ENTREVISTA: Kadu Moliterno, a trajetória de sucesso de um eterno galã da TV‏


Os anos 80 foram, sem dúvida alguma, uma década de efervescência cultural e criativa que ecoa até hoje. Não à toa alguns seriados e personagens entraram para a história da TV brasileira, como é o caso do Kadu Moliterno, que ganhou fama e projeção como o Juba de Armação Ilimitada. A lembrança do garotão surfista de bem com a vida é forte até hoje porque ela se mistura com a vida real. Kadu continua jovem, surfando, fazendo música e no meio da garotada. Para os mais românticos, talvez a maior lembrança do Kadu não seja Juba, mas sim o Zeca Diabo, personagem principal da novela Paraíso que foi ao ar de 82 a 83 contando a história de um amor impossível entre um peão e uma jovem tida como santa. Uma outra forte lembrança é o personagem Gustavo de Pátria Minha, responsável por uma das cenas de maior emoção da TV, mostrando que Kadu é mesmo ilimitado e tem talento de sobra. Hoje ele compartilha seu talento com os jovens aprendizes de Malhação na TV Globo e está ensaiando duro pra fazer bonito na Dança dos Famosos, quadro do programa Domingão do Faustão. Caso você queira esbarrar com o Kadu para bater um bom papo é só cair no mar, é lá onde Kadu aprende sobre desafios e superação, ou então em alguma roda de música, outra paixão que ele compartilha com os filhos. Com vocês, Kadu Moliterno.

Como começou sua carreira de ator? E como chegou à TV Globo? Foi por acaso, era office boy de uma agência de publicidade e fiz uma foto pra revista Claudia, na falta de um modelo. O diretor Dionísio Azevedo estava procurando um ator pra novela “As Pupilas do Senhor Reitor” e mandou me chamar na agência. Mais detalhes você pode saber lendo meu livro “REVIVA c/ Kadu Moliterno”.

 

Nos tempos da “Armação Ilimitada”, você fazia parte de um programa para jovens, sendo você jovem também, agora em Malhação, um programa também pra garotada, você já está mais velho. O que muda na sua postura como ator? Sempre trabalhei com jovens, essa é a minha 2ª participação em “Malhação”. Nada muda na minha postura de ator, na verdade não me sinto “velho” como você colocou, sou um ator experiente com muita bagagem, que agora posso trocar com a garotada, é um prazer contracenar com esses jovens talentos, eles também têm muito a me ensinar.

Ainda falando sobre Armação Ilimitada, o programa é uma referência até hoje. Comentado até por gerações que não viveram aquilo. O que representa aquela série pra você? Armação foi um programa que me orgulho, junto com Andre de Biase, de ter levado a ideia pra TV Globo nos anos 80. Ele foi tão inovador, que continua moderno até hoje. Sei que sempre vou ser lembrado como “Juba” e isso só tem a me deixar mais feliz, pois sabemos que ficamos pra historia da TV Brasileira.

 

Juba tinha algo seu naquela época. E hoje, você guarda algo do Juba do seriado? Na verdade não havia diferença entre o “Juba” e o Kadu, éramos surfistas, defensores da natureza, amantes do esporte de ação e apaixonados pela aventura. Sou o mesmo Kadu, portanto o mesmo “Juba” até hoje. Defendo os mesmos princípios e continuo praticando esportes de ação, como surf, futebol, tênis etc. O espírito não muda nem envelhece.Você já passou da casa dos 50. Alguma receita para estar tão bem? A receita estar em amar a vida, preservar a saúde, e principalmente a família.

Qual sua visão do jovem dos anos 80 e dos jovens de hoje? O que mudou pra melhor e o que mudou para pior? Jovens serão sempre jovens, alguns mais rebeldes, contestadores, outros nem tanto. Acredito que os jovens de hoje são filhos de uma geração que conquistou uma liberdade que não havia nos anos 60, e por isso são mais bem resolvidos e descolados.

 

 

Qual a pior crítica; a sua, a do diretor ou a de um colega de trabalho? Não ligo pra crítica, vejo sim a reação do público e também dos colegas na hora que estou no trabalho, o resto é fofoca. Quando estou em cena eu já percebo se aquela cena ficou boa, se não ficou haverá mais umas 300 cenas numa novela pra recuperar, o ator depende muito do autor, um bom texto facilita nosso trabalho.O amor da Santinha pelo Zeca Diabo foi tema de remake. Sentiu alguma saudade? Eu participei do remake, como “Bertoni” um italiano dono do bar, agradeci a homenagem que a TV Globo me prestou me colocando na novela.

 

Uma das cenas mais emocionantes da novela brasileira foi a morte de Gustavo, interpretado por você, na companhia da mãe, interpretada por Eva Wilma, na novela Pátria Minha. A cena foi tão forte que todos choraram até mesmo quando a cena acabou. Onde o ator busca tanta emoção para transmitir aos telespectadores? Realmente foi uma cena que ficou pra história, pela emoção e pelo texto muito bem escrito por Gilberto Braga. A emoção aparece quando os atores conseguem viver a situação, quando a entrega é total, e isso acontece quando existe generosidade.Em algum momento da sua carreira você quis abrir mão de ser galã? Nunca me senti um galã, sempre me considerei um ator. Esse rótulo é colocado pela mídia, e só os verdadeiros atores conseguem passar por isso e continuar trabalhando.

Você já foi vítima de muitos casos de invasão de privacidade? Como lida com os paparazzi e mídia em geral? Faz parte da profissão.

A paixão pelo surf é responsável por você ter esse jeito de garotão até hoje? Como você explica essa paixão? O surf é um esporte fascinante, pois é praticado na natureza e o mar nunca é igual; assim como na vida nenhum dia é igual ao outro, sempre haverá uma nova aventura na água. O mar é desafiador e merece respeito, e esse desafio faz com que você se supere toda vez que entra na água.

 

 

Você e seus filhos são muito próximos, inclusive pela música. Como surgiu essa veia musical na família? Sempre gostei de tocar, sou baterista e tive banda desde os anos 70. Toco violão, guitarra, ukulele*, e meus filhos sempre gostaram de música, tanto é que todos os três têm suas composições, suas bandas e sempre estamos fazendo um som em casa. Fico feliz com esse legado que já deixei pra eles, o amor ao esporte e a música. Minha filha Lanai já tem uma música (ver vídeo) na trilha sonora internacional de “Malhação”, já é um começo.

 

Que virtudes você busca conquistar com o tempo e quais fraquezas busca eliminar? Ter virtudes é ser um bom pai, cuidar dos filhos com amor, encaminhar e ser amigo dos filhos, e isso eu já faço. Não tenho mais fraquezas, já superei todas elas, agora é conduzir a família com amor e dedicação, o resto é conseqüência.
Equipe nos bastidores do ensaio.
*é um instrumento musical de cordas beliscadas, geralmente com 4 cordas de tripa ou materiais sintéticos como nylon, nylgut, fluorocarbono, entre outros.

 

Fotos: Drica Donato
Produção e Maquiagem: Guerreiro e Cavaleiro Gabriel Daniel
Studio fotográfico Drica Donato

 

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