ENTREVISTA: Eriberto Leão encara seus desafios com muita coragem, bravura e fé

Por Nadezhda Bezeera / Fotos: Sergio Santoin

Eriberto Leão é música. Ler o que ele diz é como ouvir uma boa canção em momentos de relaxamento, quando paramos para pensar na vida, no que fazemos dela e do quanto ela pode ser intensamente colorida. E isso não é uma associação aleatória, antes da fama Eriberto fez participações em bandas e talvez por isso sua visão sobre o viver seja repleta de tantos acordes. Ler também é um hábito recorrente, Eriberto consegue ler vários livros e de assuntos diversos ao mesmo tempo, mas nem por isso se considera um nerd ou algo do gênero, talvez seja simplesmente um curioso. Essa curiosidade ganhou força quando assistiu aos 17 anos Val Kilmer interpretar Jim Morrison do The Doors. Tímido foi levado ao teatro pela mãe, tomou gosto e depois formou-se em administração, na FAAP, em arte dramática, na USP e estudou interpretação em Nova York, uma experiência bastante enriquecedora.

Filho de pai e mãe que nasceram no mesmo dia e ano, esse paulista nascido em São José dos Campos, mas criado na capital, não fala em coincidências e sim em sincronicidade, para ele nada é “por acaso”. Com muitas novelas no currículo, personagens inesquecíveis e muitos suspiros femininos, Eriberto não faz pose de galã nem se deixa levar por rótulos. Para a agitação do dia-a-dia sua receita é a meditação. Religioso, pratica a máxima “orai e vigiai” para manter a calma e o controle nas situações mais adversas. Pedro, Zeca Diabo, Tomé, tantos personagens das mais variadas personalidades e por trás deles um homem que acredita que a vida pede coragem, e que coragem é agir com o coração. Não à toa Eriberto é o homem MENSCH desta edição, já que MENSCH significa humanidade, homem de caráter, e isso você vai constatar nas próximas linhas.

Antes da fama você participou de algumas bandas. Ainda há espaço para a música na sua carreira? Sempre. Só que de outra forma. A música servindo à necessidade de expressão. Não necessariamente através de uma banda. Talvez uma peça, um filme, através de um personagem. de uma trilha…Seu último trabalho na TV foi à participação na novela A Vida da Gente. Que tinha diálogos ricos em conteúdo e com um forte convite à reflexão. Como foi essa experiência? Maravilhosa. Fui muito bem recebido. A equipe e elenco da novela estavam vibrando na mesma sintonia da dramaturgia magistral de Licia Manzo. Essa reflexão que você fala transforma não só o espectador como os atores e técnicos. O Maestro Jayme, soube reger muito bem essa alma coletiva da “Vida da Gente”

Assumir um personagem que era de outro ator traz mais responsabilidade? Sim, mas ao mesmo tempo uma liberdade de poder se jogar. Como se não fosse o acaso que tivesse feito essa mudança de rumo. Pois quando um ator assume um personagem que não havia sido escrito inicialmente pra ele, tudo muda, não só pra ele como para todos ao redor. Uma história é uma teia. Tudo está conectado.O que faz para se cuidar e relaxar da rotina puxada de gravação?Medito

Você parece ser um cara calmo. Verdade? O que te tira do sério?Eu busco essa calma diariamente. A cada instante. Orai e vigiai…

Como cuida da saúde e mantém a boa forma? Alguma dica? Corro. E amo muito a natureza, os animais, os seres. O amor é fonte de saúde.

Cabocla, Sinhá Moça e Paraíso além de grande sucesso são novelas ambientadas no campo, tratam da simplicidade do interior, dos lugares onde todos conhecem todos tudo em contraponto a agitação da cidade grande. O que considera bom e ruim em cidades pequenas e em cidades grandes? No campo, temos mais contato, estamos conectados com a Natureza. O grande problema de nossa sociedade é a desconexão com Ela, a Natureza.

 

 

De qual personagem tem mais saudade e com qual você gostaria de ser parecido? O Zeca de Paraíso. Gostaria de ser parecido com o Tomé de Cabocla.Em Insensato Coração seu personagem era de um caráter e princípios inabaláveis, mesmo sofrendo injustiças de todo o tipo. Acha possível alguém ser como o Pedro? O Pedro tinha um grande defeito, era ingênuo, quase cego. Não via que o irmão era quem era.

Você concorda que hoje em dia as pessoas estão mais preocupadas em TER do que SER? A inversão de valores nunca foi tão grande e cultuada? Claro. Todo mundo sabe disso. Agora a é hora de se decidir quem queremos ser. A famosa parábola da separação do joio e do trigo, onde Jesus Cristo aponta para o novo Reino, a nova sociedade.

Durante o período em que você passou em Nova York estudando no Lee Strasberg Theatre and Film Institute, o que foi de maior importância para sua formação como ator? Ficar só. Amadurecer. Acreditar em mim.Recentemente você voltou lá e reencontrou a diretora Victoria Krane e a diretora artística Anna Strasberg e se emociona muito. Como foi esse encontro? “Que tudo a vale a pena quando a alma não é pequena…”

Foi graças ao apoio de seu pai (e família) que você pode estudar fora e se profissionalizar. Qual a importância da família para você? Minha família é o espelho do meu amor.

Você virou pai ano passado e dizem que um pai bem coruja. A paternidade muda tudo? A paternidade aprimora tudo. Muda tudo mesmo. Descobri o amor real. Incondicional.No final do ano passado você apresentou o Troféu Promessas, realizado pela TV Globo, e se emocionou muito. Ao ponto de você dizer que entendia o propósito de ter sido convidado para apresentar tal cerimônia. Que propósito seria esse (se puder falar, claro)? Qual a importância da religião para você? Parafraseando Jorge Ben, Jesus Christ is my Lord, Jesus Christ is my friend. E é real.

Que lições você levado da vida e o que esperar evoluir mais, ou aprender mais, ao longo do tempo? Viver é muito perigoso. E o que a vida quer da gente é coragem. E coragem é agir com o coração. Vivemos momentos de mudança, e precisamos nos unir em um só coração. A revolução se aproxima, não quero perder a chance de ir com ela.

CRÉDITOS Terno: Ricardo Almeida
Camisa: VR
Gravata: Acervo de produção
Cinto e sapato: Mr. Cat
Casaco: VR
T- shirt: Colcci
Anel em ouro branco: Kristhel Byancco

Direção de produção: Márcia Dornelles – www.mdproducoes.com
Fotos: Sergio Santoin
Stylling: Rodrigo Coelho
Beauty: Fabiano Windres do Crystal Hair Barra
Assessoria: Georgiana Guinle
Agradecimentos: Kristhel Byancco