Os acessórios possuem um papel importante na hora de compor o visual. Desde a época do colar com dentes de animais selvagens dependurados no pescoço por um farrapo de couro, sempre possuiu uma ligação com o status pessoal. Tanto em um passado muito distante, quanto atualmente, os acessórios diferenciam as pessoas que os usam, comunicando quem você é através da forma como usa e, confirmando o estilo pessoal.
Na antiguidade, o uso da joia estava atrelado ao poder, onde liderança e força eram representados por meio do seu uso. Com a chegada das primeiras civilizações, a arte da joalheria se sobressaia devido ao primor do trabalho empregado nas peças. Na Roma Antiga, por exemplo, as joias usadas tiveram ligação com a prosperidade. Por isso, haviam exemplares com moedas de ouro, reflexo do poderio econômico que representavam. Posteriormente, passaram a ter forte influência de elementos religiosos, em decorrência do novo cenário de decadência que assolou o Império Romano.
DO PODER A ARTE
Na idade Média, a partir do poderio da igreja e de uma nova estrutura social advinda das relações de submissão, fidelidade e interesses socioeconômicos, estabelecidas entre reis nobres e vassalos, a joia aparecia como elemento de distinção social. No Renascimento, foi elevada ao patamar de obra de arte, até porque o momento era de grande florescimento cultural. E não tinha essa de que homem não se enfeitava, muito pelo contrário, eles, principalmente os aristocratas, cobriam-se de muito brilho, enfeitando colo, braços e mãos.
O HOMEM ATUAL E SUAS JOIAS
Com exceção de trinta e poucos anos para cá, usar joia sempre foi coisa de homem sim e atualmente tem sido impulsionada por homens vaidosos, que alimentam um apreço pela própria imagem, onde vemos um resgate das origens. Quando o homem atual busca diferenciar-se dos demais, destaca-se por meio do uso das joias. “O homem tem visto que usar um adorno não faz dele menos másculo. Quando ele procura uma joia, assim o faz para se destacar no grupo, ser olhado de forma única, mostrando por meio do que usa, força, atitude e personalidade. Com isso ele diz que não é mais um dentre vários”, afirma o joalheiro André Lasmar.
Neste contexto atual, cada vez mais marcas e designers andam investindo no público masculino. A renomada joalheria Tiffany & Co., cada vez mais ciente da forte presença masculina comprando joias, abriu em 2016 o seu primeiro espaço voltado para os homens. A Tiffany & Co. The Men’s Store está situada dentro da Isetan, uma loja de departamentos em Tóquio, no Japão. A marca, aliás, desenvolve peças com apelo masculino desde a sua inauguração, em 1837.
O SENHOR DOS ANÉIS
Segundo um estudo desenvolvido pela Unity Marketing, uma consultoria americana, exposto no final do ano de 2016, o percentual entre 2007 e 2009 da venda de joias para homens atingiu um crescimento de 10%, contra os 6,5 registrados pelo público feminino no mesmo período. A pesquisa mostrava ainda que os anéis são responsáveis pela maior fatia na compra das joias: representam cerca de 51%, isso sem contar alianças de casamento. E o anel, aliás, sempre esteve presente como símbolo máximo entre as joias usadas por homens, vide aqueles usados no dedo indicador para notar-se que pertencia a uma classe, família ou a um grupo.
“Os homens costumam ser muito precisos e originais em suas escolhas! Geralmente optam por qualidade e conforto. Porém, em alguns casos, eles nos procuram com ideias e soluções inusitadas quanto à estrutura da joia e pedras precisas” pontua a designer de joias Carol Schwartz, dona da marca homônima inaugurada em 2012. Ela se diz fascinada por este universo desde a infância, quando criou os primeiros anéis junto à mãe e ao padrinho ourives.
Carol compartilha ainda que sua marca não possui uma coleção específica voltada para o público masculino, mas, que, quando há a oportunidade de criar algo específico – o que se dá, segundo ela, a partir de quando o cliente procura personalizar algo pra si, ou um presente para um amigo – busca inspiração na arte e a na arquitetura. “Gosto de peças grandes e estruturadas, com temas lúdicos ou orientais. O Ouro branco e as pedras negras como ônix e o diamante negro estão sempre presentes”, nos conta Carol.
Para André Lasmar, a joia masculina em seu trabalho é toda por encomenda e só sai depois de boas conversas com o cliente. “Não adianta eu criar algo que ache genial e o dono da joia pensar: Não vou usar isso!”, afirma ele. E destaca que o seu trabalho é fruto de uma cadeia sucessiva de ideias que andam de mãos dadas.
E o que seria tendência de uso atualmente? Bom, é nítido um intercâmbio do porta joias feminino para o masculino. Peças tidas como delicadas, ganham leitura sóbria e discreta, com a utilização do ouro negro e com pedras em tons como o de esmeralda, afinal, o homem está moderno, porém continua, pelo menos a maioria deles, prezando pela discrição, mas sem abrir mão do diferente. Além disso, peças versáteis e outras tantas que desafiam a precisão também são um atrativo em potencial para os olhos masculinos mais apurados.