ESTRELA: MARIANA SANTOS, DO HUMOR AO DRAMA

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Para quem lembra de Mariana Santos e suas diversas personagens em programas de humor como Zorra Total, esqueça. Desde quando ela começou a fazer novelas ela tem se aventurado por universos bem diferentes. Prova disso é sua atual Natália da novela Elas Por Elas (Globo), uma personagem complexa e cheia de dramas e descobertas. Mesmo mantendo o bom humor e alto astral de sempre, Mariana adora ser desafiada na dramaturgia indo de um extremo ao outro com a desenvoltura que cabe às grandes atrizes.

Depois de um longo período envolvida com projetos de humor hoje em dia, só dramas. Tem gostado desses novos desafios? Interessante essa pergunta! Fiquei muitos anos trabalhando com o humor, que, aliás, amo. Quando fui chamada para fazer novelas, as oportunidades de mostrar e trabalhar outras facetas apareceram. As personagens que fiz até agora também têm tons de humor, mas que se misturam e dialogam com o drama. Isso me interessa muito e me desafia em outros lugares.

Natalia, de Elas Por Elas, talvez seja sua personagem mais complexa e mais de mal com a vida. Ela tem te dado muito trabalho? A Natália, até agora, foi a personagem que teve mais complexidade, pelo fato de não ser nada óbvia. No começo, ela tinha uma obsessão em descobrir o assassino do irmão gêmeo. Ela teve um lapso de memória, se isolou em decorrência do luto, uma história sem solução por 25 anos. Não deve ser fácil carregar um luto tão intenso e um peso tão grande. Isso mexe com o psicológico de qualquer pessoa e, com certeza, resvala nas relações. Com o passar da trama, ela foi ganhando novas cores. A personagem vai se abrindo para vida, para as amizades, para o amor.

Falando nisso, você entrou na novela nos 45 do segundo tempo. Como foi receber o convite e já encarar a Natalia? Nossa profissão nos acostuma, de alguma forma, a lidar com o inesperado. Mas, mesmo estando nessa carreira há muitos anos, ainda me surpreendo com ela. Acho isso ótimo, porque a vida é assim. Venho do teatro, do improviso, dos programas de humor de auditório. O frio na barriga é um vício!

Como você procura montar uma personagem? Eu sou uma atriz muito instintiva, sou muito observadora. Primeiro, entendo as emoções fundamentais da personagem, as características e sua história. Crio um passado pra ela, mesmo que não esteja escrito. Imagino tudo. Depois vem a caracterização (cabelo, roupas… tudo). A partir disso, as conexões vão chegando, mas é  no jogo com o outro, na troca com meus colegas, com as emoções que eles me trazem, que as personagens nascem pra mim.

Quando uma personagem é muito próxima de você, como você lida com isso? Todas as personagens carregam traços de personalidade que estão dentro de mim, de alguma forma. Claro que alguns são muito mais distantes, mas está tudo lá. Eu gosto disso. Procurar outras pessoas que estão dormindo dentro da minha cabeça.

Qual personagem foi mais próxima de você e qual seu oposto ao longo da sua trajetória? Acredito que toda personagem tenha algo da gente, preciso ser empática a ela, por mais distante que possa parecer. Difícil falar de uma ou de outra. Seja no teatro ou na TV, eu sempre tento buscar algum sentimento próximo ou que me faça entender o motivo da personagem agir daquela forma e defendê-la. Chamo de fé cênica, eu preciso acreditar totalmente nos impulsos dela. 

Como o humor faz parte da sua vida? O humor sempre fez parte de mim. Foi minha forma de comunicação natural com as pessoas, minha válvula de escape. Fazer uma pessoa rir ou aliviar um ambiente pesado, me tranquiliza. Acho que é um jeito de lidar com a minha timidez também. É uma ferramenta eficaz de olhar pra vida, que é, na maioria das vezes, caótica e cheia de problemas. O humor entra nos respiros, nos tempos, nos hiatos.

Sente falta das várias personagens dos humorísticos? Não sinto falta de nenhuma personagem que eu tenha feito. Guardo boas lembranças e vontade de sempre realizar novos desafios. Eu sinto falta é de mais espaço e bons programas na TV para o humor, que acho essencial. 

Como você vê isso de os atores hoje em dia precisarem ser engajados nas redes sociais para serem mais valorizados? Acredito que virou uma ferramenta de comunicação à parte com o público para os atores que estão dispostos, mas o mais importante continua sendo o ofício de atuar e contar bem uma história. Penso que isso não pode se tornar um critério de escolha de atores e nem e inviabilizar os que não estão ativos em suas redes.

Qual sua maior vaidade como atriz? É quando alguém me aborda na rua e diz que gosta do meu trabalho. É saber que ele alcança muita gente e pode ser importante para as pessoas.

Hora de relaxar, o que faz sua cabeça? Quando eu posso, acho um luxo dormir depois do almoço. É revigorante!

Planos para depois da novela… o que vem por ai? Eu ainda estou totalmente envolvida com a novela e com as gravações. Assim que terminar, vou descansar um pouquinho e descobrir o que vem por aí.

Fotos Priscila Nicheli 

Produção executiva e styling Samantha Szczerb

Beleza Luan Milhoranse

Locação Hotel Laghetto Stilo Barra

Agradecimentos Nayane, Carol Rossato, Viel e Inti