CULTURA: O som (e a alma) do Sertão

Pernambuco ganhou em 2014 um presente de fazer chorar não só os amantes mais calorosos do Leão do Norte, mas também capaz de seduzir e cativar os olhos de fora. O museu Cais do Sertão, localizado no icônico bairro do Recife Antigo, atrai público das mais diversas idades principalmente pela originalidade e poeticidade que transbordam da exposição. O Cais do Sertão é uma viagem ao universo do sertanejo que, além de ser um forte, encanta com toda sua singularidade cultural e social perante as muitas adversidades.

Pode até parecer paradoxal, mas a proposta (muito bem desenvolvida, vale ressaltar) é contar a história do Sertão a partir da alta tecnologia. Dessa forma, somos convidados a fazer um mergulho interativo na alma e vivência típica dessa região dominada pela seca, mas também cheia de simbolismos. Tudo isso amalgamado pela vida e obra de Luiz Gonzaga, talvez o sertanejo mais admirado e conhecido do país.

O espaço de 2000 m² (em breve será inaugurada a segunda parte que somará mais de cinco mil metros quadrados) está dividido em sete temas centrais: viver, trabalhar, cantar, ocupar, crer, migrar, criar. Entre elas corre o Rio São Francisco que nos lembra a todo o momento da sua importância e centralidade para o Nordeste. Somos convidados a atravessá-lo inúmeras vezes durante nosso passeio ao cruzar cada um dos temas propostos e nesse ritmo podemos identificar trechos das músicas do Rei do Baião e momentos de sua grandiosa carreira, que conta um pouco do Brasil e da gente.

 

Revivemos, dessa forma, sentimentos adormecidos e resgatamos do nosso imaginário memórias afetivo-culturais que nos fazem se sentir não só pernambucanos, mas, acima de tudo, brasileiros. Por mais distantes que estejamos daquela realidade, identificamo-nos com a simplicidade e profundidade de uma região historicamente castigada pela geografia física e política. Ao mesmo tempo que vemos ferramentas de trabalho rudimentares atestando a criatividade do homem no seu cotidiano, atravessamos o túnel do diabo lembrando que os mistérios da vida existem independente do tempo e da ciência.


Em uma sala escura de poderosa projeção ouvimos a música de Luis Gonzaga ganhando o mundo na voz de artistas conhecidos em um show particular. No andar superior, encontramos depoimentos de quarenta e oito migrantes contando como foi deixar sua terra sem saber o que iam encontrar adiante, entre as ilustres personalidades o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva faz um emocionante relato. Por fim, finalizamos o trajeto em uma sala de música onde podemos tocar instrumentos como triângulo, sanfona, zabumba e tantos outros que embalam as canções arretadas do Rei do Baião.

Uma vez, com suas canções até hoje modernas, Luis Gonzaga mostrou o Sertão ao mundo. Agora, o museu Cais do Sertão, ao homenagear o sertanejo com seu jeito simples de vida, suas crenças, dores e superações, presta uma grande homenagem ao Brasil, integrando essa região tão rica à metrópole e nos lembrando sempre que, assim como na música, da aridez brota amor, poesia e arte.

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Um pouco antes de chegar no Cais do Sertão, chama atenção do público um enorme nome “Recife” colocado na Praça do Marco Zero que já virou ponto para várias fotos. Segundo Camilo Simões, Secretário de Turismo e Lazer de Recife, faltava uma marca que identificasse a cidade. “Percebíamos que faltava uma marca de destino turístico que traduzisse bem o que era o Recife. Uma marca moderna, que fosse mutável, que ela pudesse se adaptar ao período do ano sem perder essa identidade visual. E criamos essa marca que está no Marco Zero hoje, que tem a sombrinha de frevo, que é o nosso símbolo da nossa cultura, e o nome “Recife” onde o “Rec” representa a parte de recordação, de gravação, de memória, de ficar…e a gente pode usar tanto o nome Recife completo, como o “RecCarnaval”, “RecSãoJoão”, “RecNatal”… Foi uma marca bem construída nesse conceito.

Também faltava na cidade um local onde você pudesse fazer uma foto e identificar em que local é esse, o que isso representa. E colocamos lá essa marca tamanho gigante, que se tornou um grande sucesso. Se você chegar lá no domingo tem fila para fazer foto. Uma coisa relativamente simples, mas que marca a vida da cidade, que divulga o nome da cidade nas redes sociais e nas recordações das fotos das pessoas. Uma experiência tão legal que vamos manter a do Marco Zero e vamos colocar uma no 2o Jardim de Boa Viagem, que é outro ponto turístico também. E a localização aqui no Recife Antigo, além disso, é no Marco Zero, que é o símbolo maior de nossa cidade e ao fundo tem o Parque das Esculturas, uma doação do mestre Francisco Brennand. Assim conseguimos condensar numa só foto, e numa só região, toda a cultura e tudo o que o Recife representa para o turista e o cidadão fazer sua foto de recordação.”