O mundo dos filmes e do entretenimento passou por uma evolução em 20 de junho de 1975. Assim como a vida no nosso planeta, essa evolução começou na água. Numa sexta-feira do verão americano, estreou em diversos cinemas Tubarão (Jaws). Ele bateu recordes, criou padrões e mudou as regras do mercado do cinema.
Tubarão foi o primeiro filme a ultrapassar a barreira dos 100 milhões de dólares, arrecadando um total de 470 milhões ao longo de sua história. Ele transformou o significado da palavra blockbuster, que passou a designar filmes cujas filas davam voltas no quarteirão. Todo mundo falava dele na época. Os estúdios de cinema perceberam que o verão/férias estudantis era um excelente período para lançar filmes. Desde então, as grandes produções são programadas para estrear em julho. Outras estratégias copiadas de Tubarão foram lançar em diversas salas simultaneamente (antes os lançamentos iam em poucas salas) e o investimento pesado em marketing.
A história bem contada e as estratégias de marketing deram certo. Além do sucesso de público, a crítica também foi fisgada pelo Tubarão, e o filme ganhou três prêmios Oscar (melhor montagem, melhor trilha sonora e melhor som), ainda foi indicado para melhor filme, porém perdeu para Um Estranho no Ninho. Além disso, Tubarão gerou três sequências.
MAR CALMO NÃO FAZ BOM MARINHEIRO… NEM CINEASTA
As filmagens de Tubarão se mostraram um desafio de nervos e revelaram a genialidade do jovem diretor Steven Spielberg. Com 26 anos de idade e pouca experiência no mercado, Spielberg embarcou no projeto e quis inovar gravando no oceano, porque queria autenticidade das ondas, algo que em estúdio não conseguiria reproduzir, apesar da comodidade de um ambiente controlado. Então ele e a equipe sofreram com o mau tempo e os acidentes com Bruce, o tubarão animatrônico, que caiu no mar e quebrou diversas vezes. A solução para usar Bruce foi… não usá-lo muito. Isso mesmo! Spielberg preferiu mostrar a barbatana, a mandíbula, a expressão de horror das pessoas em vez de revelar o monstro inteiro, de início. E suas aparições eram sempre pontuadas com a música de John Williams. Insinuar o monstro e deixar que a mente do público fizesse o resto, foi um recurso que deu muito certo. O tubarão em si só aparece depois de uma hora e todas as suas aparições de corpo inteiro, não somam cinco minutos em cena.
As consequências disso foram um prazo de filmagem previsto para 50 dias chegar a 150 dias. E um cineasta traumatizado por filmar no mar. Tanto que ele não quis dirigir outros três filmes da franquia, que foram reduzindo em faturamento até o último ser lançado em 1987. Porém Spielberg foi catapultado com Tubarão e o filme original, meio século depois, ainda tem seu poder de prender e assustar o público.
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