, o Ricardo Montana que as pessoas sempre comentam dele. Então, são 22 anos de muita gratidão pelas oportunidades, pelas diferentes oportunidades que eu tive e muita alegria.
Você já fez de tudo um pouco – de vilão a mocinho, de pescador a faraó. O que ainda falta? Por onde você ainda quer navegar? O ser humano é tão complexo e tão interessante com toda essa complexidade que, sem dúvida nenhuma, tem muita coisa para fazer ainda, muito que ser explorado da psique humana enfim… Eu acho que falta ainda, fazer um vilão, como um Valmont de Ligações Perigosas um vilão perverso, extremamente sedutor. Eu tenho vontade de fazer alguma coisa nessa linha.
Falando nisso, um de seus papéis mais recentes é um cowboy (no filme Jesus Kid). Como foi participar desse projeto? Jesus Kid é minha primeira produção cinematográfica. Como produtor, né?! Eu já fiz outros filmes como ator, mas esse eu comprei o romance e produzi junto com Ally Muritiba o diretor e a produtora dele. E foi uma realização de um sonho mesmo, de me produzir no cinema, não só atuar. Eu escolhi essa história, eu que escolhi o diretor que gostou da história e topou contar essa história comigo. Então, é um projeto que tem um gosto muito especial. Justamente porque eu que dei o pontapé inicial nele. Eu que busquei a história, eu busquei os profissionais com quem gostaria de trabalhar. Então, posso dizer, sem dúvida nenhuma, que foi um dos melhores sets que eu já frequentei na minha vida. Com profissionais incríveis! Grandes atores de Curitiba. O Paulo Miklos que é um grande ator, um ser humano fantástico também. O Ally que é um diretor de altíssimo nível também, de uma elegância na condução da “orquestra” porque é uma orquestra que o diretor de cinema conduz, né?! A equipe toda enfim, o set funciona como um reloginho, como uma orquestra né?! Tem que tudo “ornar”. Então foi muito especial.
Conta um pouco sobre Jesus Kid… O Eugénio, personagem do Paulo Miklos, é um escritor em um País que não tem mais tanto o hábito da leitura, né?! Como o Brasil, ele tá muito mal de grana e a Editora resolve não publicar mais o personagem de sucesso dele que é o Jesus Kid, porque a produtora está passando por uma mudança de Editoria e tal… Então, ele fica muito mal em todos os aspectos. Até o momento que surge o que seria a oportunidade de dar uma guinada na vida dele, que seria escrever um roteiro de um filme pra um produtor e um diretor de cinema que querem contratá-lo. Só que, para isso, ele tem que ficar trancado em um hotel decadente, um cinco estrelas decadente, não pode sair desse hotel por três meses, para escrever sobre o processo criativo de um autor. Um filme sobre o processo criativo de um autor, trancado em um hotel por três meses, sem poder sair e, aí, várias coisas acontecem no hotel que vão virar o roteiro desse cara que está escrevendo e que é o filme que você está assistindo. Essa é a história de Jesus Kid e Eugénio, protagonista vivido pelo Paulo Miklos que é o escritor que tem na cabeça dele o personagem de Jesus Kid interpretado por mim e que sempre intercede na vida dele quando o Eugênio se sente frágil ou precisa de força ou coragem para enfrentar uma situação. Ele encarna Jesus Kid, ele evoca o Jesus Kid, né! Então é isso.
Falando em personagens bíblicos, você teve todo o destaque em Os Dez Mandamentos como Ramesés II. Recebeu muitos elogios e críticas. Como foi estar no meio disso tudo? Os Dez Mandamentos foi muito especial, porque foi o meu primeiro trabalho na Record, né! E foi uma mudança de paradigma, porque a gente bateu TV Globo no horário Nobre dela – Jornal Nacional, Novela das oito da Globo e isso é histórico, Né?! Isso é uma coisa que eu tenho muito orgulho de levar para minha vida, para a minha carreira para o resto da vida, porque aconteceu pouquíssimas vezes, uma novela de outra emissora bater os carros chefes da TV Globo, que são Jornal Nacional e novela das oito a gente conseguiu ultrapassar a audiência deles, no ápice da novela, no ápice da abertura do Mar Vermelho, enfim… da resolução da novela. Então, foi muito especial ter participado desse projeto, ter feito este personagem que eu amo, sempre fui fascinado pela cultura egípcia, pelos faraós. E viver um dos mais famosos, né?! Um dos mais importantes Faraós da história da humanidade, foi muito mágico.
Ainda nesse universo bíblico, este ano você participou da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém no papel de Pilatos. Como foi vivenciar tudo isso? Primeira vez na região? A Paixão de Cristo é uma experiência única, só fazendo para você sentir. Contar essa história no maior Teatro a Céu Aberto do Mundo, no meio do Sertão Pernambucano, com sete, oito, dez mil pessoas assistindo na plateia é de uma energia indescritível, só vivendo, só estando naquele palco, só estando naquela plateia para assistir esse espetáculo que você consegue descrever a sensação. É muito único, muito diferente, muito especial! Pilatos também é um personagem que sempre me fascinou. Já tive a oportunidade de vivê-lo no cinema, mas foi muito especial, ter feito isso, ter feito este personagem na Paixão de Cristo em Nova Jerusalém, Pernambuco. Minha primeira vez na região também. Então, foi muito especial.
Deixando o lado ator de lado, você apresentou um programa de culinária no SBT. Como você lida com panelas e fogão? Eu sou uma negação na cozinha! Eu gosto muito de comer, mas eu sou um péssimo cozinheiro, não tenho paciência, não tenho o dom da culinária. Eu acho que culinária é um dom, é uma alquimia, né?! Mas eu não tenho o menor talento. Eu sei fazer um belo de um ovo mexido, omelete, miojo, misto quente, ovo frito, ovo mexido, pizza, crepioca, tapioca – mas não passam muito disso, meus dotes culinários.
Ou é melhor o posto de apresentador?…né… Tudo que eu fico à vontade no estúdio de gravação eu não fico quando estou cozinhando, porque eu fico ansioso, não tenho muita paciência, aumento fogo para a comida cozinhar mais rápido, enfim. É melhor eu seguir como apresentador mesmo do que tentar fazer uma transição de carreira para culinária. (risos).
Dentro do universo gastronomia… o que faz sua cabeça e faz parte da sua dieta para manter o corpo em forma? Olha, para manter o corpo em forma, no meu caso que sou muito grande, uma questão que é bastante complicada para mim – é a quantidade de proteínas que eu devo ingerir. São 200 gramas de proteína por dia. Então, eu acabo fazendo muita suplementação alimentar, com proteína em pó, essas coisas. Mas o que faz a minha cabeça, que também pode entrar na dieta é queijo, ovo. Eu como muito ovo, né?! Porque eu diminui muito a quantidade de carne que eu estou comendo. Então, a melhor maneira de adquirir proteína quando você não come carne, é através de ovo. Então, como todos os tipos de ovos e faz muito a minha cabeça, ovo mexido, ovo mole, ovo eggs Benedict. Estou sempre fazendo uma variação né – do estilo, para não enjoar e é uma coisa que está sempre na dieta. Sempre orgânicos, porque eu consumo grande quantidade de ovos, então acho fundamental que sejam orgânicos.
Você já declarou que, quando mais jovem, teve problemas com autoestima. Como lidou e combateu isso? Quando percebeu que tinha virado o jogo? Quanto eu era mais jovem, eu estava muito acima do meu peso e eu não me sentia bem com isso, não era um momento em que havia esse movimento fantástico e muito fundamental que é o body positive, em que pessoas com corpos diferentes e fora do padrão se afirmam como padrão também e se colocam aí em um lugar de representatividade que é importante e fundamental, né?! Então, na minha época isso não acontecia, não existia. Então, havia muito bullying, eu acho que assim… eu sempre, primeiro que assim, era uma coisa que… Eu estava numa situação, numa condição que não me deixava feliz. Então, eu busquei sair dessa condição, fazendo uma dieta, uma reeducação alimentar, trabalhando a autoestima na minha cabeça.
É porque como eu disse, obviamente eu sofria bullying na escola, por ser uma criança obesa. Então, não foi fácil passar por isso e combater isso, mas eu acho que eu consegui passar por essa fase, superar essa fase, no momento certo, quando eu estava descobrindo a sexualidade, passando, né. Ali, aquele momento de adolescência. Então, eu posso te dizer que tudo aconteceu na hora certa e me fez superar essa situação da melhor maneira possível, sem traumas, com muito suporte psicológico do tratamento que eu fazia na época, da dieta que eu fiz na época que envolvia bastante a questão mental também de autoestima, quanto da minha família.
Como lida com vaidade e o espelho e do que não abre mão? Eu lido com o espelho e com a vaidade da melhor maneira possível, eu acho, sabe?! Com discernimento, entendendo que o tempo passa, que o corpo não é mais o mesmo, a energia, o gás não é mais o mesmo e está tudo bem!! É importante não abrir mão do autocuidado. Eu não abro mão de jeito nenhum do meu autocuidado, passar um bom hidratante facial, um bom Sérum facial, com ácido hialurônico que ajude na prevenir o envelhecimento precoce. Treinar é muito importante, por uma questão de bem-estar, até mais do que estética, né?! Eu sou muito alto, preciso treinar para manter me em pé para poder caminhar, sem sentir dor nas costas por exemplo, enfim… Então, eu não abro mão do autocuidado e acho que é fundamental a gente se cuidar e cuidar do planeta para, juntos, a gente garantir um futuro melhor. Até por isso, eu criei a Tukano, uma marca de produtos sustentáveis e veganos e de autocuidado. A gente tem uma linha de cosméticos que tem ácido hialurônico, por exemplo, toda veganisada com vitamina E vitamina C. Não abro mão de cuidar da minha pele, da minha aparência, do meu estado emocional, mental e físico. Autocuidado é uma coisa que eu não abro mão, acho que ninguém deveria abrir mão porque o sistema, está tão. É o mundo, o sistema, o ritmo, o modo em que o sistema está caminhando – está o tempo inteiro desconectando a gente do essencial, desconectando a gente da gente, da natureza. Então, é muito importante a gente se cuidar para se reconectar ao essencial e dessa maneira, garantir um futuro melhor para nós.
Nesse estilo você está bem modelo fashion. Qual seu estilo e que peças não podem faltar no seu guarda-roupa? Olha no meu armário eu tenho bastante coisa, até porque eu trabalho com imagem e tenho um corpo muito particular e a maioria dos ternos, por exemplo, que eu tenho são sob medida, porque é difícil um terno vestir bem em mim, por ser muito alto, ter um corpo largo. Enfim, mas no meu armário eu acho que eu um estilo de peças que não podem faltar no meu guarda-roupa que é bem variado, porque eu gosto de me vestir bem quando eu tenho algum evento, mas também sou muito básico no meu dia a dia. Então, não pode faltar calça jeans, jaqueta jeans, camisa jeans, não pode faltar camisa de linho, calça de linho, não pode faltar camisetas básicas. Camisa social também feita sob medida, não pode faltar no meu armário, porque eu uso muito a trabalho… e casacos, né!? Gosto muito de sobretudo. Então, eu tenho bastante sobretudo, aqueles casacos né, trench coat né, um pouco mais abaixo da cintura, quase perto do joelho. É isso. Acho que essas coisas não podem faltar no armário de um homem. Assim, são peças coringas básicas e claro, um bom terno, um ou dois bons ternos para uma situação de dia, outra à noite – acho que são bem interessante se ter no guarda-roupa.
Você parece que não tem problema em lidar com o corpo e a nudez. É isso mesmo? Não, não é isso! Eu acho que eu consigo lidar com o corpo e com a nudez de uma forma natural, consigo naturalizar isso, desde que eu veja que faz sentido numa cena, ou em uma foto que isso aconteça. Já houve situações em que eu não concordava com uma cena com nudez em uma tal cena, porque achava que não fazia sentido – não agregava a cena. Mas quando faz sentido, eu encaro de uma forma absolutamente natural porque nudez é natural, né?! O natural não é vestir-se, a gente criou o hábito, a cultura de se vestir, mas a nudez… – gente nasce nu. Então, porque não tratá-la com naturalidade, né?! Quando ela faz sentido dentro da arte, principalmente.
E como lida com tempo e idade? Também tento lidar com o tempo e com a idade da melhor maneira possível. É o que eu disse, que não se pode mais comer qualquer coisa depois dos 40 (risos) que já vira acúmulo de gordura. Então, tem que ter um autocuidado constante, para que essa passagem de tempo e esse ganho de idade sejam benéficos, seja para que se prevaleça nesse movimento, né – de passar o tempo com coisas boas, né?! Porque é muito bom amadurecer…
Eu me olho hoje e me vejo um Sérgio muito mais interessante, muito mais atraente do que vinte anos atrás quando tinha 21 anos de idade. Sem dúvida nenhuma em quase todos os sentidos, inclusive físico. Então, a melhor maneira de lidar com o tempo, com a idade é aproveitando o processo e se cuidando. Tendo esse autocuidado desde sempre, porque quando a idade chega, quando o tempo já passou, não tenho o que fazer, né?! Então, você tem que se cuidar durante esse processo para que o resultado seja agradável, condiga com seus desejos, quando a meia idade chegar. Enfim, quando chegar a terceira idade também, você esteja em melhores condições, para passar por esse momento.
Para relaxar um bom (boa)… Pra relaxar, acho que nada melhor do que estar com amigos em meio a uma natureza exuberante e isso não falta no nosso Brasil, no nosso Planeta. A gente vive em um planeta paradisíaco e resta a nós sabermos usufruir de toda a exuberância de toda a abundância, que este planeta nos proporciona, com responsabilidade. Eu acho que nada relaxa mais, não só a mim, mas o ser humano do que estar em um ambiente natural, com pessoas que a gente ama. A natureza, o verde é muito relaxante e antidepressivo… os animais enfim. Pra mim, relaxar é estar em contato com a natureza e com as pessoas que eu amo!
Quem é Sergio Marone hoje em dia? Olha o Sérgio Marone hoje em dia, é um cara muito conectado com a essência dele, com os propósitos dele, muito apaixonado pelo o que faz, seja a interpretação ou a comunicação. Acho que é um cara que está evoluindo ao longo do processo, ao longo do passar do tempo, que está ficando cada vez melhor com a idade, em todos os sentidos. É um cara que tem aí uma missão de comunicar a importância da gente se reconectar com o essencial e dessa maneira, a gente cuidar da gente e do nosso planeta para juntos a gente garantir um futuro melhor. Então, o Sérgio Marone é um cara que tem um propósito muito claro de semear um futuro melhor – não só para ele, mas para todos os seres humanos que habitam esse planeta paradisíaco! Somos oito bilhões de pessoas em um planeta único, paradisíaco e a gente precisa saber preservar esse planeta e usufruir dele da melhor maneira possível, para a gente ter um futuro melhor, juntos!
Foto @marconatto
Make @fabiolamake
Grooming @guikadima
Styling @angela.siqueira
Produção executiva @ediesillva
Assistentes de produção @lenisesdoliveira / @bortolotnafoto
Agradecimento especial Danielle Lopes
Sérgio veste: @vascovasconcellosalfaiataria, sapatos @viavenettobr, tênis branco @ZaraMen