CARREIRA: FABIO LOUZADA – A REVOLUÇÃO LIDERADA PELA ‘EU ME BANCO’ CHEGA AOS EUA

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Por Márcia Dornelles

Fabio Louzada é publicamente reconhecido pela vocação empreendedora, know-how em investimentos e alta performance, características marcantes da trajetória do economista e ex-bancário que transformou o gap de formação dos profissionais do mercado financeiro em negócio. Com projeção de ultrapassar a marca de 300 mil alunos em 2025, o Grupo Eu me banco Educação, fundado por Louzada em 2019, acaba de desembarcar nos Estados Unidos com a EMB University. A iniciativa foi desenhada com foco em atender profissionais que desejam migrar a carreira para o exterior ou ser referência em investimentos internacionais. O método de ensino, que transformou milhares de carreiras no Brasil, foi aprimorado para conectar brasileiros e latinos com o mercado norte-americano.

Em 2019, você fez uma leitura do mercado financeiro e encontrou no gap de formação uma oportunidade de negócio. Agora, em 2024, qual foi a sua motivação para empreender nos Estados Unidos? Em 2019, a XP cresceu muito e os bancos tiveram que contra-atacar. Na época, os bancos não tinham uma área de investimentos robusta com profissionais capacitados. Foi nesse cenário que nós encontramos uma oportunidade para formar especialistas e assessores de investimentos de maneira mais completa. Hoje, cerca de 10% a 20% dos especialistas em investimento dos bancos Bradesco, Santander e Itaú são alunos do Grupo Eu me banco. Agora, em 2024, percebemos um movimento diferente, no qual entender sobre investimentos no exterior é relevante. Cada vez mais os investidores estão interessados em ter ativos internacionais nas suas carteiras. 

Se eu abordar empresas que só trabalham com investimentos no exterior, como as corretoras Nomad e Avenue, os gestores dirão que os profissionais precisam estar preparados para falar sobre esses ativos. Os influenciadores digitais, muitos patrocinados por essas empresas e sem a devida propriedade para abordar o tema, é que estão levando esse conhecimento para os clientes. Isso faz com que os profissionais que trabalham na área de investimentos percam o seu lugar de fala enquanto especialistas, eles acabam ficando para trás. Esse profissional precisa se capacitar para ser visto como referência pelos investidores, e é essa a demanda atendida pela EMB University. Hoje, não existe um curso de formação completo para um profissional ser referência em investimentos no exterior. Com a EMB University, esse aluno tem a oportunidade de não somente ser capacitado, como também de acessar o mercado de trabalho norte-americano.

Como tem sido a recepção do mercado ao lançamento da EMB University? Os alunos estão muito ansiosos por essa novidade. Eles querem aprender mais sobre investimentos no exterior, alguns relataram que desejam morar nos Estados Unidos e trabalhar no mercado financeiro americano, mas disseram não saber onde buscar uma formação específica para transformar esse desejo em realidade. Muitos, por conta própria, chegaram a procurar faculdades americanas para se capacitar, mas tiveram dificuldades para fazer networking, sofreram com a barreira do idioma e perceberam que os conteúdos não conversavam com a realidade do investidor brasileiro. A verdade é que no Brasil não existia, até então, um curso de formação desenvolvido para treinar quem quer ser especialista em investimentos no exterior. Havia essa lacuna no mercado, agora preenchida pela EMB University, que busca transformar o aluno e conectá-lo com o mercado financeiro nos Estados Unidos, e não ser um curso genérico.

O método de ensino do Grupo Eu me banco foi validado no Brasil e rendeu parcerias importantes com instituições como Santander e Itaú.  A EMB University aposta na mesma metodologia para atender o mercado norte-americano? Sim. Nesse primeiro momento,  vamos adotar o modelo B2C (Business-to-Consumer), que nos permitirá receber o feedback direto dos alunos, que nos dirão se o formato do curso é bom ou não. Após a validação deles, os próprios alunos terão liberdade para fazer a indicação do curso para suas instituições financeiras, abrindo portas para parcerias B2B (Business-to-Business). No início da história do Grupo Eu me banco, nosso foco era trabalhar no modelo B2C, a parceria com empresas do mercado financeiro veio depois, embalada pela credibilidade dos cursos preparatórios para certificações, programas de formação e MBAs que integram o nosso portfólio. Não gostamos de ter uma bandeira específica para trabalhar, nós gostamos de ser livres para aproveitar as oportunidades que surgem no caminho.

Queremos ser o curso de referência para quem busca formação com foco em investimentos e carreira no exterior, assim como somos referência quando o assunto é formar profissionais para a área de investimentos. Conforme os nossos alunos forem aplicando o conhecimento sobre investimentos internacionais no trabalho, a tendência é de que as instituições financeiras nos procurem para sermos parceiros na capacitação de seus colaboradores. Os profissionais que buscam a capacitação por conta própria, ou seja, o público-alvo inicial da EMB University são pessoas que estão determinadas a crescer na carreira e que escolheram não esperar que a iniciativa da capacitação partisse da instituição em que atuam.  Foi assim que o Programa Advisor de Alta Performance (PAAP) do Grupo Eu me banco ganhou notoriedade no mercado, e vislumbro a mesma trajetória para a EMB University.

Após as recentes missões realizadas pelo Grupo Eu me banco em instituições financeiras nos Estados Unidos, o que mais chamou a sua atenção em termos de oportunidades de carreira para brasileiros e latinos? Várias coisas chamaram a minha atenção nos Estados Unidos, mas duas, em especial, se destacaram. A primeira é que lá o profissional brasileiro atende clientes brasileiros, e o profissional latino atende clientes latinos. Isso faz com que exista uma grande oportunidade de carreira no mercado financeiro norte-americano. Muitos brasileiros e latinos enviam dinheiro para os Estados Unidos e estão investindo lá. Os americanos não atendem esse público, o idioma é uma barreira que dificulta o relacionamento. Brasileiros que investem nos Estados Unidos não necessariamente falam inglês fluente, assim como o americano tem dificuldades para falar em português. Outra coisa que chamou a minha atenção é que Miami está se transformando na nova Wall Street, muitos bancos estão migrando para lá. A maioria das vagas, inclusive, tem como pré-requisito ser fluente em espanhol, e pedem certificações financeiras específicas. Quem estiver certificado e com o espanhol na ponta da língua, sairá na frente da concorrência.

Se você iniciasse a sua carreira hoje, consideraria ser um international investment advisor? Consideraria sim. Em 2017, dois anos antes de sair do meu emprego no banco, eu estava estudando para tirar a certificação CFA (habilitação internacional para analistas financeiros e de investimentos) já pensando em ser uma referência no Brasil ou trabalhar no exterior. Existia esse anseio, só que assim como relataram alguns dos nossos alunos, eu percebi que havia uma grande barreira, ninguém falava sobre brasileiros fazendo carreira no mercado financeiro nos Estados Unidos. Era um movimento de ‘formiguinha’, agora o cenário é totalmente diferente. Com a EMB University, os profissionais brasileiros estarão prontos para desbravar esse horizonte de carreira. Os alunos terão acesso a mentores de várias instituições financeiras, receberão orientação para tirar o visto americano, farão a preparação para tirar as certificações necessárias, saberão que ser fluente em espanhol é mais importante do que ser fluente em inglês, sobretudo se Miami for a região de interesse para se estabelecer, e dominarão as ferramentas e habilidades que precisam para atender os requisitos valorizados pelos contratantes estrangeiros.   

A EMB University vai entregar algo inédito para o mercado, um conteúdo programático desenhado para quem quer ser autoridade em investimentos no exterior. Sofri no passado por não ter uma instituição de ensino ofertando um curso com essa finalidade, e isso fez com que eu não evoluísse a minha carreira nessa direção.

Por que o Grupo Eu me banco escolheu a Flórida para abrigar a sede da EMB University? No Brasil, escolhemos a cidade de São Paulo para  abrigar a nossa sede porque é na capital paulista que estão concentradas as operações das maiores instituições financeiras do país, o coração do mercado financeiro brasileiro está aqui. Estaremos sempre onde houver mais oportunidades de carreira para os nossos alunos, e nos Estados Unidos não seria diferente. Optamos por nos estabelecer na Flórida por este ser o estado americano com a maior concentração de brasileiros e latinos. Os brasileiros têm mais facilidade para morar e trabalhar em cidades como Miami, mais até do que em centros consagrados como Nova York. Essa configuração foi um fator determinante para a nossa tomada de decisão.

Quais são as apostas da EMB University para se destacar das faculdades americanas concorrentes? As faculdades americanas são boas, são referência enquanto instituições de ensino, entretanto, desconhecem a realidade do profissional brasileiro e isso impede a conexão no que diz respeito ao direcionamento dos conteúdos. Elas não sabem orientar, por exemplo, sobre quais são os vistos que precisam ser tirados no Brasil para trabalhar nos Estados Unidos, não sabem quais são as certificações exigidas para que brasileiros atuem no mercado financeiro norte-americano, e não entendem quais são as dores dos clientes brasileiros e latinos. As instituições de ensino estrangeiras conhecem o mercado deles, mas desconhecem o mercado brasileiro. Trata-se de um mercado desafiador por conta do histórico de inflação, questões tributárias, entre outros pontos que tornam a realidade do investidor brasileiro singular. Quando o Grupo Eu me banco decidiu criar uma escola nos Estados Unidos para atender diretamente profissionais brasileiros e latinos, a proposta era entregar algo inédito, feito  sob medida para quem quer se capacitar, na prática, para seguir carreira no exterior e  falar com propriedade sobre as possibilidades de investimentos no mercado norte-americano.

Após expandir os negócios para o exterior, qual o próximo grande passo que você planeja dar à frente do “Grupo Eu me banco”? Além da criação da EMB University, lançamos em 2024 a EMB School, que concentra um dos maiores portfólios de cursos de MBA do Brasil, todos chancelados pelo MEC. Em 2025, o nosso foco é consolidar essas duas escolas. A EMB School, em operação desde o mês de julho, está se consolidando. Já a EMB University será oficialmente lançada no dia 23 de novembro, no evento Conexão EMB, que acontecerá no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo/SP, e contará com a participação de um grande time de líderes e profissionais do mercado financeiro. Tanto a EMB School, voltada para profissionais que estão começando a carreira, quanto a EMB University, que tem um alto ticket e foi criada para atender profissionais que estão buscando um novo patamar na vida profissional, são vertentes importantes do Grupo “Eu me banco” e serão as nossas apostas para o próximo ano.

O que você diria para alguém que acha que trabalhar nos Estados Unidos, em especial no mercado financeiro, é um sonho distante? Eu diria que não é fácil, nem simples, mas existe uma trilha a ser seguida e ter êxito na caminhada faz toda a diferença. A pior coisa que pode acontecer na vida de um profissional é você trabalhar muito, investir o máximo de esforço e não saber se está seguindo o caminho certo ou o errado, como aconteceu comigo em 2017, quando trabalhar no exterior era o meu sonho distante. Muitos disseram que eu deveria falar inglês fluente, que seria algo muito difícil e, por fim, desisti. Hoje, eu sei que a maioria das vagas para brasileiros nos Estados Unidos não exigem que o profissional seja fluente em inglês, pedem, na verdade, certificações específicas e fluência em outro idioma, o espanhol. Quando você está com pessoas que estão próximas do mercado que você deseja atuar, isso torna o seu networking mais poderoso. As coisas ficam menos difíceis, não fáceis. Na EMB University, deixaremos claro para os nossos alunos que não existe um atalho para encurtar o processo, mas sim um caminho correto que aumentará as chances de contratação nos Estados Unidos.

Qual a mensagem que você deixaria para os leitores da MENSCH? A mensagem que eu quero deixar é: acredite muito no seu sonho e na sua intuição. Se você estudou e acredita que algo pode transformar um mercado, faça  acontecer, ninguém fará isso por você. O primeiro passo deve ser sempre o seu. Se você quer criar algo, dê os primeiros passos e as pessoas acompanharão você durante a jornada. Pode ser que no início você receba pouco apoio, mas no decorrer da caminhada as pessoas podem mudar de opinião e, a partir disso, passarão a respeitar o seu legado, a olhar com admiração para a sua história. Se você tem um sonho, busque a realização, dê o primeiro passo. Assim, tenho certeza de que você conseguirá tirar os seus planos do papel.

Fotos Gustavo Luna