Antes de mais nada, nossa estrela de capa Micheli Machado é puro alto astral. Conversar com ela para essa matéria para a MENSCH foi um prazer. Ficou aquele gostinho de quero mais. Vocês vão ler a entrevista e entender bem do que estamos falando. Prova disso é o que podemos ver ao longo do BBB 24 onde Micheli atua como repórter de rua (e também durante as provas com os brothers), pura diversão. E tem sido assim ao longo de sua carreira quando desbravou o universo de stand-up onde lançou o Humor de Salto Alto ao lado demulheres fortes, com um excelente senso de humor e muita criatividade. Na TV recentemente ela deu o que falar com sua personagem Chininha na novela Todas as Flores (Globoplay) e em breve vem estreia nos cinemas com o filme Família de Sorte, no qual atua ao lado do meu marido, Robson Nunes. E muito mais que você vai descobrir ao longo desta entrevista.
Micheli conte um pouco do seu início como atriz. Quando percebeu que era isso que você queria para sua vida? Meu primeiro comercial para a TV foi para a boneca Barbie. Brinquei tão animada com ela que conquistei o papel. Desde os 7 anos, já participava de desfiles e comerciais. Aos 12 anos, estreei como assistente de palco no programa da Angélica. Logo depois, mergulhei na carreira de atriz e participei de diversos folhetins. Começar tão cedo em uma profissão proporcionou-me uma gama de experiências, o que me fez me sentir cada vez mais preparada para evoluir ao longo do tempo. O que foi essencial para eu estruturar meus objetivos, especialmente na carreira de atriz, que exige constante aperfeiçoamento em diversas áreas de atuação, com muito foco e disciplina.
Em algum momento se arrependeu ou se questionou se isso era para você de fato? Em meio a isso, se aconteceu, o que lhe mostrou que estava no caminho certo? Enfrentei muitas dificuldades ao longo do caminho, especialmente lidando com o preconceito das pessoas. Muitos falavam que eu, por ser uma mulher negra, não poderia seguir carreira artística. Na infância, sofri com comentários preconceituosos que abalaram minha autoestima, semeando dúvidas sobre minha capacidade e talento. Trabalhei muito e enfrentei diversas situações até chegar a esse meu momento atual. E por isso, quero ajudar e incentivar a cada dia, mais outras mulheres e pessoas pretas. Podemos falar e ir aonde for.
E como o humor entrou nisso? Foi através do stand-up Humor de Salto Alto? Eu costumava escrever algumas piadas para outros comediantes, até que meu marido, Robson Nunes, me incentivou a parar de apenas contribuir com ideias e piadas para os outros e criar meu próprio material. Foi assim que surgiu Humor de Salto Alto! Fomos o primeiro e único grupo, no formato original de stand-up, formado exclusivamente por mulheres no Brasil. Durante todo o tempo em que existimos, fizemos questão de desmantelar a antiquada ideia machista de que, uma mulher para ser engraçada, precisa ser feia ou mal amada. Éramos mulheres fortes, com um excelente senso de humor e muita criatividade.
O humor era algo que já fazia parte da sua vida? Sempre fez parte da minha essência, mas confesso que demorei para agarrar isso. Antes, eu buscava me expressar em uma forma de arte mais séria, por influência do estigma de que apenas o drama traz profundidade ao trabalho de um ator. No entanto, com o tempo, percebi que essa crença fazia parte de uma visão da indústria que não valorizava o humor e os comediantes. E de lá para cá, venho construindo uma trajetória que me enche de orgulho. Sou a primeira mulher negra da América Latina a ter um especial de stand-up na Netflix, intitulado Lugar de Mulher. Então, só posso sentir uma imensa gratidão pelo humor.
Um de seus maiores destaques na TV foi o papel em Todas as Flores, a primeira novela para o streaming. Percebe muita diferença do streaming para a TV aberta? Sente que o mercado ficou mais aberto de fato? Todas as Flores gerou muita repercussão quando estreou na Globoplay e, na TV aberta, o sucesso continuou. Era parada nos lugares, as pessoas queriam saber da Chininha, davam palpites,foi muito gostoso e me senti realizada por ter participado desse projeto com tanta gente incrível, num formato novo. A principal diferença que vejo é que o streaming proporciona uma liberdade criativa e diversidade de conteúdo mais ampla, com uma variedade maior de formatos e abordagens. Além disso, oferece flexibilidade no horário de visualização, alcançando assim um público mais diversificado. Considero esse espaço crucial para o crescimento da arte, e claro, complementar para a TV aberta.
E como foi participar desse projeto e interpretar a louca da Chininha? Foi muito especial, Chininha me permitiu levar o lado cômico e toda essa parte lúdica ao público, mas teve uma responsabilidade muito grande, né? Humor também é uma crítica. É principalmente crítica, na verdade! Trouxemos um tema que é sempre muito atual. Que são essas agências e esses falsos diretores que brincam com os sonhos das pessoas de serem modelos, de serem atrizes. Enfim, de querer uma carreira no meio artístico. E prometem mundos e fundos. Muita gente gasta muito dinheiro, um dinheiro que não tem. E é muito sofrido isso. No caso da Chininha, ela passou a vida toda sonhando com isso, para no final das contas, ser levada na lábia de um picareta. E ter mostrado esse lado, essa crítica da realidade, foi muito especial pra mim.
A arte de interpretar te ensinou a arte de amar ao conhecer o maridão Robson Nunes? Vocês parecem ter a mesma sintonia e alto astral. É isso mesmo? O Robson sempre incentivou a minha carreira e é meu companheiro para tudo na vida. Somos um casal do qual me orgulho muito. Sempre tivemos essa parceria, levando a vida com um bom humor, e juntos temos a nossa maior conquista, que é a Morena, nossa filha.
Tanto que atuaram juntos na peça Roupa Suja Se Lava no Palco. Se lava mesmo? Como foi a experiência? O importante é a roupa ser lavada, (risos). Brincadeiras à parte, o segredo de uma relação é a boa comunicação, é entender os pontos que estão precisando de ajustes, e a vontade de tornar o que já é bom ainda melhor. É uma constante evolução. Apesar de mais de 15 anos de relacionamento, essa foi a primeira vez que montamos algo juntos. Fazer o que amamos e utilizar o humor como ferramenta para compartilhar arte com outras pessoas tornou essa experiência muito especial.
E agora, você tem se divertido e nos divertido com as entrevistas direto do BBB e com o público que assiste ao programa. Como foi a experiência? Eu amei essa experiência, me redescobrir como uma apresentadora e repórter, foi muito divertido. Essa interação com o público, conhecer a opinião deles, eu amei! A minha equipe me ensina e me ensinou muito, todos os dias, vou sentir saudades desse clima animado das gravações. E essa foi uma oportunidade tão especial, que a agarrei com unhas e dentes.
Alguma saia justa do público nas ruas? Algo que lhe deixou quaaaase sem resposta? Até mesmo quando tem saia justa é engraçado, porque é tão divertido fazer o flash, tão leve, que mesmo uma saia justa, não é nada pesado, ou que vá ferir a moral de alguém. É sempre uma situação ou outra – de uma pessoa, às vezes, um pouco mais animada, um pouco mais irritada com a situação, ou com um participante, ou até mesmo uma reclamação com o Big Boss, um pouco mais enérgica. Mas, a gente leva sempre para o lado da comédia, o que é bom por isso – eu sempre acabo aproveitando pra levar no bom humor, pra distrair a pessoa de uma maneira leve, que é isso que queremos levar com os flashes do BBB. Uma coisa leve, divertida, falando sobre o programa, mas sem peso nenhum. Até mesmo as intercorrências são divertidas!
Depois do BBB, o que vem por aí? Neste ano, tenho muitos trabalhos e projetos que estão para sair. Recentemente, gravamos o filme Família de Sorte, no qual atuo ao lado do meu marido, Robson Nunes. Foi uma experiência muito especial para nós, sendo nossos primeiros papéis como protagonistas juntos. Além disso, estou trabalhando em uma série ao lado da minha filha, Morena, direcionada ao público jovem, Maria Quer Ser, da Nickelodeon em parceria com a Amazon Prime. Tem previsão de estreia para setembro de 2024. Está muito legal, estou muito feliz e muito animada de vê-la amadurecer dentro e fora do set. E já gravamos a sétima temporada da série O Dono do Lar, que estreia agora em maio no Multishow. Então, podem esperar que vem muita coisa por aí!
E para conquistar Micheli, basta… Ter dinheiro (risos)! Falando sério, basta respeitar o próximo. No que diz respeito às amizades, o que realmente importa é a autenticidade, os princípios sólidos e o desejo genuíno de ver o bem dos outros. E, é claro, um bom senso de humor é essencial. Adoro dar risada, afinal, isso torna a vida mais leve.
Fotos @joprazeiro
Make e Hair @tittovidal
Stylist @moraesde
Assessoria @evvacomunicacao