Primeiro veio o amor, o sonho de construir uma família, compartilhar uma vida inteira. Depois, por essas coisas da vida, o amor se foi, a vontade de compartilhar a vida já não existe mais e o divórcio foi a solução. Doloroso, como qualquer fim não esperado, o divórcio não precisa transformar o que antes era sonho em um pesadelo para todos os envolvidos. Os sentimentos para quem vive um divórcio, independente de ser a pessoa que tomou a decisão ou não, são difíceis de lidar, mexem com a auto-estima e podem causar traumas. A Universidade do Arizona, através de pesquisas, apontou como um caminho para superar a depressão e a ansiedade causada pelo divórcio a autocompaixão.
Autocompaixão é a combinação de bondade para consigo mesmo, compreensão de que perdas e rompimentos acontecem com todos e habilidade de deixar as emoções dolorosas passarem. O psicanalista David A. Sbarra foi o responsável e líder da pesquisa da Universidade do Arizona que envolveu 105 pessoas (38 homens e 67 mulheres) com idade média de 40 anos. Todos foram casados por 13 anos e haviam se divorciado há cerca de três meses.
Na primeira visita, os participantes tiveram que pensar nos seus ex-parceiros por 30 segundos. Em seguida, falar por quatro minutos sobre seus sentimentos e pensamentos em relação à separação. Por meio desses depoimentos foram analisados os níveis de autocompaixão de cada participante, além de traços psicológicos, como depressão e “estilo de relacionamento”. Isso se repetiu por duas vezes: três e seis ou nove meses depois do rompimento.
O resultado foi que as pessoas com alto nível de autocompaixão no início da pesquisa superaram mais rápido e estavam melhor depois de alguns meses. Sentir raiva, ciúme ou outro sentimento na fase inicial de um divórcio é aceitável, não adianta fingir e colocar o lixo embaixo do tapete. Segundo Drº Sbarra, “Compreender a sua perda como parte de uma experiência humana maior ajuda a amenizar os sentimentos de isolamento.” Não é fácil mudar hábitos e muito menos personalidade, mas a primeira coisa a se fazer é perdoar a si mesmo e entender que não há um culpado pelo fim de um relacionamento, as variáveis são muitas e procurar uma resposta talvez traga mais angústias e sofrimentos do que aceitar e seguir adiante.
O DIVÓRCIO PARA O HOMEM
Para a autora do Livro “Divórcio para eles”, Eliane Santoro, os homens, por serem naturalmente mais fechados, têm muito mais chances de desenvolverem depressão quando se divorciam. Segundo dados das entrevistas, os homens ficam perdidos, sem chão, em geral procuram logo outras relações, fixas ou não, e têm mais resistência a fazer terapia e cuidar mais da saúde.
São também os homens que sentem o maior impacto financeiro, já que na maioria dos casos eles saem de casa e a mulher fica com os filhos. Nesse cenário o homem tem de pagar pensão e alugar uma nova casa, o que compromete o orçamento, levando muitos deles a voltarem para a casa dos pais. Após o fim de um casamento é natural buscar o apoio dos amigos, principalmente daqueles que já viveram situações parecidas, mas é importante tomar cuidado, estar ao lado de alguém que ainda não superou o trauma pode mantê-lo na raiva e na frustração ao invés de ajudá-lo a sair da crise.
1 – USAR OS FILHOS COMO PEÕES – Usar os filhos para fazer chantagem não ajuda em nada e ainda pode causar traumas irreversíveis nas crianças e adolescentes; Não faça nem permita que sua ex faça;
2 – EXPOR UM NOVO AMOR – Você pode ter superado o fim da relação, mas trazer outra mulher para um contexto por si só delicado só vai piorar as coisas. Às vezes, por vingança ou necessidade de auto-estima, o homem quer mostrar que “já está em outra” e aí uma situação que só diz respeito a ex e aos filhos é “invadida” por uma terceira pessoa que não será bem recebida e ainda causará revolta e indignação. Primeiro resolva o seu divórcio e então, só depois, exponha sua nova relação. Isso é no mínimo sinal de respeito para todos os envolvidos, incluindo sua nova mulher;
3 – VIOLÊNCIA VERBAL – Alguns divórcios são tranqüilos, consensuais e foram decididos com maturidade e clareza, outros, entretanto, são movidos a brigas, falta de respeito mútuo e muita violência verbal. Tomados de raiva somos capazes de dizer coisas terríveis e que nem sempre são o que acreditamos de fato, dizemos só mente pra aplacar nossa raiva e ferir o outro que nos fere. Esquecemos que depois que a raiva passar o que foi dito ainda ecoará para quem ouviu e as coisas ficarão ainda mais difíceis de resolver além de que, as agressões verbais podem ser um caminho para as agressões físicas.
4 – TRAZER VELHAS FERIDAS À TONA – Se você quer evitar uma batalha judicial e os altos custos que ela envolve, evite acusações, não importa o quanto você possa, agora, possa desprezar sua ex-mulher, trazer velhas feridas só vão causar mais desgastes e estender uma solução. Não provoque nem busque vulnerabilidades da sua ex para explorar, você estará pedindo uma guerra.
5 – ESCOLHER UM GLADIADOR AO INVÉS DE UM ADVOGADO – Todo divórcio envolve divisão de bens, guarda dos filhos e outros assuntos que implicam a contratação de um advogado. Essa escolha deve ser pensada para resolver da melhor forma os assuntos pertinentes ao fim do casamento e não para entrar em uma briga. Muitos advogados pensam e agem como gladiadores e querem “ganhar a causa” a qualquer custo transformando o seu divórcio em uma sangrenta arena. Não deixe que isso aconteça, afinal, tudo o que você mais precisa ao sair de um relacionamento é de paz.
6 – SER PASSIVO AO EXTREMO – Ok, você não quer brigar e nós apoiamos, contudo não brigar não significa se tornar passivo e deixar sua ex fazer tudo do jeito que ela quer! O que for decidido no divórcio vai valer pro resto da vida, então, participe de tudo.
7 – DISCUTIR SOBRE QUEM RECEBE O QUÊ – Você e sua ex contrataram advogados e o juiz vai fazer a partilha justa. Acredite nisso e siga em frente sem se desgastar com picuinhas financeiras.
8 – CAUSAR CONSTRANGIMENTOS A EX – O divórcio não é algo fácil de se lidar, principalmente para quem não fez a escolha, então não cause ainda mais danos a sua ex, é desnecessário e cruel. Alguns divórcios extrapolam o pessoal e vão parar nos locais de trabalho, com portadores ou oficiais de justiça indo levar documentos em um ambiente que não tem nada a ver com o fim do casamento de ninguém.
9 – NÃO RESPEITAR O TEMPO DO OUTRO – É natural que quem tenha tomado a decisão pelo divórcio tenha pressa em resolver tudo, mas é preciso dar tempo ao outro para tomar ciência do que está acontecendo e aceitar, isso é no mínimo gentil com quem um dia você compartilhou sonhos.
O DIVÓRCIO PASSOU E AGORA?
Terminou. Agora finalmente você é um homem livre novamente, hora de viver a nova vida, certo? Certo, mas valem algumas dicas ainda nesta fase de recém-divorciado.
ORGANIZE AS FINANÇAS – Independente de quem ficou com o que ou quanto, as coisas mudam um pouco nessa vida de novo-solteiro, então antes de sair por aí como um adolescente tardio, faça as contas e veja o quanto você tem pras baladas e curtição.
AS OUTRAS NÃO SÃO SUA EX – Logo, não jogue suas raivas, anseios ou traumas na nova conquista nem tão pouco fique o tempo todo falando da sua ex.
PREPARE-SE PARA DAR DE CARA COM A EX – A não ser que você vá morar em outra cidade ou planeta, vai ser super fácil de você esbarrar na sua ex mais cedo ou mais tarde, portanto esteja preparado e seja cordial.
NÃO TENHA PRESSA – Você vai superar o divórcio e vai encontrar outra mulher bacana. Dê tempo ao tempo e não se esforce desesperadamente para viver tudo em um único dia. Respeite-se e viva um dia por vez.
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