Você conhece Carlos Casagrande e automaticamente parafraseia Vinicius de Moraes “Ah se todos fossem iguais a você…”. Casagrande é mais do que beleza aos olhos, é beleza à alma. Detentor de valores e princípios morais de extrema grandeza. É, sobretudo uma pessoa do Bem que o pratica sem parcimônia em todos os âmbitos de sua vida, e por isso esse jeito de ser e agir é tão claro para quem dele se aproxima. Casado, pais de 2 filhos; é centrado e totalmente apaixonado pela família que construiu e preza acima de tudo. Viajou meio mundo como modelo e tem uma veia nata de empreendedor que concilia com a carreira de ator. Amor ao próximo e caridade são algumas das lições de Carlos Casagrande.
A carreira de contador e futuro administrador foi trocada pela de modelo, que já começou com você vencendo o The Look of The Year da Elite Models. O que te levou a essa “troca”? Não foi uma troca, foi acaso. Havia deixado a faculdade e ido passar férias na casa de tios em Campinas. Lá meu tio leu num jornal que haveria um teste pra um desfile no Shopping e acabei participando por curiosidade. Foi meu primeiro trabalho profissional. Neste desfile conheci alguns modelos que me convenceram a participar do Concurso da Elite em SP, o “The Look of the Year”, fui também apenas por curiosidade e por estar meio perdido profissionalmente. Acabei ganhando o concurso e sendo escolhido como primeiro modelo masculino da Elite Models no Brasil.
Comecei a trabalhar um mês antes da agência abrir em SP. Exatamente um ano depois eu estava trabalhando em Milão, Paris, Madri, Zurich, Istambul, enfim por toda a Europa. Nasci numa cidade pequena, Itararé-SP que tem 50 mil habitantes, não tenho nenhuma referência artística na minha família, talvez por isso nunca tenha pensado nessa carreira. Mas quando aconteceu, eu entrei de cabeça e consegui um sucesso razoável, fui considerado na época o modelo que mais trabalhava no Brasil e acabei ganhando dois prêmios, o Prêmio de Melhor Modelo do País por voto popular no Phytoervas Fashion Awards (votos por cupons das revistas da Abril e telefone), e outro da Folha de SP. E em 1998 estive no Rio a trabalho e fui convidado para participar da Oficina de Atores da Globo, assim fui chamado para Malhação, e em seguida para a Minissérie Chiquinha Gonzaga. Foi assim que iniciei uma nova carreira, também por acaso.
As viagens pelo mundo como modelo te trouxeram que tipo de experiência e vivência que possam ter influenciado na pessoa que você é hoje? Não consigo identificar hoje qual a influência na minha vida do que vivi há 20 anos, mas lembro que as primeiras viagens influenciaram na época como uma conquista, me tornei mais seguro, consegui mais respeito profissional. Viver sozinho num país estranho, pra mim que nunca saí¬ de uma cidade pequena não foi fácil. Aprender uma nova língua para poder comer beber e dormir é muito diferente do que ir pra uma escola. Essa experiência inicial foi difícil, mas ótima. E tem o outro lado, conhecer pessoas interessantes, viver em diferentes países e conhecer a cultura de perto é realmente algo que fica marcado pra toda vida.
Você passou por algumas emissoras estrelando novelas e séries. Foi bom esse passeio por várias empresas para ampliar os conhecimentos na carreira de ator ou é mais bacana algo mais estável e duradouro? A carreira do ator infelizmente não pode ser considerada estável e nem duradoura. Essa segurança simplesmente não existe em nenhuma emissora de TV, os contratos são curtos e sempre renováveis por isso todos ficam pisando em ovos. Nunca se sabe quando se vai trabalhar novamente, mesmo dentro de uma novela seu personagem pode simplesmente desaparecer. Atuar é uma profissão difícil, muito disputada, que depende de um misto de talento, relações, sorte, testes ou simplesmente um QI (indicação)… (risos).
Em um dos primeiros trabalhos na Globo (na novela Paraíso Tropical) você interpretou um homossexual. Teve algum receio na época pelo personagem que poderia causar polêmica? Na verdade não tive esse receio, foi uma oportunidade de trabalho. Teve certo desafio porque era preciso convencer sem ser caricato, ser sutil, colocar a homossexualidade nos olhares. O Rodrigo foi um personagem que fez muito sucesso, as pessoas me paravam na rua para elogiar, homens, mulheres, famílias, seguranças de restaurante, o personagem era extremamente bem aceito pelos outros personagens da novela, o apartamento dele virou um local de encontro de amigos isso com certeza influenciou para que ele fosse bem aceito pelo telespectador.
Hoje em dia, além de ator, você é um empreendedor abrindo seu leque de opções de trabalho que vão desde contratos para publicidade até dono de sua própria grife de roupas masculinas. Pretende cada vez mais investir nesses negócios paralelos ou são um desejo natural que vieram surgindo com a exposição que o trabalho como ator proporcionou? Foi uma consequência da exposição popular que o trabalho na TV proporcionou. Era um sonho já de tempos lançar produtos com meu nome, sou empresário quando não estou atuando, e pretendo sim aumentar e diversificar os produtos.
Como ator a TV continua sua prioridade, ou cinema e teatro estão nos seus planos? Gosto muito do dia-a-dia da TV, de ter textos diferentes todos os dias, da rapidez da TV, enfim, gosto muito de fazer novelas. Mas cinema também está no meu foco. Em abril começam as filmagens do longa Dona Beija, a diretora Débora Torres me deu um presente, uma oportunidade rara que vou aproveitar ao máximo, minha personagem será um doente mental, morador de rua, que Beija acolhe em casa pra cuidar e se tornará um anjo da guarda da cortesã. Se chama João Bobo e será o fio condutor da história. Esta talvez seja uma virada histórica em minha carreira, onde o galã, comum na TV, estará totalmente ausente.
Falando em teatro… Ano passado você participou da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, como foi essa experiência? Foi excepcional! O espetáculo é grandioso, o público enorme, viver Pilatos foi emocionante, realmente incrível. Pretendo participar novamente.
Que tipo de pessoa foi o Pilatos pra você? Como você o julgaria? Se o próprio Jesus se dizia indigno de julgar a quem quer que seja, quem sou eu pra julgar Pilatos! O que posso dizer é que acho que ele foi “político”, talvez ele nem achasse que Jesus devesse passar por aquilo, mas por via das dúvidas preferiu não se meter e aconteceu o que aconteceu… Só ele sabia o que estava sentindo no fundo do seu coração, ninguém nunca vai saber.
Quais as dificuldades de amar ao próximo como a ti mesmo? Acho que o orgulho é um dos maiores defeitos do ser humano. Qualquer besteira fere nossos sentimentos, nos tira a paciência, nos irrita, temos o hábito de querer sempre impor nossas verdades, com isso acabamos esquecendo de olhar o outro com mais condescendência. Nosso dia-a-dia corrido ninguém pondera, analisa, ninguém vê o lado do outro, muitas vezes isso só acontece depois que a situação ocorreu e quando não dá mais tempo de voltar atrás É a noite no travesseiro que às vezes paramos para fazer essa análise crítica e vemos o quanto poderíamos ter sido melhores. Esse processo da nossa reforma íntima algo bem difícil, mas acredito, bem possível. Sou um cara otimista, acredito que tudo tem seu tempo, procuro aprender com as lições da vida cotidiana, e tento não me cobrar tanto, pois sei que estou longe da perfeição, mas isto não me isenta a responsabilidade de fazer por onde e melhorar a cada dia.
Há mais de 10 anos você vive uma linda história e vida de amor com a Marcelly Anselmé. Como amar a mesma mulher por tanto tempo? Primeiro porque tive a sorte de encontrar uma mulher maravilhosa em todos os sentidos. Conseguimos manter o respeito mesmo nas dificuldades e nas desavenças, o romantismo tem que ser uma constante. E ajuda também o fato de eu ser uma pessoa calma, ponderada, consigo ver o lado bom das coisas até nas tragédias. Dou muita segurança pra ela na nossa relação, não dou espaço nenhum para o ciúme, que sei que é uma das grandes razões das brigas entre casais. E a Marcelly, sem querer romantizar, é realmente a minha outra parte, a parte que não tenho em mim. Ela é rápida nas decisões, é perfeccionista, sonhadora, tem uma memória invejável, é uma excelente educadora dos nossos filhos, tudo passa pelo seu crivo e sua opinião e vice-versa. Nada é decidido individualmente, somos dois mais ao mesmo tempo somos um, acredito que desta forma consigamos nos tornar unidos pra sempre.
Se sente um homem, pai, marido, realizado? Completamente.
Como educa os seus filhos? Que tipo de adultos espera que eles sejam?
Educo para serem humildes, caridosos, honestos, trabalhadores, sonhadores, curiosos, empreendedores e que levem suas vidas com respeito ao próximo.
E quando não está trabalhando, descansa e se diverte como? O que te relaxa? Só consigo relaxar de verdade viajando, saindo completamente da rotina. Gosto dos finais de semanas quando meus filhos não têm escola e as suas atividades pra podermos sair e tomar sorvete, ir ao parque andar de bicicleta, comer uma pizza juntos, enfim, nesses momentos eu também descanso.
Costuma sair com os amigos para tomar um choppinho ou jogar uma pelada no final de semana? Como é a sua relação fora família, com amigos? Na verdade saio com muitos amigos, porém nunca sozinho, a maioria deles é casado com filhos da mesma idade dos meus. Viajo também sempre em família. Já provei uma vez viajar somente com a Marcelly, sem meus filhos, mas não gostamos dessa experiência, ficamos o tempo todo pensando em como eles estavam, comentando sempre “nossa, se os meninos estivessem aqui iriam adorar ver isso”… Enfim, prometemos que depois dessa vez viajaríamos todos juntos sempre, e é o que fazemos, e em muitas dessas viagens casais de amigos nos acompanham e fica muito divertido também. O Theo e o Luca acostumaram desde pequenos a viajar bastante e aprenderam a curtir tudo que fazemos, realmente eles alegram a viagem e a nossa vida. (Hum…acho que eu saí um pouco do foco da pergunta, mas já que escrevi isso tudo vou deixar (risos)).
É adepto de atividades físicas e uma dieta balanceada para manter a saúde e a boa aparência? Sim! Sempre! Tenho uma frase que digo sempre pra quem me pergunta como mantenho a forma: “Como menos do que gostaria e malho mais do que poderia”. Claro que nessa parte de comer menos, ainda é preciso “deixar” de comer muitas coisas, frituras, biscoitos, evitar farinha em geral (dificílima essa parte), enfim, procurar fazer refeições saudáveis. Depois de alguns anos isso vira rotina e não se faz mais necessário grandes sacrifícios porque o estômago diminui naturalmente então você acaba comendo menos mesmo porque se satisfaz com pouca quantidade, e se comer muito passa mal!…E atividade física não tem jeito, quem não gosta tem que levar como remédio e se esforçar mesmo, digo isso porque não gosto de ir pra academia vou por obrigação.
Como você lida com sua vaidade? Qual seu limite? Gosto de me vestir bem, mas sou um pouco relaxado com cremes de beleza, hoje com a idade avançando uso sempre protetor solar, alguns cremes, mas vejo minha vaidade bem normal considerando a carreira que tenho.
Depois de tantos trabalhos como modelo, passarela, capas de revista… você virou um modelo de beleza masculina incontestável. Como você se via nessa época e como se vê hoje? Sempre me vi do mesmo jeito, como um cara normal, não me sinto diferente por trabalhar com moda, não infla meu ego ser ator. Sou um cara comum, simples, honesto, extremamente correto com as regras da sociedade e espirituais.
Já se sentiu aprisionado nesse “modelo de beleza”? Acha que em algum momento isso te atrapalhou em outros trabalhos? Sim atrapalhou e vai continuar assim. Mas isso não é ruim, são apenas limites que se tem que enfrentar. Na TV, por exemplo, sempre me vêm em personagens galãs. Mas já consegui transpor essa barreira no cinema e no teatro, já fui uma mulher num filme, também fui um policial vilão, no teatro fui Jesus, Pilatos, Martim Afonso, e logo vou viver um doente mental como já citei antes. Não é fácil conquistar personagens que fogem do “modelo de beleza” como você diz. Mas por outro lado, acabo sendo “comercial”, então trabalho bastante com publicidade.
Em geral as pessoas são tratadas pelo belo e julgam pela aparência. Como romper essa barreira da beleza para mostrar o que realmente se tem por trás dela? Respondendo a entrevistas como essa, dessa forma acaba-se encontrando a pessoa real. Pessoalmente também claro, a beleza ajuda muito socialmente não há dúvida, mas ela dura só o momento em que a pessoa se despe com suas ações, atitudes e palavras.
O que você busca como profissional e como pessoa? Não busco o sucesso, busco trabalhar. O sucesso profissional, o progresso, o aprendizado vem com o tempo e é uma consequência natural da perseverança e da dedicação. Busco apenas que meus filhos se inspirem em mim.
Você é sempre apontado como um bom homem, um cara do bem. Seja no lado pessoal como no profissional. A que você atribui isso? Porque realmente sou do bem e ajo de acordo com os valores que acredito serem imprescindíveis como honestidade, lealdade, caridade, respeito ao próximo, indulgência e procuro passar isso adiante.
Que qualidades você cultiva e que todo homem deveria almejar? Honestidade em primeiro lugar. Companheirismo, pontualidade, respeito ao próximo, comprometimento com a palavra dada, fidelidade conjugal, caridade.
CRÉDITOS
Fotos: Angelo Pastorello / Direção geral: Celso Ieiri / Stylist: Juliana Hirschmann / Beleza: Wagner Ribeiro ( BLZ) / Assistente de fotografia: Clara Holtz / Assistente de set: Claite Rodrigues / Agradecimento Especial: Casa 92 (locação) – (11) 3032 0371 / Créditos de Moda: Aramis (11) 3081-2214 / Beagle (47) 3036-7100 / DTA (31) – 3286-6560 / Highstil (11) 5181-9304 / Noir – Le Lis Blanc Deux (11) 3083.2549 / Raphael Falci (11) 5509-7155 / Shorts.Co (11) 2387-4440 / camisas CG (Casa Grande) – (11) 2672.1699 – www.bredaalfaiataria.com.br