ESTRELA: BÁRBARA COELHO – DAS QUADRAS PARA A TV

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Alta, com porte atlético, Bárbara Coelho começou jogando vôlei, porém a carreira não deu para conciliar com os estudos. Mas sempre levando o esporte o quer que fosse, daí não foi muito diferente quando começou a fazer jornalismo e começou a se envolver com o meio esportivo em uma rádio do Espírito Santo onde estagiava. E lá no início da sua carreira tomou uma decisão que seria um divisor de águas, foi cobrir a Copa do Mundo da África, em 2010. Ousada e criativa, Bárbara apostou todas as suas fichas (e reais) numa viagem via motorhome para essa experiência que super deu certo. Hoje Barbara está à frente do programa de esporte mais importante do país há quase seis anos, o Esporte Espetacular. E é com a mesma garra de sempre que nossa garota da capa seguiu para Paris para cobrir mais um grande evento esportivo. E nós ficamos colados na telinha acompanhando tudo.

Bárbara, olhando sua trajetória percebemos que você sempre esteve envolvida com esporte e jornalismo. O que surgiu primeiro na sua vida? Sempre procurou atrelar um ao outro? Eu comecei muito nova jogando vôlei, mas não deu certo. Chegou um momento que ficou difícil conciliar com a escola porque é preciso viajar muito para competir. Quando comecei a competir por clube, fui federada e comecei a viajar também pelo estado, representando o Espírito Santo, comecei a me prejudicar na escola. Precisei optar por uma coisa que me desse uma garantia e, naquele momento, eu entendi que era a escola. Mas o esporte nunca saiu da minha vida, eu estava sempre praticando uma atividade física diferente. Na faculdade, o esporte foi um caminho natural. Sempre gostei muito de ir aos estádios, de acompanhar jogos também de futebol, de estar sempre envolvida com o esporte. No segundo período da faculdade, eu comecei a estagiar numa rádio do Espírito Santo, já envolvida com o meio esportivo. Foi um caminho muito natural para mim. Era o meu destino.

Lá no início da sua carreira, de forma independente você foi para a África do Sul cobrir a Copa de 2010. Como foi isso? Foi tudo como esperava? A Copa do Mundo da África acabou sendo um divisor de águas na minha vida. Eu estava no Espírito Santo, prestes a me formar, e sabia que para atingir meu objetivo, que era conseguir emprego no Rio de Janeiro ou em São Paulo, eu precisava ter alguma coisa diferente no meu currículo. Eu vendi o meu carro e viajei com alguns amigos que toparam essa aventura para fazer essa cobertura de maneira independente, a bordo de um motorhome. Fiz um blog, que chegou a ficar conhecido no Espírito Santo, acho que pela ousadia, pela coragem de fazer essa cobertura dessa forma. Fiz entradas ao vivo na rádio Espírito Santo, onde eu trabalhava na época, e consegui uns dois patrocínios. Quando eu voltei, entendi que era hora de me arriscar. Decidi me mudar para o Rio de Janeiro, onde vim morar numa república com umas meninas. Peguei um ônibus e me mudei com uma mala de roupa, um ventilador e uma televisão. Era o que eu tinha. E me aventurei nessa experiência que me dá muito orgulho por ser uma trajetória de muita coragem, que me fez chegar aonde eu gostaria de estar. Trabalhando, feliz, realizando os meus sonhos, tendo a honra de estar à frente do programa de esporte mais importante do país há quase seis anos. Tudo isso me faz olhar para essa menina super corajosa e ver que valeu muito a pena.

Você é alta, porte de atleta… Já pensou em algum momento em ser esportista profissional? Eu fiz esporte. Como eu disse, fui levantadora, joguei vôlei por bastante tempo. Comecei com oito anos e parei com 16. Foram oito anos dedicada a esse esporte. Pensei, sim, em ser atleta, mas não deu certo.

Da rádio para a TV, o seu negócio sempre foi falar, comunicar. Qual o grande barato disso tudo? Desde muito nova, eu sempre soube que a comunicação faria parte da minha vida. Não sabia exatamente em qual área iria me especializar, se seria jornalismo, publicidade. A transição do rádio para a TV foi muito natural. O rádio me deu muita bagagem para o improviso que a televisão exige. Quanto mais conteúdo você tem, mais capacidade de improvisar você tem. Quanto mais vocabulário você tem, maior sua capacidade de improviso. Então, acho que foi uma transição natural e assertiva.

O que pouca gente sabe é que você já trabalhou no mercado financeiro. Como foi isso? O que te fez desistir? Antes de ir para o Sportv, eu estava na Band. Fiz vários testes para o Sportv, disseram que eu tinha sido escolhida, mas demoraram um pouco para me chamar. Quando saí da Band, procurei uma empresa do mercado financeiro que queria desenvolver uma plataforma eletrônica para vender produtos financeiros. Lá o meu papel era fazer vídeos explicando o que são os produtos financeiros para quem queria investir até R$ 5 mil, não necessariamente para quem tinha muito dinheiro. Precisei estudar esse linguajar, esse vocabulário super rebuscado dos economistas que, para mim, era uma enorme novidade. Fui abraçada por eles. E, quando fui contratada, falei sobre o sonho de trabalhar no Sportv. Fiquei uns seis meses trabalhando nessa empresa. Foi uma experiência muito diferente. E, quando eu saí, os economistas não entenderam nada. Eles viam que eu tinha um potencial para crescer lá dentro, mas escolhi seguir o meu sonho.

Como está sua expectativa para os Jogos de Paris? A expectativa é de uma Olimpíada histórica já que Tóquio, por conta da pandemia, foi um evento bem diferente, sem a presença do público. Eu tenho certeza que muita gente vai para Paris, um lugar de fácil acesso no continente, em pleno verão europeu. Acho que o Brasil, pela primeira vez, tem uma equidade de gênero entre homens e mulheres. Isso vai ser muito importante para a gente, porque é um espaço conquistado, e a partir do momento que você conquista esse espaço, não tem mais como andar para trás. Então, por esses elementos, a gente tem tudo para ter Jogos Olímpicos históricos.

Algum palpite ou torcida especial por alguma modalidade ou atleta? Difícil falar em torcida, porque a gente está lá num papel jornalístico, mas quando eu citei que existe essa equidade de gênero, eu espero de verdade que a gente tenha uma performance interessante e com resultados expressivos entre as nossas mulheres. Acho que o Brasil chega muito forte para esses Jogos Olímpicos, com a Raíssa Leal mais uma vez no skate, com a Rafaela Silva no judô, com a Ana Marcela Cunha na maratona aquática. Nos esportes coletivos também, sem sombra de dúvidas, o futebol feminino pode surpreender, apesar de estar em um grupo muito difícil. A expectativa é de algumas medalhas douradas para as nossas meninas.

Participar do Dança dos Famosos sem dúvida foi seu maior desafio? Como foi a experiência? A Dança dos Famosos realmente foi a experiência que mais me tirou da minha zona de conforto. Eu ressignifiquei muita coisa, descobri uma Bárbara que eu nem sabia que existia. A dança me permitiu ver que o mundo tem várias maneiras de você experimentar as oportunidades que aparecem. Vivi essa oportunidade de uma maneira muito bonita, intensa, com muita parceria, com muita entrega, com muita disponibilidade e isso me deixa orgulhosa. Eu gostei muito do Calypso, talvez por amar a Joelma, por me identificar com essa pegada, com essa coisa do Brasilzão de tantas culturas e de tantas misturas. E estar ali dançando uma música da Joelma foi super gostoso para mim. O maior desafio para mim foi interpretar. Porque ali não é só ‘dançar”, não é aprender a coreografia. Não é porque você aprendeu a coreografia que você aprendeu a dançar. Você pode memorizar aquilo ali, entregar e não aprender nada sobre aquilo. E a dança não envolve só a coreografia, não é você conseguir fazer tudo no tempo certo da música. Mas tem muita interpretação, tem uma história para você contar. Eu não sou atriz. Então, acho que construir um personagem, a partir de cada apresentação, foi o mais difícil para mim. Foi a parte que eu me senti mais desafiada.

Quando você se sente desafiada? É competitiva? Eu sou muito competitiva em absolutamente tudo que eu faço, mas a minha maior competição é comigo mesma. Essa é a competição que eu elaboro todos os dias ao acordar. Quem eu quero ser nesse dia, como eu posso ser melhor nesse dia, como é que eu posso desempenhar melhor os meus papéis nesse dia. Acho que é por aí.

Você parece transparecer alto astral e simpatia. É isso mesmo? O que te coloca um sorriso no rosto? Muito obrigada pelo elogio! Eu vivo os meus dias com muita alegria, gosto de compartilhar a vida com as pessoas que eu amo. O que me coloca um sorriso no rosto é ver as pessoas que eu amo bem, tranquilas, com saúde, confortáveis, felizes, realizando seus próprios sonhos. Eu sou sagitariana, bem sagitariana. Sou um espírito livre e gosto de empoderar as pessoas que estão ao meu redor. Tenho tentado fazer isso. Isso é o que coloca um sorriso no meu rosto.

Em meio a essa correria toda, o que procura quando tem momentos de descanso? Eu tenho procurado estar com as pessoas que eu gosto, ir à praia, ouvir meu pagodinho, tomar uma cerveja, rodeada de quem eu sei que torce por mim, rodeada de pessoas que acrescentam, que somam, que tornam a minha vida melhor. Tenho buscado esse tipo de parceria em todas as áreas da minha vida e tem sido bem importante para mim. Está tudo muito automático, muito acelerado, e quando a gente tem a oportunidade de tirar o pé do acelerador, precisamos fazer boas escolhas. Eu tenho tentado fazer boas escolhas para a minha vida.

Fotos Marcio Farias / Beleza @gabrielapolto